terça-feira, 8 de abril de 2025

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Por Leandro do Carmo

Dia: 15 a 17/11/2024
Local: São José do Barreiro SP/Mambucaba RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Simone d'Oliveira, Andréa Vivas, Alexandre Bibiani, Aline Vaz, Carla Rosa, Daniel Candiotto, Fabienne, Juliana, Juliana Silva, Maria Fernanda Patrício, Nerval Roedel, Silvana e Sérgio Molina

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba


Histórico

O Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) foi criado em 1971 com objetivo principal de proteger as últimas áreas de Mata Atlântica e ecossistemas marinhos do litoral sul-fluminense. É a segunda maior Unidade de Conservação Federal de Mata Atlântica, com 104 mil hectares, e abrange parte dos municípios de Ubatuba, São José do Barreiro, Areias e Cunha, no estado de São Paulo; e Paraty e Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.

O PNSB faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e a é unidade núcleo do Mosaico da Bocaina, um dos mais significativos remanescentes brasileiros do bioma da Mata Atlântica, e que, juntamente com outras unidades de conservação, compõe o Corredor Ecológico da Serra do Mar.

O grande diferencial do PNSB está em seu enorme gradiente altitudinal que vai de áreas marinhas em Paraty/RJ, até os mais de 2.000m do “Pico do Tira Chapéu”, no estado de São Paulo. A vegetação que acompanha este gradiente envolve as Restingas, presentes nas áreas litorâneas; a exuberante Floresta Ombrófila em diferentes formações conforme sua altitude; até chegar aos Campos de Altitude nas áreas mais altas da serra. Sua grande extensão permite a sobrevivência de animais de grande porte e ameaçados de extinção tais como: mono-carvoeiro, sagüi-da-serra-escuro, bugio e felinos diversos. Estas características resultam em uma imensa variedade de climas, paisagens, cachoeiras e espécies que elevam o Parque Nacional da Serra da Bocaina ao grau de extrema importância para a conservação da biodiversidade.

Trilha do Ouro – Caminho de Mambucaba

A região do Parque Nacional da Serra da Bocaina é cortada por diversas trilhas que guardam remanescentes da história da interiorização do país. Dentre essas trilhas, a que perfaz o Caminho de Mambucaba tem a sua operacionalização turística consolidada há bastante tempo, o que a consagra como a mais famosa das “Trilhas do Ouro” que cortam a Bocaina.

A travessia pode ser feita em três ou quatro dias de caminhada acompanhando o Rio Mambucaba desde sua nascente em São José do Barreiro, no estado de São Paulo, até desaguar na Baía da Ilha Grande, entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty, no estado do Rio de Janeiro. No seu percurso é possível visualizar parte do calçamento histórico, belíssimas paisagens e a biodiversidade da Mata Atlântica. Além disso, pode se aproveitar diversas cachoeiras como a de Santo Izidro, a das Posses e a espetacular cachoeira do Veado.

A trilha histórica contribui para a integração cultural da Bacia do Rio Paraíba do Sul e da região do litoral sul-fluminense. Nos municípios paulistas de Bananal, São José do Barreiro e Areias, por onde passam o caminho dos tropeiros e a antiga estrada Rio-São Paulo, aflora a cultura caipira e tropeira e se festeja a Folia de Reis. Na região litorânea, onde Angra dos Reis é conhecida pela beleza das praias e ilhas e Paraty reconhecida pelo seu conjunto histórico-cultural do período colonial, têm-se a influência da cultura caiçara. Esse patrimônio ambiental, histórico e cultural situado próximo a importantes centros urbanos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais aumenta ainda mais a importância do Parque Nacional da Serra da Bocaina, no que tange à conservação e ao turismo. Dessa forma torna-se ainda mais necessário manter e ampliar o seu grau de conservação.

O Caminho de Mambucaba - “Trilha do Ouro” é citado por alguns historiadores como um dos “descaminhos” do ouro, rotas de contrabando, fugindo às barreiras dos caminhos oficiais.

O “ciclo do ouro” ocorreu entre o final do século XVIII e início do século XIX. Nesta época este caminho seria uma trilha indígena sem nenhum tipo de calçamento e com movimento mínimo. Ao longo do século XIX, quando ocorreu o apogeu do café no Vale do Paraíba, cresceu na via o transporte de café até o porto de Mambucaba, e de mercadorias “Serra Acima”.

Por conta das inúmeras tropas de mulas que por ali trafegaram carregadas de café, a estrada recebeu calçamento, pontes e benfeitorias diversas, além da instalação de vendas e ranchos, para abastecimento e descanso das tropas e dos tropeiros, e de um registro para fiscalização e cobrança dos direitos devidos.

Originalmente a estrada partia de São José do Barreiro, distrito de Areias até 1859, recebendo em seu percurso variantes de Bananal, e de Campos de Cunha.

Do porto de Mambucaba o café era transportado para embarcações até o porto do Rio de Janeiro. No retorno, as tropas de mulas levavam mercadorias para suprir as necessidades das fazendas e das vilas cafeeiras do interior.

O período de maior atividade desta rota ocorreu entre 1840 e 1864. Seu declínio começa na década de 1870 quando o café passa a ser transportado pelos trens da Estrada de Ferro D. Pedro II e ramais intermediários. O segundo e derradeiro golpe no movimento da estrada ocorre com a abolição da escravidão em 1888, que reduziu de forma drástica e rápida a produção de café do Vale do Paraíba. Sucumbiram a estrada assim como as vendas e ranchos para pouso dos tropeiros que, com a interrupção do tráfego regular das tropas de mulas subindo e descendo a serra, desapareceram. Declinaram também o porto e a freguesia de Mambucaba, uma das mais importantes localidades comerciais da Baía da Ilha Grande.

Vídeo da Trilha do Ouro 

Relato

A logística para fazer essa travessia não é das mais fáceis e eu tinha vontade fazer já fazia um tempo. Quando a Andréa e a Simone abriram essa atividade no CNM, aproveitei para me inscrever e já tirar da minha lista de pendências. Aproveitaríamos o final de semana prolongado com o feriado de 15 de novembro.

Para a logística, optamos por contratar uma van para nos levar até São José do Barreiro e depois nos buscar em Mambucaba. Para os pernoites, ficaríamos hospedados nas super modestas pousadas Barreirinhas e Zé do Zico. Definida a logística era esperar o dia.

O tempo não estava bom. Havia chovido nos dias anteriores e a previsão não era das melhores para o final de semana. Algumas pessoas desistiram, mas ao final éramos 15 pessoas. Marcamos de sair lá da sede do CNM, às 4h da manhã do dia 15, sexta-feira. Como havia tido reunião social no clube, optei por dormir lá. Assim não precisaria acordar tão cedo. Ainda passamos num posto na Praça da Bandeira, lá no Rio, para pegar parte do grupo. Era uma atividade em conjunto entre o CNM e o CEB.

A viagem foi tranquila e chegamos por volta das 7h na padaria que havíamos feito contato para tomarmos café da manhã. Depois de tudo pronto pegamos a estrada que leva à portaria do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Foram 26 km, na qual fizemos em aproximadamente 1 h. A estrada estava em boas condições. Já na portaria, preenchemos os termos e nos preparamos para o início da caminhada.

Dia 1: Portaria do Parque x Pousada Barreirinhas

Depois de tudo pronto, foi hora de colocar a mochila nas costas e iniciar a caminhada. Como não iria levar barraca, a mochila foi leve. Era por volta das 9h 30 min quando iniciamos a caminhada. Seguimos por uma estradinha e logo cruzamos um rio, passando por uma ponte, a primeira de muitas ao longo desses 3 dias de caminhada. Estávamos paralelos ao rio Mambucaba. Aos poucos fui aumentando o ritmo da caminhada, à medida que o corpo ia aquecendo. Fomos num bom papo até chegar à primeira cachoeira do dia, a Cachoeira do Santo Isidro.

A cachoeira do Santo Isidro é a que fica mais próxima da portaria do parque, são aproximadamente 1,5 km de caminhada. Entramos no caminho onde havia uma placa indicativa e logo chegamos ao topo da cachoeira, dali começamos a descer. A cachoeira tem uns 50 metros e forma um grande poço com fundo arenoso. Como o tempo estava bastante nublado e muito quente, aproveitei para tomar um banho e garantir logo o mergulho, não sabia o que me esperava pela frente. A temperatura da água estava bem agradável.

Depois do mergulho, era hora de voltar. Só que agora era subida. De volta a estrada, continuamos nossa caminhada. Passamos por trechos com bastante lama. Alguns carros passaram por nós, indo em direção a algumas pousadas dentro do parque. Pegamos um atalho sinalizado pelo parque. Nesse ponto já estávamos divididos em alguns pequenos grupos. Aproveitei para conhecer a Cachoeira dos Mochileiros. Bem pequena, mas sempre vale a pena. A descida é que não é muito boa. São trechos bem íngremes e escorregadios. C

De volta a caminhada, acabei encontrando novamente com algumas pessoas do grupo que haviam passado direto pela Cachoeira dos Mochileiros. Continuei andando sempre desviando das poças de lama. Existiam vários trechos em recuperação, onde árvores exóticas estavam sendo retiradas para dar lugar a mata nativa. Novamente na dianteira do grupo, veio uma placa indicando a Cachoeira da Posse. Era uma entrada bem aberta e num largo, deixamos as mochilas num canto se seguimos descendo novamente. Nesse ponto, há um bom lugar para camping, mas é muito perto da portaria. Estávamos a apenas 8 km. Mais uma bela cachoeira. Dessa vez não mergulhei, mas na volta parei para fazer um lanche.

Nesse ponto, nos reunimos novamente. Nossa ideia era parar para juntar o grupo de tempo em tempo. Era hora de voltar a caminhar e resolvi voltar antes do corpo esfriar totalmente. A Maria Fernanda me acompanhou nesse trecho e andamos bem. Um pouco após a Cachoeira das Posses, passamos por uma placa que indica um ponto de controle do parque. Mais à frente, entramos numa área mais aberta e agradeci por estar nublado, porém, não tínhamos muita vista. Não dá para ter tudo nessa vida.

Durante a caminhada, fomos encontrando diversos grupos e a gente ainda se encontraria diversas vezes durante esses 3 dias. Foram nossos amigos de trilha. Numa bifurcação, onde indicava Barreirinha e Pousada Vale do Veado, fizemos mais uma parada rápida. Nesse ponto encontramos mais um grande grupo, o último desse primeiro dia.  Seguimos e continuamos num trecho bem aberto. Pegamos algumas subidas e em determinado ponto a Maria Fernanda me disse que era a última subida do dia, mas ao final, ainda tinha mais. Ainda brincamos que toda subida na qual pegamos era a última. Finalmente a última subida havia chegado.

Num determinado ponto, a chuva começou a apertar. Foi necessário colocar a capa. Chegamos a uma placa, indicando Pousada Barreirinhas. Ela saía da estradinha e o caminho era bem fechado. Mas resolvemos seguir por ele. A descida foi meio ruim, estava bem molhado e escorregadio. Mas logo avistamos uma casa ao fundo e foi fácil identificar que era a pousada. Descemos um e voltamos para a estradinha que levava direto à pousada.

Chegamos e entramos na varanda, onde fomos recebidos pelo Sr. Tião. Ele nos orientou onde poderíamos deixar as coisas, sendo bem objetivo. Estava bem cansado, havia caminhado num bom ritmo. Como a casa estava vazia, aproveitei para tomar um banho. Aí sim consegui relaxar.

A chuva apertou e o Daniel chegou dando uma má notícia: O Sérgio havia torcido o pé logo na saída da cachoeira das Posses, desmaiou e ele estava lá sem condições de andar. Primeiro grande problema do dia. Logo em seguida, chegou o Marcelo, confirmando a má notícia. Tínhamos um problema, estávamos com uma pessoa, mais ou menos na metade do caminho sem conseguir andar, segundo informações que havíamos recebido. Já tinha, aproximadamente, 1 hora que eu havia chegado na pousada.

A chuva apertou e por volta das 17h, a Andréa, Silvana, Carla, Juliana e Alexandre. A situação não era nada animadora. A informação era de que o Sérgio não tinha condições de andar. Por outro lado, ele estava acompanhado de mais 4 pessoas, inclusive a Simone, guia do CNM. Com isso, tentamos conversar com o Sr. Tião para buscá-lo de carro, mas ele disse que não podia, pois precisava arrumar as coisas para os outros hóspedes. Enquanto isso, outras pessoas foram chegando e a casa foi ficando cheia.

Eu não podia sair naquele momento para ajudar, pois ainda não havia comido nada. A janta seria servida as 18h. A Carla ofereceu um pacote de comida liofilizada, na qual aceitei. Minha ideia era comer e depois sair. Uma das coisas que aprendi é que em um resgate, você não se deve colocar em risco, se não, serão dois a serem resgatados. Sair sem ter comido nada, seria um grande erro. Afinal de contas, até o ponto onde o Sérgio estava, seriam uns 9 km e voltar para a pousada ou seguir para a portaria, seriam mais uns 9 km, depois de já ter andado 18 km no dia.

Assim que já estava quase pronto para sair, conseguiram convencer o Sr. Tião em sair para buscar o Sérgio. Foi um alívio. Para compensar, ajudamos na arrumação da janta. Em pouco tempo ele foi e voltou. Ele os encontrou a aproximadamente 2 km da pousada. Depois de um tempo, o Sérgio conseguiu andar com bastante dificuldade. Assim que chegou, vimos a situação dele. Estava bem ruim, tremia bastante, já quase desenvolvendo uma hipotermia. Falei para ele ir para o banho. O que deu um pouco de ânimo. Já mais aliviado, jantei e aí pensei que fosse descansar.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas, dizia Joseph Climber... Logo após a janta, a Juliana começou a sentir uma falta de ar e seu rosto começou a inchar. Estava desenvolvendo uma alergia a alguma coisa que havia comido. Seu rosto inchou a ponto de não conseguir enxergar direito. Mais um grande problema. Demos um anti-alérgico e esperamos um pouco até amenizar. Aos poucos ela foi conseguindo respirar melhor, mas o rosto ainda estava muito inchado. Tínhamos dois problemas agora.

Após uma conversa com o Sr. Tião, soubemos que ele iria embora no dia seguinte e cobrou R$ 1.000,00 para levar os dois e mais um acompanhante até São José do Barreiro. Se ele já iria embora, por que é que mesmo assim ele cobrou por um socorro médico? São coisas difíceis de entender. Cada um que faça sua avaliação.

Dia 2: Pousada Barreirinhas x Pousada Zé do Zico

Choveu a noite inteira. A noite não foi boa. Pensei muito no que poderia ter acontecido. Ainda não havia passado por nada parecido, mas tudo tem sua primeira vez. Levantei-me ainda bem cedo e fui à varanda. Condições desanimadoras. Tomamos café e ficamos esperando a chuva dar uma trégua. O Sérgio caminhava com dificuldade e Juliana ainda estava um pouco inchada, mas conversava bem. A Carla acompanharia os dois de volta até São José do Barreiro. Eles voltaram bem e ficamos sabendo dois dias depois que o Sérgio havia quebrado o tornozelo e rompido o ligamento, tendo que operar. A Juliana foi atendida em Rezende e passava bem.

Como a chuva não parava, resolvemos sair assim mesmo. A caminhada continuava numa estradinha, agora um pouco pior que o trecho do primeiro dia. Foi mesclando áreas abertas e mais fechadas. Aos poucos fui acostumando-me com a caminhada num dia molhado e sem aquela vista. Inclusive, foi uma das coisas que senti falta no primeiro dia. Passamos por uma casa à esquerda da trilha, pegamos mais uma área de pasto e passamos pela Pousada e Camping da Dona Palmira. Cruzamos uma porteira e seguimos subindo por um caminho que por conta da chuva estava bem escorregadio. Optei por seguir pela margem, onde havia um pouco da grama do pasto.

Passamos por alguns trechos de calçamento com bastante cuidado, pois as pedras costumam escorregar bastante. Em alguns trechos foi bem complicado. O barro vermelho molhado vira um sabão. Passamos na margem de um pequeno lago e mais frente paramos na entrada da Fazenda Bananeira, onde fizemos um lanche rápido. De volta a caminhada, passamos por duas casas um pouco distante, mas não encontramos ninguém. Com um tempo nessas condições, seria pouco provável encontrar alguém por ali, que não estivesse fazendo a Trilha do Ouro.

A chuva foi diminuindo, mas o dia continuava bem instável. Parece que o tempo passa mais rápido nessas condições. Chegamos á um córrego. Estava com bastante água e seria necessário tirar a bota para passar. Havia uma pinguela com dois troncos de árvore, mas que estavam em péssimas condições. Achei melhor passar por ela do que tirar a bota. Eram dois troncos de espessura diferentes e ainda estavam soltos. Balançava bastante, então foi preciso passar com bastante cuidado. Só ao final que percebi que o arame que segurava um tronco na qual servia de corrimão estava quase soltando. Bom que deu tudo certo. Mas se também não desse, daria apenas um banho no azarado do dia.

Cruzamos por diversos grupos, uns conhecidos outros não. Em algum momento todos se encontram, pois cada um vai pernoitando em locais diferentes. Mais à frente, passamos por uma casa bem bonita. Sem sinal de gente. Andamos bem e cruzamos uma porteira bem à beira de um grotão. Só era possível ouvir o barulho forte do rio ao fundo. Descemos num trecho bem escorregadio e logo chegamos a um descampado. Havia um senhor e uma criança cuidando de uns cavalos. Um pouco depois, descobrimos que eles são os responsáveis por levar os mantimentos de Mambucaba até o Zé do Zico. Ali era o entroncamento para quem quisesse conhecer a Cachoeira dos Veados, talvez a mais bonita da travessia, quiçá do Parque. Optei por deixar a cachoeira para mais tarde e segui até o ponto onde faríamos nosso pernoite. Atravessamos a ponte pênsil. Já na primeira passada, dei um leve escorregão. A madeira do piso estava bem molhada e escorregava bastante. Segui com mais cuidado, pois o rio estava cheio e a corrente era forte. Cair ali não estava nos planos.

Chegando ao Zé do Zico, foi hora de descansar um pouco. Arrumei minhas coisas e dei uma volta para conhecer o local. A estrutura é boa e há um gramado onde fica a área de camping. A casa é bem grande, mas simples. Já tinha bastante gente e todos se organizaram. Para que ficássemos todos juntos, me voluntariei em dormir num beliche na varanda. Aproveitamos para ir conhecer à Cachoeira dos Veados. Chovia um pouco e estava tudo molhado pelo caminho. Passamos por dois grandes pontos de acampamento e foi só chegar de frente à cachoeira que podíamos sentir a sua força. Um forte deslocamento de ar, unido ao barulho das águas, tornava a cena amedrontadora. Mas era impossível não ficar hipnotizado pela beleza. Havia possibilidade de ir à parte alta, mas como estava tudo molhado, achei melhor ficar por ali mesmo.

Voltando ao Zé do Zico, ficamos batendo um papo descontraído na fila do banho. Jantei logo em seguida. Em algum momento da noite, olhei para céu e vi algumas estrelas. Foi a esperança de que pudéssemos pegar um tempo bom no último dia de caminhada.

Dia 3: Pousada Zé do Zico x Ponte de Arame

Acordei cedo e a primeira coisa que fiz foi conferir o tempo. Estava levemente encoberto, mas com cara de que iria abrir em breve. Como havia dito anteriormente, dormi na varanda, mas foi ótimo, não tendo nenhum problema. Tomei meu café da manhã e arrumei a mochila. Não me preocupei muito com a organização, pois não teria que tirar mais nada de dentro dela. Dei uma volta pelo local e fui até a margem do rio, onde percebi que já havia baixado o nível.

Estávamos todos prontos. Tiramos a foto oficial de partida e iniciamos a caminhada. Pelos relatos que havia lido, esse último dia seria mais complicado pelas pedras do histórico calçamento. Devido as chuvas e a grande umidade, o caminho fica muito escorregadio e tombo pode ser perigoso. Todo cuidado era pouco. Passamos da entrada da ponte e seguimos paralelos ao rio durante um bom tempo, inclusive, sendo nosso companheiro durante toda a caminhada. Ora ele estava mais perto, ora mais longe, mas sempre lá.

Logo de cara, tive uma surpresa quando vi a cachoeira dos Veados ao fundo, uma vista espetacular. Estávamos em meio a uma mata muito bem preservada. Um verde exuberante.  O dia estava bem firme e foi a primeira vez que vi o céu azul. Mas tudo tem seu preço. Era bem cedo e já estava calor. Corria água por todos os lados. Tinha bastante lama e a umidade era forte.

Aos poucos fui tomando a dianteira da caminhada, ultrapassando diversos grupos. Tinha que andar com bastante cuidado para não escorregar. Muitas vezes era preciso usar a borda da trilha, pois tinha muita lama, daquelas que afunda o pé por inteiro. Achei uma picada no meio do caminho e pelo barulho da água, deveria dar em alguma cachoeira. Resolvi descer para conferir. Era um trecho do rio bem largo, com uma pequena corredeira, mas um grande refluxo. Não seria ali que tomaria meu banho. De volta a trilha, continuei andando.

Até o momento, só havíamos pegado descida e seria assim até ao final. Depois de andar bastante, havia chegado em um novo rio. Andei um pouco e vi que ele se encontrava com o rio Mambucaba, na qual havíamos acompanhado desde o início da caminhada. Andei um pouco para tentar encontrar o ponto de passagem e percebi que mais acima havia um outro caminho, fui seguindo e cheguei a uma ponte que estava em péssimas condições. Inclusive, havia muitos galhos obstruindo a passagem. Eu não quis arriscar. Voltei até ao ponto do rio e percebi que a trilha continuava na outra margem.

Ali, fiz a minha parada para reencontrar o pessoal que havia ficado para trás. Aproveitei para lanchar e tomar um banho. A água estava numa excelente temperatura e pude ainda pegar um sol. Depois de alguns minutos passou aquele senhor com a criança que estava com os cavalos, quando havíamos chegado ao Zé do Zico no dia anterior. Eles atravessaram o rio com uma facilidade e velocidade que me impressionou. Aos poucos, o pessoal foi chegando e todos aproveitaram para tomar banho também. Vi que alguns grupos optaram por atravessar a ponte. Como ainda faltavam algumas pessoas, fui à frente para tentar encontrar com o motorista da van já ao final da caminhada. Então segui andando.

Atravessei o rio e subi um pequeno trecho, voltando à trilha principal. O calor foi aumentando à medida que estávamos mais próximo ao nível do mar. E era um calor sufocante. Mas tinha que continuar e faltava pouco. Andei num bom ritmo e logo cheguei a tão esperada ponte de arame. Nesse ponto já não sabia muito bem para onde ir, ficando na dúvida se teria que atravessar a ponte ou seguir pela estrada a minha frente.  Tinha um carro estacionado e veio uma van. Eu todo bobo achei que tivesse chegado, mas quando fui falar com o motorista, era para outro grupo. Andei um pouco mais para frente, mas resolvi voltar até a ponte e esperar um pouco.

Esperei um pouquinho e algumas pessoas foram chegando. Resolvemos andar, pois pela hora, o motorista já deveria ter chegado. Andamos alguns minutos e ela estava lá, estacionada na entrada de um sítio. Fiquei mais aliviado. Tinham algumas pessoas lá também e aproveitei para entrar. Consegui comprar uma jarra de suco, que até agora não sei qual era o sabor, mas estava fantástico. Com o grupo reunido, seguimos para o local onde faríamos nosso almoço. Comemos e tomamos banho, nos preparando para nosso retorno.

Já com sinal de internet, tivemos a notícia de que a Juliana havia sido medicada em Resende, no próprio sábado e que estava em casa, estava tudo bem com ela. O Sérgio havia quebrado o tornozelo em dois lugares e ainda rompeu o ligamento. Iria operar na segunda feira.  Bom, como diz o ditado: “entre mortos e feridos, salvaram-se todos”. Mais uma travessia para a conta.

Fotos dia 1
Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba



Fotos dia 2
Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba



Fotos dia 3

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba


Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba


sábado, 5 de abril de 2025

Escalada na via Pedra, Papel e Tesoura - Costão de Itacoatiara

Por Leandro do Carmo

Dia: 09/11/2024
Local: Itacoatiara – Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Luís Avellar

Escalada na via Pedra, Papel e tesoura - Costão de Itacoatiara


Vídeo

Relato

Eu doido para escalar final de semana, mas não parava de chover. Havia falado com o Luis e ele tinha sugerido escalar em Itaocaia, pois lá seca bem rápido. Mas não estava muito confiante e na sexta feira, perguntei se daria para escalar em Itacoatiara. Pensei que se a chuva não desse trégua e estivesse molhado ou começasse a chover, seria mais rápido voltar. O Luís topou e ainda disse que não iria chover.

Pense num cara otimista. Esse é o Luís. Ele levou bem a sério o mantra de que escalada só se desmarca na base. Amanheceu ruim e deu um chuvisco. Falei com o Luís e ele confirmou. Bom, era ir e tentar a sorte. E que bom que fomos! Cheguei em Itacoatiara e estava bem nublado, mas olhando para a pedra já estava bem seco. Só tinha água escorrendo em alguns trechos com vegetação, mas fora das vias. Só tinham dois surfistas na água, apesar das ondas. Pra vocês verem o quanto estava ruim. Ninguém acreditava, só o Luís.

Caminhamos pelo costão até entrar no caminho de pescador, atravessando a grande vegetação. Num determinado ponto, pegamos uma subida até chegar à base das vias. O início fica ao lado esquerdo da via Par ou Ímpar!?. Nos arrumamos e o Luís perguntou se eu queria guiar. Como já estava há um tempo sem escalar, preferi não arriscar. O Luis guiou a primeira enfiada e eu fui logo em seguida. O primeiro trecho é bem tranquilo, sem problemas.

Na parada, ele me disse para ficar ligado, pois entre o primeiro e o segundo grampo, numa eventual queda, o guia pode chegar ao platô, com isso deixei a corda bem justa. Ele subiu tranquilo. Comecei a escalar e já percebi a diferença. Os lances seguiam bem verticais, com pequenas agarras, algumas ainda quebrando. Os lances são bem técnicos e não há muito espaço para descanso. Passei o primeiro crux e segui para a parada. Foram 35 metros bem fortes. Na parada tivemos a certeza de ter acertado no dia. Estava muito agradável. Nada de calor e nada de chuva. Condições perfeitas.

O Luís guiou a terceira enfiada. Subi em seguida. A parede continua vertical. Senti mais dificuldade que na enfiada anterior. Fui ganhando altura com lances mais delicados. Num trecho, ameacei ir para a direita e o Luís, lá de cima, avisou que era melhor para a esquerda. Fui desescalar uma passada e caí, voltando ao ponto de saída. Fui pela esquerda e consegui vencer o lance, o que considerei o mais difícil da via. Dali para cima, subi rápido até a parada da via Par ou Ímpar!?.

Já na parada, comentamos o quanto estava agradável o dia. A via é forte, mas com lances bem suaves. Vale muito a pena e é uma excelente opção de via mais curta. Ao fundo em direção da Pedra do Cantagalo, caía uma chuva e ela se aproximava. Resolvemos rapelar dali, visto que a trilha do Costão estava fechada, devido as condições do tempo. Fizemos 3 rapéis até a base, onde arrumamos tudo e seguimos de volta até a praia.

Para quem não confia na previsão do tempo, faz uma consulta ao cara mais otimista que conheço. Luís é o cara que só desmarca escalada na base.

Escalada na via Pedra, Papel e tesoura - Costão de Itacoatiara

Escalada na via Pedra, Papel e tesoura - Costão de Itacoatiara


Escalada no Tibau

Por Leandro do Carmo

Dia: 02/11/2024
Local: Piratininga – Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Camila Chaves, Marcos Velhinho, Vanessa Berton, Alberto Porto, Leandro Conrado, Amanda e Débora.

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA


Relato

Estava há quase dois meses sem escalar. Em uma reunião social do CNM, aproveitei que o Velhinho estava marcando uma escalada com o pessoal do CBE 2024 e já me meti nas cordadas. A última vez que fui ao Tibau, fiz a Mestre dos Pés (6º VI E1/E2 D1 90 m) e a Contextos Diferentes (5º Vsup A0 E1 D1 60 m) com o Luis Avelar.  

Chegamos cedo e nos encontramos próximos à rua que dá acesso à trilha. O local está sendo urbanizado e tudo está asfaltado. Está ficando bem bonito o bairro. Dali, seguimos a estradinha de chão, até pegar a subida das jaqueiras. Depois de andar um pouco, chegamos à base das vias. O bom é que fica na sombra. Isso aliviou um pouco. Dividimos as cordadas e a Vanessa e o Alberto foram com o Velhinho, Débora e Amanda, com o Leandro Conrado e a Camila foi comigo.

Eu e a Camila entramos primeiro na Segue o Velhinho (4º E2 45 m). Primeira enfiada tranquila até a primeira dupla, onde dá para emendar na Speedrun. A Camila subiu em seguida. Dali parti para a próxima enfiada. Passei rápido pelo crux e toquei até ao final, onde montei a parada e puxei a Camila. O dia estava bem bonito e pudemos acompanhar as cordadas ao lado e nos divertir com o Velhinho. Rapelamos rápido até a base e seguimos para outra via. O bom de escalar no Tibau é a possibilidade de poder fazer várias vias no mesmo dia.

Optamos por entrar na Nervos de Aço (IVsup E2 50 m). Passei pela base da via Toda Forma de Amar e desci num trecho meio ruim para chegar à base. A via segue bem protegida com boas agarras e passadas bem suaves. Optei por fazer duas enfiadas, como havia feito na Segue o Velhinho. Fizemos rápidos e lá no alto, pudemos apreciar a bela vista num dia maravilhoso. Aproveitei para fazer alguns vídeos com o drone. Dali rapelamos até a base. Na descida, vi uma pedra caindo e passando bem perto da Amanda e do Leandro que estavam na base. Por isso a importância do capacete.

Já na base, nos preparamos para ir embora, hoje não podia demorar muito. Descemos rápidos e logo estávamos novamente no carro.

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA


XIII Encontro dos Amigos da Canoagem

Por Leandro do Carmo

Dia: 28/09/2024
Local: Itaocara - RJ
Participantes: Leandro do Carmo



XIII Encontro dos Amigos da Canoagem

Relato

Nem tudo são flores... Essa foi a minha sexta participação no Encontro dos Amigos da Canoagem de Itaocara. Sempre deu tudo certo, mas sempre tive a certeza de em algum momento alguma coisa poderia sair do planejado. O importante é sempre avaliar e entender os riscos, afinal de contas, no ambiente natural, as variáveis são muitas e nem sempre conseguimos cuidar de todas, basta uma negligência e pronto...

Peguei o último ônibus para Itaocara na rodoviária de Niterói. Dormi a viagem inteira e quase passei do ponto, acordei no susto. Segui para a Pousada 20V, um pouco após o centro de Itaocara. Meus pais, meus filhos, meu tio e meu irmão já estavam lá. Inclusive, eles haviam passado em Além Paraíba para pegar um caiaque que eu havia comprado para remar o terceiro trecho, entre São Fidélis e Atafona. Já havia remado em 2023, o trecho Porto Velho do Cunha x Itaocara e em 2024, o trecho Itaocara x São Fidelis. O objetivo era fechar 2025, remando os trechos São Fidélis x Campos e Campos x Atafona. Mas para isso, precisaria de um caiaque adequado.

O dia estava clareando quando cheguei à pousada. Sentei-me no banquinho ao lado de fora e aguardei um pouco. Assim que a dona abriu a porta para ir comprar o pão para o café da manhã, eu entrei. Fui para a varanda da pousada e percebi o quanto o rio estava seco. Aos poucos todos foram acordando e logo tomei meu café da manhã. Eu e meu irmão fomos na frente, direto para o Porto do Tuta, na Fazenda Paulo Gama. Diferentemente dos anos anteriores, não pararíamos em Porto Marinho.

Aos poucos, os carros foram chegando e o local que estava vazio ficou cheio de caiaques espalhados. Nos reunimos e fizemos o já tradicional grito de guerra do evento: “Rio Paraíba do Sul, Vivo!”. Dali, seguimos para os preparativos finais antes de ir para a água.

Ajustei tudo e fomos para água. Assim que entrei, lembrei que estava sem capacete. Primeiro erro do dia. O Jefferson me lembrou disso um pouco mais a frente, mas já era tarde. Como descemos por alguns trechos com pedras, ter o equipamento de segurança é fundamental. Iniciamos a remada. Tinham menos caiaques que o ano passado, mas estava bonito.

Estava bem com o caiaque novo e fui remando tranquilo. Na primeira corredeira, fui atrás de um bote de rafting e ele atravessou bem na minha frente e acabei virando. Consegui desvirar o caiaque e levar para a margem. Tive um pouco de dificuldade para tirar a água dele, mas consegui ajuda. De volta para a água, continuei a remada e logo chegamos à Corredeira do Urubu. Dei uma parada antes e fiquei no aguardo da melhor oportunidade.

Assim que diminuiu a quantidade de caiaques, resolvi descer. Remei forte para pegar velocidade. Venci o primeiro degrau e logo na primeira onda, perdi o controle e acabei virando. Com a força da água, não consegui desvirar o caiaque que acabou enchendo de água. Com isso a proa afundou, deixando só a popa, que tem um compartimento estanque, para fora. Eu continuei descendo o rio e fui parar só mais embaixo.

De longe, vi algumas pessoas ajudando a tirar o caiaque da água e colocando em cima das pedras. Pensei: “só chegar lá, tirar a água e continuar a remada”. Mas quando eu cheguei perto, vi o estrago. A proa estava completamente destruída. Não tinha como continuar. Nem acreditava que tinha destruído o caiaque nos primeiros 30 minutos de uso!

Dali, fui carregando o caiaque pela margem, com bastante dificuldade, até chegar a uns carros que estavam parados. Ali descansei um pouco e fiquei esperando, pois só iria ter resgate depois que todos terminassem a remanda e voltassem para pegar os carros estacionados. Por sorte, os carros que estavam parados eram de pessoas que estavam acompanhando o evento e consegui levar o caiaque até Porto Marinho.

Avaliando depois, vi que tinha esquecido de colocar algumas boias por dentro para evitar que ele afundasse de proa quando entrasse água. Meu segundo erro. De qualquer forma, já estava feito o estrado. Cheguei à Porto Marinho, quase junto com o pessoal. Ali, amarrei o caiaque no carro e seguimos para o churrasco. Nesse ano, foi realizado no belíssimo sítio Cascata, em Aperibé. Mais uma excelente festa, como música ao vivo da banda Beija Flor Noturno.

Foi uma participação curta, mas fica o aprendizado: nem tudo são flores...






















domingo, 23 de fevereiro de 2025

Expedição Bolívia 2024 - Resgate da GoPro e volta pra casa

Por Leandro do Carmo

Data: 26 e 27/08/2024
Local: La Paz
Participantes: Leandro do Carmo, Marcos Lima, Dâmaris Pordeus, Rafael Pereira, Ricardo Bemvindo, Daniel Candioto, Leandro Conrado e Jorge Pereira.



Dia Livre em La Paz

Chegamos cedo ao Terminal Rodoviário de La Paz. Diferentemente da ida, conseguimos um UBER para voltar. Foi bem rápido, muito por conta do horário. Assim que chegamos ao apartamento reencontramos o pessoal que foi para o Huyana Potosí e comecei a ouvir as histórias. Estávamos todos reunidos novamente. Tomei café da manhã e um banho para relaxar. Quando fui organizar minhas coisas e pegar a GoPro para levar, pois iríamos dar uma volta por La Paz, percebi que ela não estava lá. Procurei em tudo por mais de uma vez e nada. Pronto, havia perdido a câmera e o pior: todas as fotos da viagem!

Fiquei desanimado. Tentei lembrar pelos lugares que havia passado e como podia ter perdido a câmera. Eram 3 opções: Podia ter esquecido no carro, na agência de viagem ou no Hostel, onde tomei banho. Já estava dando como perdida. Fiz contato com a agência Jiwaki, pedindo o contato lá da Red Lagoon. Consegui fazer contato com a Melvi, da agência de Uyuni. Foi ela quem nos recebeu lá no local onde tomamos café da manhã. Expliquei para ela o que havia acontecido e um tempo depois, ela me mandou uma mensagem avisando que não estava no carro e que mais tarde iria até a loja da agência, onde arrumei a mochila.

Foram horas de angústia e isso acabou com meu dia. Enquanto aguardava a Melvi me responder, saímos para dar uma volta na cidade e aproveitei para fazer as últimas compras da viagem. Logo após o almoço, recebi a mensagem da Melvi, avisando que ela havia encontrado a câmera. Bom, primeiro problema resolvido. Agora, como que faríamos para a câmera chegar aqui. Uyuni está a 9 horas de ônibus e iríamos embora no dia seguinte.

Mais angústia... Agora sabia onde câmera estava, mas não sabia se conseguiria pegá-la. A Melvi me disse que iria até a Rodoviária de Uyuni e colocaria no ônibus da noite. Chegaria aqui no dia seguinte. Só que eu só poderia pegar a partir das 8:30 da manhã. Agora era esperar. Achava que não iria ter jeito, mas todo mundo me deu apoio, dizendo que iria dar certo. Só restava torcer.

Dia da volta

Acordei cedo, já torcendo para que tudo desse certo. O ônibus já deveria ter chegado à rodoviária. O Velhinho me acompanhou nessa furada e saímos de casa por volta das 7h. Chegamos cedo e fomos direto para o guichê da empresa PANASUR. Tinha muita coisa lá dentro e o meu pacote deveria estar no meio daquela montoeira de coisa. O falatório dentro da estação já estava grande. Não parava de ouvir “Copacabana, Cochabama, Oruru”. Será que não existia uma maneira mais silenciosa de vender passagem?

Tínhamos que esperar o horário e ficamos ali inventando coisa para fazer e até cadeira de massagem nós usamos! Minha preocupação era demorar e termos que ir embora, pois tínhamos horário para estar no aeroporto. A ansiedade era grande. Assim que o funcionário chegou, logo fui ao guichê para falar com ele e expliquei minha situação. Ele meio ríspido, apontou para a infinidade de pacotes dentro do guichê, avisando que tinha que organizar aquilo tudo. Pensei: “Pronto, agora tenho certeza de que não vai dar tempo.” Quando fiquei em frente ao guichê esperando, ele disse que não podia ficar ali e mandou eu ir um pouco mais para longe. Pronto, agora estava tudo perdido, pensei.

Mas logo ele encontrou o meu pacote. Assinei o documento e paguei pelo envio. Foi uma sensação de alívio. Tinha recuperado a câmera e as fotos. Enviei mensagem para a Melvi, agradecendo e pedi um UBER para o aeroporto. Foi mais rápido do que eu esperava. A partir daí, fiquei aliviado e caiu a ficha de que tinha acabado nossa viagem. Conforme o carro foi subindo a estrada em direção ao aeroporto, fui observando pela janela a cidade de La Paz ao fundo.

Chegamos bem rápido ao aeroporto de El Alto. Tomamos um café da manhã e seguimos para a área de embarque onde nos reunimos novamente. Assim que o avião decolou, fiquei olhando pela janela e passou um filme rápido desses dias. Foram experiências fantásticas. Muita dor e alegria. Muitas histórias que carregarei para sempre. Agora se voltarei, só o tempo dirá. Como montanhista tem memória fraca, quem sabe...