Mais conhecida simplesmente como Agulha Guarischi, é uma pedra fantástica colada na Face Sudoeste do Alto Mourão, no Parque Estadual da Serra da Tiririca. Dependendo do ângulo de onde a vemos, tem o formato claro do casco e cabeça de uma tartaruga. Escalando a Paredão Zézão, uma parte da Face Sudoeste da Agulha Guarischi e a parte final da Paredão Eldorado, chegamos a um cume fantástico, onde ficamos literalmente montados!!!!! A Agulha Guarischi foi palco da primeira grande conquista de Niterói. Nos primórdios das grandes expedições, foi batizada de Agulha Itacoatiara, mas depois da conquista, homenageando George Guarischi, morto em um acidente nos cabos do CEPI, foi rebatizada com o nome atual.
O acesso se dá pela trilha do Bananal. Há um tempo atrás, marquei a trilha com algumas cordinhas nas árvores, a fim de facilitar o acesso até a base. Fiz também um vídeo com o caminho do Bananal até lá. Segue o link do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=VNy6Ocm4Suw
Nesse setor temos três vias, mas devido ao crescimento da vegetação em alguns pontos e pela disposição das linhas das vias, quando se fala em escalar a Agulha Guarischi, fala-se em escalar um combinado das vias: Paredão Zézão, Sudoeste da Agulha Guarischi e Paredão Eldorado. Já virou uma clássica de Niterói! São seis enfiadas com quase 360 metros de via com um visual fantástico. Na descida, são 11 rapéis que torna a descida também muito cansativa.
* Combinado das três vias acima, o que os escaladores fazem normalmente - Clique na foto para ampliar
Face Norte e Face Leste
Hoje para acessar essas vias, somente rapelando pelo cume.
Via Normal da Agulha Guarischi - A1 - Face Norte (Ver histórico da conquista no final da postagem)
Aresta Leste da Agulha Guarischi - VI E2 D1 50m - Face Leste
Face Sul
Para acessar as vias da Face Sul, deve-se pegar o caminho para a Paredão Zezão e ir contornando o casco pela direita.
Cidade Fantasma - Projeto
Endurance - VIIIb/c
Flying Horse - Projeto
Red Bull - VIIc/VIIIa ------------------------------------------------------------------------------------------------------- Relato da conquista da Agulha Guarischi
O CEC fazia muitas excursões à Itacoatiara. Nessa época,
chegar a Itacoatiara era uma verdadeira guerra, conforme descreveu Cionyra
Hollup. A praia era deserta e para chegar a areia, tinha-se que abrir caminho
em um imenso matagal. Além disso, como não havia nada lá, era preciso carregar
tudo que fosse usado, de comida a material de conquista.
A primeira investida ocorreu em 02 de setembro de 1951. Nesse
dia, não foi possível chegar a Agulha, pegaram um mato bastante fechado. O
caminho era costeando o Morro do Telégrafo, em direção a antiga trilha de
acesso ao Mourão e depois descendo em direção a Agulha.
A segunda investida foi no dia 22 do mesmo mês. Chegaram à
base por volta das 17:30 e ali passaram a noite. No dia seguinte, foram
colocados os cinco primeiros grampos. Uma semana depois, no dia 29, mais dez
grampos e no dia seguinte, somente 3.
No dia 16 de outubro, bateram 3 grampos. E devido ao mau
tempo e a um dedo quebrado do Salomith, retornaram até a praia. Na quinta investida, entre 10 e 11 de abril
de 1952, com o mau tempo, foi posto apenas 1 grampo, o mesmo ocorrendo na
investida do dia 10/05/1952.
Em maio de 1952, depois de chegarem à base por volta das 11
horas, foram postos 3 grampos, sendo o quarto terminado somente no dia seguinte
devido a escuridão. Nesse dia foram batidos mais dois grampos e tiveram que
retornar a praia depois da quebra da marreta.
A próxima investida aconteceria somente três anos depois, em
15/05/1955. Todo o material deixado na base estava em péssimas condições e por
isso não avançaram na conquista. Retornaram no dia 06/10/56 e o primeiro grampo
foi batido por volta das 18 horas e no dia seguinte, mais três. O cume estava
bem próximo, mas ainda faltavam dois grampos.
Esses grampos só foram batidos no dia 20 de outubro de 1956.
O cume foi atingido as 14:15. Foram feitas 11 investidas e colocados 37 grampos
em cinco anos. No início, foi chamada de Agulhinha Itacoatiara, mas querendo
homenagear George Guarischi, morto em um acidente nos cabos de aço do CEPI e da
qual havia estado em dois dias da conquista, Salomith, sem comunicar, mudou o
nome para Agulhinha George Guarischi, muitos não concordaram, mas no fim, para
evitar maiores desavenças, todos aceitaram a mudança.
Essa foi a oitava conquista do CEC, sendo a primeira em
Niterói, não que não existisse vias o que a escalada não fosse praticada em Niterói
(ver artigo da Chaminé C.E.I.), mas essa é onde temos provas de sua localização,
relato de conquista e etc.
Participaram da conquista:
Cionyra Ceres Hollupe, Tadeusz Edmund Hollup, Ivan Jose
Mares, Fernando Victor Sobrinho, Salomith Smith, Salustiano V. da Silva,
Laércio Martins, Patrick David White, Carlos Amorim, Ferdinad Schiedt, Henry
Occhioni e Oscar da Silva.
Na foto: Laercio Martins , Tadeusz Hollup e Oscar Jose daSilva.
Sábado, dia 22, foi dia do lançamento do filme Expedição Abrolhos. Nos reunimos na Escola de Mergulho Corsários Divers, em Itaboraí. Foi muito bom poder rever os amigos e rir um pouco, lembrando das histórias engraçadas. Para quem viu, esse é o momento de rever o filme e para quem não viu, essa é a hora!!!!! Já bateu a saudade...
Clique aqui para ver as fotos e o relato dessa maravilhosa viagem!
Um domingo de sol, sem vento e mar calmo. Nada melhor do que
aproveitar para remar! As condições estavam perfeitas. Chegamos na praia do
Forte Imbuhy por volta das 08:30 da manhã, preparamos os caiaques e já fomos
para a água. Meu irmão foi junto com o Alfredo, que tem um caiaque inflável e
duplo. Eu segui no meu. Remamos até as duas pequenas ilhas em frente ao canhão
do forte. Chegando lá, retornamos até a praia.
Aproveitei para colocar meu filho a bordo para sua primeira
experiência no mar. Acho que gostou, pois para sair foi um sufoco!!!
Depois de um tempo na areia, o Guilherme apareceu e
aproveitamos para remar mais um pouco. Fui junto com ele até próximo as
pequenas ilhas e depois aproveitei para dar uma esticada em direção a
Piratininga. Um belo local com uma vista fantástica. A todo momento passavam
barcos, uns bem próximos outros mais distantes.
E eu seguindo no meu ritmo...
O tempo foi passando, o sol apertando, já estava na hora de
voltar. Agora com o vento a favor foi mais fácil. Ainda dava para aproveitar as
ondulações. Segui até as pequenas ilhas de dei uma explorada. Em seguida,
voltei até a praia. Um belo passeio.
Segue o trailer do filme Expedição Abrolhos. O filme conta com as imagens da viagem que fiz com Equipe Corsários Divers para o Arquipélago de Abrolhos. Foram 5 mergulhos em dois dias num verdadeiro paraíso! Tivemos ainda o desembarque na Ilha Santa Bárbara para conhecer o Farol e um pouco da história do primeiro Parque Nacional Marinho, além da Ilha Siriba. Em breve o filme completo, aguardem...
O nome Abrolhos veio de uma anotação da carta de navegação
de Américo Vespúcio. Quando, em 1503, passou por essa região, escreveu: “Quando
te aproximares da terra, abre os olhos”. Os inúmeros corais existentes na
região dificultavam a navegação e eram responsáveis por frequentes acidentes e
naufrágios. A advertência acabou batizando o arquipélago de Abrolhos,
que se tornou o primeiro Parque Nacional Marinho da América do Sul. Das cinco
ilhas que formam o arquipélago Siriba, Redonda, Guarita, Sueste e Santa Bárbara
somente esta última fica fora do Parque e pertence à Marinha do Brasil. Devido
aos vários acidentes, em 1861 foi instalado um farol na Ilha de Santa Bárbara,
cuja estrutura é de ferro inglês, e as lentes e maquinário, franceses. Até
algumas décadas atrás, o farol ainda funcionava movido a querosene. Hoje, sua
iluminação é elétrica e tem um alcance de 32 milhas náuticas.
Relato
Difícil até de descrever como foram os mergulhos... algo
como fantástico!!!! Tirando o fato de terem sido “apenas” cinco mergulhos, o
“resto” foi perfeito!!!! rs Esqueci até das 17 horas de viagem da ida e das 15,
da volta... Difícil vai ser mergulhar aqui pelo Rio!!!! rs
Depois de termos feito a Expedição Guarapari em março de
2013, o Leandro Pessoa, da Escola de Mergulho Corsários Divers, lançou o
convite para Abrolhos. Não tinha como ficar de fora dessa. Acertado a data foi
esperar ansiosamente pela hora de partida.
Na semana da viagem, foi organizar o equipamento, verificar
as lanternas, pilhas, máquinas fotográticas, etc... E como programado, às cinco
da manhã do dia 9 de janeiro, estávamos em Manilha para a saída. A viagem seria
longa... Até Caravellas, na Bahia, são aproximadamente 910 km, o que daria umas
14 a 15 horas de viagem, isso na teoria, é claro! Como na prática é bem
diferente, levamos 17 horas até a pousada, uma viagem bastante cansativa. Mas a
expectativa era tão grande que nada conseguia me desanimar. Chegamos na pousada
por volta das 10 horas da noite. Separamos os quartos e fomos procurar um lugar
para comer alguma coisa. Caravellas não tem muitos atrativos, pelo menos onde
estávamos... Tivemos que ir rápido, pois lá, os estabelecimentos costumam não
fechar muito tarde e já passava das 11 da noite. Comemos uma pizza e voltamos
para a pousada.
No dia seguinte, às seis já estávamos prontos para o café da
manhã. Não demoramos muito para ir em direção ao Píer, afinal de contas, era o
que mais queríamos naquele momento. Já no píer, foi hora de dividir os barcos e
colocar todo o equipamento dentro. Um grupo foi no catamarã Netuno e eu fui no
Zeus. A navegação foi tranquila, com mar bem calmo, ainda bem! Ninguém enjoou.
Foram três horas e pouca de navegação. A distância de Caravellas até o
arquipélago é de aproximadamente 70 km. O clima no barco era de total de
descontração. Isso faz a diferença!!! Há um tempo atrás fiz um mergulho em Recife
e não conhecer ninguém, às vezes se torna chato! Além da galera super gente
fina, a tripulação do barco também foi nota 10!!!!
Em um certo ponto da navegação, não se via mais nada além do
mar... O Netuno era bem mais rápido que o Zeus, que apesar das velas içadas,
foi ficando para trás. Em um certo momento, vi alguma coisa no horizonte e tive
a certeza que estava no caminho certo! Era ele, o tão famoso arquipélago de
Abrolhos! O sorriso que estava em nossos rostos, aumentou mais ainda! Para
ganharmos tempo, o almoço foi servido durante a navegação, assim, quando
chegássemos lá, poderíamos fazer imediatamente o primeiro mergulho. Mas que
almoço... A Maria caprichou na carne de siri. Não perde para nenhum restaurante
em terra! Foi uma pena não poder comer muito... Ainda estava preocupado em não
marear. Almoço feito, foi descansar um pouco e começar a arrumar o equipamento
para o mergulho.
Quando chegamos, a galera do Netuno já havia feito o
primeiro mergulho. Nosso primeiro mergulho seria na Língua da Siriba. A Língua
da Siriba é uma extensão da Ilha Siriba em formato de cunha, voltada para
noroeste com aproximadamente 200 mts de comprimento, a parte que é feito os
mergulhos é o lado de nordeste. A língua é formada de rocha e coral franja, que
termina abruptamente na areia, onde é encontrado alguns tipos de peixes
diferentes como por exemplo, guarajuba, raia chita, um tipo de dentão semi
listrado sem lágrima, cardumes de salema, cambumba, sargos, sardas, também
encontrados cações, badejos, garoupas, frades, corais cérebros e lagostas. Foi
dividido os grupos e duplas e fomos para a água.
1º Mergulho – Língua da Siriba
Profundidade Máxima: 13m
Tempo total de fundo: 57min
Desci, dei uma ajustada no colete e começamos nosso passeio!
De cara já deu para perceber o paraíso onde estávamos... Os peixes que costumo sempre ver como
Salemas, Cocorocas, Budiões, entre outros, são umas 3 vezes maior!!!!! Aqui não
tem miséria... rs. O local é bastante rico em vida. Os corais são um espetáculo
a parte. Passamos por algumas tocas onde tinham algumas lagostas. Badejos, cirurgiões e muitos outros peixes,
cruzavam nosso caminho a todo momento, como se nem estivéssemos ali. O Thomas,
guia da Apecatu, me chamou e apontou para uma toca. Fiquei olhando, procurando
o motivo da indicação. Não estava vendo nada de interessante... Ele
praticamente girou minha cabeça para ver o badejo que estava a dois palmos de
mim!!!!! Impressionante! Acho que foi o maior peixe que já havia visto!!!! Com
o passar do tempo, percebi que comecei a ficar muito positivo e quando vi, meu
colete estava inflado. Logo o desinflei e vi que o power estava vazando ar,
tive manter o colete vazio durante o resto mergulho. Grandes cardumes de
salemas e cocorocas nos circulavam a todo momento. Quando o manômetro marcava
100, a metade do ar que tinha, começamos a retornar para o ponto inicial.
Ficamos em média, a uma profundidade de 10 metros, sendo a máxima que atingi,
de 13. Já de volta, no cabo da poita, fizemos uma parada de segurança aos 5
metros e retornamos a superfície.
De volta ao barco, fiquei pensando: nunca tinha visto peixes
tão grandes quanto aqui. O que uma área de preservação não faz....
No intervalo, ficamos sabendo que foi autorizada a nossa
visita à Ilha de Santa Bárbara, hoje sob jurisdição da Marinha. Ela seria feita
depois do nosso segundo mergulho. Fiz um lanche, dei uma organizada no
equipamento, troquei a garrafa e fiquei esperando que todos estivessem prontos.
2º Mergulho – Portinho Sul -
Ilha de Santa Bárbara
Intervalo de superfície: 1 h
Profundidade máxima: 10m
Tempo total de fundo: 55 min
O Portinho Sul fica em frente a praia da Ilha Santa Bárbara voltada para
sudoeste, com profundidade máxima de 8 mts formado de coral franja, com peixes
badejos, dentões, frades, xareus, cirugiões, moréias e guaricemas, local com
pouca corrente.
Fomos para a água e depois que todos estavam lá, começamos a
descer. A profundidade média aqui é menor que na Língua da Siriba, mas nem por
isso fica a desejar... Se é que existe algum lugar aqui que seja ruim. A
intenção era fazer aqui o mergulho noturno, assim poderíamos fazer um
reconhecimento do local e já irmos nos aclimatando. Depois do primeiro
mergulho, já estava muito mais a vontade. Continuava impressionado com a vida
do local. Mais lagostas, budiões, salemas, badejos... Mais a frente, ao lado de
uma pedra, um badejo que deveria pesar uns 30kg. Ficou ali parado enquanto
filmávamos e batíamos foto. Tão calmo que nem se importou com a nossa presença.
Dava para ficar ali parado pelo resto do mergulho, mas tínhamos muita coisa ainda
para ver.
Meu colete começou a inflar muito mais que antes e a todo
momento tinha que dar uma parada para desinflá-lo. No próximo mergulho iria
desconectá-lo da mangueira e se precisasse inflá-lo, faria com a boca. Como já
estava bem a vontade nesse mergulho, o lance do colete nem foi um problema.
Segui normalmente o mergulho e na marcação de 100 no manômetro, começamos a
voltar devagar. A vontade era de ficar mais tempo ali, mas estava na hora de
subir.
Voltei para o barco depois de 55 minutos de mergulho, tomei
um banho rápido, fiz um lanche e fiquei aguardando a nossa ida à Ilha Santa
Bárbara.
Visita à Ilha Santa Bárbara
A Ilha Santa Bárbara é a maior e a principal do arquipélago.
Possui aproximadamente 1,5Km de extensão, 300m de largura e 35m acima do nível
do mar. Apesar de estar localizada praticamente no centro do Parque, pertence à
Marinha do Brasil, não estando incluída nos limites do Parque nem sob sua
jurisdição. É a única ilha habitada do arquipélago, também a única a possuir
alguma infra-estrutura. Nela existem, além do farol, algumas casas que servem
de moradia às famílias dos militares, pessoal do IBAMA (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pesquisadores. Existem
ainda outras construções como garagem para barcos, heliporto, capela (em
homenagem à Santa Bárbara, santa padroeira dos navegantes), e até uma pequena
sala de aula que serve às crianças que ali vivem.
O Farol encravado num dos pontos mais altos da ilha foi
Inaugurado em 1861 no reinado de D. Pedro II. De fabricação francesa, mede 60m
de altura, podendo sua luz alcançar mais de 20 milhas náuticas. De extrema
importância, até hoje norteia os navegantes, indicando-lhes visualmente a
localização dos perigosos recifes. Juntamente com o sistema de rádio formam o
posto da Marinha, a qual além de orientar a navegação emite boletins
meteorológicos, fazem um trabalho de fiscalização das embarcações que fundeiam
no arquipélago, e garantem presença permanente dentro de um território
nacional.
Poder desembarcar ali foi um privilégio. Conhecer um pouco a
vida de quem vive nesse paraíso seria uma grande experiência. Fomos em direção
ao Farol, subindo o caminho até o ponto mais alto da ilha. De lá, bati algumas
fotos da paisagem, bem como de dos atobás que ali fazem seus ninhos. Subimos os
quase 60 metros de escada para apreciar um brilhante por do sol, num paraíso
que faltam palavras para descrevê-lo... Presenciamos também, o acendimento do
farol, fundamental durante anos na segurança da navegação local.
Voltamos para o barco e aguardamos a hora do próximo
mergulho.
3º Mergulho – Noturno – Portinho Sul – Ilha Santa Bárbara
Intervalo de superfície: 2h 30min
Profundidade máxima: 10m
Tempo total de fundo: 40 min
Estava na hora do terceiro e último mergulho do dia. Dessa
vez seria o tão esperado noturno. A noite estava super agradável. Caímos na
água e presenciei um belo espetáculo, poderia descrevê-lo como o balé das
luzes!. Conforme os mergulhadores iam descendo, o facho das lanternas formava
um espetáculo a parte. Ficou interessante. Seguimos o mesmo caminho que
havíamos feito mais cedo. Durante a noite, a vida marinha explode em cores. É
só apontar a lanterna que temos um agradável surpresa. Desci sem a câmera. Fui
simplesmente curtir o mergulho. Já no meu terceiro do dia, estava muito mais a
vontade e com a flutuabilidade impecável. Dessa vez não teria problemas com o
colete, havia desconectado a mangueira do power e quando precisei inflá-lo,
fi-lo com a boca. Sem problemas!
Passando por uma toca, logo avistei um enorme badejo, tão
grande quanto os outros que havia visto. Os peixes indo e vindo numa
naturalidade, como se ninguém estivesse ali para atrapalhá-los. Passei por
vários cardumes e corais. Mais um pouco de mergulho, alguém avisou para voltar,
deve ter chegado ao nível estabelecido de ar de alguém. Comecei o retorno,
mesmo tendo 150 bar de ar nos cilindros, quando olhei para baixo, lá estavam
eles: dois tubarões limão. Nadavam rodeando alguns corais que estavam no fundo.
Estavam um pouco agitados, mas não se importavam com a nossa presença. Mergulho
desde 2007 e foi a primeira que vez vi um tubarão, na verdade dois. Todo mundo
fica preocupado, me perguntando se eu já havia visto um, o que eu faria se
visse, etc. Na verdade, foi um sentimento de surpresa e realização de um
sonho... Ficamos ali por alguns minutos e continuamos nosso retorno. Já próximo
ao barco, subimos lentamente, apreciando os últimos momentos.
Quando voltamos ao barco, arrumei o equipamento e tomei um
banho rápido, queria estar pronto para o jantar. Assim que o pessoal foi
chegando, a janta foi sendo servida. Depois de saciada a fome, foi esperar o
próximo dia...
2º Dia
Acordamos cedo, poucos conseguiram dormir dentro das
cabines. Estava calor. Eu apaguei e nem senti! De manhã já tinha uma galera
visitando o outro barco. Eu fiquei por ali mesmo. Dei uma organizada no
equipamento, já deixando tudo pronto para o próximo mergulho. Assim que todos
estavam no barco, navegamos em direção ao nosso próximo mergulho: o naufrágio
Santa Catharina.
Enquanto navegávamos, tomamos o café da manhã. Ouvimos as
instruções do mergulho, como faríamos, os cuidados com a parada de segurança,
pois esse seria o mergulho mais profundo da expedição, chegando a 25 metros.
Terminada a instrução, fomos para a água.
4º Mergulho – Naufrágio Santa Catharina
Profundidade máxima: 23 m
Tempo total de fundo: 37 min
A medida que descíamos pelo cabo preso ao naufrágio, ele foi
surgindo, mostrando aos poucos toda a sua estrutura, ou o que resta dela. Para
um naufrágio de quase 100 anos, até está bem... rs
Pequena descrição do naufrágio
Devido a grande Guerra Mundial, vários navios foram atacados
e naufragados na costa brasileira, tanto pela Tríplice Aliança, quanto pela
Tríplice Entente. A idéia era sufocar o comércio entre os países, tentando
enfraquecer os adversários. O Santa Catharina foi mais uma dessas vítimas. Ele
foi interceptado pelo cruzador inglês H.M.S. Glasgow em sua viagem de volta, e
levado para região de Abrolhos, onde a Inglaterra concentrava uma estação
telegráfica e uma frota com vários navios. Lá foi retirada a carga que lhes
interessava, como o carvão, tendo o Santa Catharina afundado com cargas
explosivas.
O Santa Catharina encontra-se corretamente apoiado no fundo,
porém poucas estruturas ainda permanecem de pé. Possui pequenos pontos de
penetração. Para um naufrágio de quase 100 anos, até que existe bastante coisa.
Fonte: www.apecatuexpedicoes.com.br
Segue a ficha técnica do naufrágio:
Nome: Santa Catharina
Data do Afundamento: 16/08/1914
Nacionalidade:
Alemã
Armador:
Hamburg Sud
Dimensões:
106,7 metros / Boca:
14,4 metros / Deslocamento:
4.247 Toneladas
Motivo do Afundamento: Afundado pelo cruzador inglês Glasgow
Profundidade:
min – 14m / máx – 27m
Já no naufrágio, aguardamos que o grupo estivesse todo lá e
começamos o mergulho. Primeiro fomos em direção ao ponto onde tem algumas
munições. Depois começamos a dar a volta no naufrágio. Tínhamos duas opções:
ver os detalhes e não conhecer o naufrágio inteiro; ou dar uma volta inteira e
não conhecer os detalhes. Optamos pela segunda. Vi parte da carga de arames,
cimentos e algumas garrafas de cerveja. Existem alguns poucos pontos de
penetração. Existe muita vida nesse naufrágio. Vários cardumes, fazem dele o
seu refúgio.
Como não daria tempo para prestar atenção nos detalhes, por
vezes me afastava um pouco para poder ter uma visão mais ampla. A visibilidade
não era das melhores, mas mesmo assim surpreendia. Na proa dá para fazer uma
pequena penetração, onde se vê claramente o ponto de saída. Não tinha como não
fazê-la!
Como era um mergulho mais profundo do que os outros, o nosso
tempo de fundo também diminuiu. Devagar, fomos nos aproximando do cabo guia e
subimos lentamente para nossa parada de segurança. Engraçado ver tanto
mergulhador junto! Enquanto estávamos lá, uma barracuda ficou nos rodeando,
fazendo a alegria da galera!!!!
De volta ao barco, fizemos um lanche e partimos para o nosso
quinto e último mergulho da expedição. Nosso próximo ponto seriam nos
chapeirões. O chapeirões são colunas de coral de até 20 metros de altura que se
erguem abruptamente do fundo e se abrem em arcos perto da superfície, podendo
chegar a 50 metros de diâmetro, como imensos cogumelos submarinos. As águas,
sempre mornas e de coloração azul-turquesa, escondem estes verdadeiros
condomínios, onde habita uma infinidade de seres marinhos. A principal espécie
formadora dos chapeirões é o coral-cérebro, que só ocorre na Bahia. Mas, além desta,
outras 15 espécies de corais formadores de recifes ocorrem nos Abrolhos. Nos
recifes mais próximos da costa, os chapeirões ficam tão perto uns dos outros
que acabam unindo-se, formando verdadeiras plataformas.
Esse mergulho seria um pouco diferente dos outros, seria o
único na qual o barco não estaria ancorado. Desceríamos do barco em um
determinado ponto e faríamos nossa imersão sem ajuda do cabo guia. Como não
havia corrente, foi bem tranquilo.
5º Mergulho – Chapeirões
Intervalo de superfície: 1h 20min
Profundidade máxima: 14 m
Tempo total de fundo: 55 min
Na água descemos e já deu para ver como eram os chapeirões.
Em alguns pontos formavam grandes passagens. Muitos cardumes circulavam entre
eles. Com galera toda na água, a todo momento encontrava com alguma dupla
diferente. Alguns em fila indiana, outros lado a lado, enfim, toda a formação
possível!!!! Nesse mergulho não vi tanto peixe quanto nos outros, mas nem por
isso foi menos interessante. Em um ponto do mergulho, passou pela gente um
enorme badejo, roubando a cena naquele momento. Já era hora de voltar. Depois
do aviso, começamos a subir lentamente e fazer nossa parada de segurança.
Havia chegado ao fim... Dois dias de grandes mergulhos em
companhia de uma galera fora de série! Havia ainda a navegação de volta... Mas
isso ficaria fácil depois do espetacular almoço que a Maria nos preparou!!!!!