A via: É uma via curta com o crux bem na saída, entre o primeiro e o segundo grampo. A partir daí, segue bem tranquila até uma parada dupla. Não é tão alto, mas o visual é fantástico. Como estava de folga no trabalho e o Velhinho aposentado.... Acabou ficando Aposentado e de Folga!
OBS: Possibilidade de novas conquistas no local.
Vídeo do dia da Conquista da Via Aposentado e de Folga
Croqui da Via Aposentado e de Folga
Mais fotos da conquista da Via Aposentado e de Folga
Mais uma conquista em Niterói. A via Não tem Nome, fica localizada num cume secundário do Santo Inácio. Foram três investidas para conquistar seus quase 90 metros. A via começa numa canaleta bem vertical, com a primeira proteção relativamente alta, onde temos o crux da via. Os lances iniciais são bem verticais bem delicados. Muitas agarras ainda por quebrar. A via segue bem protegida até a primeira parada. A partir daí, vai ficando mais positiva até chegar ao cume.
Acesso: o acesso à via fica na trilha do Santo Inácio. Seguindo pela trilha do Santo Inácio, já perto do ataque final ao cume, você chegará a uma cerca que fica a sua direita, mais a frente, pegue a primeira saída à esquerda e siga por ela. Mais a frente, chegará a uma curva bem acentuada. A saída para trilha fica nesse ponto. Segue descendo até cruzar um talvegue e começar a subir novamente. Seguir para a esquerda até uma grande rocha, onde descerá encostado até contorná-la por baixo para a direita, voltando a subir novamente. Nesse ponto já poderá ver a parede a sua esquerda. Seguir até ela e descer contornando com a rocha a sua direita até a base da via.
Participantes: Leandro do Carmo, Alex Figueiredo, Vinícius
Araújo e Ary Carlos
O Alex Figueiredo havia descoberto o local há muito tempo atrás
e havia falado sobre ele. Isso ficou guardado durante um tempo, até que
decidimos conferir. Marcamos cedo. A ideia era chegar até a base e ver o que
daria para fazer. Chegar até a base foi difícil. Não havíamos conseguido achar
as fitas que havíamos colocado em outra oportunidade, mas como sabia para onde
ir, seguimos assim mesmo. Até que chegamos mais rápido do que imaginávamos.
Na base, começamos a olhar e prestar atenção se não haveria
alguma conquista no local. Eu jurava que havia um grampo mais acima. Mas quando
o Ary chegou lá e passou a mão, tivemos a certeza que não era um grampo e sim
um galho retorcido. Com a certeza de que não havia nada no local, fomos ver o
melhor caminho a ser feito. A primeira opção seria pelo diedro, mas tinha muita
vegetação na base dele. Resolvemos segui por outra linha, seguindo para direita
dele.
O Ary e o Vinícius bateram o primeiro grampo logo acima da canaleta.
Não ficou muito bem batido, mas o suficiente para darmos continuidade à
conquista. Subiram e colocaram o segundo que entrou na força. Optamos por não
continuar. Parece que a broca estava mais fina que o de costume. Como era de
uma marca que ainda não havia usado, pode ter dado alguma diferença. Tentaremos
numa outra oportunidade.
2ª Investida
Data: 02/11/2016
Participantes: Leandro do Carmo e Vinícius Araújo
Já havia bastante tempo desde a primeira investida. O
Vinícius me mandou uma mensagem perguntando o que eu achava de continuar aquela
conquista no Parque da Cidade. Como o local foi encontrado pelo Alex, dei uma
ligada pra ele antes. Como ele não podia ir, fomos eu e Vinícius.
O dia estava quente. Mas era calor de verdade, próximo dos
40°C. Marcamos numa hora nada convencional... 11:00h. Bom, o lado positivo era
que não precisávamos acordar cedo e que todo o acesso, apesar de difícil, seria
feito sem a incidência do sol. Marcamos de nos encontrar no Posto da Guarda
Ambiental do Parque da Cidade e de lá seguimos para a trilha do Santo Inácio. O
início do caminho eu lembrava bem, mas o resto. E assim seguimos andando. O
terreno vai ficando bastante instável em alguns trechos e numa dessas passagens
delicadas, o Vinícius escorregou e cortou o dedo e o joelho. Sangrou bastante.
Pensamos em voltar, mas depois de lavar, o sangramento estancou, o que nos fez
seguir caminho.
Depois de algumas voltas, consegui avistar o local, o que
facilitou um pouco achar a base da via. Chegando lá, demos uma parada para
descansar e nos refrescar, antes de iniciar a conquista. O calor estava forte.
Comecei a subida e fazer o lance inicial não foi fácil... A saída ficou bem
forte e com o primeiro grampo um pouco alto. Chegando nele, parti para o
segundo, agora mais fácil. O suor já começava a escorrer. Reboquei o
equipamento de conquista e dali comecei a subir com o peso.
Fazer esse lance foi difícil. Tentei algumas vezes e
voltava. Algumas agarras quebraram o que deu uma baixada no psicológico. Mas
firmei e subi até ficar numa boa posição, onde bati o terceiro grampo da via.
Dei uma rápida descansada e parti para o próximo. Mais um lance delicado. O
calor estava ficando insuportável. O peso do equipamento dificultava bastante. Aquela
rocha quebradiça aumentava a tensão. Tentei algumas vezes e já quase
desistindo, resolvi chegar um pouco mais para a direita e subir. Prendi a
respiração e subi. Na primeira oportunidade, me equilibrei e coloquei o quarto
grampo...
A partir daí a parede perdia um pouco da inclinação, mas ainda
estava bem vertical. Com boas agarras, subi e bati mais um grampo. Exausto,
resolvi descer e dar por encerrado o dia. Na hora de voltar, já estava sem água
e para tentar ganhar tempo, resolvi subir por uma calha bem íngreme. No começo
até que foi tranquilo, mas ela foi ficando íngreme e com o terreno bem
instável. Chegou num ponto que não conseguia mais subir nem descer. Fiquei apoiado
num arbusto bem pequeno, torcendo para que ele não quebrasse.
A mochila estava muito pesada. A corda atrapalhava, o facão
atrapalhava. Estava com sede e não conseguia mais subir nem descer. A essa
altura, o Vinícius já havia chegado ao cume. E eu ali, preso... Chamei umas duas
vezes, mas ele não me respondeu. Esperei mais um pouco. Consegui tirar a
mochila e colocar a corda mais acima de onde eu estava. Tive que abandonar o
facão. Com muito esforço, consegui subir. Foi duro, mas havia chegado ao cume
do Santo Inácio. Com uma sede insuportável, tomei um pouco de fôlego e comecei
a descida. No meio do caminho, uma senhora que ficou esperando o grupo ofereceu
um pouco de água. Foi a salvação!!!!! Aí, deu para continuar e chegar até o
caldo de cana...
3ª Investida
Data: 15/07/2017
Participantes: Leandro do Carmo e Ary Carlos
Só mesmo deixando passar um tempo para poder esquecer o
perrengue da última vez... Nesse dia, fomos eu e o Ary. Descemos pelo caminho
bem precário. Talvez esse seja o maior problema dessa via. Teremos que melhorar
esse acesso. Mas esse problema deixaremos para depois. O objetivo de hoje é
terminar a conquista.
Depois de percorrer todo o trecho de aproximação, chegamos à
base da via. O Ary seguiu na frente. Já não queria subir de novo. Passou pelos
lances iniciais ejá no alto, eu subi até
o último grampo que havia batido na última vez e passei o equipamento de
conquista para ele. Dali, ele subiu e bateu mais um grampo. Bateu outro. O
visual estava fantástico. Já deixamos a primeira parada duplicada. Parar nesse ponto,
aos 25 metros aproximadamente, diminui o arrasto desse trecho inicial. Dali,
ele foi subindo sem muitas dificuldades até o cume. Foram 7 grampos, sendo uma
parada dupla, dando exatos 60 metros até o cume.
Subi logo em seguida e ainda tirei duas grandes lacas que
estavam bem perigosas. Enfim havíamos finalizado a conquista. Essa via deu
trabalho!
Outras Investidas
Para melhorar o acesso à base ainda fizemos dois mutirões. O
último, onde consolidamos o caminho, foi realizado pela turma do CBM 2019. No
dia 20/11/2019, fui com o Marcos Velhinho trocar o primeiro grampo que ficou
mal batido e fazer o croqui, deixando a via pronta para escalar.
Por que o nome “Não tem Nome”? Sempre conversávamos sobre
essa conquista... E sempre perguntavam qual o nome da via. De tanto falar que a
via não tinha nome...
O Guia conta com aproximadamente 250 km de trilhas mapeadas e distribuídas em 13 setores nos municípios de Niterói e Maricá. São 57 roteiros com informações de como chegar, fotos do início da trilha e de pontos importantes, gráfico altimétrico, mapas topográficos e dados formatados de acordo com a nova classificação de trilhas da FEMERJ. Conta ainda com dados históricos e curiosidades sobre os locais das trilhas.
São 330 páginas no tamanho 16x23cm, com aproximadamente 450 fotos coloridas.
Autor: Leandro do Carmo
Editora Kimera
Além das trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói possui muitas outras, que estavam esquecidas e sem frequência há muitos anos, como por exemplo algumas trilhas do PARNIT. Já em Maricá, tivemos a oportunidade de detalhar e disponibilizar roteiros fantásticos. São cachoeiras, grutas, travessias, córregos, restingas, e muito mais.
O Guia conta com aproximadamente 250 km de trilhas mapeadas
e distribuídas em 13 setores nos municípios de Niterói e Maricá. São 57
roteiros com informações de como chegar, fotos do início da trilha e de pontos
importantes, gráfico altimétrico, mapas topográficos e dados formatados de
acordo com a nova classificação de trilhas da FEMERJ. Conta ainda com dados
históricos e curiosidades sobre os locais das trilhas.
São 330 páginas no tamanho 16x23cm, com aproximadamente 450
fotos coloridas.
Autor: Leandro do Carmo
Editora Kimera
Além das trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca,
Niterói possui muitas outras, que estavam esquecidas e sem frequência há muitos
anos, como por exemplo algumas trilhas do PARNIT. Já em Maricá, tivemos a
oportunidade de detalhar e disponibilizar roteiros fantásticos. São cachoeiras,
grutas, travessias, córregos, restingas, e muito mais.
Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P. Blanco, Gustavo Chicayban, Sandro Costa, Vander Silva e Suzana Heiksher
Como Chegar a Pedra do Picu
Existem dois acessos para chegar à Pedra do Picu. Um, fica
Fazenda Velha, distante uns 18 km do centro de Itamonte. O outro, na qual
utilizamos, fica no bairro Engenho da Serra, onde fica a fábrica de água
mineral Engenho da Serra.
Curiosidades sobre a Pedra do Picu
A Pedra do Picu foi um marco de referência para os
colonizadores da região, que a descreveram como uma barbatana de tubarão, que é
visualizada desde a BR 354. É a responsável pelo nome de Itamonte que em
tupi significa ITA= pedra , ou seja, Pedra no Monte. Não se encontra dentro dos
limites do Parque Nacional do Itatiaia, mas é protegido por lei através da APA
da Mantiqueira.
Relato da Escalada na Via do Naval - Pedra do Picu
Ainda lembro a primeira vez que vi a Pedra Picu.
Passando pela BR 354, avistei aquela curiosa formação rochosa. Seu formarto,
parecendo uma barbatana de tubarão, é um espetáculo a parte. Mas foi quando fiz
a Serra Fina pela primeira vez em 2013 que realmente me despertou o interesse
em poder escala-la. A partir daí, toda vez que frequentava a região, surgia o
assunto da escalada na Pedra do Picu. Mas como fica bem distante, precisaria
de um final de semana para realizar essa ascensão.
Enfim, havia chegado a oportunidade. O Blanco havia proposto
a escalada para o final de setembro. Não hesitei. Faltava apenas acertar a
logística da viagem. Quem pode foi antes. Eu saí por volta das 20:30h. A viagem
foi rápida e tranquila. Ainda encontrei o Sandro e a Suzana no Graal de
Itatiaia. Chegamos ao Hostel Picus por volta das 24h. Armei minha barraca e dei
uma organizada rápida nas coisas e fui dormir.
No sábado de manhã, acordei cedo. Fui tomar o café da manhã e
arrumar o equipamento para a escalada. O dia estava ótimo. Firme e aberto. Não
fazia frio nem calor, enfim, perfeito. Aos poucos, todos foram chegando. Acertamos
os últimos detalhes e seguimos para o início da trilha, que fica próximo a
fábrica de água mineral Engenho da Serra. Lá, estacionamos o carro e seguimos
para a caminhada.
A localidade onde fica o início da trilha é bem legal. Um
conjunto de casas bem aconchegantes e com aquele clima de interior. Pegamos
informação a respeito do início da trilha com um senhor que passava na hora.
Ele nos indicou para onde deveríamos ir e deu ainda algumas importantes
informações sobre a trilha. E dali, começamos a caminhada. Subimos e num
determinado ponto, antes de um sistema de capitação de água, pegamos uma
discreta saída para direita, onde chegamos a uma cerca. Passamos por ela e
seguimos subindo num pasto.
Já conseguíamos ver a
Pedra do Picu bem no alto, se destacando de maneira imponente. Impossível não
parar e tirar uma foto. Fomos até o final onde o pasto vira um caminho mais
largo que vai estreitando até chegar a uma cerca. Nesse ponto, viramos à
direita e seguimos andando num caminho bem tranquilo. A subida estava bem
suave. Mais acima alguns trechos mais fortes até que chegamos a um ponto de
água e mais acima uma placa indicando 700m. Pensamos: “Agora vai ser moleza,
são só 700 metros.”Mas estávamos
enganados. E esses 700 metros pareceram uma eternidade...
Foi um trecho forte, mas havíamos chegado. Demos uma pausa e
fomos contornando a pedra no sentido anti horário, como indicado no Guia de
Itatiaia. Mais algumas subidas e descidas e chegamos à base da via. Pela
descrição que continha no guia, era ali. Nos equipamos e dividimos as cordadas.
Numa, estava o Blanco, Vander e Gustavo; na outra, eu, Suzana e Sandro. A
cordada do Blanco saiu à frente. Eu comecei logo depois.
Subi reto num lance de pequenas agarras e sem proteções, mas
bem tranquilo. Protegi num buraco, passando uma fita numa coluna de pedra.
Dali, segui numa horizontal para a esquerda, já passando por algumas proteções até
chegar ao lance do primeiro crux. Uma passada bem bonita, onde desce um pouco e
atravessa uma calha. As agarras são boas, mas precisa entrar bem. Passei rápido
e cheguei à parada, onde ainda estava o Gustavo. Logo em seguida veio o Sandro.
Nesse lance ele deu uma bobeada e caiu, mas voltou logo e completou. A Suzana
veio em seguida e no mesmo lance do Sandro ela também teve uma queda, só que
como ela já havia tirado a costura da frente, a queda foi um pouco maior. Isso
fez a adrenalina subir...
Depois de passado o susto, ela se posicionou e chegou à
parada. Subi até a próxima, fazendo um esticão curto para parar antes do
artificial. O Sandro veio logo atrás e em seguida, a Suzana. Ela resolveu não
continuar. A queda havia abalado o psicológico e como a parada era bem
confortável, resolveu nos esperar ali. Faltava pouco para finalizarmos. O dia
continuava perfeito com um céu azul e pouco vento. O Vander se enrolou um pouco
no artificial, o que nos fez atrasar, mas nada que comprometesse a escalada.
Assim que o Gustavo subiu o artificial, eu iniciei minha subida. Subi até
chegar a sequência de chapeletas. É um artificial AO, um 5° feito em livre.
Apesar da verticalidade do trecho, existem boas agarras. Vencido o lance, saí
para a esquerda numa pequena horizontal, mas bem interessante, seguindo para cima
até a parada dupla. O Blanco já havia subido.
Dei segurança ao Sandro que subiu rápido. A última enfiada
foi muito tranquila, quase uma caminhada. No cume, o visual era fantástico. Com
dia aberto, o limite era o horizonte. Fizemos um lanche e preparamos nosso
tradicional café no cume. Batemos várias fotos, afinal de contas queríamos
registrar cada momento, cada vista....
Era hora de descer. Nos arrumamos, dividimos as cordas e
seguimos para os dois rapeis de quase 60 metros. Já na base, foi pegar o
caminho de volta, mas pra baixo... Todo santo ajuda...
Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos
Local: Três Picos
Dia: 25/07/2019
Participantes: Leandro do Carmo e Blanco P. Blanco
Vídeo da escalada na via Face Leste do Pico Maior
Relato da escalada na via Face Leste – Pico Maior
A via Leste, localizada no Pico Maior, no interior do Parque
Estadual doa Três Picos, é uma das escaladas clássicas do Brasil. Com cerca de
700 metros, a via possui lances variados, expostos, chaminés, artificiais e
tudo que uma grande escalada pode proporcionar. Não é a toa que é uma dos
garndes desejos doa escaladores. E para mim, não seria diferente...
Havia tempo em que me sentia preparado para escalar essa
via. Não é uma via das mais complexas, mas tem que estar escalando bem, ter um
bom psicológico e ainda cumprir bem logistica, principalmente na questão do
horário. Tinha certeza de que já havia amadurecido bem para cumprir esse
desafio.
Sempre conversava com o Blanco sobre escalar o Pico Maior.
Já era certo que faríamos, faltava apenas decidir quando... Em junho de 2019,
surgiu a possibilidade de fazermos a escalada em julho, mais precisamente no
dia 25, aniversário do Blanco. Mas para escalar dia 25, teria que chegar um dia
antes e ir um dia depois, pelo menos... Consegui programar minhas férias para
esse mesmo período. Com tudo programado antecipadamente, era torcer para o
tempo ajudar...
Os dias foram passando e a ansiedade aumentava. Vi alguns
vídeos, li alguns relatos e sempre que dava uma folga, consultava o croqui do
Guia de Escalada da Região de Três Picos. Nossa ideia era ficar acampado no
Vale dos Deuses, assim estaríamos mais perto das escaladas. Mas algumas
semanas antes recebemos a notícia de que a área de camping do parque ficaria
fechada para obras... Tínhamos que procurar o plano B. As opções eram muitas,
mas acabamos ficando na Pousada dos Paula.
O Blanco chegou antes e escalou no Capacete com o Alexandre.
Eu cheguei somente no dia 24, quarta-feira. À noite, conversamos um pouco sobre
a via e separamos o equipamento. O Alexandre acabou desistindo de ir e foi
embora, aproveitando a carona do João do Carmo, que também estava lá na
pousada. Arrumei todo equipamento na mochila, incluindo uma corda extra para o
rappel. Ficou bem pesada, mas não tinha muito jeito... Combinamos de sair as 5:30
da manhã. Nossa ideia era começar bem cedo, para termos tempo de fazer cume com
tranquilidade e terminar o rappel ainda durante o dia.
Na quinta-feira, levantamos e como programado, saímos em
direção ao nosso objetivo. Estacionamos o carro ao lado da última porteira e de
lá seguimos até a base. Nem eu, nem o Blanco já havíamos ido até a base da via.
Mas sabíamos onde era o acesso. Fomos à trilha em direção ao Pico Médio e Menor
e entramos no local onde tem uma placa indicando a direção para a via Leste.
Andamos mais um pouco. Ainda pegamos um caminho errado e tivemos que voltar,
mas nada que nos fizesse perder muito tempo.
Enfim havíamos chegado à base da via. Era 7:40h da manhã. Ela
está bem aberta, com muita pedra em volta. Há um tempo houve um desplacamento
que ocasionou esse acúmulo de pedras na base. Não sei como era antes, mas
deixou a base bem aberta e confortável. Dali, já conseguíamos ver boa parte da
face onde está a via. Nos arrumamos, organizamos o equipamento e estava tudo
pronto. O Blanco saiu guiando. A ideia era escalar em simultâneo e nossa
programação era ir até a quinta parada. Quando havia esticado uns 50 metros de
corda, eu saí para a escalada.
Fui subindo e logo passei da pequena placa em homenagem a
conquista da via. Dali vai subindo numa escalada constante e com poucas
proteções. Aos poucos fui me acostumando com o ritmo da via. Boas agarras e
ótima qualidade da rocha. Até a quinta parada, foram 16 costuras e levamos
cerca de 55 minutos. O platô é bem confortável. A vista dali já surpreendia. O
dia estava fantástico. O azul do céu cada vez mais forte. Não tinham nuvens nem
vento. Na quinta parada, uma breve pausa para água e continuamos a escalda.
Como a distância das proteções são mais longas, acaba tendo
mais liberdade nos esticões, ficando o mais natural possível...
Partimos para mais um trecho. Nossa ideia era ir até a
primeira chaminé, na P8. O Blanco seguiu na dianteira e quando já tinha um tanto
de corda considerável, comecei a subir. Mantivemos nossa estratégia de escalar
à francesa. A mochila pesada começou a cobrar seu preço. Dei uma ajustada nela
e segui subindo. Passei por alguns lances um pouco mais difíceis até que
cheguei numa pequena subida com bastante vegetação. Dali, segui caminhando até
me juntar ao Blanco, já no início da primeira chaminé. Ele ficou mais em cima,
assim conseguíamos ficar mais confortáveis.
Mais uma pequena pausa. A partir daí, começaríamos a escalar
dando segurança. Ganhamos bastante tempo. Fizemos as 8 enfiadas em exatas 2
horas. Faltavam 8! O Blanco novamente subiu à frente, guiando a chaminé. Subi
em seguida. Agora eu sentia a mochila pesando. A chaminé até que é razoável.
Cheguei rápido no alto e passei para o outro lado. Dei uma pequena parada no
grampo que está fora e na hora de sair, a mochila ficava puxando pra fora na
hora que eu ameaçava fazer o lance. Não teve jeito. Tinha que passá-la para o
Blanco para conseguir fazer o lance. Desci até o grampo de baixo, tirei a
costura. Estiquei a corda e coloquei uma costura e deixei a mochila correr até onde
ele estava. Não foi muito fácil, mas era o que tinha que fazer. Assim que o
Blanco pegou a mochila, consegui fazer o lance bem rápido.
Na parada resolvemos tirar a corda da mochila para aliviar o
peso. Continuar com ela seria muito desgastante. Falamos no rádio com o pessoal
que havia ficado na pousada. Estávamos na P9. Como não estávamos mais escalando
à francesa, a tendência seria demorar mais um pouco. Mas, havíamos subido bem
rápido até aqui, tínhamos tempo de sobra. O Blanco subiu e saí em seguida. O
lance é bem vertical, mas com boas agarras. Aliás, é assim durante toda a via.
Mais acima, um lance mais delicado e logo estava na P10. Dali, seguimos direto
para P11, onde paramos num pequeno platô, fazendo uma parada mais confortável. De
tempo em tempo, mandávamos informações, via rádio, para o pessoal da pousada que
nos acompanhava.
Seguimos em direção à segunda chaminé. Passamos pela grande
canaleta, até entrar na chaminé, ela é até mais difícil que a outra, fazendo a
P12 antes do artificial. Havíamos feito 12 enfiadas. Era aproximadamente 12h. O
tempo continuava perfeito. Nem sinal de piora. Estávamos escalando num bom ritmo. Uma pequena
pausa para uma água. O sol não chegava aonde estávamos. Era o suficiente para o
frio chegar. Rapidamente tocamos pra cima!
O artificial é bem tranquilo e as proteções estão bem
próximas, facilitando bastante. Sincronizamos bem os movimentos e lo o Blanco
estava na P13. Subi também sem problemas e bem rápido. Faltava pouco. Paramos
num platô bem confortável e com um visual fantástico. Mais uma água e uma
descansada rápida para pegar o próximo artificial. O Blanco saiu na frente e logo chegou à P14. Saí em
seguida. Mais um artificial tranquilo e com as proteções bem próximas. Desse
ponto, já emendamos logo e num esticão, estávamos na última parada antes do
cume. A alegria tomou conta. Estava a
poucos metros de completar a Face Leste.
Mais uma rápida parada, agora para ajustar tudo e chegar
triunfando ao cume. Acima da parada, um lance num degrauzinho era o último desafio.
Dali para o cume foi só caminhar... Enfim havíamos chegado. Era 14:40h, 7 horas
de escalada. A alegria tomou conta. Era cume! Entramos em contato com o pessoal
da pousada novamente. Cantamos parabéns para o Blanco, com direito a bolo e
tudo. A velinha ficou para a próxima... Assinamos o livro de cume e demos uma
boa rodada pelo local. Ficamos ainda um tempo no lado oposto ao que chegamos. A
vista para o Vake dos Frades era fantástica. Ainda estava cedo e tínhamos
bastante tempo. Daria para fazer tudo com bastante calma.
Voltamos e arrumamos o material para iniciarmos o retorno.
Não é tão simples achar o rapel e isso é o maior dos problemas de quem chega
tarde ao cume e não conhece... Não são poucos os casos de ter que passar a
noite ali, esperando o dia seguinte... Tínhamos algumas referências e como o
tempo estava bem aberto e tínhamos bastante tempo, estávamos mais tranquilos.
Avistamos dois totens e dali, começamos a descer em direção ao Capacete. Foram
alguns lances estranhos, mas era o caminho óbvio a fazer. O Blanco avistou uma
marcação bem abaixo e foi em direção. Havia achado a parada dupla. Pelas
características, estávamos no início do rapel pela via Cidade dos Ventos. Nesse
ponto, faríamos um rapel curto até a próxima dupla de grampos. Emendamos a
corda e iniciamos o rapel.
O primeiro foi tranquilo e rápido. Iniciamos o segundo e foi
onde erramos. Fomos bem para a direita, no momento em deveríamos ter ido reto.
Acabamos indo para a via Abra Cadabra. Quando comecei a rapelar, vi uma dupla
bem embaixo, mas aí já era tarde... Deu um pouco mais de trabalho, mas
rapelamos sem maiores contra tempos. Chegamos à base da via. Já estávamos
quase! O dia continuava agradável. A temperatura estava ótima para o local. O
por do sol foi fantástico, deixando a paisagem na cor dourada. Da base, pegamos
uma pequena trilha do caminho da Via Sylvio Mendes e fizemos o último rapel.
Foi hora de relaxar completamente. Dali até a pousada era
apenas caminhar. Bebi uma água e fiz um lanche com calma. Organizei todo o equipamento
na mochila. Foi praticamente fechar a mochila para a noite cair com força. Acendi
a lanterna. Iniciamos a caminhada de volta com a sensação de dever cumprido.
Caminhamos durante um tempo até chegar ao carro. De lá, seguimos até a pousada,
onde fomos recebidos com muita festa! Um dia espetacular, que ficará marcado...