O início da trilha é no largo, ao lado da entrada da trilha
do Mourão. A partir dali, segue-se num óbvio caminho, levemente à direita e
depois à esquerda, por entre a vegetação até avistar uma pedra a sua esquerda,
daí seguirá para a direita até achar a rocha. A base da via é identificada por
uma árvore e um pequeno diedro em forma de meia lua, uns dois metros acima.
Leva uns 5 a 10 minutos.
A trilha encontra-se com bastante latas e garrafas de
cerveja espalhada, além de lixo variado, merecendo um mutirão de limpeza, na
qual organizarei em breve.
Saída:
No final da via, já no Mirante do Carmo, onde é identificado
por um buraco, em forma de bacia, seguir à esquerda num óbvio caminho pelo
costão, entre a vegetação de cume e de um grande platô. No final, encontrará a
trilha do Mourão, na altura de um grande bloco, dali até até o final da trilha,
leva-se uns 10 minutos.
Um dia desses, indo para Itacoatiara, na altura do posto de
gasolina, na subida da serrinha Itaipuaçú, olhei em direção do Mourão e vi uma
parede bem interessante. Pesquisei, perguntei a amigos e vi que não havia
registro de via no local. Então pensei: “Deve ter potencial!” Acabei levando um
tempo para dar um pulo lá e conseguir um caminho acessível. Quando coloquei no
Google, vi que uma parte da parede estava bem próxima da trilha que leva ao
Mourão. Não pensei duas vezes, fui lá conferir! Nesse dia, cheguei na metade da
parede e fiz um totem para marcar o lugar e já imaginei a linha que faria. Mas
eu não estava satisfeito. Tinha que conferir o alto, tinha que ter um acesso fácil
para a trilha. Não deu outra! Voltei para a trilha do Mourão e fui subindo e
num determinado ponto, vi que a vegetação ficava mais aberta e consegui chegar
na parede novamente. Segui num costão, num caminho entre a vegetação do cume e
de um grande platô. No final, um mirante fantástico. Um buraco na pedra, forma
uma grande bacia, onde dá para ficar, confortavelmente, apreciando a belíssima
vista... Se contar ninguém acredita... Fui embora todo satisfeito, doido para
voltar lá e começar a conquista!
Não passou muito tempo e havia marcado com o Ary de dar uma
explorada em uma parede em Itaipuaçú, mas antes, resolvemos dar um pulo lá
nesse local, gostaria de compartilhar com mais alguém esse achado. Um lugar de
fácil acesso que ainda não havia vias, um dos poucos em Niterói...
O dia acabou sendo terrível para o Ary... Por que? Olha o
relato dele:
“Leandro do Carmo me falou que tinha visto uma linha boa que
daria para abrir uma via no setor perto da entrada da trilha do Mourão. Ele já
tinha ido lá na parte de cima onde seria o final da via e que tem um mirante
com um visual bem bonito que eu batizei de "Mirante do Carmo" porque
foi ele quem descobriu. Fomos lá de manhã cedo e nem sabíamos que voltaríamos,
pois ainda passaríamos em Itaipuaçú, para ver um outro local que também dá para
abrir outras vias e que a gente queria ir ver melhor. Mas nesse dia foi só
derrame porque no começo levei uma ferroada de marimbondo no olho, ainda bem
que era dos pequenos e não inchou tanto, na volta o facão que estava na mochila
foi balançando e descendo, furando a mochila e o banco da moto e o pior de
tudo, a corda de escalada soltou do bagageiro da moto e caiu pelo caminho,
quando paramos para tomar um caldo de cana na volta é que reparei que a corda
tinha caído da moto. Ainda voltei para ver se achava ela caída pelo caminho mas
não achei nada. Depois dessa fui até para casa porque com o azar que eu estava
era capaz de um caminhão me atropelar até na calçada...rsrs”
Mas hoje, a programação era outra. Seguimos nosso objetivo
que era tentar acessar uma parede em Itaipuaçú. E assim fomos. Andamos por
várias ruas e chegamos num ponto onde o Ary tinha informações que começava a
trilha, mas não achamos ninguém que pudesse confirmar. O local estava fechado e
não tinha nenhum vestígio de trilha. Resolvemos voltar e no caminho perguntei
para o Ary: “Vamos lá bater alguns grampos e começar a via?” Ele topou e
seguimos até o mirante da serrinha de Itaipuaçú. Paramos as motos e seguimos
limpando a “trilha da macumba” até a base da via.
Lá nos preparamos e subi para colocar o primeiro grampo.
Escolhi o alto de um pequeno diedro, em forma de meia lua. Coloquei o grampo e
mas na hora de subir, percebi que o lugar onde tinha visto para colocar a mão,
não dava altura. Não tinha como apoiar o pé e com o peso da furadeira e a
marreta, estava difícil passar. Então decidi ir para a esquerda, num lance de
oposição até a ponta do diedro e subi por ali. Se cair, pendula um pedaço, mas
ficou mais fácil. Segui até a direção do grampo e toquei pra cima. Quando já
estava num ponto onde seu caísse iria quase até a base, resolvi colocar mais um
grampo. A posição não era boa. Já estava vendo a hora de escorregar... Comecei
a furar e para descansar, me apoiei na broca. Como estava apoiado só no pé
esquerdo, tratei logo de terminar o furo e colocar o grampo. Quando terminei de
batê-lo, resolvi descer para que o Ary continuasse.
Então o Ary subiu e viu que o lance inicial vai dar
trabalho!!! Acabou seguindo pelo mesmo lado que eu e tocou para cima, ele colocou
mais dois grampos e fez a parada. Subi até o Ary e com mais ou menos 50 metros
de corda, decidi subir mais um pouco até
completar os 60 metros e fazer a primeira parada. Coloquei mais um grampo e
desci até o Ary novamente. Resolvi intermediar um lance mais abaixo que havia
ficado um pouco exposto. Coloquei mais um grampo e desci até a base. Logo em
seguida o Ary desceu também.
Na base, escutei um barulho, um andar nas folhas, como se
estivesse vindo alguém em nossa direção. Fiquei olhando para ver se via alguém,
mas nada. No caminho de volta, o barulho voltou e vimos um enorme lagarto num
ponto fora da trilha, que correu ao sentir nossa presença. Na volta, a corda do
Ary que estava presa no bagageiro da moto se soltou e ela caiu, ninguém
percebeu, somos dar conta quando paramos no Fla-Flu para tomar um caldo de
cana... Ele ainda voltou, mas não a encontrou. Primeira parte concluída...
Vamos esperar a próxima!
2ª Investida – 03/11/2013
Participantes – Leandro do Carmo, Ary Carlos, Leonardo Carmo
e Alfredo Castinheiras
Na segunda investida, além do Ary, chamei meu irmão,
Leonardo, e o Alfredo para nos acompanhar. O Guilherme não pôde ir dessa vez.
Marcamos as oito horas no mirante da Serrinha de Itaipuaçú. Caminhamos até a
base, nos arrumamos e comecei a escalar. A mochila estava pesada e para passar
o lancei inicial, demorei um pouco mais que da outra vez. Até que esse começo
ficou bem interessante. Segui até a primeira parada e o Alfredo começou a
escalar logo em seguida. Demorou um pouco, mas chegou com alguns, ou melhor,
muitos arranhões!!!! O Ary veio guiando logo atrás. Assim que o Alfredo chegou
na parada, comecei a subir, o sol já estava forte e não queria perder mais
tempo. Com uns trinta metros de corda, coloquei um grampo, depois o segundo e o
terceiro, onde fiz a parada, com 60 metros. Falei para o Alfredo deixar o Ary
escalar, pois ele seguiria para conquistar o próximo esticão.
O Ary chegou e em seguida veio o Leonardo. Passei a
furadeira e a marreta e ele começou a subir. Colocou um grampo em um ponto
visível, pois dali para cima perderíamos contato visual. O caminho era óbvio,
só tinha uma passagem entre a vegetação. Depois dali, foi mais um grampo e
depois o da última parada, logo abaixo do Mirante do Carmo! Exatamente no ponto
onde havia imaginado!!!!! Subi o restante e logo estava junto com eles. Dei
segurança ao Alfredo que veio logo atrás. Mais uma via conquistada...
O dia estava excelente, dava até para ver o Dedo de
Deus!!!!! A nossa esquerda, a Lagoa de Itaipú, Camboinhas, Rio de Janeiro, etc.
A nossa esquerda, Itaipuaçú, Inoã, etc. A nossa frente, bem ao fundo, a Serra
do Mar! Um espetáculo. As duas vias que conquistamos recentemente tem um belo
visual, um ângulo diferente do que estamos acostumados. O melhor de tudo é que podemos descer por
trilha, sem precisar de rapelar.
Conquistar é diferente... Encontrar o local exato, o acesso,
varar mato em muitos casos, vencer um lance e não ter proteção, etc. Mas o
melhor de tudo, é poder deixar um caminho onde outros poderão passar e ter a mesma
sensação que só o contato intenso com a natureza pode proporcionar.
Segue o relato do Ary nessa segunda investida:
“Na segunda investida o Leandro chamou o Leonardo e o
Alfredo para ir junto conhecer a via enquanto a gente ia subindo e terminando a
segunda metade da via, já que a segunda parte seria mais fácil de fazer. Então
resolvemos guiar as cordadas e revezar na colocação dos grampos. O Leandro
colocou os 3 primeiros e eu os 3 últimos grampos ficando um total de 12 grampos
na via. O crux da via é na saída que deve ser feita pela esquerda do primeiro
grampo, dá para ir reto mas fica bem difícil de passar porque a parede joga
para trás e as agarras são bem pontiagudas e machuca bastante os dedos. O
melhor é subir pela esquerda. Depois ela vai ficando mais fácil à medida que
sobe. No final da via, já no mirante, é só pegar uma reta para a esquerda
passando por cima de um trecho de vegetação e seguir quase reto que sairá na
trilha para o alto Mourão.”
Eu daria um III na saída, o Ary, um IIsup. Mas grau é assim
mesmo... mais uma coisa a gente concorda: E2 D1 180m Mas e nome da via????
Conversando com o Ary, resolvemos batizar a via de Bruno Silva, pois hoje, dia 3 de dezembro, faz 1 ano que o nosso amigo Bruno nos deixou. Acho que ele gostará da nossa homenagem!!!!
Até a próxima!
Ary no alto do primeiro lance, o crux da via.
Chegando à primeira parada.
As marcas da escalada!
Leandro conquistando a segunda enfiada.
Leandro e Leonardo na segunda parada, com o Ary logo acima na conquista
Bela homenagem, me emocionou muito. Me senti junto com vcs nessa empreitada! Voltarei logo!
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