terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Conquista da Via Bruno Silva

Por Leandro do Carmo

Via Bruno Silva - 2° III E2 D1 175 m  ------- + CROQUI

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Acesso:

O início da trilha é no largo, ao lado da entrada da trilha do Mourão. A partir dali, segue-se num óbvio caminho, levemente à direita e depois à esquerda, por entre a vegetação até avistar uma pedra a sua esquerda, daí seguirá para a direita até achar a rocha. A base da via é identificada por uma árvore e um pequeno diedro em forma de meia lua, uns dois metros acima. Leva uns 5 a 10 minutos.

A trilha encontra-se com bastante latas e garrafas de cerveja espalhada, além de lixo variado, merecendo um mutirão de limpeza, na qual organizarei em breve.

Saída:


No final da via, já no Mirante do Carmo, onde é identificado por um buraco, em forma de bacia, seguir à esquerda num óbvio caminho pelo costão, entre a vegetação de cume e de um grande platô. No final, encontrará a trilha do Mourão, na altura de um grande bloco, dali até até o final da trilha, leva-se uns 10 minutos.

Local: Parque Estadual da Serra da Tiririca

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Vídeo


Relato da Conquista


1ª Investida – 22/09//2013

Participantes: Leandro do Carmo e Ary Carlos

Um dia desses, indo para Itacoatiara, na altura do posto de gasolina, na subida da serrinha Itaipuaçú, olhei em direção do Mourão e vi uma parede bem interessante. Pesquisei, perguntei a amigos e vi que não havia registro de via no local. Então pensei: “Deve ter potencial!” Acabei levando um tempo para dar um pulo lá e conseguir um caminho acessível. Quando coloquei no Google, vi que uma parte da parede estava bem próxima da trilha que leva ao Mourão. Não pensei duas vezes, fui lá conferir! Nesse dia, cheguei na metade da parede e fiz um totem para marcar o lugar e já imaginei a linha que faria. Mas eu não estava satisfeito. Tinha que conferir o alto, tinha que ter um acesso fácil para a trilha. Não deu outra! Voltei para a trilha do Mourão e fui subindo e num determinado ponto, vi que a vegetação ficava mais aberta e consegui chegar na parede novamente. Segui num costão, num caminho entre a vegetação do cume e de um grande platô. No final, um mirante fantástico. Um buraco na pedra, forma uma grande bacia, onde dá para ficar, confortavelmente, apreciando a belíssima vista... Se contar ninguém acredita... Fui embora todo satisfeito, doido para voltar lá e começar a conquista!

Não passou muito tempo e havia marcado com o Ary de dar uma explorada em uma parede em Itaipuaçú, mas antes, resolvemos dar um pulo lá nesse local, gostaria de compartilhar com mais alguém esse achado. Um lugar de fácil acesso que ainda não havia vias, um dos poucos em Niterói...

O dia acabou sendo terrível para o Ary... Por que? Olha o relato dele:

“Leandro do Carmo me falou que tinha visto uma linha boa que daria para abrir uma via no setor perto da entrada da trilha do Mourão. Ele já tinha ido lá na parte de cima onde seria o final da via e que tem um mirante com um visual bem bonito que eu batizei de "Mirante do Carmo" porque foi ele quem descobriu. Fomos lá de manhã cedo e nem sabíamos que voltaríamos, pois ainda passaríamos em Itaipuaçú, para ver um outro local que também dá para abrir outras vias e que a gente queria ir ver melhor. Mas nesse dia foi só derrame porque no começo levei uma ferroada de marimbondo no olho, ainda bem que era dos pequenos e não inchou tanto, na volta o facão que estava na mochila foi balançando e descendo, furando a mochila e o banco da moto e o pior de tudo, a corda de escalada soltou do bagageiro da moto e caiu pelo caminho, quando paramos para tomar um caldo de cana na volta é que reparei que a corda tinha caído da moto. Ainda voltei para ver se achava ela caída pelo caminho mas não achei nada. Depois dessa fui até para casa porque com o azar que eu estava era capaz de um caminhão me atropelar até na calçada...rsrs”

Mas hoje, a programação era outra. Seguimos nosso objetivo que era tentar acessar uma parede em Itaipuaçú. E assim fomos. Andamos por várias ruas e chegamos num ponto onde o Ary tinha informações que começava a trilha, mas não achamos ninguém que pudesse confirmar. O local estava fechado e não tinha nenhum vestígio de trilha. Resolvemos voltar e no caminho perguntei para o Ary: “Vamos lá bater alguns grampos e começar a via?” Ele topou e seguimos até o mirante da serrinha de Itaipuaçú. Paramos as motos e seguimos limpando a “trilha da macumba” até a base da via.

Lá nos preparamos e subi para colocar o primeiro grampo. Escolhi o alto de um pequeno diedro, em forma de meia lua. Coloquei o grampo e mas na hora de subir, percebi que o lugar onde tinha visto para colocar a mão, não dava altura. Não tinha como apoiar o pé e com o peso da furadeira e a marreta, estava difícil passar. Então decidi ir para a esquerda, num lance de oposição até a ponta do diedro e subi por ali. Se cair, pendula um pedaço, mas ficou mais fácil. Segui até a direção do grampo e toquei pra cima. Quando já estava num ponto onde seu caísse iria quase até a base, resolvi colocar mais um grampo. A posição não era boa. Já estava vendo a hora de escorregar... Comecei a furar e para descansar, me apoiei na broca. Como estava apoiado só no pé esquerdo, tratei logo de terminar o furo e colocar o grampo. Quando terminei de batê-lo, resolvi descer para que o Ary continuasse.

Então o Ary subiu e viu que o lance inicial vai dar trabalho!!! Acabou seguindo pelo mesmo lado que eu e tocou para cima, ele colocou mais dois grampos e fez a parada. Subi até o Ary e com mais ou menos 50 metros de corda,  decidi subir mais um pouco até completar os 60 metros e fazer a primeira parada. Coloquei mais um grampo e desci até o Ary novamente. Resolvi intermediar um lance mais abaixo que havia ficado um pouco exposto. Coloquei mais um grampo e desci até a base. Logo em seguida o Ary desceu também.

Na base, escutei um barulho, um andar nas folhas, como se estivesse vindo alguém em nossa direção. Fiquei olhando para ver se via alguém, mas nada. No caminho de volta, o barulho voltou e vimos um enorme lagarto num ponto fora da trilha, que correu ao sentir nossa presença. Na volta, a corda do Ary que estava presa no bagageiro da moto se soltou e ela caiu, ninguém percebeu, somos dar conta quando paramos no Fla-Flu para tomar um caldo de cana... Ele ainda voltou, mas não a encontrou. Primeira parte concluída... Vamos esperar a próxima!

2ª Investida – 03/11/2013

Participantes – Leandro do Carmo, Ary Carlos, Leonardo Carmo e Alfredo Castinheiras

Na segunda investida, além do Ary, chamei meu irmão, Leonardo, e o Alfredo para nos acompanhar. O Guilherme não pôde ir dessa vez. Marcamos as oito horas no mirante da Serrinha de Itaipuaçú. Caminhamos até a base, nos arrumamos e comecei a escalar. A mochila estava pesada e para passar o lancei inicial, demorei um pouco mais que da outra vez. Até que esse começo ficou bem interessante. Segui até a primeira parada e o Alfredo começou a escalar logo em seguida. Demorou um pouco, mas chegou com alguns, ou melhor, muitos arranhões!!!! O Ary veio guiando logo atrás. Assim que o Alfredo chegou na parada, comecei a subir, o sol já estava forte e não queria perder mais tempo. Com uns trinta metros de corda, coloquei um grampo, depois o segundo e o terceiro, onde fiz a parada, com 60 metros. Falei para o Alfredo deixar o Ary escalar, pois ele seguiria para conquistar o próximo esticão.

O Ary chegou e em seguida veio o Leonardo. Passei a furadeira e a marreta e ele começou a subir. Colocou um grampo em um ponto visível, pois dali para cima perderíamos contato visual. O caminho era óbvio, só tinha uma passagem entre a vegetação. Depois dali, foi mais um grampo e depois o da última parada, logo abaixo do Mirante do Carmo! Exatamente no ponto onde havia imaginado!!!!! Subi o restante e logo estava junto com eles. Dei segurança ao Alfredo que veio logo atrás. Mais uma via conquistada...

O dia estava excelente, dava até para ver o Dedo de Deus!!!!! A nossa esquerda, a Lagoa de Itaipú, Camboinhas, Rio de Janeiro, etc. A nossa esquerda, Itaipuaçú, Inoã, etc. A nossa frente, bem ao fundo, a Serra do Mar! Um espetáculo. As duas vias que conquistamos recentemente tem um belo visual, um ângulo diferente do que estamos acostumados.  O melhor de tudo é que podemos descer por trilha, sem precisar de rapelar.

Conquistar é diferente... Encontrar o local exato, o acesso, varar mato em muitos casos, vencer um lance e não ter proteção, etc. Mas o melhor de tudo, é poder deixar um caminho onde outros poderão passar e ter a mesma sensação que só o contato intenso com a natureza pode proporcionar.

Segue o relato do Ary nessa segunda investida:

“Na segunda investida o Leandro chamou o Leonardo e o Alfredo para ir junto conhecer a via enquanto a gente ia subindo e terminando a segunda metade da via, já que a segunda parte seria mais fácil de fazer. Então resolvemos guiar as cordadas e revezar na colocação dos grampos. O Leandro colocou os 3 primeiros e eu os 3 últimos grampos ficando um total de 12 grampos na via. O crux da via é na saída que deve ser feita pela esquerda do primeiro grampo, dá para ir reto mas fica bem difícil de passar porque a parede joga para trás e as agarras são bem pontiagudas e machuca bastante os dedos. O melhor é subir pela esquerda. Depois ela vai ficando mais fácil à medida que sobe. No final da via, já no mirante, é só pegar uma reta para a esquerda passando por cima de um trecho de vegetação e seguir quase reto que sairá na trilha para o alto Mourão.”

Eu daria um III na saída, o Ary, um IIsup. Mas grau é assim mesmo... mais uma coisa a gente concorda: E2 D1 180m Mas e nome da via???? Conversando com o Ary, resolvemos batizar a via de Bruno Silva, pois hoje, dia 3 de dezembro, faz 1 ano que o nosso amigo Bruno nos deixou. Acho que ele gostará da nossa homenagem!!!!

Até a próxima!

Ary no alto do primeiro lance, o crux da via.

Chegando à primeira parada.

As marcas da escalada!

Leandro conquistando a segunda enfiada.

Leandro e Leonardo na segunda parada, com o Ary logo acima na conquista

Vista da primeira parada

Leonardo dando segurança para o Ary

A única passagem para chegar ao Mirante do Carmo

Ary e Leonardo no Mirante do Carmo

Na última enfiada

Leonardo chegando na ultima parada

Conquistadores reunidos no Mirante do Carmo
Arrumando a bagunça!
O caminho de volta

Ary e Leonardo apreciando a vista


Chegando na trilha do Mourão

Final do caminho






Um comentário:

  1. Bela homenagem, me emocionou muito. Me senti junto com vcs nessa empreitada! Voltarei logo!

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