domingo, 20 de agosto de 2023

Escalavrado

Por Leandro do Carmo

Trilha do Escalavrado



Dia: 06/05/2023
Local: Guapimirim
Participantes: Leandro do Carmo, Andrea Vivas, Hebert Calor, Stephanie Maia, Igor Machado, Thayanne Amaral, Leon de Faria, Leandro Corando, Marina e Amanda

Relato

Chegamos cedo ao Paraíso Café, onde estacionamos os carros. A viagem até ali foi tranquila. Havíamos feito uma parada para o café da manhã na Parada Modelo. Nos arrumamos e separamos os equipamentos e começamos a descer até o início da trilha. Já havia ido duas vezes ao Escalavrado, uma das minhas montanhas preferidas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Durante a descida, passaram por nós algumas pessoas conhecidas que acenaram de um carro, mas só fui saber quem eram, duas semanas depois no evento do “Rio nas Montanhas”, na Urca.

Descemos rápidos e assim que cruzamos o corte na crista do Escalavrado, atravessamos a rua e demos uma pequena parada na rampa do pequeno muro de contenção e drenagem de água. Ali, apontei a placa um pouco mais acima. Iríamos iniciar a subida! Começamos a subir por uma canaleta. A rocha é bem aderente, mas por não pegar sol diretamente, tem sempre um limo. Mas estava tudo muito seco, o que facilitou bastante. Passamos por alguns trechos mais difíceis e continuamos a subida. Um grupo do CERJ passou por nós e logo tomou a dianteira. Depois de alguns minutos, havíamos chegado a uma diagonal mais exposta. Ali, resolvi esticar uma corda, servindo de corrimão. Isso facilitou bastante, agilizando nossa subida. Aos poucos, fomos subindo e nos reunimos novamente na base de um trecho mais íngreme.

Fizemos uma rápida parada e de lá, optamos por seguir pela lateral. Está bem ruim, com alguns pontos bem erodidos. Novamente, tivemos sorte por estar tudo bem seco. Se tivesse chovido nos dias anteriores, acho que valeria a pena subir escalando. Com um pouco de dificuldade, conseguimos vencer o trecho e continuamos subindo, fazendo uma parada mais acima. Ali pudemos lanchar e descansar um pouco mais. Apesar do tempo firme, não tínhamos visão de quase nada. De vez em quando, conseguíamos ver a estrada ao fundo e um pouco das montanhas ao redor, mas muito pouco. Pelo menos o sol não castigava. Aí, vale a questão: Subir sem vista, mas sem sol ou subir com vista e com sol? A resposta não importava, pois não dá para combinar detalhes com a mãe natureza.

Depois da pausa, voltamos para a subida. Passamos pelo trecho da lombada, uma grande aresta abaulada em aderência. A maioria foi por baixo, optei por seguir mais pela lateral, tornando o trecho bem mais exposto, porém com uma vista alucinante. Ao final, estávamos no lombo do burro. Ali era o teste psicológico da subida. Uma parte de aproximadamente 25 metros, numa crista bem estreita, tendo um precipício dos dois lados. Em dias de vento forte é até difícil conseguir andar em pé. Da estrada, quando olhamos esse trecho, percebemos uma cor avermelhada, ocasionada pelo acúmulo de barro que escorre da parte de cima, na qual está bem erodida. Há uns 10 anos atrás, quando a frequência não era tanto, não havia esse barro extra.

Subi à frente e fixei uma corda numa proteção para ajudar. Aos poucos todos foram subindo. Os mais corajosos olhavam para baixo. Uma sensação ímpar. Ficamos aguardando todos chegarem e após nos reunirmos novamente, retomamos a caminhada. Mais acima, mas um trecho exposto. Parecia com o debaixo, porém maio, tinha aproximadamente 50 metros. Esticamos a corda e aos poucos todos foram subindo. Em alguns momentos, o tempo parecia que iria abrir, podíamos ver a fundo da Baía de Guanabara e parte de Itaboraí, mas logo fechou novamente. De volta a subida, seguimos passando por trechos em rocha e pequenas “ilhas” de vegetação. Estávamos num grupo grande e não dava para todos estarmos juntos, assim, numa grande e espaçada fila indiana, fomos subindo, intercalando os mais experientes com aqueles que precisavam de um pouco mais de ajuda. Alguns optaram por colocar a sapatilha, dando um pouco mais de confiança.

A forte neblina não permitia vermos o cume, mas sabia que já estava próximo. Mais um grupo passou por nós. Passamos por mais um trecho com lances de escalada e caminhada. Quando comecei a seguir um pouco mais para a direita, comecei a ouvir bastante gente conversando. Mais alguns metros e estava no cume. Um alívio. Todos foram chegando e logo arrumamos um espaço para que todos pudessem estar juntos. Ouvi um barulho alto no meio do mato e logo em seguida apareceu um cara dizendo que havia passado um macaco. Se eu não tivesse ouvindo um barulho, teria duvidado da história, que gerou várias risadas. Estabelecemos um tempo de 40 minutos para iniciarmos nossa descida

Deu tempo de conversarmos, assinarmos o livro de cume, lancharmos e ainda bater algumas fotos. Não tinha vista, mas pelo menos queríamos registrar o momento. Foi dando a hora e começamos a descida. Os trechos expostos na subida, também são expostos na descida. Isso somado ao fator cansaço, é um dos grandes desafios do Escalavrado. Eu estava tranquilo, por isso fui à frente. Fixei cordas onde os trechos eram mais expostos e optamos por montar rapel. Alguns optaram por descer somente com a corda como apoio. Fizemos algumas paradas extras para que todos pudessem continuar com segurança e aos poucos fomos vendo a estrada mais perto. Era por volta das 16h30min, quando retornamos ao asfalto. De lá, seguimos subindo a estrada, até chegar ao Paraíso Café, onde pudemos fazer um lanche reforçado e já contar nossas histórias com nossos amigos que havíamos encontrado. Um sábado espetacular.

Trilha do Escalavrado

Trilha do Escalavrado

Trilha do Escalavrado

Trilha do Escalavrado

Trilha do Escalavrado

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Via Paredão Atlântico - Alto Mourão

Por Leandro do Carmo

Via Paredão Atlântico

Dia: 01/05/2023
Local: Alto Mourão / Maricá
Participantes: Leandro do Carmo, Gabriel e Marcos Lima “Velhinho”



Relato

A via “Paredão Atlântico” é uma daquelas vias lendárias que sei que existe, mas nunca fiz. Quando comecei a escalar, sempre ouvi falar dessa via, mas não tinha muita informação efetiva sobre ela. A única coisa que sabia era que seguia pela “tromba do elefante”. Para quem não conhece o Alto Mourão, ele também é conhecido como “Pedra do Elefante”, pois olhando de Itaipuaçú, ela tem o formato de um elefante. Com certeza ela teria uma vista fantástica. Foi uma conquista do final da década de 70 e cheguei até a conhecer algumas pessoas que a repetiram nessa época. Em uma caminhada que fiz, descobri que a partir do cume, dava para seguir descendo por um caminho. Fui seguindo e descobri alguns grampos. Provavelmente era da via. O tempo foi passando e sempre ouvia alguma história sobre ela, até que soube que havia sido feita uma reforma. Era a notícia que eu precisava sobre a via. Ela realmente existia e podia ser feita.

Depois de muito marcar e desmarcar, numa conversa com o Velhinho no Clube Niteroiense de Montanhismo, perguntei se ele gostaria de fazer a Paredão Atlântico. O Gabriel, ouviu e disse que morava lá no condomínio que dá acesso. Inclusive, esse era o maior problema para repetição: o acesso. Tinha resolvido todos os problemas. Agora era, combinar o horário, arrumar o equipamento e seguir para a via. Combinamos bem cedo, pois o sol começa a bater cedo. A ideia era acabar a via na hora que ele chegasse com força.

Chegamos cedo ao condomínio e o Gabriel veio nos encontrar na portaria. Estacionamos o carro e seguimos caminhando. Passamos num mirante e de lá, pegamos uma precária escada de madeira, até entrar numa trilha e seguir até o costão, já na beira da água. Dali, seguimos paralelos ao mar, até chegar numa rampa, que dá acesso à base da via. Como não sabia exatamente onde era o início, seguimos subindo até um platô de vegetação, onde tinha uma pequena fenda. Ali nos arrumamos para iniciar a escalada. O Velhinho até subiu um pouco mais, indo até o primeiro grampo, mas voltou até onde estávamos.

Fizemos as duas primeiras cordadas em simultâneo. Fizemos uma parada logo acima de um outro platô. Dali, saí para terceira. Começo tranquilo, até chegar a um trecho mais vertical. Subi e segui em direção ao grande diedro. Continuei subindo, agora paralelo ao diedro até um pouco mais acima, onde montei a terceira parada. A vista impressionava. Achava que seria bonita e até o momento estou confirmando minha impressão. As condições do dia também ajudavam. Céu azul, uma leve brisa e um sol não muito forte, características do outono.



O Velhinho saiu para guiar a próxima. Subiu e costurou um grampo, e seguiu para a esquerda, passando ao final do grande diedro. Nesse ponto, ele fecha e dá para fazer uma passagem em livre. O Velhinho costurou um grampo logo na subida e seguiu subindo. A partir daí já não conseguíamos ter contato visual. Só ouvia o Velhinho gritar: “Não tô vendo o grampo”. Seria assim até o final da via. Mais acima, o Velhinho conseguiu chegar à parada e o Gabriel subiu em seguida. Fui logo após, procurando o grampo que ele não viu. Consegui achá-lo meio escondido. Como a grampeação é longa, nem sempre as proteções estão no caminho que a gente considera óbvio.

Já na quarta parada, paramos para algumas fotos e enquanto eu esboçava um croqui, o Velhinho aproveitou para seguir. Havia um caminho mais aberto, e ele subiu em direção a uma laca, mas não achava nada. Já tinha esticado bastante corda até que ele resolveu seguir para a direita, único caminho a seguir naquele momento, porém o mais sujo. Decisão acertada, o grampo estava lá. Ele montou a parada e o Gabriel subiu. Segui logo após, procurando o grampo. Bem mais para a direita, entre uma vegetação, lá estava. Já na quinta parada, foi minha vez de subir.

Subi um lance levemente mais vertical e achei um grampo mais para a esquerda. Dali fui subindo e um pouco mais acima, uns 40 metros após a parada, mais um grampo. Segui escalando e a frente uma vegetação que dividia o caminho em dois. Procurei por ambos os lados e não vi nenhuma proteção. Escolhi o caminho da direita e subi até esticar a corda. A próxima proteção estava há uns 5 metros acima. Não chegaria lá. Pedi para o Gabriel subir e escalamos em simultâneo até que eu conseguisse atingir o grampo. A medida que ele foi subindo, pedi que ele parasse no grampo abaixo. O Velhinho foi até lá também. Assim que ele chegou, seguiu guiando, passando por mim, até a próxima parada.

Subimos até ele e segui para mais uma.  A parede foi perdendo inclinação e foi ficando bem mais fácil localizar as proteções. Nesse ponto, já estávamos próximos a borda direita da tromba. A vista para baixo impressionava. Subi até mais uma proteção, onde montei mais uma parada. O Gabriel e o Velhinho vieram em seguida. Pelos nossos cálculos, faltava apenas mais uma cordada, o restante, seria uma caminhada. Já no final, paramos para um descanso e arrumamos as coisas. Faltava ainda uma parte da subida e a trilha de volta. Aí que lembramos que tínhamos que voltar até o Recanto... Iria ser demorado!

O Velhinho e o Gabriel subiram na frente. Aproveitei para filmá-los com o drone. Fui logo em seguida. Quando estava um pouco mais acima, lembrei da corda. Desci para pegá-la e ela não estava lá. Com certeza, o Gabriel a levou. Voltei novamente a subida e depois de um tempo, estava no cume. Paramos rápido para mais uma foto e seguimos descendo. No meio do caminho, o Gabriel deu a boa notícia de que tinha arrumado uma carona do Mirante da Serrinha até o Recanto.  Que sorte, assim não precisaríamos descer andando!

Uma via fantástica, com um visual alucinante. Enfim, conseguir fazer a Paredão Atlântico.






















 

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Via Como Nascem os Anjos

Por Leandro do Carmo

Via Como Nascem os Anhos

Dia: 07/04/2023
Local: Contraforte do Corcovado / Aderências da Viúva Lacerda - Rio de Janeiro-RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Gabriel e Luis Felippe



Relato da Via Como Nascem os Anjos

Era mais uma aula do Curso Básico de Escalada do Clube Niteroiense de Montanhismo. Essa seria uma aula de via em aderência. Talvez o setor da Viúva Lacerda, no Contraforte do Corcovado, seja o melhor local para fazer uma via nesse estilo. Combinamos tudo na quinta feira. Marcamos cedo para evitar um pouco do calor que vinha fazendo. Chegamos ao ponto de encontro bem rápido. Cedo e em um feriado, não tem como pegar trânsito. Estacionamos os carros ao final da rua Viúva Lacerda, no Humaitá e de lá pegamos a trilha.

Entramos ao lado de um talvegue e subimos paralelos a uma cerca por um bom trecho até que viramos à direita, pegando uma diagonal até chegar a base das vias. Nos reunimos e separamos as cordadas. Segui para a base da via Como Nascem os Anjos junto com o Gabriel e o Luis Felippe. O Nicolas e o Daniel também foram. Não foi muito fácil achar a base. Como nunca havia ido, fiquei meio confuso. Mas como dava para ver a sequência quase inteira dos grampos, não me preocupei muito.

Nos arrumamos e comecei a escalar. Passei por uma laca e logo acima costurei o primeiro grampo. Dava para ver outra linha bem à direita, assim como outras. Segui para cima e não estava batendo muito com o croqui que eu tinha. Mais acima, dei uma parada e ouvi o Nicolas avisando que havia achado a base. Agora tinha certeza que estava errado. Fiz uma horizontal até entrar na via correta. Com tudo certo, voltei a escalada.

Os lances são os clássicos em aderências. Por vezes, fazemos um lance e falamos em aderência, mas na verdade estamos escalando em micro agarras. Mas ali não. Era aderência mesmo. Com algumas passadas mais delicadas, cheguei à primeira parada. O Gabriel e o Luis vieram logo em seguida. Dali, podíamos observar as outras cordadas distribuídas pela parede. A cordada do Nícolas acabou entrando na via “Antes do Pôr-do-sol”, ficando bem ao lado. Escalávamos paralelos.

O dia continuava bem agradável e vista era bem bonita. Conseguia ver a enseada de Botafogo, Pão de Açúcar, parte da Lagoa Rodrigo de Freitas. Olhando na outra direção, conseguia ver os braços do Cristo Redentor. O dia nublado deu uma grande ajuda. Se não fossem as nuvens, o sol nesse momento estaria incomodando bastante. Só não poderia chover. Aderência com chuva não rola.

Já era hora de continuar, me preparei e segui para a segunda enfiada. A saída já foi mais difícil. Subi um pouco e numa barriga, peguei um lance mais vertical. Senti um pouco de dificuldade e percebi que estaria no crux. Ameacei subir, mas voltei atrás. Tentei mais uma vez para testar. Era tudo ou nada. Numa passada, venci o lance e posicionei meu pé numa depressão, ganhando altura e me posicionando acima da barriga. Dali segui escalando. O Nícolas havia passado e já estava próximo do último grampo. Faltando duas proteções para chegar à parada final, onde ele já estava, resolvi para por ali, para não ficar com muita gente numa parada só. A ideia era que o Luis e o Gabriel fizessem o crux, chegasse até mim e depois descessem de baldinho até a parada onde eles estavam. Perguntei se poderia ser assim e todos concordaram.

O Gabriel e o Luis fizeram os lances e desceram de volta. Aí, eu peguei uma corda e fiz o rapel até a parada. Dali, emendamos as duas cordas e seguimos direto até a base de onde saímos. Dali, fomos até a base da via “O Discreto Charme da Burguesia”, onde esperamos a cordada do Velhinho e do Ricardo chegarem. Ficamos conversando durante um tempo, até que pegamos a trilha de volta, fazendo um caminho mais óbvio no talvegue, até um ponto já próximo à cerca. Daí, foi descer até o carro.

Escalar em aderência: tem gente que ama e tem gente que odeia. Estou em cima do muro...











quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Velejando minha primeira Regata

Por Leandro do Carmo

Velejando na minha primeira regata

Dia: 02/04/2023
Local: São Francisco - Niterói-RJ
Participantes: Leandro do Carmo, João do Carmo e Lucas Costa





Dados da Regata Praiana e Ranking

Relação dos Comandantes

Súmula da Regata Praiana

Resultado Ranking 2023

Relato

Fui escalado para participar de uma regata pelo PREVELA. Na hora eu aceitei, mas depois fiquei pensando: “Como vou velejar uma regata se eu nunca velejei a mais de 100 metros da areia? ” Como já havia velejado umas 3 vezes nas aulas do PREVELA, era agora ou nunca mais. Aproveitei para ler alguma teoria e cada vez mais me preocupava com a montagem dos barcos. Havia ficado de fora da última semana devido a uma viagem que fizera. Aproveitei que no sábado o Marcelo organizou uma revisão nos barcos. Era a oportunidade que eu tinha para um treino extra.  Chegando lá, montei o barco que iria usar no domingo com cuidado e fui regulando sob observação do Marcelo. Depois de tudo montado, fui para a água com o João. O vento não estava nos melhores dias, mas conseguimos velejar um pouco.

Enfim, havia chegado o grande dia. Chegamos cedo ao Prevela para a aula. Montamos os barcos e dei um carinho especial no Terral, barco que eu usaria na Regata. Depois das atividades iniciais, tomamos o nosso café coletivo. O dia estava meio nublado e havia previsão de ressaca. Mas como estamos bem abrigados, isso não foi um problema. Apesar das condições, o vento não estava bom. Continuamos com algumas atividades e por volta das 12h, fizemos mais um lanche e logo depois nos preparamos para seguir para o Praia Clube. Seguimos velejando, acompanhados pela jangada, que seria nosso apoio. Estávamos em 4 barcos.

O velejo foi tranquilo e chegamos relativamente rápidos. Alguns entraram pelo canal do quebra-mar do Praia Clube. Não estava muito seguro em entrar e atracar, nunca havia feito essa manobra. Como o vento havia aumentado um pouco, aproveitei para treinar um pouco as cambadas. Como ainda faltava bastante tempo para o início da regata, não havia jeito, tinha que dar um jeito de entrar. O João e o Lucas já não aguentavam mais. Eram muitos barcos atracados e não foi fácil para mim ficar navegando por ali. Numa bobeada, quase bati nas pedras do quebra-mar. O pessoal do Praia Clube não gostou muito, mas não teve jeito. Após o quase acidente, tomei coragem e entrei no canal, conseguindo atracar ao lado da jangada. Um alívio.

Demos mais um lanche para as crianças e assim que nos reunimos para os últimos ajustes, voltamos para a água, já próximo do horário da largada. Fiquei ali durante um tempo, sempre acompanhando os sinais. 10 min... 5 min... 1 min... Tentei me aproximar, mas não consegui estar próximo da boia de largada no momento exato. Um barco a vela não igual a um carro que dá para ficar estacionado esperando para largar. Como nunca tinha participado ou visto uma largada, me enrolei todo e fui o último a passar. Para piorar a situação, ainda fui pelo pior lado, passando entre as embarcações que apoitadas. Perdi bastante tempo, mas consegui arrumar e seguir os outros barcos. Já cruzando a ponta da Estrada Fróes, passei um barco e acabamos trocando a última posição algumas vezes até contornar a boia em frente à Praia das Flexas.

Ali, perdi tempo novamente. Até entender o vento de novo, acabei ficando bem para trás. Os barcos estavam muito a frente e fui curtindo o velejo. Nunca havia passado mais de 15 minutos contínuos. Agora já fazia quase 1 hora. Sentir o vento levando o barco é uma sensação indescritível. O João e o Lucas ficaram reclamando que a gente estava em último, mas fazer o que? A solução foi curtir e coloca-los para ajudar. Aos poucos eles foram curtinho e deixaram a competição de lado. Nossa competição a partir de agora era finalizar a regata.

Estávamos na direção da segunda boia, próxima ao Iate Clube Jurujuba. O tempo fechou mais um pouco e já próximos, começou uma chuva fina. Por sorte ela não aumentou. Montamos a segunda boia, que mais tarde saberíamos que era a errada. Na verdade, só três barcos acertaram a boia. Eu achava que era a outra, mas vi todo mundo passando por aquela e fui também. Dali seguimos direto para o Praia Clube num bom velejo. Fui o último a cruzar a linha de chegada, ouvindo a sinalização. Vitória!!!!! Comemoramos ter finalizado. Dali seguimos no velejo até o PREVELA, onde almoçamos.

Passado uma semana, fomos descobrir que montamos a boia errada na altura do Iate Clube Jurujuba. Mas fica de aprendizado para estudar melhor o percurso. Realizei mais um sonho: velejar!