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terça-feira, 8 de abril de 2025

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Por Leandro do Carmo

Dia: 15 a 17/11/2024
Local: São José do Barreiro SP/Mambucaba RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Simone d'Oliveira, Andréa Vivas, Alexandre Bibiani, Aline Vaz, Carla Rosa, Daniel Candiotto, Fabienne, Juliana, Juliana Silva, Maria Fernanda Patrício, Nerval Roedel, Silvana e Sérgio Molina

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba


Histórico

O Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) foi criado em 1971 com objetivo principal de proteger as últimas áreas de Mata Atlântica e ecossistemas marinhos do litoral sul-fluminense. É a segunda maior Unidade de Conservação Federal de Mata Atlântica, com 104 mil hectares, e abrange parte dos municípios de Ubatuba, São José do Barreiro, Areias e Cunha, no estado de São Paulo; e Paraty e Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.

O PNSB faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e a é unidade núcleo do Mosaico da Bocaina, um dos mais significativos remanescentes brasileiros do bioma da Mata Atlântica, e que, juntamente com outras unidades de conservação, compõe o Corredor Ecológico da Serra do Mar.

O grande diferencial do PNSB está em seu enorme gradiente altitudinal que vai de áreas marinhas em Paraty/RJ, até os mais de 2.000m do “Pico do Tira Chapéu”, no estado de São Paulo. A vegetação que acompanha este gradiente envolve as Restingas, presentes nas áreas litorâneas; a exuberante Floresta Ombrófila em diferentes formações conforme sua altitude; até chegar aos Campos de Altitude nas áreas mais altas da serra. Sua grande extensão permite a sobrevivência de animais de grande porte e ameaçados de extinção tais como: mono-carvoeiro, sagüi-da-serra-escuro, bugio e felinos diversos. Estas características resultam em uma imensa variedade de climas, paisagens, cachoeiras e espécies que elevam o Parque Nacional da Serra da Bocaina ao grau de extrema importância para a conservação da biodiversidade.

Trilha do Ouro – Caminho de Mambucaba

A região do Parque Nacional da Serra da Bocaina é cortada por diversas trilhas que guardam remanescentes da história da interiorização do país. Dentre essas trilhas, a que perfaz o Caminho de Mambucaba tem a sua operacionalização turística consolidada há bastante tempo, o que a consagra como a mais famosa das “Trilhas do Ouro” que cortam a Bocaina.

A travessia pode ser feita em três ou quatro dias de caminhada acompanhando o Rio Mambucaba desde sua nascente em São José do Barreiro, no estado de São Paulo, até desaguar na Baía da Ilha Grande, entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty, no estado do Rio de Janeiro. No seu percurso é possível visualizar parte do calçamento histórico, belíssimas paisagens e a biodiversidade da Mata Atlântica. Além disso, pode se aproveitar diversas cachoeiras como a de Santo Izidro, a das Posses e a espetacular cachoeira do Veado.

A trilha histórica contribui para a integração cultural da Bacia do Rio Paraíba do Sul e da região do litoral sul-fluminense. Nos municípios paulistas de Bananal, São José do Barreiro e Areias, por onde passam o caminho dos tropeiros e a antiga estrada Rio-São Paulo, aflora a cultura caipira e tropeira e se festeja a Folia de Reis. Na região litorânea, onde Angra dos Reis é conhecida pela beleza das praias e ilhas e Paraty reconhecida pelo seu conjunto histórico-cultural do período colonial, têm-se a influência da cultura caiçara. Esse patrimônio ambiental, histórico e cultural situado próximo a importantes centros urbanos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais aumenta ainda mais a importância do Parque Nacional da Serra da Bocaina, no que tange à conservação e ao turismo. Dessa forma torna-se ainda mais necessário manter e ampliar o seu grau de conservação.

O Caminho de Mambucaba - “Trilha do Ouro” é citado por alguns historiadores como um dos “descaminhos” do ouro, rotas de contrabando, fugindo às barreiras dos caminhos oficiais.

O “ciclo do ouro” ocorreu entre o final do século XVIII e início do século XIX. Nesta época este caminho seria uma trilha indígena sem nenhum tipo de calçamento e com movimento mínimo. Ao longo do século XIX, quando ocorreu o apogeu do café no Vale do Paraíba, cresceu na via o transporte de café até o porto de Mambucaba, e de mercadorias “Serra Acima”.

Por conta das inúmeras tropas de mulas que por ali trafegaram carregadas de café, a estrada recebeu calçamento, pontes e benfeitorias diversas, além da instalação de vendas e ranchos, para abastecimento e descanso das tropas e dos tropeiros, e de um registro para fiscalização e cobrança dos direitos devidos.

Originalmente a estrada partia de São José do Barreiro, distrito de Areias até 1859, recebendo em seu percurso variantes de Bananal, e de Campos de Cunha.

Do porto de Mambucaba o café era transportado para embarcações até o porto do Rio de Janeiro. No retorno, as tropas de mulas levavam mercadorias para suprir as necessidades das fazendas e das vilas cafeeiras do interior.

O período de maior atividade desta rota ocorreu entre 1840 e 1864. Seu declínio começa na década de 1870 quando o café passa a ser transportado pelos trens da Estrada de Ferro D. Pedro II e ramais intermediários. O segundo e derradeiro golpe no movimento da estrada ocorre com a abolição da escravidão em 1888, que reduziu de forma drástica e rápida a produção de café do Vale do Paraíba. Sucumbiram a estrada assim como as vendas e ranchos para pouso dos tropeiros que, com a interrupção do tráfego regular das tropas de mulas subindo e descendo a serra, desapareceram. Declinaram também o porto e a freguesia de Mambucaba, uma das mais importantes localidades comerciais da Baía da Ilha Grande.

Vídeo da Trilha do Ouro 

Relato

A logística para fazer essa travessia não é das mais fáceis e eu tinha vontade fazer já fazia um tempo. Quando a Andréa e a Simone abriram essa atividade no CNM, aproveitei para me inscrever e já tirar da minha lista de pendências. Aproveitaríamos o final de semana prolongado com o feriado de 15 de novembro.

Para a logística, optamos por contratar uma van para nos levar até São José do Barreiro e depois nos buscar em Mambucaba. Para os pernoites, ficaríamos hospedados nas super modestas pousadas Barreirinhas e Zé do Zico. Definida a logística era esperar o dia.

O tempo não estava bom. Havia chovido nos dias anteriores e a previsão não era das melhores para o final de semana. Algumas pessoas desistiram, mas ao final éramos 15 pessoas. Marcamos de sair lá da sede do CNM, às 4h da manhã do dia 15, sexta-feira. Como havia tido reunião social no clube, optei por dormir lá. Assim não precisaria acordar tão cedo. Ainda passamos num posto na Praça da Bandeira, lá no Rio, para pegar parte do grupo. Era uma atividade em conjunto entre o CNM e o CEB.

A viagem foi tranquila e chegamos por volta das 7h na padaria que havíamos feito contato para tomarmos café da manhã. Depois de tudo pronto pegamos a estrada que leva à portaria do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Foram 26 km, na qual fizemos em aproximadamente 1 h. A estrada estava em boas condições. Já na portaria, preenchemos os termos e nos preparamos para o início da caminhada.

Dia 1: Portaria do Parque x Pousada Barreirinhas

Depois de tudo pronto, foi hora de colocar a mochila nas costas e iniciar a caminhada. Como não iria levar barraca, a mochila foi leve. Era por volta das 9h 30 min quando iniciamos a caminhada. Seguimos por uma estradinha e logo cruzamos um rio, passando por uma ponte, a primeira de muitas ao longo desses 3 dias de caminhada. Estávamos paralelos ao rio Mambucaba. Aos poucos fui aumentando o ritmo da caminhada, à medida que o corpo ia aquecendo. Fomos num bom papo até chegar à primeira cachoeira do dia, a Cachoeira do Santo Isidro.

A cachoeira do Santo Isidro é a que fica mais próxima da portaria do parque, são aproximadamente 1,5 km de caminhada. Entramos no caminho onde havia uma placa indicativa e logo chegamos ao topo da cachoeira, dali começamos a descer. A cachoeira tem uns 50 metros e forma um grande poço com fundo arenoso. Como o tempo estava bastante nublado e muito quente, aproveitei para tomar um banho e garantir logo o mergulho, não sabia o que me esperava pela frente. A temperatura da água estava bem agradável.

Depois do mergulho, era hora de voltar. Só que agora era subida. De volta a estrada, continuamos nossa caminhada. Passamos por trechos com bastante lama. Alguns carros passaram por nós, indo em direção a algumas pousadas dentro do parque. Pegamos um atalho sinalizado pelo parque. Nesse ponto já estávamos divididos em alguns pequenos grupos. Aproveitei para conhecer a Cachoeira dos Mochileiros. Bem pequena, mas sempre vale a pena. A descida é que não é muito boa. São trechos bem íngremes e escorregadios. C

De volta a caminhada, acabei encontrando novamente com algumas pessoas do grupo que haviam passado direto pela Cachoeira dos Mochileiros. Continuei andando sempre desviando das poças de lama. Existiam vários trechos em recuperação, onde árvores exóticas estavam sendo retiradas para dar lugar a mata nativa. Novamente na dianteira do grupo, veio uma placa indicando a Cachoeira da Posse. Era uma entrada bem aberta e num largo, deixamos as mochilas num canto se seguimos descendo novamente. Nesse ponto, há um bom lugar para camping, mas é muito perto da portaria. Estávamos a apenas 8 km. Mais uma bela cachoeira. Dessa vez não mergulhei, mas na volta parei para fazer um lanche.

Nesse ponto, nos reunimos novamente. Nossa ideia era parar para juntar o grupo de tempo em tempo. Era hora de voltar a caminhar e resolvi voltar antes do corpo esfriar totalmente. A Maria Fernanda me acompanhou nesse trecho e andamos bem. Um pouco após a Cachoeira das Posses, passamos por uma placa que indica um ponto de controle do parque. Mais à frente, entramos numa área mais aberta e agradeci por estar nublado, porém, não tínhamos muita vista. Não dá para ter tudo nessa vida.

Durante a caminhada, fomos encontrando diversos grupos e a gente ainda se encontraria diversas vezes durante esses 3 dias. Foram nossos amigos de trilha. Numa bifurcação, onde indicava Barreirinha e Pousada Vale do Veado, fizemos mais uma parada rápida. Nesse ponto encontramos mais um grande grupo, o último desse primeiro dia.  Seguimos e continuamos num trecho bem aberto. Pegamos algumas subidas e em determinado ponto a Maria Fernanda me disse que era a última subida do dia, mas ao final, ainda tinha mais. Ainda brincamos que toda subida na qual pegamos era a última. Finalmente a última subida havia chegado.

Num determinado ponto, a chuva começou a apertar. Foi necessário colocar a capa. Chegamos a uma placa, indicando Pousada Barreirinhas. Ela saía da estradinha e o caminho era bem fechado. Mas resolvemos seguir por ele. A descida foi meio ruim, estava bem molhado e escorregadio. Mas logo avistamos uma casa ao fundo e foi fácil identificar que era a pousada. Descemos um e voltamos para a estradinha que levava direto à pousada.

Chegamos e entramos na varanda, onde fomos recebidos pelo Sr. Tião. Ele nos orientou onde poderíamos deixar as coisas, sendo bem objetivo. Estava bem cansado, havia caminhado num bom ritmo. Como a casa estava vazia, aproveitei para tomar um banho. Aí sim consegui relaxar.

A chuva apertou e o Daniel chegou dando uma má notícia: O Sérgio havia torcido o pé logo na saída da cachoeira das Posses, desmaiou e ele estava lá sem condições de andar. Primeiro grande problema do dia. Logo em seguida, chegou o Marcelo, confirmando a má notícia. Tínhamos um problema, estávamos com uma pessoa, mais ou menos na metade do caminho sem conseguir andar, segundo informações que havíamos recebido. Já tinha, aproximadamente, 1 hora que eu havia chegado na pousada.

A chuva apertou e por volta das 17h, a Andréa, Silvana, Carla, Juliana e Alexandre. A situação não era nada animadora. A informação era de que o Sérgio não tinha condições de andar. Por outro lado, ele estava acompanhado de mais 4 pessoas, inclusive a Simone, guia do CNM. Com isso, tentamos conversar com o Sr. Tião para buscá-lo de carro, mas ele disse que não podia, pois precisava arrumar as coisas para os outros hóspedes. Enquanto isso, outras pessoas foram chegando e a casa foi ficando cheia.

Eu não podia sair naquele momento para ajudar, pois ainda não havia comido nada. A janta seria servida as 18h. A Carla ofereceu um pacote de comida liofilizada, na qual aceitei. Minha ideia era comer e depois sair. Uma das coisas que aprendi é que em um resgate, você não se deve colocar em risco, se não, serão dois a serem resgatados. Sair sem ter comido nada, seria um grande erro. Afinal de contas, até o ponto onde o Sérgio estava, seriam uns 9 km e voltar para a pousada ou seguir para a portaria, seriam mais uns 9 km, depois de já ter andado 18 km no dia.

Assim que já estava quase pronto para sair, conseguiram convencer o Sr. Tião em sair para buscar o Sérgio. Foi um alívio. Para compensar, ajudamos na arrumação da janta. Em pouco tempo ele foi e voltou. Ele os encontrou a aproximadamente 2 km da pousada. Depois de um tempo, o Sérgio conseguiu andar com bastante dificuldade. Assim que chegou, vimos a situação dele. Estava bem ruim, tremia bastante, já quase desenvolvendo uma hipotermia. Falei para ele ir para o banho. O que deu um pouco de ânimo. Já mais aliviado, jantei e aí pensei que fosse descansar.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas, dizia Joseph Climber... Logo após a janta, a Juliana começou a sentir uma falta de ar e seu rosto começou a inchar. Estava desenvolvendo uma alergia a alguma coisa que havia comido. Seu rosto inchou a ponto de não conseguir enxergar direito. Mais um grande problema. Demos um anti-alérgico e esperamos um pouco até amenizar. Aos poucos ela foi conseguindo respirar melhor, mas o rosto ainda estava muito inchado. Tínhamos dois problemas agora.

Após uma conversa com o Sr. Tião, soubemos que ele iria embora no dia seguinte e cobrou R$ 1.000,00 para levar os dois e mais um acompanhante até São José do Barreiro. Se ele já iria embora, por que é que mesmo assim ele cobrou por um socorro médico? São coisas difíceis de entender. Cada um que faça sua avaliação.

Dia 2: Pousada Barreirinhas x Pousada Zé do Zico

Choveu a noite inteira. A noite não foi boa. Pensei muito no que poderia ter acontecido. Ainda não havia passado por nada parecido, mas tudo tem sua primeira vez. Levantei-me ainda bem cedo e fui à varanda. Condições desanimadoras. Tomamos café e ficamos esperando a chuva dar uma trégua. O Sérgio caminhava com dificuldade e Juliana ainda estava um pouco inchada, mas conversava bem. A Carla acompanharia os dois de volta até São José do Barreiro. Eles voltaram bem e ficamos sabendo dois dias depois que o Sérgio havia quebrado o tornozelo e rompido o ligamento, tendo que operar. A Juliana foi atendida em Rezende e passava bem.

Como a chuva não parava, resolvemos sair assim mesmo. A caminhada continuava numa estradinha, agora um pouco pior que o trecho do primeiro dia. Foi mesclando áreas abertas e mais fechadas. Aos poucos fui acostumando-me com a caminhada num dia molhado e sem aquela vista. Inclusive, foi uma das coisas que senti falta no primeiro dia. Passamos por uma casa à esquerda da trilha, pegamos mais uma área de pasto e passamos pela Pousada e Camping da Dona Palmira. Cruzamos uma porteira e seguimos subindo por um caminho que por conta da chuva estava bem escorregadio. Optei por seguir pela margem, onde havia um pouco da grama do pasto.

Passamos por alguns trechos de calçamento com bastante cuidado, pois as pedras costumam escorregar bastante. Em alguns trechos foi bem complicado. O barro vermelho molhado vira um sabão. Passamos na margem de um pequeno lago e mais frente paramos na entrada da Fazenda Bananeira, onde fizemos um lanche rápido. De volta a caminhada, passamos por duas casas um pouco distante, mas não encontramos ninguém. Com um tempo nessas condições, seria pouco provável encontrar alguém por ali, que não estivesse fazendo a Trilha do Ouro.

A chuva foi diminuindo, mas o dia continuava bem instável. Parece que o tempo passa mais rápido nessas condições. Chegamos á um córrego. Estava com bastante água e seria necessário tirar a bota para passar. Havia uma pinguela com dois troncos de árvore, mas que estavam em péssimas condições. Achei melhor passar por ela do que tirar a bota. Eram dois troncos de espessura diferentes e ainda estavam soltos. Balançava bastante, então foi preciso passar com bastante cuidado. Só ao final que percebi que o arame que segurava um tronco na qual servia de corrimão estava quase soltando. Bom que deu tudo certo. Mas se também não desse, daria apenas um banho no azarado do dia.

Cruzamos por diversos grupos, uns conhecidos outros não. Em algum momento todos se encontram, pois cada um vai pernoitando em locais diferentes. Mais à frente, passamos por uma casa bem bonita. Sem sinal de gente. Andamos bem e cruzamos uma porteira bem à beira de um grotão. Só era possível ouvir o barulho forte do rio ao fundo. Descemos num trecho bem escorregadio e logo chegamos a um descampado. Havia um senhor e uma criança cuidando de uns cavalos. Um pouco depois, descobrimos que eles são os responsáveis por levar os mantimentos de Mambucaba até o Zé do Zico. Ali era o entroncamento para quem quisesse conhecer a Cachoeira dos Veados, talvez a mais bonita da travessia, quiçá do Parque. Optei por deixar a cachoeira para mais tarde e segui até o ponto onde faríamos nosso pernoite. Atravessamos a ponte pênsil. Já na primeira passada, dei um leve escorregão. A madeira do piso estava bem molhada e escorregava bastante. Segui com mais cuidado, pois o rio estava cheio e a corrente era forte. Cair ali não estava nos planos.

Chegando ao Zé do Zico, foi hora de descansar um pouco. Arrumei minhas coisas e dei uma volta para conhecer o local. A estrutura é boa e há um gramado onde fica a área de camping. A casa é bem grande, mas simples. Já tinha bastante gente e todos se organizaram. Para que ficássemos todos juntos, me voluntariei em dormir num beliche na varanda. Aproveitamos para ir conhecer à Cachoeira dos Veados. Chovia um pouco e estava tudo molhado pelo caminho. Passamos por dois grandes pontos de acampamento e foi só chegar de frente à cachoeira que podíamos sentir a sua força. Um forte deslocamento de ar, unido ao barulho das águas, tornava a cena amedrontadora. Mas era impossível não ficar hipnotizado pela beleza. Havia possibilidade de ir à parte alta, mas como estava tudo molhado, achei melhor ficar por ali mesmo.

Voltando ao Zé do Zico, ficamos batendo um papo descontraído na fila do banho. Jantei logo em seguida. Em algum momento da noite, olhei para céu e vi algumas estrelas. Foi a esperança de que pudéssemos pegar um tempo bom no último dia de caminhada.

Dia 3: Pousada Zé do Zico x Ponte de Arame

Acordei cedo e a primeira coisa que fiz foi conferir o tempo. Estava levemente encoberto, mas com cara de que iria abrir em breve. Como havia dito anteriormente, dormi na varanda, mas foi ótimo, não tendo nenhum problema. Tomei meu café da manhã e arrumei a mochila. Não me preocupei muito com a organização, pois não teria que tirar mais nada de dentro dela. Dei uma volta pelo local e fui até a margem do rio, onde percebi que já havia baixado o nível.

Estávamos todos prontos. Tiramos a foto oficial de partida e iniciamos a caminhada. Pelos relatos que havia lido, esse último dia seria mais complicado pelas pedras do histórico calçamento. Devido as chuvas e a grande umidade, o caminho fica muito escorregadio e tombo pode ser perigoso. Todo cuidado era pouco. Passamos da entrada da ponte e seguimos paralelos ao rio durante um bom tempo, inclusive, sendo nosso companheiro durante toda a caminhada. Ora ele estava mais perto, ora mais longe, mas sempre lá.

Logo de cara, tive uma surpresa quando vi a cachoeira dos Veados ao fundo, uma vista espetacular. Estávamos em meio a uma mata muito bem preservada. Um verde exuberante.  O dia estava bem firme e foi a primeira vez que vi o céu azul. Mas tudo tem seu preço. Era bem cedo e já estava calor. Corria água por todos os lados. Tinha bastante lama e a umidade era forte.

Aos poucos fui tomando a dianteira da caminhada, ultrapassando diversos grupos. Tinha que andar com bastante cuidado para não escorregar. Muitas vezes era preciso usar a borda da trilha, pois tinha muita lama, daquelas que afunda o pé por inteiro. Achei uma picada no meio do caminho e pelo barulho da água, deveria dar em alguma cachoeira. Resolvi descer para conferir. Era um trecho do rio bem largo, com uma pequena corredeira, mas um grande refluxo. Não seria ali que tomaria meu banho. De volta a trilha, continuei andando.

Até o momento, só havíamos pegado descida e seria assim até ao final. Depois de andar bastante, havia chegado em um novo rio. Andei um pouco e vi que ele se encontrava com o rio Mambucaba, na qual havíamos acompanhado desde o início da caminhada. Andei um pouco para tentar encontrar o ponto de passagem e percebi que mais acima havia um outro caminho, fui seguindo e cheguei a uma ponte que estava em péssimas condições. Inclusive, havia muitos galhos obstruindo a passagem. Eu não quis arriscar. Voltei até ao ponto do rio e percebi que a trilha continuava na outra margem.

Ali, fiz a minha parada para reencontrar o pessoal que havia ficado para trás. Aproveitei para lanchar e tomar um banho. A água estava numa excelente temperatura e pude ainda pegar um sol. Depois de alguns minutos passou aquele senhor com a criança que estava com os cavalos, quando havíamos chegado ao Zé do Zico no dia anterior. Eles atravessaram o rio com uma facilidade e velocidade que me impressionou. Aos poucos, o pessoal foi chegando e todos aproveitaram para tomar banho também. Vi que alguns grupos optaram por atravessar a ponte. Como ainda faltavam algumas pessoas, fui à frente para tentar encontrar com o motorista da van já ao final da caminhada. Então segui andando.

Atravessei o rio e subi um pequeno trecho, voltando à trilha principal. O calor foi aumentando à medida que estávamos mais próximo ao nível do mar. E era um calor sufocante. Mas tinha que continuar e faltava pouco. Andei num bom ritmo e logo cheguei a tão esperada ponte de arame. Nesse ponto já não sabia muito bem para onde ir, ficando na dúvida se teria que atravessar a ponte ou seguir pela estrada a minha frente.  Tinha um carro estacionado e veio uma van. Eu todo bobo achei que tivesse chegado, mas quando fui falar com o motorista, era para outro grupo. Andei um pouco mais para frente, mas resolvi voltar até a ponte e esperar um pouco.

Esperei um pouquinho e algumas pessoas foram chegando. Resolvemos andar, pois pela hora, o motorista já deveria ter chegado. Andamos alguns minutos e ela estava lá, estacionada na entrada de um sítio. Fiquei mais aliviado. Tinham algumas pessoas lá também e aproveitei para entrar. Consegui comprar uma jarra de suco, que até agora não sei qual era o sabor, mas estava fantástico. Com o grupo reunido, seguimos para o local onde faríamos nosso almoço. Comemos e tomamos banho, nos preparando para nosso retorno.

Já com sinal de internet, tivemos a notícia de que a Juliana havia sido medicada em Resende, no próprio sábado e que estava em casa, estava tudo bem com ela. O Sérgio havia quebrado o tornozelo em dois lugares e ainda rompeu o ligamento. Iria operar na segunda feira.  Bom, como diz o ditado: “entre mortos e feridos, salvaram-se todos”. Mais uma travessia para a conta.

Fotos dia 1
Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba



Fotos dia 2
Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba



Fotos dia 3

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba


Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba

Trilha do Ouro - Caminho de Mambucaba


domingo, 20 de outubro de 2024

Expedição Bolívia 2024

Por Leandro do Carmo

Data: 16 a 27/08/2024
Local: La Paz
Participantes: Leandro do Carmo, Marcos Lima, Dâmaris Pordeus, Rafael Pereira, Ricardo Bemvindo, Daniel Candioto, Leandro Conrado e Jorge Pereira.


Expedição Bolívia 2024

Desde que voltei do Peru em 2018, já tinha vontade de ir para a Bolívia. Sempre ouvi falar que era um destino barato, se comparado a outras cidades da América do Sul. Havia muitas possibilidades de roteiro, mas acabamos fechando o seguinte:

Dia16: Chegada à La Paz
Dia 17: Livre
Dia 18: Bike na Estrada da Morte
Dia 19: Chacaltaya
Dia 20 e 21: Vale do Condoriri e Pico Áustria
Dia 22: Jogo do Flamengo
Dia 23 a 25: Huayna Potrosí
Dia 26: Livre
Dia: 27: Volta

Claro que nem tudo saiu como programado, principalmente para mim. Acabei mudando o meu roteiro e nas postagens seguintes, seguirei a ordem abaixo:

Dia 20 e 21: Vale do Condoriri e Pico Áustria
Dia 22 e 23: Jogo do Flamengo e dia Livre
Dia 24 e 25: Salar de Uyuni
Dia 26 e 27: Resgate da GoPro e retorno

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Alcobaça e Mãe D'Água

Por Leandro do Carmo

Alcobaça e Mãe D'Água

Dia: 22/06/2024
Local: Bomfim – Petrópolis - RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo e Marina

Vídeo da Trilha do Alcobaça e Mãe D'Água 

 

Relato da Trilha do Alcobaça e Mãe D'Água 

Havia marcado de fazer a Travessia Petrópolis x Teresópolis, mas por um problema no sistema de agendamento do Parque e mudança nas regras, acabei não conseguindo vaga. Como opção, pensei em fazer o Alcobaça e o Mãe D’Água na mesma tacada. São dois cumes bem bonitos que tem o acesso em comum, o que facilitaria a logística. Era muito melhor aproveitar a viagem e fazer os dois, que totalizando daria, aproximadamente 11 km de caminhada. Acabei não me preocupando muito com a altimetria. Ainda bem que só fui saber na hora e da pior maneira possível. É aquela velha história: “tá na chuva é para se molhar”.

Encontrei meu irmão em Magé e de lá seguimos para Petrópolis, subindo a serra velha, em Raiz da Serra, distritro de Magé. Eu ainda não conhecia e achei bem bonita a vista, apesar do calçamento em paralelepípedo. Chegamos em Correas e fomos direto para o Vale do Bomfim. Até o restaurando do Tourinho, nós conhecíamos o caminho, a partir dali, seria novidade. Entramos na estradinha e seguimos subindo até que ficamos na dúvida de qual caminho seguir e estacionamos o carro num bom local. Perguntamos a um morador se podíamos deixar o carro ali e ele disse que sim. Ele nos disse que a trilha era mais acima.

Como estávamos relativamente próximos e não sabíamos as condições para cima, resolvemos deixar o carro ali mesmo e seguimos andando pela estradinha. Mais acima, no local indicado como estacionamento, vimos que o local era bom, mas fica para uma próxima. Continuamos subindo passamos pelo local onde o meu GPS indicava o início da trilha do Mãe D’Água, mas havia uma casa com portões fechados e uma placa com uma seta, indicando o início da trilha. Como nosso primeiro objetivo era o Alcobaça, seguimos subindo.

Um pouco mais acima, numa curva, uma placa indicava o início da trilha do Mãe D’Água. Essa ficaria para a volta. Continuamos subindo e numa bifurcação, pegamos o caminho da direita. A estradinha foi diminuindo e logo estávamos numa trilha. Passamos por um ponto de água e continuei subindo até chegar a umas placas do parque. Nesse ponto, a trilha continuava reta, mas tinha uma para a esquerda e outra para a direita. Como o Alcobaça estava para a direita, não tive dúvidas de qual caminho pegar.

Esperei meu irmão e a Marina chegarem. Entramos na trilha e ela fomos subindo. Era uma subida forte, sem trégua. A vezes a gente reclama das curvas de nível que suavizam a subida, mas alongam o caminho, porém, ali preferia que tivesse alguma coisa que ajudasse. A subida foi dura. Fui subindo na frente cheguei a um bonito mirante, onde tinha vista para boa parte da Travessia Petrópolis x Teresópolis. Aproveitei para dar uma descansada. De volta a subida, vi uma saída para a esquerda e decidi dar uma olhada. O caminho estava bem batido, andei por cerca de 200 metros e quando a descida foi ficando mais forte, voltei.

De volta a trilha principal, os arbustos foram dando lugar a vegetação rasteira e logo estava tudo aberto. Estava ouvindo o barulho do vento nas árvores desde o início desse trecho da trilha, mas só agora, quando estava desabrigado, é que pude perceber o quanto o vento estava forte. Passei por alguns trechos íngremes e que foi necessário o uso das mãos para poder subir. Em pouco tempo, estava no cume. A vista era fantástica. O dia aberto ajudava. Ventava bastante e procurei um local mais abrigado para ficar. Dali de cima era possível ver o Mãe D’Água mais abaixo. Ainda tinha um chão pela frente. Aproveitei para dar uma volta pelo local e tentar achar o ponto que faz a ligação para o Mãe D’Água. Fui me orientando pelo GPS, mas o caminho foi ficando meio estranho e acabei desistindo. Fizemos um lanche e nos preparamos para a descida.

A descida foi rápida. Logo chegamos na estradinha novamente. Descemos mais um pouco e entramos na plaquinha que indicava o início da trilha do Mãe D’Água. No começo achava que seria tranquilo, mas foi só começar a subir que fui me dando conta de que não seria tão fácil assim. Nesse primeiro trecho, estávamos abrigados e foi bem tranquilo. Porém, depois que passamos um ponto de água, a trilha foi abrindo e ficando mais íngreme. Nesse trecho, víamos o Alcobaça numa visão diferente. Entramos numa laje e nos guiamos por alguns totens. Passamos por grandes bromélias, até entrar novamente na trilha, numa saída para a esquerda.

O caminho continuava íngreme e estava bem seco, com muita poeira. A terra seca fazia escorregar bastante. Segui num bom ritmo, me distanciando do meu irmão e da Marina. Já estava mais alto que o Mãe D’Água e isso me incomodava, pois teria que descer e depois subir novamente. E fiquei com isso na cabeça. Já no alto, bem próximo ao Alcobaça vi que subida havia terminado, mas o Mãe D’Água estava lá embaixo e teria que descer até um colo e depois subir. E ainda tinha a volta...

Não via mais o meu irmão. Peguei a descida. Bem íngreme, por sinal. Quase uma linha reta. Segui descendo e atravessei o colo e comecei a subir. Subi um barranco bem íngreme e escorregadio e entrei num trecho bem bonito, com várias bromélias e um tipo de gramínea de uma cor vende bem diferente do que tinha em volta. Dali, conseguia ver meu irmão e a Marina iniciando a descida. Acenei para eles, que responderam logo. Continuei subindo, chegando ao cume logo em seguida.

Uma vista bem bonita. Como estava mais na borda do Vale do Bomfim, deu para ver melhor diversos cumes, como o Alicate e Pico do Glória. O Alcobaça roubava a cena. Num grande totem, pegamos o livro de cume e deixamos nossos nomes. Ventava menos que no Alcobaça, o que nos fez aproveitar um pouco mais. Nos preparamos e reiniciamos a caminhada. Ainda faltava um longo caminho pela frente.

A volta foi mais rápida. A maior parte foi descida, o que facilitou um pouco para mim. Cheguei ao carro e fiquei conversando com um morador. Com todos no carro, seguimos para a Padaria da praça de Correas e fizemos um bom lanche. Um dia excelente, já risquei mais dois cumes da minha lista!

Alcobaça e Mãe D'Água

Alcobaça e Mãe D'Água


 


quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Morro São João - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Por Leandro do Carmo

São João - PARNASO


Dia: 08/06/2024
Local: Guapimirim/Teresópolis - RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Marina, Marcos Lima, Camila Chaves, Fernando Marques e Washington Portela

Vídeo da Trilha do São João


Vídeo de drone do cume do São João


Relato da trilha do Morro São João

Havia tentado fazer o São João em pelo menos 3 vezes. Todas elas, marcadas no evento que celebra a Abertura de Temporada de Montanhismo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Para quem não conhece, a Abertura da Temporada de Montanhismo ou simplesmente ATM, é um evento que ocorre anualmente em várias regiões, tendo como objetivo marcar o início da melhor época do ano para a prática do montanhismo, que aqui no Brasil é entre o outono e a primavera. Esse ano a previsão era ótima e seria a oportunidade de, enfim, conseguir chegar ao cume do Morro São João.

Marcamos de nos encontrar já na sede do Parque. Eu e o Velhinho passamos na casa do meu irmão, em Magé, para subirmos juntos. Finalmente conseguimos tomar um café na casa dele. Chegamos cedo, era por volta das 5h 40min. Fizemos tudo com tranquilidade e chegamos ao Parque as 7h, justamente quando os portões se abriram.

No controle de acesso, entregamos os termos e seguimos para a área de estacionamento, onde deixamos os carros e continuamos a pé, até a Barragem. Com todos reunidos, fizemos uma foto. Enchi minha garrafa na fonte, ao lado do início trilha. O início é em comum à diversos cumes da região, como o Sino, Mirante do Inferno, Pedra Cruz, Travessia Petrópolis x Teresópolis e etc. Estava uma manhã fria, mas o tempo estava firme. Subimos rápido, fazendo paradas bem curtas e logo estávamos no mirante, logo que iniciamos a descida do Caminho das Orquídeas.

Nesse ponto, a vista do São João era fantástica, assim como o Mirante do Inferno e do São Pedro. Dali, também conseguíamos ver a pontinha da Agulha do Diabo. Seguimos descendo e percebi o quanto o caminho está degradado. Pela dificuldade em descer as lajes que ficam molhadas, as pessoas acabam utilizando a borda da trilha e cada vez mais ela vai se alargando.

São João - PARNASO


Continuei descendo com bastante cuidado, visto que estava tudo molhado. Demos uma parada no Acampamento Paquequer para pegar mais água e aproveitar para fazer um lanche rápido. Continuamos a caminhada e começamos a subir novamente. Já próximos ao Mirante do Inferno, pegamos uma saída à esquerda e seguimos em direção ao colo entre o Mirante e o São João, mesmo caminho que utilizamos para escalar a Agulha do Diabo. O caminho começa bom, mas logo, pega uma descida bem íngreme, na qual fiz com bastante cuidado. Assim que chegamos ao colo, nos deparamos com aquela vista fantástica da Agulha.

A partir dali, já não conhecia mais o caminho. Olhando o São João, pegamos o caminho descendo para a esquerda, pois o da direita, segue para a Agulha do Diabo. Seguimos descendo até chegar à parede. Nesse ponto segui subindo por uma calha natural, subindo até um pequeno platô, fazendo um lance de escalada. Nesse ponto há possibilidade de fixar uma corda num pequeno arbusto, mas não foi necessário. Todos subiram direto.

São João - PARNASO


Seguimos por um caminho, numa diagonal para a esquerda, bordeando a rocha até ir ganhando altura por trechos mais abertos, subindo com cuidado, pois os pequenos platôs são bem frágeis. De longe parecia impossível acreditar que subiríamos andando por esse trecho, mas foi tranquilo, apesar de exposto. Já na crista, seguimos na direção do cume por mais um trecho de “escalaminhada”, onde pude notar a presença de alguns grampos. Ninguém precisou usar sapatilha, mas subimos com bastante cautela.

Assim que chegamos no alto, percebi que era um falso cume e tínhamos ainda um trecho pela frente. Continuei andando e cheguei de frente a uma rampa, onde vi mais alguns grampos, com certeza uma via de escalada com acesso direto ao cume. Procurei pela esquerda e não vi nada, pela direita, descia um caminho bem discreto que seguia colado na parede do cume. Fui andando com dificuldade pela quantidade de bambuzinhos que a todo momento se enroscavam na mochila e pernas. A frente, uma trepa pedra e já era possível ver o acesso ao cume.

Segui em direção a um grande bloco e optei por descer pela direita, mas o caminho estava bem fechado. Voltei e de frente para esse bloco, notei que havia uma passagem pela esquerda, mas seria necessário dominar um lance exposto. Fiz com bastante cuidado e cheguei ao topo do bloco, onde vi algumas pedras empilhadas, formando uma espécie de escalada. Subi nessas pedras, mas não havia mão que me ajudasse a vencer o lance. Mais acima um grampo, mas estava longe e não era possível alcançá-lo. Peguei uma fita longa e depois de algumas tentativas, consegui laçá-la. Segurando bem alto, consegui jogar minha perna para cima e aí ficou fácil subir. Segui caminhando até o cume onde pude apreciar a vista fantástica.

Ventava um pouco e o cume é bem exposto. Depois de ficar um tempo por ali, desci até a base do grande bloco e preparei um café. Ali estava abrigado e mais confortável de ficar. Depois de um tempo, pegamos o caminho de volta.

Esse cume estava engasgado, mas saiu! Qual será o próximo?

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO