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terça-feira, 9 de julho de 2024

Via Jorge de Castro – Agulhinha da Gávea

Por Leandro do Carmo

Via Jorge de Castro – Agulhinha da Gávea

Via Jorge de Castro


Dia: 13/04/2024
Local: São Conrado – Rio de Janeiro - RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Camila Chaves

Vídeo da Via Jorge de Castro


Relato da Via Jorge de Castro

Já fazia um tempo que eu gostaria de conhecer alguma via na Agulhinha da Gávea. Aproveitando o Curso Básico de Escalada do Clube Niteroiense de Montanhismo, havia sugerido de fazer uma aula por lá. Com a ideia aceita, organizamos para que ela fosse a última escalada do curso.

Com o tempo quente, optamos por sair bem cedo de Niterói e assim terminar num horário confortável. Chegamos cedo em São Conrado e de lá subimos a Estrada das Canoas, estacionando próximo ao Mirante das Canoas. Com uma ótima área para estacionamento, esta era a melhor opção, visto que para subir em direção ao estacionamento da Pedra Bonita, era preciso esperar as 8h.

Com todos juntos, seguimos subindo para pegar a trilha. Não é muito óbvio, mas é fácil identificar a entrada. Após passar um trecho da estrada com um elevado, tendo uma mureta à esquerda, segue subindo, acompanhando um muro de pedra à direita. Numa curva para direita, a entrada fica na calçada da esquerda, de quem sobe.

Entramos na trilha e chegamos rápidos até a base. Já tinham algumas cordadas e dava para ver alguns escaladores de longe. Nos preparamos e as cordadas foram dividias. Eu fiz cordada com a Camila. Acabou que todos começaram pela Jorge de Castro. Ricardo emendaria na XV de Novembro, fazendo algumas variantes.

Todos subiram e fomos a última cordada. A primeira cordada segue bem fácil, subindo reto da base e entrando numas fendas, no estilo trepa pedra. A via vai seguindo numa diagonal para direita, até chegar a um platô. Montei a parada e dei segurança para a Camila que chegou rápido. Conseguia ver uma sequência de grampos de uma variante, uma opção interessante. Mas como estava ali pela primeira vez, optei por fazer a via completa.

Descemos andando até a base da segunda enfiada. O Ricardo e o Michel seguiram por uma variante para emendar na XV de Novembro. O Daniel seguiu pela via e fui logo em seguida. Comecei a subir, saindo para direita, entrando no lance do “Rebola”. Já havia ouvido falar do lance, mas passei bem, fazendo um contorno e entrando numa canaleta, fazendo uma diagonal longa para cima. Deu um pouco de arrasto, apesar da costura longo que havia colocado. Achei o trecho bem exposto e quando costurei, percebi que havia pulado um grampo. Continuei subindo até parar num platô bem confortável. Até agora tudo bem e pelo que já havia visto, não teríamos problemas para cima também.

A vista era fantástica. O sol estava ali, mas ainda não incomodava. Percebi que estava com várias picadas de mosquito. Havia várias marquinhas de sangue. O pouco tempo que ficamos lá na base, foi suficiente para o estrago. Saí a terceira enfiada, fazendo uma caminhada com trepa pedras, até parar num platô. A Camila chegou em seguida e me preparei para entrar no crux da via.

Me preparei e avisei para ficar ligada na segurança. Protegi a entrada com um camalot que o Michel havia emprestado. Levei, mas acabei nem usando em lance nenhum para baixo. Posicionei bem o pé e entrei na fenda, num lance de oposição e logo venci o lance, passando bem rápido. Mas acima, montei a parada num grampo acima de um platô bem desconfortável. A Camila chegou em seguida e de lá subiu andando pela trilha. Puxei a corda e enrolei como deu.

O trecho de caminhada começa bem íngreme e escorregadio, por conta da terra solta. Porém foi curto e logo estávamos no cume. Não tínhamos vista. O cume é bem fechado. Aos poucos, todos foram chegando e calmamente fui arrumando o material para a descida. Aproveitei para fazer um lanche e beber uma água.

Já pegando o caminho de volta, pude, enfim, apreciar uma vista fantástica. Agora sim, tinha a sensação de fazer cume. Começamos a descer e ainda paramos para uma bela foto do grupo, com uma visão para a Pedra da Gávea. Seguimos o caminho de volta, chegando ao estacionamento antes da rampa de Vôo da Pedra Bonita. Paramos num local bem agradável e aproveitamos para comprar um lanche e um café. Dali seguimos descendo até o carro, onde comemoramos a grande escalada que fizemos. Um dia bem bonito.

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro

Via Jorge de Castro




quinta-feira, 4 de julho de 2024

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024

Por Leandro do Carmo

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024


Dia: 07/04/2024
Local: Urca – Rio de Janeiro - RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Alberto Porto e Silva Ptizer

Relato

Essa foi a aula de escalada longa do Curso Básico de Escalada do CNM. Optamos por voltar a escalar no Pão-de-Açúcar por representar um ícone da escalada brasileira e além de poder fazer cume numa via bem bonita, uma grande aventura. Saímos cedo de Niterói com o intuito de aliviar o calor que vinha fazendo e conseguir estacionar com tranquilidade na Urca. Já no início da Pista Cláudio Coutinho, nos reunimos e de lá seguimos andando até entrar na trilha. Dali, subimos até a base da Escadinha de Jacó, pois a trilha principal está interditada, devido a um desmoronamento.

Nos equipamos e subimos, seguindo até a base das vias. Repassamos alguns procedimentos e subi para a primeira enfiada. Fui subindo em direção a uma cristaleira em lances bem fáceis até chegar a um ponto onde resolvi montar a parada. Tive que ir sincronizando com a outra cordada para conseguirmos parar em locais confortáveis e um não atrapalhar o outro.

Da nossa primeira parada, subimos até a próxima, passando pelo grande buraco. Há tempos que prefiro passar pela lateral direita dele, evitando passar por dentro. Passei rápido e logo estávamos na segunda parada. A vista impressionava, estava quente, mas pela hora ainda estava tranquilo. Vários barcos cruzando a entrada da Baía de Guanabara. Conseguíamos acompanhar as cordadas que estavam na Heniken.

Já estava há um tempo sem escalar, mas subi bem tranquilo. A via ajudava também. Fazer uma via fácil depois de um tempo sem escalar, dá um pouco mais de segurança. Saí para a terceira enfiada e passei por um trecho bem bonito, várias linhas, como se fossem rasgos na rocha. Montei a parada um pouco para a direita, em um dos grampos da Chaminé Pão-de-Açúcar. A Silvana e o Alberto chegaram logo em seguida.

Era hora de sair para enfiada mais bonita da via. Nesse ponto emendamos na Chaminé Pão-de-Açúcar, até pegar a trilha do Costão. Assim que estava saindo para a quarta enfiada, ouvi um barulho de alguém caindo, com certeza teve uma queda. Parecia em alguma cordada da Heniken. Fiquei olhando, mas como ninguém disse nada, segui escalando. Desviei para a esquerda e longo entrei no trecho vertical. Optei por não costurar uma proteção que fica mais a direita, tendo que dominar uma fenda. Dá um arrasto grande. Porém, o lance fica mais exposto. Mas a quantidade e qualidade de agarras compensa.

Subi com cuidado. Com mãos e pés sempre bem posicionados, fui ganhando altura, até conseguir costurar um grampo, dando mais segurança. Havia passado o pior. Dali para cima, era mais fácil. Entrei na grande canaleta, subindo um pouco mais e resolvi montar a parada onde fosse melhor acompanhar os participante. Não tinha contato visual, mas foi possível gritar para a Silvana e o Alberto, que responderam em seguida, subindo rápidos até a parada.

Dali, já dava para ver o final da via. Faltavam poucos metros para o platô. Na hora que o sol apertou, já estávamos nos aproximando do fim da escalada. Escalei metros finais, dando segurança no platô. Trecho curto onde as vias se encontram, sendo também final para Heniken. Logo em seguida, as outras cordadas começaram a chegar e foi que descobri que o barulho havia sido uma queda do Daniel, mas foi tudo bem, só um pequeno ralado.

Faltava apenas uma cordada, que demorou um pouco devido ao calor. Esperamos no final do trecho de escalada da Trilha do Costão, onde estava uma sombra agradável. Com todos reunidos, seguimos subindo até pararmos para uma foto do grupo na Pedra Filosofal. Mais um pouco de caminhada, estávamos no cume do Pão-de-Açúcar. Agora podia de dizer que a escalada havia acabado. Uma grande escalada num dia maravilhoso.



Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024

Via Bohemia Gelada/Chaminé Pão-de-Açúcar – CBE 2024


quinta-feira, 26 de maio de 2022

Iniciando na Canoagem Oceânica

Por Leandro do Carmo

Iniciando na Canoagem Oceânica

Dia: 20/02/2022
Local: Baía de Guanabara
Participantes: Leandro do Carmo  

Tempo total: 2h 47min
Distância: 16,2 km
Velocidade média: 6,1 km/h
Velocidade máxima: 12,1 km/h  
















 Trajeto: Naval x Praia das Flexas x Boa Viagem x UFF x Fortaleza de Santa Cruz x Morcego x Naval

Relato  

Sempre gostei do mar. Mergulho há anos e sempre estou remando de SUP. Mas agora resolvi que buscar outros rumos. Há algum tempo que venho pesquisando sobre expedições de caiaques e remadas mais longas, coisas do tipo: “dar a volta na Ilha Grande”.  Mas acho que agora chegou a hora. Passei alguns meses pesquisando sobre a compra de um caiaque oceânico na qual pudesse levar o equipamento necessário para passar alguns dias parando de praia em praia. Meu medo era comprar um que não fosse tão bom. A inexperiência as vezes cobra seu preço. Em uma pesquisa, achei um anúncio e pelo preço, valeria a pena arriscar. Fui à Campo Grande buscá-lo. E hoje era dia de testá-lo na água!  

Colocar em cima do carro não é fácil. É um caiaque de 6 metros. Dependo de uma pessoa para me ajudar e estar lá disponível para colocar na água e voltar com ele para o carro no retorno. Aproveitei que meu irmão iria remar nesse dia e fomos para o canto da praia de Charitas, ao lado do Clube Naval. O dia estava bom, sem vento. Como era a primeira vez remando num caiaque oceânico. Saí da praia e nas primeiras remadas percebi o quanto ele rende na água. Muito mais que os caiaques pequenos na qual estava acostumado.  

Fui em direção à Icaraí. Não tinha muito definido o trajeto na qual iria fazer. Fui decidindo na hora, à medida que remava. Enquanto me sentisse confortável, iria avançando. Cruzei toda a praia de Icaraí, passando pelo MAC. Dei uma parada rápida na praia da Boa Viagem, aproveitando para beber uma água. Me impressionei como tem um bom rendimento. Isso me animou. Resolvi ir até o Gragoatá, próximo a UFF. Arrastei o caiaque pela pequena faixa de areia da praia e coloquei-o na água novamente. O fundo nesse trecho é de pedras e tomei cuidado para não arrastar o fundo. Pelo lado da ilha da Boa Viagem, estavam formando algumas ondas que podiam dificultar a remada, então resolvi passar pelo outro lado. Aproveitei o intervalo entre as ondas e entrei no caiaque, começando a remar.  

Segui paralelo a litorânea, mas não tão próximo, pois tinha que prestar atenção nas linhas arremessadas dos pescadores. Me afastei um pouco. Já na altura do Forte São Domingos de Gragoatá, percebi um aumento do vento, mas quando me afastei, percebi que deveria ser por conta da sua posição, adentrando ao mar e fazendo uma espécie de barreira, dividindo aquele trecho. Passei por um antigo campo de futebol, bem ao lado da praia do Gragoatá e lembrei do tempo em que ali jogava futebol. Foram várias manhãs de domingo, bons tempos. O campo estava desativado, cercado por tapumes. Hoje, sofre com uma disputa judicial sobre a posse do local. E quem perde somos nós.  

Passei por um pequeno barco de pescadores e já podia ver o Campus da Universidade Federal Fluminense bem de perto, também lembrando da minha época de faculdade. Não estudava ali, o Campus de Administração era no Valonguinho, mas frequentei muito a biblioteca, prédio localizado bem próximo ao mar. Que nostalgia! Assim que contornei o Campus do Gragoatá, pude o Centro de Niterói e estação das Barcas. Resolvi voltar dali.  

Durante a volta, já fui pensando em qual caminho poderia fazer. Resolvi seguir rumo a Fortaleza de Santa Cruz. Dali segui remando. Cruzei a litorânea e aos poucos fui deixando a Ilha da Boa Viagem para trás. Aos poucos fui ficando distante de tudo e lentamente a Fortaleza de Santa ia aumentando de tamanho. Não tinha companhia, além de algumas aves que cruzavam o caminho. Mais alguns minutos e havia chegado bem próximo à Fortaleza, dali, mudei o rumo e segui para a praia de Eva, onde fiz uma parada rápida. Na água novamente, contornei o Morro do Morcego, voltando novamente para o Naval, onde encontrei novamente meu irmão. Ele havia acabado de chegar.  

Para uma primeira vez, achei uma experiência fantástica. Fiquei muito animado com rendimento e das possibilidades que podem se abrir! Missão cumprida e já pensando nas próximas.  

 

sábado, 30 de abril de 2022

Remada à Ilha de Cotunduba

Por Leandro do Carmo 

Remada à Ilha de Cotunduba

Dia: 19/03/2022

Local: Urca
Participantes: Leandro do Carmo e Clube Carioca de Canoagem

Tempo total: 3h
Distância: 12,1 km
Velocidade média: 4,6 km/h
Velocidade máxima: 14 km/h 

Remada à Ilha de Cotunduba















Trajeto: Praia da Urca x Ilha de Cotunduba x Praia da Urca


Relato  

Voltando à Urca e ao Clube Carioca de Canoagem, ainda como a segunda etapa do curso de iniciação à Canoagem Oceânica. Consegui marcar uma remada no sábado. Cheguei cedo à Urca. Conseguir estacionar por lá já é uma aventura, mesmo chegando cedo. Consegui deixar o carro bem longe, numa rua sem saída. Dei uma caminhada e fui direto à sede do CCC. Como cheguei bem cedo, ainda fiquei esperando um pouco. Aos poucos, algumas pessoas foram chegando.

Ofereci ajuda para ir colocando os caiaques na areia, como uma forma de ir conhecendo as pessoas de lá. Alinhamos todos os caiaques próximos a água e fizemos os ajustes finais. O sol batia forte. Coloquei um boné e passei protetor solar, além de estar com uma camisa de manga comprida e proteção UV. Entre algumas conversas, o pessoal acabou decidindo remar até a Ilha Cotunduba. Eu, fiquei na minha. Qualquer lugar estaria ótimo. Com todos na água, iniciamos a remada.  

Hoje, estava bem diferente da última vez. O mar bem calmo e sem vento. Remamos entre as embarcações fundeadas e logo estávamos próximo a praia do Forte São João. Continuamos remando até chegar a ponto do Morro Cara de Cão. Ali pude ver os paredões do Forte São João bem de perto, uma novidade para mim. O Forte da Laje estava bem mais em frente e a Fortaleza de Santa Cruz, bem ao fundo, do outro lado da Baía de Guanabara. Me afastei um pouco dos costões, com medo de ser surpreendido por alguma onda. Não queria pagar esse mico logo na minha primeira remada.  

A remada estava bem agradável, mar calmo e quase sem vento. Passamos pela praia de fora e podia ver a face nordeste do Pão-de-Açúcar. Já estive várias vezes escalando o Pão-de-Açúcar, mas vê-lo por esse ângulo é algo bem diferente e fantástico. Seu paredão de gnaisse impressiona! Assim que alcançamos a parte mais extrema do Pão-de-Açúcar, a Ilha Cotunduba aparecia mais destacada na paisagem.  

Aos poucos, fomos nos aproximando. Já conseguia ver a Praia Vermelha. Nesse ponto, conseguia ver as bóias de balizamento do canal. Aí que me dei conta que estávamos na rota de grandes embarcações. Dei uma olhada ao redor e nenhum sinal. Somente pequenas embarcações.  Já bem próximos à Cotunduba, nos dirigimos à noroeste da ilha. Ali há uma enseada formada por uma extensão da ilha, deixando um local bem abrigado e ótimo para um mergulho.  

Tinham alguns pescadores na ilha. Ficamos ali durante um tempo. Aproveitei para beber uma água e fazer algumas fotos do local. Tínhamos uma vista bem bonita do morro do Leme e da praia de Copacabana. Deu para dar uma boa descansada e me preparar para a volta. Depois de um tempo ali, começamos a remar novamente. Contornamos a ilha pela ponta oposta a que chegamos, passando por fora. A volta foi bem rápida e cruzamos por mais embarcações de turismo, um cuidado extra para quem rema na região.  

Passamos novamente pelo Pão-de-Açúcar, Praia de Fora, Morro Cara de Cão, até entrar, novamente, na enseada, em direção à Praia da Urca. Uma ótima remada, num astral fantástico. Uma pena que a distância dificulte iniciar a remada ali pela Urca, mas quem sabe nos encontramos novamente pelas águas da Baía de Guanabara...

Remada à Ilha de Cotunduba

Remada à Ilha de Cotunduba

Remada à Ilha de Cotunduba

Remada à Ilha de Cotunduba

Remada à Ilha de Cotunduba

Remada à Ilha de Cotunduba


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Escalada na Chaminé Gallotti

Por Leandro do Carmo

Escalada na Chaminé Gallotti

Data: 29/05/2021
Local: Pão de Açúcar
Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e Blanco P. Blanco










Vídeo

Essa escalada fazia parte do nosso treino para escalar a Chaminé Cachoeiro, no Pico do Itabira. Na semana anterior, o Blanco e o Luis haviam feito a Chaminé Stop, mas eu não pude ir. Combinamos de chegar á Praia Vermelha, por volta das 8:30. Eu cheguei mais cedo, com o intuito de arrumar uma vaga para estacionar, mas não foi nada fácil. Acabei deixando o carro lá perto da mureta... Um pouco longe... Aproveitei para tomar um café da manhã e de lá, fui para o nosso ponto de encontro.

O Luis chegou em seguida e depois o Blanco. Com tudo pronto, seguimos para a Pista Cláudio Coutinho. Dali, caminhamos até a base. Optamos por fazer a primeira enfiada da Lagartão. A via Lagartão já foi considerada um das vias mais difíceis do Brasil e sua conquista foi muito arrojada. Já na base, nos arrumamos e o Blanco seguiu guiando num trecho mais exposto e com proteções móveis. Em alguns lances foi bem devagar... De baixo, já imaginava o que viria pela frente!

Depois de um tempo, o Blanco chegou à parada e foi minha vez de subir. A saída foi bem tranquila e logo entrei na primeira fenda de meio corpo, bem apertada. Há algumas agarras que ajudam na progressão. Um pouco mais acima, outro sistema de fendas grandes, meio que entalamento de corpo. Passado os pontos apertados, cheguei a um platô, achando que estava tranquilo... Dali, segui por uma pequena passagem mais horizontal para a direita, onde fiz um lance bem delicado, numa saída negativa. As agarras são bem sólidas, mas é um lance de força e técnica, bem aéreo. Com corda de cima, foi tranquilo. Passado o trecho, já conseguia ver o Blanco na parada. E dali até ele, foi bem tranquilo.

O Luis veio logo em seguida e na parada, aproveitamos para tomar uma água e o Blanco escalou mais uns 10 metros até o ponto onde faríamos o rapel até a Gallotti. Iniciamos o rapel que é meio rapel, meio escalada... Não é muito confortável, mas chegamos lá, estávamos entre a P2 e a P3 da Gallotti. Dali seguimos subindo com o Luis guiando. Subi por uma chaminé bem suja e alguns blocos encaixados bem bonitos, me lembrando o filme 127 horas... Alguns lances foram bem apertados. Uma grande aventura...

Escalamos tranquilos até a P5 da via. Estávamos próximos da Oposição da Meia Lua. O Luis saiu para guiar e passou um veneno na virada. Seguiu escalando e aí começaram os problemas. Quando ele saiu do nosso campo de visão, a corda não subia mais. Estava parada. Passamos um longo tempo esperando, pois ele poderia estar num lance mais delicado, mas nada... Resolvi ligar e ele me disse que a corda estava presa e não conseguia puxar e que estava numa posição ruim. Depois de alguns minutos, liguei novamente e ele havia prendido a corda. Então montei a segurança com o pedaço de corda que tínhamos e o Blanco saiu guiar o trecho e tentar liberar a corda para o Luis puxar.

Com isso, o tempo foi passando e a escalada que era para ser tranquila e terminar durante o dia foi ficando no limite. Quando o Blanco chegou à chapeleta após o lance da Meia Lua, eu subi. Cheguei mais acima e no lance de domínio para chegar à chapa, entrei de mal jeito e apoiei a costela meio de lado. Estava em um bico de pedra e o peso do corpo foi esmagando. Na hora, a dor foi grande, mas tinha que continuar. Na chapeleta, o Blanco subiu e aí descobrimos o porquê da corda estar presa: ela estava por cima de um degrau, fazendo um “L”. Não iria correr nunca naquela posição. Liberada a corda, o Luis montou a parada num bico de pedra e dali seguimos subindo.

Quando cheguei à parada, senti que não estava nada bem. Mas a maior preocupação era outra: terminar a escalada com luz do dia. Antes de chegarmos ali, até cogitamos descer por conta do horário, mas também não seria nada fácil. Cometemos um erro gravíssimo: só tínhamos uma lanterna! Ou era subir rápido, ou escalar a noite... Nossa opção foi subir rápido, claro!

Depois de beber um água e comer alguma coisa, o Blanco saiu guiando. Na parada, fui logo em seguida. A chaminé já começa apertada e não é simples. Iniciei um pouco mais para dentro e depois fui saindo, passei pela chapeleta e segui tocando para a direita, numa diagonal, até chegar numa espécie de banco confortável. Dali, já via o Blanco na parada. Faltava pouco!!!!!

O Luis veio em seguida e pedi para ele parar um pouco mais abaixo. Guiei esse último trecho e passar da parede para a entrada foi um lance bem exposto. Dominei um degrau, até alcançar uma pequena árvore na esquerda. As pessoas maiores talvez tenham mais facilidade. Dali, subi pela trilha até onde achei um local mais confortável para dar segue ao Blanco, que veio logo em seguida. Foi chegar, dar uma arrumada na corda e a noite foi chegando. Em cima do laço!

O Blanco passou por mim foi direto para cima. O Luis veio depois e quando ele chegou onde estava, recolhi o que sobrou de corda e subi também. Tudo resolvido! Arrumamos a corda já completamente no escuro e com ajuda da luz do celular. Subimos mais um pouco até chegar á trilha e poucos metros depois, já estávamos no cume do Pão de Açúcar. Descemos de bondinho e paramos no Árabe para lanchar. Foi uma escalada em tanto. Uma escalada de aventura. Um excelente treino para o Itabira... Mal sabia que a minha costela daria trabalho...

Curiosidades sobre a Chaminé Gallotti:

Matéria publicada no site da BBC (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45476624)

O mistério da múmia da Gallotti, que intriga estudiosos quase 70 anos após ser achada no Pão de Açúcar

O mistério teve início na manhã de 19 de setembro de 1949. Lá pelas sete da manhã, cinco amigos - Antônio Marcos de Oliveira, Laércio Martins, Patrick White, Ricardo Menescal e Tadeusz Hollup - se encontram na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, para escalar o Pão de Açúcar.

Não era uma escalada como outra qualquer. Em vez de simplesmente subir o paredão de 396 metros de altura por uma das três vias de acesso já desbravadas, os montanhistas, membros do Clube Excursionista Carioca (CEC), decidiram explorar uma quarta trilha, ainda mais perigosa e arrojada que as anteriores.

"Durante anos, foi considerada a mais difícil escalada do montanhismo brasileiro."

Ainda na clareira que dá acesso ao paredão, Hollup, então com 19 anos, começou a desconfiar de que algo estava errado quando viu um sapato de mulher, deteriorado pelo tempo, em plena Mata Atlântica.

"Será que, daqui a pouco, vamos encontrar a dona do sapato?", perguntou ele, em tom de brincadeira.

"Mesmo assim, não dei muita importância. Joguei o sapato fora e continuamos a subir", explicou em sua última entrevista, dada ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, em 22 de outubro de 2017.

Tadeusz Hollup, o último dos desbravadores da chaminé Gallotti, morreu no dia 27 de agosto de 2018, aos 88 anos.

Havia um cadáver no meio da escalada

Alguns metros acima, Oliveira, o caçula do grupo, com 18 anos, já desbravava a encosta do morro. Dali a pouco, por volta das 11h30, se deparou com um cadáver, preso pela garganta, numa fenda estreita da rocha, apelidada de "chaminé" pelos alpinistas.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o defunto não estava em estado de putrefação e, sim, "mumificado".

 



"Quando o vento bateu mais forte, o cabelo dele, que era enorme, pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa. Fiquei apavorado!", relatou Oliveira no documentário Cinquentona Gallotti (2004), escrito e dirigido por Priscilla Botto e Paulo de Barros.

Na mesma hora, berrou para os amigos: "Ó, tem uma pessoa morta aqui!".

Hollup e Menescal caíram na gargalhada. "Que história é essa?", quis saber Hollup, aos risos.

"Achou a dona do sapato?", fez graça Menescal. Os dois levaram na brincadeira. Mas Oliveira, não. Quando chegaram ao local, tomaram um susto daqueles. A coisa era séria mesmo.

Diante da "descoberta" macabra, os amigos resolveram suspender a escalada e avisar a polícia. A tão sonhada conquista da chaminé Gallotti - proeza alcançada só cinco anos depois, em 1954 - teria que ficar para outro dia.

 

A "descoberta" da múmia virou notícia em todos os jornais. Para espanto geral, o laudo, assinado pelo médico-legista José Seve Neto, desfez o mal-entendido: o cadáver não era de mulher, como imaginado inicialmente por causa da vasta cabeleira, mas de um homem.Na manhã seguinte, os cinco voltaram à Urca, acompanhados de policiais, repórteres e legistas. Munidos de grampos, martelos e brocas, desceram o corpo da "múmia" até a clareira, onde estavam os bombeiros. Naquela época, os escaladores usavam cordas de sisal e coturnos com tachas. Tudo muito rudimentar para os padrões atuais.

Segundo a nota publicada na edição do dia 20 de setembro de 1949, do jornal O Globo, os restos mortais pertenciam a "indivíduo de cor branca, com 35 anos presumíveis, de 'compleixão' (sic) franzina e com 1,60 m de altura".

Ainda de acordo com o laudo, o defunto, que vestia um suéter e uma camisa sem mangas de algodão, não apresentava sinais de fratura, nem vestígio de bala ou facada. E o pior: não trazia documentos.

"Os legistas concluíram que o cadáver estava lá havia uns seis meses, pelo menos", relata Oliveira.

"Foi mumificado devido à maresia."

O químico Emiliano Chemello, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), explica que a maresia pode ter ajudado, sim, na mumificação do cadáver. Isso porque o sal presente nela absorve a água, retardando processo de decomposição do corpo.

"Os antigos egípcios usavam um minério chamado natrão, rico em carbonato de sódio. Eles empacotavam o natrão, em pequenas bolsas, dentro do corpo da múmia, além de jogarem um punhado do minério sobre o cadáver. Quarenta dias depois, o defunto estava encolhido e duro", diz.

Que fim levou a 'múmia' carioca?

Apesar de toda a repercussão nos jornais da época, nenhum amigo, parente ou familiar apareceu no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo. De quem era o cadáver encontrado na chaminé Gallotti? Ninguém sabe. A identidade da "múmia", sete décadas depois, continua ignorada.

 


Mas essa é apenas uma das muitas perguntas sem resposta. Outra: como foi parar lá? Há várias hipóteses: de suicídio a assassinato. Para o extinto jornal A Noite, um dos muitos a cobrir o caso, os restos mortais pertenciam a um mendigo que teria se jogado morro abaixo.

Rodolfo Campos, roteirista e diretor do curta A Múmia da Gallotti (2009), tem outra versão: "Por ser um homem vestido de mulher e ter os cabelos compridos, suspeito que fosse um travesti que, talvez, estivesse fugindo de alguém ou tentando se esconder na mata. Mas é impossível afirmar com certeza".

Será que, no fim das contas, o mistério da "múmia" carioca esconde um caso de transfobia?

Há quem sustente, ainda, a tese de que o corpo seria de algum morador de uma favela próxima, localizada entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar.

O historiador Milton Teixeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), rebate essa teoria. Ele explica que, naquele local, há uma caverna e que, nos anos 1940, morou ali um português que vivia da pesca e da venda de artesanato. Nos anos 1960, o tal eremita ganhou a companhia de um casal de retirantes cearenses.

"Em 1968, os militares ordenaram a saída dos três e hoje, na caverna, vivem apenas morcegos", arremata o historiador.

Outra pergunta intrigante: que fim levou a "múmia" do Pão de Açúcar? Tudo indica que, a exemplo das peças egípcias que faziam parte do acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional, teve destino trágico. A diferença é que, em vez de ter sido consumida pelas chamas de um incêndio, teria sido sepultada como indigente por falta de documentação e reconhecimento familiar.

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Algumas fotos da escalada