Com a pandemia do Corona Vírus, havia ficado cerca de 2 anos
sem mergulhar. É muito tempo! Quando recebi o convite da Corsário Divers,
informando do mergulho, tratei logo de confirmar minha presença. Tinha um pouco
mais de 1 mês para colocar tudo em dia. Meu equipamento estava há todo esse
tempo guardado. Meu colete já havia quebrado o encaixe da rosca das válvulas de
segurança e da traqueia. Isso já sabia que tinha que consertar. Meu regulador,
contando esses dois anos, mais o tempo da última revisão, já pedia manutenção
urgente! Bom, não teve jeito... Enviei tudo de uma vez para a CPCATIV SUB –
Manutenção de Equipamentos de Mergulho. Com tudo em mãos, foi só esperar o dia
chegar...
Arrumei todo o equipamento na véspera. Dei uma conferida
extra em tudo para ter certeza de que não iria esquecer nada. Os dias andavam
chuvosos, mas isso não me preocupava muito. Queria mais era dar uma treinada e
ver como iria me comportar depois de tanto tempo sem mergulho. O ponto de
encontro foi marcado no Cais da Praia dos Anjos, as 08h 30min. Para chegar lá
tranquilo, saí de Niterói as 5h da manhã. A viagem foi tranquila e cheguei lá
as 07h30min, com tempo suficiente para estacionar o carro tranquilo e tomar um
café da manhã.
Cheguei no Cais no horário combinado e foi só esperar todos
chegarem. Com todo mundo reunido, embarcamos no Tora Tora para o tão esperado
mergulho. Era uma manhã bem agradável. Nosso primeiro mergulho seria na Ilha dos
Porcos. A navegação foi rápida, tão rápida que já tem que sair arrumando as
coisas. Depois de assistir ao breafing da equipe da SeaQuest, dividimos os
grupos e as duplas. Minha dupla seria o Fernando Pessoa.
Com tudo pronto, fomos para água. Levando em consideração
que estávamos em Arraial do Cabo, nem estava tão frio assim, algo próximo dos
18°C. Já na água, juntamos nosso grupo e olhando a corrente, decidimos começar
indo contra a corrente para depois voltar a favor dela. Era hora de ir para o
fundo. Levantei a traqueia, esvaziei o colete e comecei a descer. Desci
lentamente até próximo dos 6 metros, onde comecei a bater pernas e iniciei
mergulho.
A visibilidade não estava muito boa. Minha preocupação era
conseguir compensar o ouvido, mas estava tudo tranquilo. Nesse primeiro
mergulho, nem trouxe minha máquina, achei que fosse mais uma coisa para me
preocupar. Queria mesmo era curtir. Avistei vários peixes como Salema, Baiacu,
Cofre, borboleta, etc. Muitas águas-vivas naquele ponto. Ainda avistei uma
tartaruga e uma moreia. Eram vários cardumes. Além dos peixes, muitos corais e
outros animais como estrelas do mar davam o um toque especial ao mergulho.
A todo momento acompanhava o tempo e a quantidade de ar.
Havia começado meio tenso e com a respiração mais rápida, o que me fez consumir
mais ar que o de costume, mas conforme o tempo foi passando, voltei ao meu
ritmo de sempre. Com cerca de metade de ar na garrafa, começamos o retorno. Na
volta, cruzamos com diversos outros mergulhadores. Chegamos num ponto e fomos
para a superfície e vimos que o barco ainda estava um pouco longe, aí descemos
novamente pois seria mais fácil ir pelo fundo do que nadando na superfície.
Mais alguns minutos e subimos praticamente ao lado do barco. Primeiro mergulho
completo, tudo certo. Agora era hora do descanso e se preparar para o próximo.
Entrou um vento mais forte, o que inviabilizava outro
mergulho por aquele lado. O segundo mergulho foi no lado oposto de onde
estávamos, um pouco depois da Praia do Forno. Em poucos minutos já estávamos no
segundo ponto de mergulho, deu menos tempo ainda para se arrumar, mas já estava
tudo meio que encaminhado e foi mais rápido. Aos poucos, todos começaram a ir
para água. Equipamento arrumado, era hora de ir para água. Sempre acho o segundo
mergulho mais difícil de iniciar. Com corpo já seco e quente, ter que colocar a
roupa molhada e cair na água é um sofrimento, mas logo passa...
Já na água, nos distanciamos um pouco do barco. Quase não
ventava e estava bem parado, sem corrente. Desinflei o colete e fui para o
fundo. Já estava bem mais tranquilo. A temperatura estava bem agradável também,
21°C. Optamos por seguir para a direita e fomos nadando suavemente. Tinha menos
peixe nesse trecho, mas estava mais agradável que o primeiro. Foi um mergulhos em
muitas surpresas.
De volta ao barco, tratei de arrumar logo as coisas na
bolsa, pois a navegação de volta também era rápida. Passamos pela Praia do
Forno e logo estávamos de volta ao cais. Ali, nos despedimos e peguei a estada
novamente para Niterói. Pra quem estava esse tempo todo sem mergulhar, até que
foi excelente. Pronto para a próxima!
Esse é o vídeo do dia que fizemos um grande mutirão na RESEX Itaipú em parceria com Parque Estadual da Serra da Tiririca. Foram diversas ações na praia e laguna de Itaipú. Estima-se que foram retirados cerca de 3 toneladas de lixo. Esse vídeo é só uma parte desse grande evento.
Um agradecimento especial ao João Paulo e ao Ângelo Cordeiro que me acompanharam no mergulho e ao meu irmão Leonardo Carmo e meu tio Renato Rubis que nos deram apoio logístico nos caiaques.
Confira como foi!!! Para ler o relato e ver as fotos clique aqui.
Projeto Limpando Nossa Praia - Um mergulho consciente!!!
Local: Praia de Itaipu
Dia 20/09/2014
Participantes: Leandro do Carmo, João Paulo Neto, Leonardo Carmo, Renato Rubis e Angelo Cordeiro
Relato
A ideia de fazer um mergulho para limpar o fundo já era um
projeto antigo. Sempre esbarrei na falta de participantes. Conversando com o
Felipe Queiroz do Parque Estadual da Serra da Tiririca, fiquei sabendo que teria
um evento de limpeza na praia de Itaipú. Fiz alguns contatos e logo arrumei um
voluntário, o João Paulo. Ele ficou bastante entusiasmado com a idéia e logo
nos organizamos. Fizemos vários convites, mas no final das contas, estávamos em
apenas três para o mergulho. Pouca
gente, mas o suficiente para efetuarmos o trabalho.
Com tudo certo, fui procurar alguém para ficar no apoio com
os caiaques. Meu medo era ficar muito vulnerável com o movimento das
embarcações na superfície. Assim falei com meu tio, o Renato e meu irmão
Leonardo, que logo aceitaram o convite. Assim estávamos com a equipe completa.
No dia do evento, o João Paulo foi pegar as garrafas alugada
em Jurujuba. Eu, meu irmão e meu tio, chegamos cedo em Itaipu, pois nosso medo
era não conseguir um bom lugar para estacionar e ter que carregar o equipamento
por uma distância maior. Ficamos bem localizados e assim que estacionamos o
carro, fomos retirando os caiaques de cima do carro, deixando tudo pronto. Algum
tempo depois, o pessoal do Parque Estadual da Serra da Tiririca – PESET chegou
e montou o stand que receberia os voluntários.Fui até a praia, onde outro grupo também organizava atividades,
inclusive uma de mergulho. Ali estava a maior concentração de pessoas. Voltei e
meu irmão e meu tio foram para a água dar uma remada enquanto eu aguardava o
João Paulo.
Nesse meio tempo, o João Paulo me ligou dizendo que tinha
que esperar encher as garrafas, pois as que tínhamos alugado, foram levadas por
outra pessoa.Paciência. . . Era preciso
20 minutos para encher uma. Como havíamos alugado 3, teríamos um atraso de 1
hora. Não tinha outra maneira a não ser esperar. Depois de algum tempo, dei uma ligada para o João Paulo que
falou que já estava no estacionamento. Fui até lá, peguei os últimos
equipamentos e levamos tudo para a areia. Já tinha bastante gente quando
chegamos. Algumas pessoas já haviam começado a coleta de lixo na praia.
Com tudo pronto, decidimos que começaríamos o mergulho numa
pequena enseada e seguiríamos batendo o fundo até um determinado ponto mais a
frente.Levamos tudo para a água e fomos
colocando em cima do caiaque. O meu ficou super lotado: duas garrafas com
colete, cintos de lastro, roupa, nadadeira e mais algumas coisas. Meu tio levou
algumas coisas e o meu irmão, como tem um caiaque fechado, teve que rebocar uma
garrafa com um colete, o que deu um arrasto forte. O João Paulo e o Ângelo
seguiram pela areia e foram caminhando até o nosso ponto de saída.
Fui remando até lá e vi que o mar estava um pouco mexido.
Mas ali era raso e daria para desembarcar o equipamento. Não estava muito confortável,
mas foi o que deu. Tinha muito ouriço no fundo de pedras, o que nos rendeu
alguns espinhos no pé. Rapidamente nos arrumamos e seguimos até um ponto mais tranquilo.
Ali, combinamos que o Leonardo e o Renato nos acompanhariam durante o mergulho,
dando o apoio necessário. Faríamos 30 minutos de mergulho, subiríamos até a superfície
e programaríamos o próximo.
Assim fizemos. Descemos e fomos seguindo. A visibilidade não
era das piores. Já nesse começo, retiramos alguns plásticos e mais a frente vimos
uma âncora, que marcamos o local para voltar um outro dia. Mais a frente,
retiramos alguns cabos e redes e fizemos nossa primeira subida à superfície. Deixamos
nos caiaques o material recolhido evoltamos para o fundo.
Continuamos nosso mergulho e mais a frente, retiramos mais
rede e cabos enroscados, que por sinal é o que mais tem no local. Deu muito
trabalho, pois estava bem preso entre os corais e tínhamos que cortar os cabos
e ir dividindo em pedaços menores, para facilitar a retirada. Soltei também, um
grande pote de plástico que estava preso e um grande pedaço de rede.
Quando estávamos com uns 40 minutos de mergulho, subimos e
decidimos ir voltando devagar. Na volta, encontramos um barco que nos avisou
que havia uma grande rede bem abaixo deles e que não estavam conseguindo
tirá-la. Descemos e analisamos o local. Vi que ela estava agarrada em duas
grandes garatéias e enroladas em cabos. Vi que para tirá-la, precisaria
cortá-los. Assim começamos. Cortamos alguns cabos e fomos puxando e, devagar, a
rede foi soltando. O problema agora era conseguir trazê-la para a superfície.
Eu, João Paulo e o Angêlo seguramos nos cabos e começamos a subir. Fizemos
muita força, mas conseguimos chegar à superfície. Tivemos ajuda do barqueiro
Léo, onde conseguimos colocá-la em cima do barco, finalizando com sucesso o
resgate.
Como essa subida foi bem cansativa, aceitamos a carona do
Léo até a praia. No caminho ouvimos alguém pedir ajuda, eram dois mergulhadores
que tinham achado uma tampa de fogão, mas que pelo peso, não estavam
conseguindo subir com ela. Arrumamos um cabo no barco e o João Paulo desceu e
amarrou a tampa e cortou alguns cabos que a prendiam, assim, do barco,
conseguimos puxá-la. Com mais esse inusitado lixo, ouvimos mais dois
mergulhadores chamarem Um deles, era o Sérgio Schueler avisando que acharam um
triciclo. Chegamos perto, puxamos o cabo e colocamo-lo dentro do barco. Agora
sim estávamos pronto para voltar.
Chegamos à praia e tinha tanto lixo que foi preciso colocar
o barco na areia para retirar tudo. Algumas pessoas ajudaram e assim ficou mais
fácil. Levamos tudo para um local reservado na praia, onde alguns biólogos
faziam a separação e retiravam alguns seres marinhos que estavam presos na rede
e nos cabos.
Missão cumprida!!! Pousamos para a foto junto com o nosso
troféu!!! Valeu pessoal e que essa seja a primeira de muitas!!!! Até a próxima!!!!
Cabo Frio é a maior cidade da Região dos Lagos. Suas belas e famosas praias, como a Praia do Forte e a Praia do Peró, nos dão uma ideia do que é o mergulho no local. Os mergulhos estão concentrados num conjunto de ilhas próximo a costa, o que acessamos com pouco de tempo de navegação. Ainda não tinha mergulhado no local, não sabia o que estava perdendo. Excelente!!!! Confira:
Cabo Frio é um município do estado do Rio de Janeiro.
Localiza-se a 22º52'46" de latitude sul e 42º01'07" de longitude oeste,
a uma altitude de quatro metros acima do nível do mar. Faz divisa com Armação
dos Búzios a leste, Arraial do Cabo a sul, Araruama e São Pedro da Aldeia a
oeste, e Casimiro de Abreu e Silva Jardim a norte. É o sétimo município mais
antigo do Brasil e o principal da Região dos Lagos. Possui 200.380 habitantes,
segundo estimativa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística em agosto de 2013.
Descoberto por Américo Vespúcio em 1503, Cabo Frio teve a
sua colonização marcada pelo constante ataque de piratas franceses e
holandeses. A cidade povoada através de concessões de sesmarias, foi o ponto de
partida para exploração do pau-brasil. Em 1615, os franceses foram derrotados
pelos portugueses. E em 13 de novembro do mesmo ano fundam a cidade Santa
Helena. Em 15 de agosto de 1616 instala-se o município, passando a cidade
chamar-se Nossa Senhora da Assunção de Cabo Frio.
Até o século XIX, a economia baseava-se na agricultura com
mão-de-obra escrava. A abolição da escravatura ocasionou o colapso econômico;
só se restabelecendo bem mais tarde com o desenvolvimento da indústria do sal,
da pesca e do turismo, sobretudo após a implantação da rodovia e da estrada de
ferro, esta última, hoje, desativada.
Pontos de Mergulho:
Ilha Comprida
Ilha do Breu
Ilhas das Emerências (de Dentro e de Fora)
Ilha Dois Irmãos
Ilha dos Capões
Ilha dos Papagaios
Ilha dos Pargos
Ilha Redonda
Laje do Foguete
Laje do Peró
Relato
Ainda não havia mergulhado em Cabo Frio e há muito tempo
ouvia falar dos pontos de mergulho do local. Surgiu essa oportunidade de ir com
a Corsários Divers e não pensei duas vezes. Aceitei o convite. Nosso ponto de
encontro foi em frente ao condomínio onde mora o Leandro Pessoa, em Manilha.
Marcamos às 05:40h e saímos por volta das 06:00h. Ainda paramos em um ponto da
Via Lagos para tomar um café da manhã e seguir viagem.
Chegamos no local de saída, que fica ao lado do Mercado
Municipal de Peixes de Cabo Frio. Lá tem um amplo estacionamento, o que
facilita muito para a logística. Seguimos até a operadora Over Sea e fomos
arrumando as coisas dentro do barco. Não lembro em quanto estávamos, mas estava
cheio, é muito melhor mergulhar em saídas assim, com amigos se torna muito mais
agradável. Posso até não conhecer todo mundo, mas amigo de amigo, amigo é!!!!
Como estávamos em um grupo grande, tudo tinha que está bem
organizado, pois se não, seria uma confusão dentro do barco. A tática que o
Leandro Pessoa arrumou foi a seguinte: separava os grupos e indicava os
cilindros que iriam utilizar, assim já poderíamos entrar no barco e ir
arrumando o equipamento. Deixei quse tudo pronto antes mesmo do barco sair.
Ainda não estava definido o local do mergulho, dependíamos
das condições do mar. Pelas notícias que tivemos durante a semana, a
visibilidade estava quase a 15 metros. A expectativa era grande. Curtimos a
navegação no canal Itajuru, apreciando as belas lanchas e mansões nas suas
margens. Na saída da barra, a visão do Forte São Matheus e a praia do Forte,
eram um espetáculo a parte. Ao sair do canal, o vento estava forte, deixando o
mar um pouco mexido. Alguns enjoaram. Seguimos para o lado oeste da Ilha
Comprida, nosso primeiro mergulho do dia.
Primeiro Mergulho – Ilha Comprida
---------------------------------------------
Perfil do Mergulho
Tempo de Mergulho: 61 min
Profundidade Máxima: 11 m
Início do Mergulho: 10:35 h
Temperatura da água: 22°C
---------------------------------------------
Não foi o melhor local para ancorar, mas não estava nem aí,
queria era cair logo na água e antes mesmo do barco desligar os motores, já
estava pronto. Esperava apenas o meu grupo. Ainda bem que todos foram rápidos e
alguns minutos depois já estávamos dentro d’água. O dia estava bem agradável. A
água é que estava um pouco fria. Porém, a visibilidade estava boa e compensava
qualquer coisa. Começamos a descer e quando estávamos no fundo, foi só esperar
o OK de todos para iniciarmos nosso mergulho. Nessa primeira parte, como
referencial, tínhamos a Ilha Comprida a nossa direita, assim, voltaríamos com
ela a nossa esquerda.
De cara já vemos muitas gorgônias, conhecidas com Orelha de
Elefante, que balançam lentamente com a corrente, formando um belo espetáculo.
Um pouco mais a frente uma arraia repousava no fundo. Fomos seguindo
acompanhando pequenos peixes mas nada que impressionasse. Acho que fiquei mau
acostumado com Abrolhos... Numa toca, um pouco depois, uma moreia pintada nos
recebia com seu famoso movimento de abrir e fechar a boca, utilizado para
forçar a entrada de água para as brânquias, conseguindo, assim respirar, visto
que ficam maior parte do tempo paradas dentro da toca. Muitos tem medo de
chegar perto, mas com certeza passamos por muitas e nem nos damos conta, se não
a ameaçarmos, não teremos problemas!
Passei e vi um pontinho azul numa pedra, voltei e vi que era
um nudibrânquio, há tempos que não via um. O refluxo ali estava um pouco forte,
o que não permitiu bater fotos ou filmá-lo como queria. Seguimos até um pouco
mais a frente e começamos o nosso retorno, agora com a pequena corrente a nosso
favor. Na volta, mais uma moreia. Agora ela estava repousando numa fenda, sem a
sua posição tradicional. Alguns baiacus e um peixe cofre, roubaram a cena nessa
volta. Continuamos e chegamos bem em baixo do barco, onde fizemos nossa parada
de segurança e retornamos a superfície.
No barco já deixei o equipamento pronto para o próximo
mergulho. Assim quando todos começassem a subir, daria espaço para cada um arrumar
o seu. Aproveitei para pegar um pouco de sol na proa da embarcação e fazer um
lanche. A essa altura a fome já apertava. Aos poucos, todos foram subindo. E
após a tradicional chamada, navegamos até o nosso próximo ponto de mergulho, a
Ilha dos Papagaios.
Segundo Mergulho – Ilha dos Papagaios
---------------------------------------------
Perfil do Mergulho
Intervalo de Superfície: 01:07 h
Tempo de Mergulho: 62 min
Profundidade Máxima: 16,1 m
Início do Mergulho: 12:43 h
Temperatura da água: 22°C
---------------------------------------------
A navegação foi mais tranquila que na ida. Tínhamos o vento
a nosso favor. Depois de alguns minutos, estávamos já ancorados e nos
preparamos para o próximo mergulho. Dessa vez, mergulharíamos no Ilha dos
Papagaios, a ilha mais visitada da região, devido a proximidade da saída do
canal e por ser um local abrigado dos ventos predominantes da região. Nosso
ponto de mergulho seria na terceira enseada na face oeste.
Depois de tudo pronto, caímos logo na água, afinal de
contas, estávamos ali para isso! Seguimos com a ilha a nossa esquerda. Logo de
cara já deu para perceber que esse mergulho seria melhor que outro. Tinha muito
mais vida. Muitos mais peixe pelo caminho.
Mais a frente, uma grande tartaruga repousava entre as
pedras. A oportunidade de filmá-la e fotografá-la bem de perto. No começo, ela
nem se incomodou, parecia que nem estávamos ali. Mas aí já viu... Abusamos um
pouco e chegamos tão perto que não teve jeito, ela bateu em retirada...
Continuamos nosso mergulho e para minha surpresa vi um polvo, tinha acabado de
soltar sua tinta preta, tentando se defender de quem chegou um pouco perto
demais. Fiquei ali ainda algum tempo vendo-o se movimentar de um lado para o
outro. Ver um polvo fora da toca, a essa hora, não é uma coisa tão comum.
Mas as boas surpresas não pararam por aí. Um grande cardume
de filhote de olho de cão, pelo menos era o que parecia, estava estacionado
mais a frente. Um belo visual. Por vezes passava pelo lado, por baixo, por
entre e parecia que eles não se importavam com a minha presença. Seguimos um
pouco mais para o fundo, atingindo 21 metros. Voltamos logo em seguida pois não
havia muita coisa de interessante.
Na volta passamos por duas grandes manilhas colocadas lado a
lado, sem muito atrativo. Na hora tentei imaginar o motivo, que só fiquei
sabendo mais tarde, depois de uma pesquisa na internet, que fora colocado ali
para a criação de recife artificial. Passamos por um ponto, já na volta, onde o
refluxo ficou mais forte, hora jogava para frente, hora, para trás. Acelerei um
pouco para passar do local. Ameaçou a me dar câimbra na perna esquerda. Dei uma
alonga e aliviei um pouco a batida nessa perna, sem forçar outra.
Segui bem devagar até em baixo do barco, onde fiz a parada
de segurança e subi até a superfície. No barco, foi comemorar o grande
mergulho. Comentei que esse, havia sido melhor que o primeiro e todos
concordaram comigo. Arrumei todo o equipamento, assim ficaria tranquilo durante
o resto do tempo. Aproveitei para tomar um pouco de sol. Aos poucos todos foram
subindo a bordo e iniciamos a nossa volta.
Por enquanto a navegação estava tranquila, ainda estávamos
abrigado do vento, passando pelas segunda e primeira enseada. O comandante do
barco pediu para que ninguém ficasse sentado nas bordas da embarcação. Em breve
entraríamos na parte agitada da navegação. De onde estávamos, dava para ver,
mais a frente, que o mar estava grosso. Ultrapassamos a ponta da ilha e entramos
na zona do vento. Navegamos ainda mais alguns metros numa diagonal, com algumas
ondas atingindo o barco a boreste, até que numa rápida manobra, o comandante
colocou o barco com o vento de popa. Aí, foi só seguir até a entrada da boca da
barra, onde entramos, sem problemas, no canal Itajurú. Ali estava sem vento e
navegamos até o cais, todos com o sorriso nos rosto e aquele gostinho de quero
mais!!!
Sábado, dia 22, foi dia do lançamento do filme Expedição Abrolhos. Nos reunimos na Escola de Mergulho Corsários Divers, em Itaboraí. Foi muito bom poder rever os amigos e rir um pouco, lembrando das histórias engraçadas. Para quem viu, esse é o momento de rever o filme e para quem não viu, essa é a hora!!!!! Já bateu a saudade...
Clique aqui para ver as fotos e o relato dessa maravilhosa viagem!
O nome Abrolhos veio de uma anotação da carta de navegação
de Américo Vespúcio. Quando, em 1503, passou por essa região, escreveu: “Quando
te aproximares da terra, abre os olhos”. Os inúmeros corais existentes na
região dificultavam a navegação e eram responsáveis por frequentes acidentes e
naufrágios. A advertência acabou batizando o arquipélago de Abrolhos,
que se tornou o primeiro Parque Nacional Marinho da América do Sul. Das cinco
ilhas que formam o arquipélago Siriba, Redonda, Guarita, Sueste e Santa Bárbara
somente esta última fica fora do Parque e pertence à Marinha do Brasil. Devido
aos vários acidentes, em 1861 foi instalado um farol na Ilha de Santa Bárbara,
cuja estrutura é de ferro inglês, e as lentes e maquinário, franceses. Até
algumas décadas atrás, o farol ainda funcionava movido a querosene. Hoje, sua
iluminação é elétrica e tem um alcance de 32 milhas náuticas.
Relato
Difícil até de descrever como foram os mergulhos... algo
como fantástico!!!! Tirando o fato de terem sido “apenas” cinco mergulhos, o
“resto” foi perfeito!!!! rs Esqueci até das 17 horas de viagem da ida e das 15,
da volta... Difícil vai ser mergulhar aqui pelo Rio!!!! rs
Depois de termos feito a Expedição Guarapari em março de
2013, o Leandro Pessoa, da Escola de Mergulho Corsários Divers, lançou o
convite para Abrolhos. Não tinha como ficar de fora dessa. Acertado a data foi
esperar ansiosamente pela hora de partida.
Na semana da viagem, foi organizar o equipamento, verificar
as lanternas, pilhas, máquinas fotográticas, etc... E como programado, às cinco
da manhã do dia 9 de janeiro, estávamos em Manilha para a saída. A viagem seria
longa... Até Caravellas, na Bahia, são aproximadamente 910 km, o que daria umas
14 a 15 horas de viagem, isso na teoria, é claro! Como na prática é bem
diferente, levamos 17 horas até a pousada, uma viagem bastante cansativa. Mas a
expectativa era tão grande que nada conseguia me desanimar. Chegamos na pousada
por volta das 10 horas da noite. Separamos os quartos e fomos procurar um lugar
para comer alguma coisa. Caravellas não tem muitos atrativos, pelo menos onde
estávamos... Tivemos que ir rápido, pois lá, os estabelecimentos costumam não
fechar muito tarde e já passava das 11 da noite. Comemos uma pizza e voltamos
para a pousada.
No dia seguinte, às seis já estávamos prontos para o café da
manhã. Não demoramos muito para ir em direção ao Píer, afinal de contas, era o
que mais queríamos naquele momento. Já no píer, foi hora de dividir os barcos e
colocar todo o equipamento dentro. Um grupo foi no catamarã Netuno e eu fui no
Zeus. A navegação foi tranquila, com mar bem calmo, ainda bem! Ninguém enjoou.
Foram três horas e pouca de navegação. A distância de Caravellas até o
arquipélago é de aproximadamente 70 km. O clima no barco era de total de
descontração. Isso faz a diferença!!! Há um tempo atrás fiz um mergulho em Recife
e não conhecer ninguém, às vezes se torna chato! Além da galera super gente
fina, a tripulação do barco também foi nota 10!!!!
Em um certo ponto da navegação, não se via mais nada além do
mar... O Netuno era bem mais rápido que o Zeus, que apesar das velas içadas,
foi ficando para trás. Em um certo momento, vi alguma coisa no horizonte e tive
a certeza que estava no caminho certo! Era ele, o tão famoso arquipélago de
Abrolhos! O sorriso que estava em nossos rostos, aumentou mais ainda! Para
ganharmos tempo, o almoço foi servido durante a navegação, assim, quando
chegássemos lá, poderíamos fazer imediatamente o primeiro mergulho. Mas que
almoço... A Maria caprichou na carne de siri. Não perde para nenhum restaurante
em terra! Foi uma pena não poder comer muito... Ainda estava preocupado em não
marear. Almoço feito, foi descansar um pouco e começar a arrumar o equipamento
para o mergulho.
Quando chegamos, a galera do Netuno já havia feito o
primeiro mergulho. Nosso primeiro mergulho seria na Língua da Siriba. A Língua
da Siriba é uma extensão da Ilha Siriba em formato de cunha, voltada para
noroeste com aproximadamente 200 mts de comprimento, a parte que é feito os
mergulhos é o lado de nordeste. A língua é formada de rocha e coral franja, que
termina abruptamente na areia, onde é encontrado alguns tipos de peixes
diferentes como por exemplo, guarajuba, raia chita, um tipo de dentão semi
listrado sem lágrima, cardumes de salema, cambumba, sargos, sardas, também
encontrados cações, badejos, garoupas, frades, corais cérebros e lagostas. Foi
dividido os grupos e duplas e fomos para a água.
1º Mergulho – Língua da Siriba
Profundidade Máxima: 13m
Tempo total de fundo: 57min
Desci, dei uma ajustada no colete e começamos nosso passeio!
De cara já deu para perceber o paraíso onde estávamos... Os peixes que costumo sempre ver como
Salemas, Cocorocas, Budiões, entre outros, são umas 3 vezes maior!!!!! Aqui não
tem miséria... rs. O local é bastante rico em vida. Os corais são um espetáculo
a parte. Passamos por algumas tocas onde tinham algumas lagostas. Badejos, cirurgiões e muitos outros peixes,
cruzavam nosso caminho a todo momento, como se nem estivéssemos ali. O Thomas,
guia da Apecatu, me chamou e apontou para uma toca. Fiquei olhando, procurando
o motivo da indicação. Não estava vendo nada de interessante... Ele
praticamente girou minha cabeça para ver o badejo que estava a dois palmos de
mim!!!!! Impressionante! Acho que foi o maior peixe que já havia visto!!!! Com
o passar do tempo, percebi que comecei a ficar muito positivo e quando vi, meu
colete estava inflado. Logo o desinflei e vi que o power estava vazando ar,
tive manter o colete vazio durante o resto mergulho. Grandes cardumes de
salemas e cocorocas nos circulavam a todo momento. Quando o manômetro marcava
100, a metade do ar que tinha, começamos a retornar para o ponto inicial.
Ficamos em média, a uma profundidade de 10 metros, sendo a máxima que atingi,
de 13. Já de volta, no cabo da poita, fizemos uma parada de segurança aos 5
metros e retornamos a superfície.
De volta ao barco, fiquei pensando: nunca tinha visto peixes
tão grandes quanto aqui. O que uma área de preservação não faz....
No intervalo, ficamos sabendo que foi autorizada a nossa
visita à Ilha de Santa Bárbara, hoje sob jurisdição da Marinha. Ela seria feita
depois do nosso segundo mergulho. Fiz um lanche, dei uma organizada no
equipamento, troquei a garrafa e fiquei esperando que todos estivessem prontos.
2º Mergulho – Portinho Sul -
Ilha de Santa Bárbara
Intervalo de superfície: 1 h
Profundidade máxima: 10m
Tempo total de fundo: 55 min
O Portinho Sul fica em frente a praia da Ilha Santa Bárbara voltada para
sudoeste, com profundidade máxima de 8 mts formado de coral franja, com peixes
badejos, dentões, frades, xareus, cirugiões, moréias e guaricemas, local com
pouca corrente.
Fomos para a água e depois que todos estavam lá, começamos a
descer. A profundidade média aqui é menor que na Língua da Siriba, mas nem por
isso fica a desejar... Se é que existe algum lugar aqui que seja ruim. A
intenção era fazer aqui o mergulho noturno, assim poderíamos fazer um
reconhecimento do local e já irmos nos aclimatando. Depois do primeiro
mergulho, já estava muito mais a vontade. Continuava impressionado com a vida
do local. Mais lagostas, budiões, salemas, badejos... Mais a frente, ao lado de
uma pedra, um badejo que deveria pesar uns 30kg. Ficou ali parado enquanto
filmávamos e batíamos foto. Tão calmo que nem se importou com a nossa presença.
Dava para ficar ali parado pelo resto do mergulho, mas tínhamos muita coisa ainda
para ver.
Meu colete começou a inflar muito mais que antes e a todo
momento tinha que dar uma parada para desinflá-lo. No próximo mergulho iria
desconectá-lo da mangueira e se precisasse inflá-lo, faria com a boca. Como já
estava bem a vontade nesse mergulho, o lance do colete nem foi um problema.
Segui normalmente o mergulho e na marcação de 100 no manômetro, começamos a
voltar devagar. A vontade era de ficar mais tempo ali, mas estava na hora de
subir.
Voltei para o barco depois de 55 minutos de mergulho, tomei
um banho rápido, fiz um lanche e fiquei aguardando a nossa ida à Ilha Santa
Bárbara.
Visita à Ilha Santa Bárbara
A Ilha Santa Bárbara é a maior e a principal do arquipélago.
Possui aproximadamente 1,5Km de extensão, 300m de largura e 35m acima do nível
do mar. Apesar de estar localizada praticamente no centro do Parque, pertence à
Marinha do Brasil, não estando incluída nos limites do Parque nem sob sua
jurisdição. É a única ilha habitada do arquipélago, também a única a possuir
alguma infra-estrutura. Nela existem, além do farol, algumas casas que servem
de moradia às famílias dos militares, pessoal do IBAMA (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pesquisadores. Existem
ainda outras construções como garagem para barcos, heliporto, capela (em
homenagem à Santa Bárbara, santa padroeira dos navegantes), e até uma pequena
sala de aula que serve às crianças que ali vivem.
O Farol encravado num dos pontos mais altos da ilha foi
Inaugurado em 1861 no reinado de D. Pedro II. De fabricação francesa, mede 60m
de altura, podendo sua luz alcançar mais de 20 milhas náuticas. De extrema
importância, até hoje norteia os navegantes, indicando-lhes visualmente a
localização dos perigosos recifes. Juntamente com o sistema de rádio formam o
posto da Marinha, a qual além de orientar a navegação emite boletins
meteorológicos, fazem um trabalho de fiscalização das embarcações que fundeiam
no arquipélago, e garantem presença permanente dentro de um território
nacional.
Poder desembarcar ali foi um privilégio. Conhecer um pouco a
vida de quem vive nesse paraíso seria uma grande experiência. Fomos em direção
ao Farol, subindo o caminho até o ponto mais alto da ilha. De lá, bati algumas
fotos da paisagem, bem como de dos atobás que ali fazem seus ninhos. Subimos os
quase 60 metros de escada para apreciar um brilhante por do sol, num paraíso
que faltam palavras para descrevê-lo... Presenciamos também, o acendimento do
farol, fundamental durante anos na segurança da navegação local.
Voltamos para o barco e aguardamos a hora do próximo
mergulho.
3º Mergulho – Noturno – Portinho Sul – Ilha Santa Bárbara
Intervalo de superfície: 2h 30min
Profundidade máxima: 10m
Tempo total de fundo: 40 min
Estava na hora do terceiro e último mergulho do dia. Dessa
vez seria o tão esperado noturno. A noite estava super agradável. Caímos na
água e presenciei um belo espetáculo, poderia descrevê-lo como o balé das
luzes!. Conforme os mergulhadores iam descendo, o facho das lanternas formava
um espetáculo a parte. Ficou interessante. Seguimos o mesmo caminho que
havíamos feito mais cedo. Durante a noite, a vida marinha explode em cores. É
só apontar a lanterna que temos um agradável surpresa. Desci sem a câmera. Fui
simplesmente curtir o mergulho. Já no meu terceiro do dia, estava muito mais a
vontade e com a flutuabilidade impecável. Dessa vez não teria problemas com o
colete, havia desconectado a mangueira do power e quando precisei inflá-lo,
fi-lo com a boca. Sem problemas!
Passando por uma toca, logo avistei um enorme badejo, tão
grande quanto os outros que havia visto. Os peixes indo e vindo numa
naturalidade, como se ninguém estivesse ali para atrapalhá-los. Passei por
vários cardumes e corais. Mais um pouco de mergulho, alguém avisou para voltar,
deve ter chegado ao nível estabelecido de ar de alguém. Comecei o retorno,
mesmo tendo 150 bar de ar nos cilindros, quando olhei para baixo, lá estavam
eles: dois tubarões limão. Nadavam rodeando alguns corais que estavam no fundo.
Estavam um pouco agitados, mas não se importavam com a nossa presença. Mergulho
desde 2007 e foi a primeira que vez vi um tubarão, na verdade dois. Todo mundo
fica preocupado, me perguntando se eu já havia visto um, o que eu faria se
visse, etc. Na verdade, foi um sentimento de surpresa e realização de um
sonho... Ficamos ali por alguns minutos e continuamos nosso retorno. Já próximo
ao barco, subimos lentamente, apreciando os últimos momentos.
Quando voltamos ao barco, arrumei o equipamento e tomei um
banho rápido, queria estar pronto para o jantar. Assim que o pessoal foi
chegando, a janta foi sendo servida. Depois de saciada a fome, foi esperar o
próximo dia...
2º Dia
Acordamos cedo, poucos conseguiram dormir dentro das
cabines. Estava calor. Eu apaguei e nem senti! De manhã já tinha uma galera
visitando o outro barco. Eu fiquei por ali mesmo. Dei uma organizada no
equipamento, já deixando tudo pronto para o próximo mergulho. Assim que todos
estavam no barco, navegamos em direção ao nosso próximo mergulho: o naufrágio
Santa Catharina.
Enquanto navegávamos, tomamos o café da manhã. Ouvimos as
instruções do mergulho, como faríamos, os cuidados com a parada de segurança,
pois esse seria o mergulho mais profundo da expedição, chegando a 25 metros.
Terminada a instrução, fomos para a água.
4º Mergulho – Naufrágio Santa Catharina
Profundidade máxima: 23 m
Tempo total de fundo: 37 min
A medida que descíamos pelo cabo preso ao naufrágio, ele foi
surgindo, mostrando aos poucos toda a sua estrutura, ou o que resta dela. Para
um naufrágio de quase 100 anos, até está bem... rs
Pequena descrição do naufrágio
Devido a grande Guerra Mundial, vários navios foram atacados
e naufragados na costa brasileira, tanto pela Tríplice Aliança, quanto pela
Tríplice Entente. A idéia era sufocar o comércio entre os países, tentando
enfraquecer os adversários. O Santa Catharina foi mais uma dessas vítimas. Ele
foi interceptado pelo cruzador inglês H.M.S. Glasgow em sua viagem de volta, e
levado para região de Abrolhos, onde a Inglaterra concentrava uma estação
telegráfica e uma frota com vários navios. Lá foi retirada a carga que lhes
interessava, como o carvão, tendo o Santa Catharina afundado com cargas
explosivas.
O Santa Catharina encontra-se corretamente apoiado no fundo,
porém poucas estruturas ainda permanecem de pé. Possui pequenos pontos de
penetração. Para um naufrágio de quase 100 anos, até que existe bastante coisa.
Fonte: www.apecatuexpedicoes.com.br
Segue a ficha técnica do naufrágio:
Nome: Santa Catharina
Data do Afundamento: 16/08/1914
Nacionalidade:
Alemã
Armador:
Hamburg Sud
Dimensões:
106,7 metros / Boca:
14,4 metros / Deslocamento:
4.247 Toneladas
Motivo do Afundamento: Afundado pelo cruzador inglês Glasgow
Profundidade:
min – 14m / máx – 27m
Já no naufrágio, aguardamos que o grupo estivesse todo lá e
começamos o mergulho. Primeiro fomos em direção ao ponto onde tem algumas
munições. Depois começamos a dar a volta no naufrágio. Tínhamos duas opções:
ver os detalhes e não conhecer o naufrágio inteiro; ou dar uma volta inteira e
não conhecer os detalhes. Optamos pela segunda. Vi parte da carga de arames,
cimentos e algumas garrafas de cerveja. Existem alguns poucos pontos de
penetração. Existe muita vida nesse naufrágio. Vários cardumes, fazem dele o
seu refúgio.
Como não daria tempo para prestar atenção nos detalhes, por
vezes me afastava um pouco para poder ter uma visão mais ampla. A visibilidade
não era das melhores, mas mesmo assim surpreendia. Na proa dá para fazer uma
pequena penetração, onde se vê claramente o ponto de saída. Não tinha como não
fazê-la!
Como era um mergulho mais profundo do que os outros, o nosso
tempo de fundo também diminuiu. Devagar, fomos nos aproximando do cabo guia e
subimos lentamente para nossa parada de segurança. Engraçado ver tanto
mergulhador junto! Enquanto estávamos lá, uma barracuda ficou nos rodeando,
fazendo a alegria da galera!!!!
De volta ao barco, fizemos um lanche e partimos para o nosso
quinto e último mergulho da expedição. Nosso próximo ponto seriam nos
chapeirões. O chapeirões são colunas de coral de até 20 metros de altura que se
erguem abruptamente do fundo e se abrem em arcos perto da superfície, podendo
chegar a 50 metros de diâmetro, como imensos cogumelos submarinos. As águas,
sempre mornas e de coloração azul-turquesa, escondem estes verdadeiros
condomínios, onde habita uma infinidade de seres marinhos. A principal espécie
formadora dos chapeirões é o coral-cérebro, que só ocorre na Bahia. Mas, além desta,
outras 15 espécies de corais formadores de recifes ocorrem nos Abrolhos. Nos
recifes mais próximos da costa, os chapeirões ficam tão perto uns dos outros
que acabam unindo-se, formando verdadeiras plataformas.
Esse mergulho seria um pouco diferente dos outros, seria o
único na qual o barco não estaria ancorado. Desceríamos do barco em um
determinado ponto e faríamos nossa imersão sem ajuda do cabo guia. Como não
havia corrente, foi bem tranquilo.
5º Mergulho – Chapeirões
Intervalo de superfície: 1h 20min
Profundidade máxima: 14 m
Tempo total de fundo: 55 min
Na água descemos e já deu para ver como eram os chapeirões.
Em alguns pontos formavam grandes passagens. Muitos cardumes circulavam entre
eles. Com galera toda na água, a todo momento encontrava com alguma dupla
diferente. Alguns em fila indiana, outros lado a lado, enfim, toda a formação
possível!!!! Nesse mergulho não vi tanto peixe quanto nos outros, mas nem por
isso foi menos interessante. Em um ponto do mergulho, passou pela gente um
enorme badejo, roubando a cena naquele momento. Já era hora de voltar. Depois
do aviso, começamos a subir lentamente e fazer nossa parada de segurança.
Havia chegado ao fim... Dois dias de grandes mergulhos em
companhia de uma galera fora de série! Havia ainda a navegação de volta... Mas
isso ficaria fácil depois do espetacular almoço que a Maria nos preparou!!!!!