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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

Por Leandro do Carmo

Data: 26/12/2021
Local: Cachoeiras de Macacu
Participantes: Leandro do Carmo, Stephanie Maia, Marcelo Sá, Edney, Patrícia Pinto, Ivison Rubin, Solange, Fernando Silva, Cristiano Monteiro, Flávia Figueiredo, Bárbara Marinho, Leandro Justino, Luciana Caribé e Mariana Abunahman



Dicas da Travessia Theodoro de Oliveira Boca do Mato

A trilha pode ser divindade em duas partes. Na primeira você caminha no leito de um trecho da antiga rodovia RJ116 e no outro, no leito da antiga Estrada de Ferro que ia até Cantagalo. No primeiro trecho, caminhamos literalmente sobre o asfalto, sendo possível ver olho de gato e até as faixas amarelas em alguns pontos. No segundo, passamos por pontes antigas e até trechos contam ainda com trilhos. Por todo o percurso, passamos por pontos de água e locais para banho.

Na logística, se tiverem em dois carros, vale a pena deixar na rua que leva à Sede do Parque Estadual dos Três Picos, um pouco acima de onde terminará a caminhada. Se tiverem com apenas um carro, pode-se deixar o carro no mesmo local e pegar um ônibus ou van, até o posto da Polícia.

Como Chegar ao início da Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

O início fica na rua ao lado do Posto da Polícia na RJ 116, nos limites do município entre Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo.

Vídeo da Travessia


Relato da Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

A primeira e última vez que fiz essa travessia havia sido em 2017. Já se vão uns 4 anos... O tempo passa voando! A idéia de fazer essa bela travessia surgiu depois de uma conversa com a Flávia sobre onde comemorar o aniversário dela. Queríamos um lugar que pudéssemos levar bastante gente, que fosse acessível e que tivesse um bom local para confraternizar. Sugeri e a Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato. Ela, com certeza, seria o local adequado! Acertamos os detalhes e organizamos as caronas na semana anterior. O tempo estava meio chuvoso, assim como os últimos meses. Porém, havia uma janela boa para esse final de semana. Combinamos de sair às 6h30min de Niterói. Encontramos com Edney e Patrícia em Manilha e de lá seguimos para Cachoeiras de Macacu. Ainda fizemos uma parada para o café da manhã.

A viagem foi tranquila e chegamos rápido até a entrada da sede do Parque Estadual dos Três Picos. Lá, deixamos um carro e seguimos nos outros três, isso facilitaria o resgate na volta. Estacionamos os carros e iniciamos a caminhada. Seguimos caminhando e passamos uma casa à esquerda. Vem uma à direita também, essa bem maior. O início da trilha fica numa saída à esquerda, ao lado de uma subida.

Segui andando literalmente no asfalto. Como esse trecho inicial era um antigo trecho da rodovia que liga Cachoeiras de Macacu à Friburgo, quase todo o percurso está asfaltado, exceto para alguns trechos onde a força da água destruiu piso. A vegetação vem tomando conta de tudo, deixando apenas o caminho para passarmos. Após alguns minutos, chegamos a uma pequena cachoeira, a primeira de muitas durante quase todo o percurso

Estávamos mergulhados numa densa floresta. Só de pensar que ali já foi uma estrada... A natureza se recompôs com força. Continuamos a caminhada e passamos por diversos cursos de água. Uns maiores outro menores. Olhando a quantidade de água cortando o leito da antiga rodovia, dá para imaginar o porquê de não ter dado certo. Mais para frente, já era possível ouvir novamente o barulho dos carros, sinal de que já estávamos novamente próximos à rodovia.

Rapidamente chegamos à margem da rodovia RJ 116. Dali, fomos caminhando pelo acostamento até a entrada da trilha. Não lembrava muito bem onde era a entrada, mas agora tem uma placa indicativa do Parque. Mesmo que não tivesse, não seria muito problema em encontrar. Estava bem marcada. Seguimos descendo num trecho bem erodido até entrar novamente na densa floresta. Estávamos no segundo e, talvez, mais bonito trecho da travessia.

No final dessa descida mais íngreme, nos deparamos com uma antiga caixa d’água que servia para reabastecer a o reservatório das caldeiras das locomotivas. Elas faziam um grande esforço para ganhar a serra. É uma construção bem bonita e peculiar. Continuamos descendo e foi possível ver uma espécie de muro ou barreira de contenção, construído com pedras. Boa parte dele ainda resiste ao tempo e a força da natureza.

Continuamos a descida e cruzamos uma ponte, na qual atravessei com bastante cuidado. Algumas tábuas podres deixavam um vão perigoso pelo caminho. Uma queda ali, poderia trazer graves consequências. A água correndo ao fundo era um espetáculo. Até pensamos em descer e tomar um banho no poço que se formava logo abaixo, mas desistimos e seguimos descendo. Passamos pela segunda e maior ponte de percurso. Era bem alta, eu calculei uns 30 metros de altura, também em más condições e todo cuidado era pouco. Essa ficava bem difícil de descer, então nem cogitamos a possibilidade.

Depois de uma boa pernada, chegamos à antiga estação. A construção está em boas condições e o local é bem cuidado. Num gramado mais a frente, paramos para descanso e fizemos um grande picnic. Rolou café, lanche e um bom papo. Cantamos parabéns para a Flávia, afinal de contas, está vamos ali, também, por causa dela. Depois de um tempo, iniciamos o trecho final, descendo pela estrada até chegar novamente na RJ 116, já próximo a entrada da sede do Parque Estadual dos Três Picos. A chuva nos pegou nesse trecho final, mas, felizmente, não veio forte. Pegamos uma carona no carro do Ivison, que nos levou para resgates dos nossos.  Ainda paramos num restaurante para finalizar o dia. Ou melhor, o excelente dia!



























segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Caixa de Fósforo - Parque Estadual dos Três Picos

 Por Leandro do Carmo

Caixa de Fósforo - Parque Estadual dos Três Picos

Data: 08/07/2021
Local: Parque Estadual dos Três Picos
Participantes: Leandro do Carmo, Susana Selles, Gustavo Chicayban e Clara



Relato

Depois de uma noite congelante, acordei para ver o sol nascer. O dia estava bem aberto e ainda estava bem frio. Havíamos cogitado a possibilidade de acordar mais cedo para ver o sol nascer do cume da Cabeça do Dragão, mas acabamos desistindo antes mesmo de dormir. De onde estava acampando, tinha uma visão privilegiada de quase todo o vale. Preparei um café para ver se dava uma esquentada. O sol foi nascendo e tínhamos uma visão fantástica. Com os primeiros raios de sol, o frio foi dando lugar a uma manhã bem agradável.

Depois de deixarmos tudo organizado, fomos para o destino de hoje: Caixinha de Fósforo. Saímos do Mascarin em direção ao Vale dos Deuses. Deu cerca de 30 minutos de caminhada. Aproveitamos para conhecer as novas instalações da área de camping. De lá, continuamos a caminhada. Seguimos andando com o Capacete , imponente, bem a nossa esquerda. Depois de uma subida, começamos a descer levemente. Entramos num trecho com bastante sombra. Esse caminho também leva ao Vale dos Frades, saindo na Fazenda Itatiba.


Um pouco mais a frente, entramos na trilha para a Caixa de Fósforo. Seguimos por uma leve subida, que logo ficou bem íngreme. De longe foi possível ouvir algumas pessoas mais acima. Apesar de íngreme, a trilha é bem curta. Como o dia estava bem agradável, estávamos subindo num bom ritmo. Passamos pela escadinha e depois de mais alguns metros, estávamos num mirante, bem de frente para essa impressionante formação rochosa.

Fizemos uma pausa bem rápida. A Susana resolveu ficar por ali junto com a Clara que chegou um pouco depois. Eu e o Gustavo continuamos, nosso objetivo era escalar o artificial que dá acesso ao cume. Do mirante, descemos e chegamos à base da pequena chaminé. Antigamente havia uma corrente que auxiliava a subida, mas agora, deve-se escalar, obrigatoriamente.

Subimos rápidos e logo estávamos na base da escalada. Nos arrumamos e procurei algum galho para improvisar um “clip stick”, pois a primeira proteção é bem alta e impossível de fazer em livre. Eu até havia pensado em pegar um pelo caminho, mas havia esquecido. Por sorte, havia um na medida. Clipei o estribo e uma costura, já com a corda passada. Com um pouco de força, cheguei à primeira proteção. Me “ensolteirei” para poder descansar um pouco. A saída é bem complicada e exposta.

Agora era dar continuidade. Demora um pouco até sincronizar o movimento. Fui sempre na sequência: Sobe, passa a costura na proteção de cima, prende a solteira, tira o estribo de baixo e coloca em cima. E daí, começa tudo de novo. Apesar de estar tudo na mente, esse primeiro trecho é levemente negativo, ficando levemente positivo à medida que vai subindo. E fui subindo, chapeleta por chapeleta. Depois que via vai saindo para a esquerda, vai ficando mais fácil. Já não precisava fazer tanta força.


Na primeira vez que subi a Caixa de Fósforo, subi “prussikando”. Dessa vez foi bem diferente. Já bem no alto, conseguia ver as últimas proteções e mais algumas passadas estava no cume. Montei a parada e tomei um gole de água. Preparei a segurança para o Gustavo subir. Ele veio e sentiu a mesma dificuldade que eu nos trechos iniciais. Demorou um pouco mas chegou. Agora sim podia descansar um pouco. Dei uma organizada no equipamento e fiz algumas imagens com o drone. Depois de uns 20 minutos no cume, montamos o rapel. Desci primeiro, com o Gustavo logo em seguida. Arrumei todo o equipamento na mochila e pegamos a trilha de volta. A volta foi bem mais tranquila, o trecho de subida forte, agora era descida. Seguimos conversando até chegar ao Mascarin novamente.













quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pico Menor e Médio - Três Picos

Por Leandro do Carmo

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Data: 07/07/2021
Local: Parque Estadual dos Três Picos
Participantes: Leandro do Carmo, Susana Selles, Gustavo Chicayban, Vander Silva e Mariana Fernandes

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos





Vídeo

Drone

Relato

Havíamos programado de fazer uma travessia passando pelo Pico do Faraó, entre Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu. Porém, dois dias antes, meu irmão acabou desistindo e conversando com o Gustavo, achamos melhor deixar para outra oportunidade. Mas como a mochila estava arrumada, sugeri de irmos para Três Picos, aproveitando que o Vander estaria por lá. Não seria nenhum esforço ir para Três Picos...

Saímos cedo. Por volta das 5h. Estava frio em Niterói e lá não seria diferente. A viagem foi tranquila e fizemos uma parada em Vieira para o café da manhã. De lá seguimos viagem. Por volta das 8:20h, estacionamos o carro e subimos andando até a República Três Picos, do Mascarin. O Vander e a Mariana já estavam lá. Deixamos nossas coisas e nos preparamos para subir. Apesar do cansaço da viagem, era melhor deixar para relaxar na volta.

Essa era a minha segunda vez no Pico Médio e Menor. Iniciamos a caminhada por volta das 10h. O dia estava bem agradável e o céu bem limpo. Não ventava... Não fazia calor. Enfim, um dia perfeito! Saímos do Mascarin e subimos até a grande Araucária e dali, entramos na trilha propriamente dita. Seguimos andando, passamos por uma casa e logo cruzamos um córrego, passando por uma porteira um pouco mais a frente. Fomos andando até ao ponto onde dá acesso à base da Via Leste, no Pico Maior.

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Continuamos subindo num bom ritmo e logo estávamos cruzando mais um córrego. Mas esse é bem largo e tem pouca água. A trilha continua na outra borda. Veio um trecho mais íngreme. Diminuir o ritmo foi inevitável. Mas continuamos a subida. Mais acima, caminhamos por uma crista até chegar numa laje, onde tem o primeiro trecho técnico, com alguns metros de escalada, mas bem tranquilo pra quem já está acostumado. Andamos mais um pouco e chegamos a mais um trecho técnico.

Subi e fixei uma corda para auxiliar os demais. Aos poucos, todos subiram. Enrolei a corda e toquei pra cima. Passamos por uma gruta e com alguns minutos estávamos colados na rocha do Pico Menor. Dali fomos paralelos à rocha até chegar à base dos degraus. Na primeira vez, ainda era uma corda, num terreno bem instável, mas devido aos problemas de erosão, esses degraus foram instalados.

Todos subiram e continuamos paralelos à rocha por um curto trecho até começarmos a subir o trecho que considero mais delicado. Nesse ponto achamos um pedaço de gelo, já era quase meio-dia! Dava para ter uma noção do frio. Essa face da montanha fica na sombra durante boa parte do ano. Fomos com bastante cuidado. Alguns trechos estavam molhados e escorregavam bastante.

Passado esse trecho, contornamos o cume do Pico Menor e seguimos até o ponto onde fixamos a corda para descermos até o colo entre o Pico Menor e o Maior. Já havia um grupo do Centro Excursionista Friburguense. Todos desceram e apenas a Susana resolveu ficar. Pegamos a última subida antes do cume, por sinal bem forte. Até que foi rápido e em poucos minutos estávamos no cume. A vista impressionava. O Pico Maior roubava a cena bem a nossa frente. Lá no fundo, podíamos ver o Pico do Faraó, mas esse vai ficar para uma próxima.

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Foi só parar que o frio começou a bater. Coloquei logo o anorak e fiz um lanche antes de voltar. Fiz algumas imagens com o drone e voltei para fazer companhia à Susana que havia ficado. Na volta, aproveitamos para subir o Pico Médio, tendo que fazer mais um lance curto de escalada. Mais uma visão impressionante. Ficamos ainda mais um tempo lá em cima até começarmos a descida, que não seria tão fácil.

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Fomos com muito cuidado até estar de volta ao Mascarin. Quando chegamos o sol já tinha ido embora. O frio foi aumentando. Armamos a barraca e foi duro, mas muito duro tomar o banho frio! A água fria batia na cabeça e chegava doer! Depois de colocar uma roupa mais quente, foi hora de preparar a janta. Nos reunimos em volta da fogueira portátil do Vander, o que fez a temperatura ficar bem agradável. Na hora de dormir, meu pé estava tão frio, que tive que ferver água e encher uma garrafa para colocar dentro do saco de dormir. Foi o suficiente para aquecer e permitir que eu pegasse no sono...


Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos

Por Leandro do Carmo

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos

Local: Três Picos
Dia: 25/07/2019
Participantes: Leandro do Carmo e Blanco P. Blanco

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos










Vídeo da escalada na via Face Leste do Pico Maior

Relato da escalada na via Face Leste – Pico Maior

A via Leste, localizada no Pico Maior, no interior do Parque Estadual doa Três Picos, é uma das escaladas clássicas do Brasil. Com cerca de 700 metros, a via possui lances variados, expostos, chaminés, artificiais e tudo que uma grande escalada pode proporcionar. Não é a toa que é uma dos garndes desejos doa escaladores. E para mim, não seria diferente...

Havia tempo em que me sentia preparado para escalar essa via. Não é uma via das mais complexas, mas tem que estar escalando bem, ter um bom psicológico e ainda cumprir bem logistica, principalmente na questão do horário. Tinha certeza de que já havia amadurecido bem para cumprir esse desafio.

Sempre conversava com o Blanco sobre escalar o Pico Maior. Já era certo que faríamos, faltava apenas decidir quando... Em junho de 2019, surgiu a possibilidade de fazermos a escalada em julho, mais precisamente no dia 25, aniversário do Blanco. Mas para escalar dia 25, teria que chegar um dia antes e ir um dia depois, pelo menos... Consegui programar minhas férias para esse mesmo período. Com tudo programado antecipadamente, era torcer para o tempo ajudar...

Os dias foram passando e a ansiedade aumentava. Vi alguns vídeos, li alguns relatos e sempre que dava uma folga, consultava o croqui do Guia de Escalada da Região de Três Picos. Nossa ideia era ficar acampado no Vale dos Deuses, assim estaríamos mais perto das escaladas. Mas  algumas semanas antes recebemos a notícia de que a área de camping do parque ficaria fechada para obras... Tínhamos que procurar o plano B. As opções eram muitas, mas acabamos ficando na Pousada dos Paula.

O Blanco chegou antes e escalou no Capacete com o Alexandre. Eu cheguei somente no dia 24, quarta-feira. À noite, conversamos um pouco sobre a via e separamos o equipamento. O Alexandre acabou desistindo de ir e foi embora, aproveitando a carona do João do Carmo, que também estava lá na pousada. Arrumei todo equipamento na mochila, incluindo uma corda extra para o rappel. Ficou bem pesada, mas não tinha muito jeito... Combinamos de sair as 5:30 da manhã. Nossa ideia era começar bem cedo, para termos tempo de fazer cume com tranquilidade e terminar o rappel ainda durante o dia.

Na quinta-feira, levantamos e como programado, saímos em direção ao nosso objetivo. Estacionamos o carro ao lado da última porteira e de lá seguimos até a base. Nem eu, nem o Blanco já havíamos ido até a base da via. Mas sabíamos onde era o acesso. Fomos à trilha em direção ao Pico Médio e Menor e entramos no local onde tem uma placa indicando a direção para a via Leste. Andamos mais um pouco. Ainda pegamos um caminho errado e tivemos que voltar, mas nada que nos fizesse perder muito tempo.

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos
Enfim havíamos chegado à base da via. Era 7:40h da manhã. Ela está bem aberta, com muita pedra em volta. Há um tempo houve um desplacamento que ocasionou esse acúmulo de pedras na base. Não sei como era antes, mas deixou a base bem aberta e confortável. Dali, já conseguíamos ver boa parte da face onde está a via. Nos arrumamos, organizamos o equipamento e estava tudo pronto. O Blanco saiu guiando. A ideia era escalar em simultâneo e nossa programação era ir até a quinta parada. Quando havia esticado uns 50 metros de corda, eu saí para a escalada.

Fui subindo e logo passei da pequena placa em homenagem a conquista da via. Dali vai subindo numa escalada constante e com poucas proteções. Aos poucos fui me acostumando com o ritmo da via. Boas agarras e ótima qualidade da rocha. Até a quinta parada, foram 16 costuras e levamos cerca de 55 minutos. O platô é bem confortável. A vista dali já surpreendia. O dia estava fantástico. O azul do céu cada vez mais forte. Não tinham nuvens nem vento. Na quinta parada, uma breve pausa para água e continuamos a escalda.

Como a distância das proteções são mais longas, acaba tendo mais liberdade nos esticões, ficando o mais natural possível...

Partimos para mais um trecho. Nossa ideia era ir até a primeira chaminé, na P8. O Blanco seguiu na dianteira e quando já tinha um tanto de corda considerável, comecei a subir. Mantivemos nossa estratégia de escalar à francesa. A mochila pesada começou a cobrar seu preço. Dei uma ajustada nela e segui subindo. Passei por alguns lances um pouco mais difíceis até que cheguei numa pequena subida com bastante vegetação. Dali, segui caminhando até me juntar ao Blanco, já no início da primeira chaminé. Ele ficou mais em cima, assim conseguíamos ficar mais confortáveis.

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três PicosMais uma pequena pausa. A partir daí, começaríamos a escalar dando segurança. Ganhamos bastante tempo. Fizemos as 8 enfiadas em exatas 2 horas. Faltavam 8! O Blanco novamente subiu à frente, guiando a chaminé. Subi em seguida. Agora eu sentia a mochila pesando. A chaminé até que é razoável. Cheguei rápido no alto e passei para o outro lado. Dei uma pequena parada no grampo que está fora e na hora de sair, a mochila ficava puxando pra fora na hora que eu ameaçava fazer o lance. Não teve jeito. Tinha que passá-la para o Blanco para conseguir fazer o lance. Desci até o grampo de baixo, tirei a costura. Estiquei a corda e coloquei uma costura e deixei a mochila correr até onde ele estava. Não foi muito fácil, mas era o que tinha que fazer. Assim que o Blanco pegou a mochila, consegui fazer o lance bem rápido.

Na parada resolvemos tirar a corda da mochila para aliviar o peso. Continuar com ela seria muito desgastante. Falamos no rádio com o pessoal que havia ficado na pousada. Estávamos na P9. Como não estávamos mais escalando à francesa, a tendência seria demorar mais um pouco. Mas, havíamos subido bem rápido até aqui, tínhamos tempo de sobra. O Blanco subiu e saí em seguida. O lance é bem vertical, mas com boas agarras. Aliás, é assim durante toda a via. Mais acima, um lance mais delicado e logo estava na P10. Dali, seguimos direto para P11, onde paramos num pequeno platô, fazendo uma parada mais confortável. De tempo em tempo, mandávamos informações, via rádio, para o pessoal da pousada que nos acompanhava.

Seguimos em direção à segunda chaminé. Passamos pela grande canaleta, até entrar na chaminé, ela é até mais difícil que a outra, fazendo a P12 antes do artificial. Havíamos feito 12 enfiadas. Era aproximadamente 12h. O tempo continuava perfeito. Nem sinal de piora.  Estávamos escalando num bom ritmo. Uma pequena pausa para uma água. O sol não chegava aonde estávamos. Era o suficiente para o frio chegar. Rapidamente tocamos pra cima!

O artificial é bem tranquilo e as proteções estão bem próximas, facilitando bastante. Sincronizamos bem os movimentos e lo o Blanco estava na P13. Subi também sem problemas e bem rápido. Faltava pouco. Paramos num platô bem confortável e com um visual fantástico. Mais uma água e uma descansada rápida para pegar o próximo artificial. O Blanco  saiu na frente e logo chegou à P14. Saí em seguida. Mais um artificial tranquilo e com as proteções bem próximas. Desse ponto, já emendamos logo e num esticão, estávamos na última parada antes do cume.  A alegria tomou conta. Estava a poucos metros de completar a Face Leste.

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos
Mais uma rápida parada, agora para ajustar tudo e chegar triunfando ao cume. Acima da parada, um lance num degrauzinho era o último desafio. Dali para o cume foi só caminhar... Enfim havíamos chegado. Era 14:40h, 7 horas de escalada. A alegria tomou conta. Era cume! Entramos em contato com o pessoal da pousada novamente. Cantamos parabéns para o Blanco, com direito a bolo e tudo. A velinha ficou para a próxima... Assinamos o livro de cume e demos uma boa rodada pelo local. Ficamos ainda um tempo no lado oposto ao que chegamos. A vista para o Vake dos Frades era fantástica. Ainda estava cedo e tínhamos bastante tempo. Daria para fazer tudo com bastante calma.

Voltamos e arrumamos o material para iniciarmos o retorno. Não é tão simples achar o rapel e isso é o maior dos problemas de quem chega tarde ao cume e não conhece... Não são poucos os casos de ter que passar a noite ali, esperando o dia seguinte... Tínhamos algumas referências e como o tempo estava bem aberto e tínhamos bastante tempo, estávamos mais tranquilos. Avistamos dois totens e dali, começamos a descer em direção ao Capacete. Foram alguns lances estranhos, mas era o caminho óbvio a fazer. O Blanco avistou uma marcação bem abaixo e foi em direção. Havia achado a parada dupla. Pelas características, estávamos no início do rapel pela via Cidade dos Ventos. Nesse ponto, faríamos um rapel curto até a próxima dupla de grampos. Emendamos a corda e iniciamos o rapel.

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos
O primeiro foi tranquilo e rápido. Iniciamos o segundo e foi onde erramos. Fomos bem para a direita, no momento em deveríamos ter ido reto. Acabamos indo para a via Abra Cadabra. Quando comecei a rapelar, vi uma dupla bem embaixo, mas aí já era tarde... Deu um pouco mais de trabalho, mas rapelamos sem maiores contra tempos. Chegamos à base da via. Já estávamos quase! O dia continuava agradável. A temperatura estava ótima para o local. O por do sol foi fantástico, deixando a paisagem na cor dourada. Da base, pegamos uma pequena trilha do caminho da Via Sylvio Mendes e fizemos o último rapel.

Foi hora de relaxar completamente. Dali até a pousada era apenas caminhar. Bebi uma água e fiz um lanche com calma. Organizei todo o equipamento na mochila. Foi praticamente fechar a mochila para a noite cair com força. Acendi a lanterna. Iniciamos a caminhada de volta com a sensação de dever cumprido. Caminhamos durante um tempo até chegar ao carro. De lá, seguimos até a pousada, onde fomos recebidos com muita festa! Um dia espetacular, que ficará marcado...

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos

Via Leste - Pico Maior - Parque Estadual dos Três Picos

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