quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Escalada na via Paredão Oba Oba - Agulhas Negras-

Por Leandro do Carmo

Paredão Oba Oba - Cume das Agulhas Negras  

Dia: 30/08/2022
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, Luis Avelar e Valdino

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras


Como chegar 

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da escalada  

Pegar a via Pontão Ricardo Gonçalves. A base da via está a poucos metros do acesso ao cume.  

Dicas  

O crux da via está no início, entre a primeira chapeleta e uma fenda bem a direita. Dá para fazer um pêndulo para vencer esse lance. Pessoas altas tem mais facilidade. Segue a fenda até entrar numa canaleta no formato de chaminé. O Ideal é fazer a primeira parada logo na primeira dupla. A saída da primeira parada é um pouco delicada. Dali, seguirá reto até uma chapeleta e seguirá numa diagonal para a esquerda, numa canaleta, subindo ao final dela. Tem uma rampinha e mais um lance obrigatório para acessar a parte alta. Daí, é só caminhar até o cume.

Vídeo completo da Escalada na via Paredão Oba Oba

Relato da escalada na via Paredão Oba Oba

Depois de um dia chuvoso e uma noite bem fria, acordamos com uma manhã linda. Tempo aberto. Difícil de acreditar que tínhamos passado tempo bom, calor, chuva e frio nos dois dias anteriores. Mas em Itatiaia é assim: imprevisível. Estava tudo molhado e hoje seria a tentativa de fazermos a Travessia Longitudinal. Devido às condições climáticas, o grupo que viria de Niterói para fazer a Longitudinal cancelou. Como estava tudo bem molhado ainda, optamos por fazer cume das Agulhas Negras, fazendo a clássica Paredão Oba Oba. Outro grupo seguiria pela via Bira. Separamos todos os equipamentos e iniciamos a caminhada.

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras















A aproximação não seria fácil. Escalar a Paredão Oba Oba, nos faz seguir até quase ao cume das Agulhas Negras, pois fica bem perto do final da Pontão Ricardo Gonçalves. É uma escalada de aventura! Seguimos caminhando pelo trecho já feito no primeiro dia. Cruzamos a barragem próxima ao Rebouças e de lá, seguimos com o Maciço das Agulhas Negras bem a nossa frente. Fomos nesse pequeno sobe e desce, atravessamos a ponte pênsil e logo estávamos na bifurcação que divide o caminho na direção da Pedra do Altar e para as Agulhas. Mais a frente, nos dividimos. Uma parte do grupo seguiu para a via Bira.  

Eu já havia estado nesse caminho em agosto de 2012. E lá se vão 10 anos. Nem lembrava desse detalhe, só lembrei quando alguém me perguntou se eu sabia o caminho. Agora vamos ver se minha memória estava em dia. Subimos um pouco e cruzamos um córrego, num lajeado. A trilha nesse trecho estava bem molhada e eu subia com bastante cuidado. Passamos por uma pedra em forma de coroa e essa eu lembrava. Dali continuamos a subida ora por trilha, ora por lajeados. Alguns pontos geravam dúvidas, mas era só andar um pouco que já encontrávamos o rastro novamente.  

Mais acima, chegávamos ao ponto mais técnico do caminho. Eu lembrava que havia um caminho que poderíamos cortar esse trecho, mas não tinha certeza de onde entrar. Então, resolvemos passar por ali mesmo. Subi em um platô, utilizando uma fenda e achei que fosse mais tranquilo seguir por ali. O Luis colocou a sapatilha e seguiu guiando até uma parada dupla mais acima, mas não foi tão simples assim. Ele disse que a canaleta estava bem lisa, mas conseguiu passar.  

Fomos subindo um por um com o auxílio da corda que ele fixou. Com todos ali, seguimos por essa laje até entrar numa grande canaleta que seguiria até o acesso ao cume. Passamos por grandes blocos e passagens bem estreitas. Já na canaleta, subimos já devagar devido ao cansaço, mas já estávamos bem perto. Eu lembrava vagamente da base da via, lembrava de ter visto alguém escalando quando passei por lá em 2012. Mais alguns minutos e estávamos na base da via. Bem fácil de achar. O sol já batia e estava bem agradável naquele momento. Fizemos uma parada para o lanche e arrumamos o equipamento.  

Dividimos a cordada em duas: numa, estava o Luis e Valdino e na outra, eu e o Thiago. O Luis e o Valdino foram na frente. O Luiz guiou as duas cordadas e assim que ele chegou à primeira parada e o Valdino saiu, eu comecei a escalar. Costurei a primeira chapeleta e tentei fazer o pêndulo até uma fenda na direita. Como estava um pouco distante, optei por ir me aproximando da fenda e ir empurrando com a mão esquerda até chegar bem próximo. Num lance rápido, dei um bote e consegui dominar a fenda e seguir subindo até costurar a segunda proteção.  

Dali fiz mais um lance com boas agarras e segui até uma grande canaleta, que entrei em chaminé, mas a mochila atrapalhou. Desci um pouco e pendurei a mochila no baudrier, facilitando minha subida. Depois de subir um pouco, consegui costurar a chapeleta que fica fora dessa canaleta, e segui até a parada, onde o Valdino se encontrava, dando segurança para o Luis. O Thiago veio logo em seguida. Enquanto o Thiago subia, passou um rapaz perguntando se a GoPro que estava no chão era de alguém. Eu havia deixado a câmera no chão. Por pouco não havia perdido. Ainda existe gente de bem nesse mundo. Agradeci imensamente. Depois, fui descobrir que eles também estavam no Abrigo Rebouças, haviam chegado um pouco após a nossa saída para a escalada.  

Voltando a escalada, o Thiago subiu bem rápido e na parada falei para ele guiar a próxima, mas ele não queria. Só depois que eu expliquei o caminho foi que ele resolveu seguir, achou que iria reto numa grande canaleta. Acho que eu também não encararia. Ele seguiu rápido por uma calha até que chegou à segunda parada, já próxima do lance final. Subi em seguida, fazendo rápido os lances e chegando ao Thiago, toquei logo para cima. Subi um pouco e fiz o último lance, cruzando uma fenda. Olhando de cima, era bem alta. Mas tinha uma boa agarra. Foi colocar as duas mãos nela e subir, fazendo uma espécie de barra até dominar o trecho e seguir até um grande bloco. Ali montei uma parada num bico de pedra e trouxe o Thiago.  

O Luis e o Valdino já tinham ido até o cume. Fiz algumas fotos e segui caminhando também. No cume, onde tinha o cruzeiro, encontrei o rapaz que havia achado minha câmera. Agradeci novamente. Aguardamos um grupo descer e chegar até o verdadeiro cume para assinar o livro. O cume verdadeiro é acessado, fazendo um pequeno rapel ou desescalando uma chaminé, em seguida, é necessário fazer uma pequena escalada até acessá-lo. Ele é 50 centímetros maior do cume do cruzeiro. Enquanto estávamos ali, a gente aguardava a chegada do grupo que foi pela via Bira. Descemos e na base do cume verdadeiro, optamos por fazer um lance bem a esquerda, diferente do trecho tradicional. No cume, assinamos o livro e depois de algum tempo, subimos de volta. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. O tempo foi passando e nada da galera chegar. Em alguns momentos, parecia que ouvia a voz do Velhinho, mas nada. Conseguimos receber uma mensagem nos avisando que eles não haviam encontrado o caminho e estavam descendo.  

A partir daí, iniciamos, também, o nosso retorno. A descida foi tranquila. Bem mais rápida se comparada a subida. Uma porque para baixo todo santo ajuda, outra, porque agora já sabíamos por onde passar. Já bem abaixo, fizemos uma rápida parada. Dali, conseguíamos ver a base da via Bira e lá estava a galera rapelando. Bom, dali para baixo, era questão de tempo. Então, resolvemos continuar nossa caminhada até o Abrigo Rebouças.  

Já no abrigo, aproveitei para tomar logo um banho. O frio já era forte. Ainda bem que não estávamos no camping, seria duro. Já era noite quando a galera da via Bira chegou. Agora estávamos todos reunidos novamente. Era só jantar e me preparar para dia seguinte.

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras



quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Trilha da Base das Prateleiras

Por Leandro do Carmo

Trilha da Base das Prateleiras

Trilha das Prateleiras


Dia: 29/08/2022
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, e Thayane Amaral  

Como chegar  

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da trilha

A trilha se inicia no Abrigo Rebouças

Dicas  

É uma trilha curta, exposta ao sol, sem grandes dificuldades técnicas.  Parte do Abrigo Abrigo Rebouças e segue por um antigo e abandonado trecho da estrada. Já no final, tem uma saída para a direita, onde a trilha se inicia de verdade. O caminho é bem marcado e nas bifurcações há sinalizações. Uma ótima opção para iniciantes e família.

Vídeo

Relato  

Depois de termos feito a Pedra do Sino, estávamos no Abrigo Rebouças e conversando e foi difícil acreditar que o dia seguinte seria de chuva. Todos os sites de previsão davam como certo o tempo ruim. Apesar das poucas nuvens, fomos dormir na expectativa de que amanhecesse bom, ou pelo menos sem chuva. Foi uma noite fria, mas dentro do Abrigo foi bem mais tranquilo do que se estivéssemos acampando. A noite já foi chuvosa e a manhã não foi diferente. Na madrugada, já havia ouvido o barulho da chuva e acordei certo de que não teria muita opção. Tomei café e a chuva havia dado uma trégua, mas estava tudo bem molhado. Sem chance de sair para algum lugar.  

A previsão era de que o dia seguinte o tempo abrisse. Assim como fechou, abriria. Tínhamos que confiar. Mas para fazer a Travessia Longitudinal das Agulhas Negras, atividade na qual havíamos programado, seria difícil. Havia ainda, um grupo saindo de Niterói para fazermos juntos no dia seguinte, mas esse tempo também colocava em dúvida a vinda deles. Sem muito o que fazer, resolvi fazer a caminhada até a base das Prateleiras.  

Só quem resolveu ir foram o Thiago e a Thaiany, mais ninguém animou de caminhar. Nessas condições, a preguiça foi mais forte. Arrumamos as coisas e seguimos debaixo de uma garoa. Pegamos a antiga e precária estradinha que segue paralela ao rio. Estava tudo bem molhado e a forte neblina impedia que tivéssemos algum visual. No caminho, ainda paramos para tirar algumas fotos da Cachoeira das Flores. Continuamos caminhando, passando por algumas vias de escalada na margem da estrada.  

Notei que há vários trechos de asfalto na estrada, devia de ser do período em que ela ainda era transitável para veículos. Essa estradinha é a BR-485, também chamada de Rodovia das Flores e Estrada dos Lírios. A título de curiosidade, na BR-485 está localizado o ponto mais alto de todas as rodovias federais do Brasil, a 2460 metros acima do nível do mar. Este ponto fica situado logo após o acesso para o morro da Antena, entre a portaria 3 (conhecida como "Posto Marcão") e o abrigo Rebouças. A partir deste ponto, há uma pequena estrada vicinal de 1,4 km que leva até o topo do morro da Antena, onde há uma estação de rádio da Eletrobrás Furnas, a 2662 m. Assim, este pequeno acesso que sai da BR-485 leva ao ponto mais alto que é possível atingir no Brasil utilizando-se um veículo comum. A rodovia foi inicialmente projetada para ligar a Via Dutra à Garganta do Registro atravessando todo o Parque Nacional de Itatiaia. Porém, um trecho intermediário de 13,9 km entre o local chamado Barro Branco (na parte baixa do parque) e o início da trilha do maciço das Prateleiras (na parte alta), que passaria ainda pelos abrigos Macieiras e Massena, nunca foi construído. Esse trecho só pode ser percorrido a pé, por uma trilha de clássica do montanhismo brasileiro, conhecida como a travessia Rui Braga.  

Depois de andarmos mais um pouco, subimos um trecho até chegarmos a um largo, onde fica o início das trilhas. Esse trecho é em comum com algumas do local, como a Travessia Ruy Braga, Pedra Assentada, final da Couto x Prateleiras, etc. Continuávamos não vendo muita coisa. A chuva havia dado uma parada, ficando apenas uma garoa. Como estávamos andando bem rápido, não sentíamos tanto frio. Após caminhar mais alguns minutos, enfim chegamos ao trecho mais complicado. Descemos até uma grande pedra, onde ficamos abrigados. Nessa hora, a chuva apertou um pouco. Desse ponto em diante, havia muito “trepa pedras” e achamos melhor ficar por ali, estava tudo molhado.  

Fizemos algumas fotos e assim que o frio foi apertando, pegamos o caminho de volta. Mesmo chovendo, valia mais a pena seguir andando do que ficar parado. A vista nesse trecho seria fantástica, mas precisaríamos esperar mais um pouco para contemplar as Prateleiras. A volta pareceu mais rápida. Rapidamente estávamos de volta à Cachoeira das Flores. Ouvi alguém falar que daria um mergulho. Ah, só imaginação mesmo! Chegamos de volta ao Rebouças, já torcendo para termos um tempo melhor no dia seguinte.  

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras


segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Pedra do Sino de Itatiaia

Por Leandro do Carmo

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia


Dia: 28/08/2022
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Leandro Conrado, Marcos “Velhinho” Lima, Thiago Wentzl, Valdino, Thais, Luis Avelar e Thayane Amaral  

Como chegar  

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.

Link do Wikiloc - https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pedra-do-sino-de-itatiaia-116625118

Início da trilha  

Pode-se iniciar a trilha por dois caminhos:  

1 – Iniciando pelo Circuito Cinco Lagos

2 – Iniciando pelo Abrigo Rebouças (Esse relato)

Dicas  

A Pedra do Sino de Itatiaia é o 9º ponto mais alto do Brasil, com 2.670 metros. É uma trilha longa, cerca de 16 km, bem exposta ao sol. Tem água pelo caminho, com dois pontos, mas é preciso usar clorin para purificá-la.

Vídeo


Drone


Relato  

Esse foi o primeiro de quatro dias na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia. Estava férias e ficar dentro do parque era a melhor opção de poder fazer as atividades, pois sair do parque e entrar todo dia fica bem cansativo. Existe até opções relativamente próximas, mas subir aquela estrada todo dia fica bem cansativo. Outro benefício de estar dentro do parque é começar e terminar as atividades já próximas. Mas existia outro problema, que era conseguir vaga. A opção foi chegar no domingo e sair na quarta. Assim, conseguimos ficar no Abrigo Rebouças.  

Saímos as 04h30min da madrugada de domingo. Nosso objetivo do dia era fazer a Pedra do Sino. Era um cume que ainda não havia ido e levando em conta que seria só caminhada, poderíamos fazê-lo no dia de chegada. A viagem foi tranquila e chegamos ao parque por volta das 9h. Eu cheguei primeiro, pois facilita para o meu carro. Adiantei toda a papelada no Posto Marcão e de lá, seguimos para o Abrigo Rebouças, onde deixamos algumas coisas por lá. E nos preparamos para o início da caminhada. 

Pedra do Sino de Itatiaia


O dia estava aberto e o parque estava bem vazio, um bom sinal. A minha mochila para o dia já estava pronta. Enchi minha garrafa de água. No lado de fora do abrigo, podia ver o Maciço das Agulhas Negras bem ao fundo, uma vista fantástica que nos acompanharia durante boa parte do dia. Começamos a caminhar, cruzamos a nova ponte de madeira construída na borda da pequena represa e seguimos andando. O início é um aquecimento, uma leve subida. Ali já podíamos dar o nosso ritmo.  

Mais à frente, cruzamos a ponte pênsil e andamos até a bifurcação que dá acesso às Agulhas Negras. Dali, pegamos o caminho da esquerda, em direção à Pedra do Altar. A partir dali, a subida ficou mais íngreme, mas não muito forte. A vista a impressionava. O Maciço das Agulhas estava a nossa direita e se mostrava imponente. Olhando para trás, podíamos ver as Prateleiras ao fundo e correndo o olho, acompanhávamos a crista do Morro do Couto. Continuando a subida, já era bem visível a Asa de Hermes e mais a frente, conseguíamos ver a Pedra do Altar.  

Cruzamos a bifurcação que vai ao cume da Pedra do Altar e passamos em frente ao imponente paredão, continuando a caminhada até o ponto de acesso às travessias. Ali, fizemos uma pequena pausa para fotos. De volta à trilha, começamos a descer. O sol estava bem forte e começou a incomodar um pouco. Havia esquecido o boné. Já estava num trecho na qual ainda não havia ido. Para mim, tudo era novo. Apesar da longa viagem, não sentia cansaço e caminhava bem. Nesse ponto, podíamos ver a Pedra do Sino bem a esquerda e os “Ovos da Galinha” bem ao fundo.

Pedra do Sino de Itatiaia
Já ao final da descida, fizemos nossa parada longa. Aproveitamos para lanchar. O tempo continuava excelente. De volta a caminhada, seguimos caminho e passamos pela bifurcação para a Cachoeira do Aiuruoca. Segundo a tradição local, Aiuruoca quer dizer “casa do papagaio”, na língua indígena: aîuru (papagaio) e oka (casa). Dali, seguimos para a direita, cruzamos um córrego e fomos contornando a formação rochosa dos Ovos da Galinha.  Após cruzá-lo, iniciamos a subida no trecho mais difícil, no que tange a orientação. Não que seja complicado, mas, levando em consideração o trajeto que havíamos feito até agora, ele era o mais complicado.  

Passamos por grandes rochas, durante o começo da subida, uma forte característica do local. Fomos guiados por pequenos totens posicionados em pontos estratégicos, o que facilitava bastante. Mais acima, o lajeado foi ficando mais exposto e entramos no trecho mais bonito de toda a caminhada. Existiam várias valetas na rocha que seguiam paralelas até quase ao cume. Passar ali foi algo mágico. Aquele céu azul dava um toque especial à paisagem. Depois de subir uma grande rampa, estávamos no cume. Dali, conseguíamos ver as pessoas no cume das Agulhas Negras. Estávamos por trás dele, numa perspectiva diferente e bem diferente de quando olhamos do Abrigo Rebouças, por exemplo.  

Já no cume, aproveitei para fazer algumas imagens com o drone e aproveitei para descer primeiro para poder filmar na base dos Ovos da Galinha, mas nem adiantou, pois perdi o caminho e todos me alcançaram. Para não atrasar a vota, fiquei ali sozinho, enquanto filmava. Depois de voltar a andar, conseguia vê-los bem de longe. Ainda parei quando cruzei o córrego para filmar mais uma vez. Não conseguia mais vê-los, só ouví-los. A parte de descida, agora era subida. O sol forte cobrava seu preço. Passo a passo fui subindo, até que encontrei todos, novamente, na bifurcação antes da Pedra do Altar, no trecho onde encontramos o caminho do Circuito Cinco Lagos. Dali voltamos até o Abrigo Rebouças. 

Foi uma experiência ótima para o primeiro dia. Já estávamos aclimatados ao ambiente da parte alta do fantástico Parque Nacional do Itatiaia. O que teremos para o dia seguinte? 

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia

Pedra do Sino de Itatiaia


terça-feira, 27 de setembro de 2022

Conquistas na Ilha do Veado, Piratininga - Niterói RJ

Por Leandro do Carmo

Segue abaixo o relato das primeiras vias conquistadas em uma ilha na cidade de Niterói. A Ilha do Veado fica em frente a prainha de Piratininga. O relato foi escrito por Pedro Nasser.

Relato das Conquistas na Ilha do Veado, em Piratininga

















Estávamos eu e o Gabriel Goc escalando nas fendas do Havaízinho, quando olhamos para o outro lado da canal e avistamos algumas possibilidades de escalada interessantes na ilha, e resolvemos nos aventurar para encarar a logística de atravessar para ilha com equipamento de escalada e conquista.

A travessia  é feita a partir da última faixa de areia do Havaízinho, e o desembarque na ilha se dá em uma rampa de pedra coberta de mariscos, o ideal é atravessar o canal de caiaque, embora seja possível atravessá-lo a nado, com uma prancha para levar o saco estanque. Importante se atentar para condições de ondas e marés mais fortes que podem inviabilizar a travessia do canal.

Na primeira investida foi conquistada a primeira via extra continental de Niterói: “Novas Auroras” (5grau / +-8m). Uma linha linda com fenda, buracos e agarrões que se protege com peças medias e pequenas no início e finaliza com 2 proteções fixas (a parada é feita na 2 chapa, que em breve será duplicada). Nessa mesma investida fomos explorar o contorno da ilha e nos deparamos com uma falésia FANTÁSTICA, vertical com lindos veios de aproximadamente 20m de altura, marcamos a volta para o outro final de semana.

Na segunda investida contamos com apoio do caiaque emprestado pelo Leandro do Carmo e com mais dois parceiros, o JP Neuhaus e Zé Otavio. Como o mar estava bem calmo, conseguimos desembarcar em uma laje de pedra mais a oeste, bem próxima à falésia. Fizemos duas conquistas de baixo: a linda diagonal “Cronos’’e um dos fantásticos veios da parede, a “Homem das Cavernas”.

Em outras investidas foram equipadas outro lindo veio, a técnica “Leviatan”,  a “Kraken” e, outra bela linha natural, “Megalodon”. No mês de julho/22 fizemos as paradas duplas de titânio para ‘’eternizar’’ a escalada no local.




segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Remada Charitas x Praça XV x Charitas

Por Leandro do Carmo

Remada: Charitas x Praça XV x Charitas  

Dia: 23/07/2022
Local: Niterói/Rio de Janeiro
Participantes: Leandro do Carmo  

Relato  

O dia amanheceu firme. Havia uma neblina forte. Não estava tão frio, inclusive a minha previsão era de que fosse fazer bastante calor depois que a neblina fosse embora. Cheguei cedo à praia de Charitas. Tirei o caiaque da vaga com dificuldade e levei para beira da água, onde arrumei os equipamentos. A água estava bem clara, apesar de toda a poluição da Baía de Guanabara.  

Saí remando sem rumo definido, não tinha um objetivo definido. Pensei em ir até a Boa Viagem, mas quando estava na altura do Morro do Morcego, olhei em direção ao Rio de Janeiro e resolvi ir até a Praça XV, uma vontade que tinha já fazia um tempo. Como não tenho companhia aqui em Niterói, tenho que de vez em quando tenho que remar sozinho. Nem sempre é tão ruim assim, mas confesso que prefiro companhia.  

Continuei a remada, já com o proa do caiaque no rumo da Ilha Fiscal. Nesse trecho, é difícil cruzar com alguém remando, apenas barcos de pesca ou a serviço da indústria naval carioca. Vi um enorme cargueiro se aproximando, Já na entrada da barra, Evitei avançar mais e diminuí o ritmo até ele passar. A impressão era de que ele estava longe, mas rapidamente ele passou na minha frente, cruzando o canal, até perto da Ponte Rio-Niterói. Continuei a remada. Alguns atobás passavam rente a água, calculando perfeitamente a distância para não tocá-la.  

Já próximo ao aeroporto, o barulho dos aviões aterrizando e decolando eram bem fortes. Fui paralelo ao aeroporto, até as boias de marcação na enseada da estação das barcas. Os aviões que decolavam, passavam bem pertos e podia ver os detalhes do trem de pouso. Um espetáculo. Mais a frente, perto de onde ficam alguns barcos de pesca, dei uma pequena parada para alongar e beber uma água. Foram poucos minutos, mas o suficiente para dar um gás para a remada de volta.  

Voltando, tentei fazer o mesmo caminho. Comecei a sentir um incômodo na altura da lombar e fui fazendo pequenas pausas para alongar, o que ajudou bastante a manter o ritmo da remada. Passei um pouco mais distante da Ilha da Boa Viagem e fiz uma parada na Praia do Morcego, onde descansei um pouco até retornar para a guarderia, ao lado da Estação das Barcas de Charitas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Conquista da Via Paredão Rosângela Gelly - 3º IV E2 D2 380m

Por Leandro do Carmo

Conquista da via Paredão Rosângela Gelly

Via Paredão Rosângela Gelly3º IV E2 D2 380m
Conquistadores:
Juratan Câmara, Hélida Rodrigues, Leandro do Carmo, Michel Cipolatti e Luis Avelar
Ano:
2021
Local:
Pedra de Itaocaia - Face Sudeste


Linha aproximada da via Paredão Rosângela Gelly (amarelo) com a Paredão Itaocaia (vermelho) à sua direita:


Dicas

A via é bem bonita e qualidade da rocha ajuda bastante. Boas agarras e lances variados. A via segue bem protegida e é possível rapelar de qualquer ponto da via com uma corda de 60 metros.

Descrição das cordadas:

A via começa tranquila e com lances mais fáceis. Agarras sólidas. Depois a via ganha um pouco mais de inclinação. Passa por uma sequencia de cristais e vem o primeiro crux, numa saída bonita de um buraco raso para a direita. Continua com lances bem bonitos e mais delicados. A partir da P4, a via perde inclinação e vai ficando mais fácil e um pouco mais suja. As proteções mais espaçadas. Já é possível ver de longe algumas proteções da Paredão Itaocaia. 

Bate sombra na parte da tarde.

Acesso


OBS: Por ser uma via recente que ainda não tem muita repetição, o traçado da trilha pode não estar muito bem definido, mas siga sempre paralelo a rocha.

Para acessar a via, deve-se entrar num terreno vazio, entre a loja de material de construção Pé da Pedra e uma loja de Colchões, onde há uma construção abandonada. Siga pelo lado direito dessa construção e vá andado. Depois que passar um bambuzal, deve-se cruzar uma talvegue em direção a umas bananeiras. Siga subindo em direção à pedra. Chegando nela, siga paralelo para a esquerda até encontrar a base da via.



Vídeo da 5º Investida


Relato por Juratan Câmara

Há algum tempo eu estava escalando com a Hélida Rodrigues, a quem conhecera recentemente. Ela escalava muito bem e como ama o esporte, pensava sempre em evoluir tecnicamente mais e mais. Foi aí que conversando com ela veio a ideia de fazermos uma conquista, pois não existe nada melhor para se evoluir nas escaladas. Conquistar tem toda uma técnica única, é desbravar o desconhecido, aumentar o controle emocional e desenvolver uma visão até antes normal. A leitura de um futuro lance pode levar a uma ótima conquista ou a uma daquelas que ninguém gosta de ir ou quando vai não volta mais. O conquistador não pode pensar em si, tem que lembrar que é mais uma via para o esporte, pelo menos é a minha visão. E foi com esse impulso que a Hélida conquistou os primeiros lances muito bem, com segurança e uma calma de veterana, cometeu pequenos erros normais a quem começa, mas ficou muito acima da média dos iniciantes...

Escolhemos uma linha mais limpa possível, inclinação razoável e com boas paradas. Neste dia, estava muito quente e descemos depois de algumas chapeletas fixadas na parede. Fiquei pensando depois que nome daria a via e em nossa segunda investida falei que gostaria de homenagear uma pessoa que sempre fez algo pelo esporte, Rosângela Gelly, talvez Hélida tivesse um outro nome, mas não fez resistência a minha proposta.

Depois de irmos duas vezes, convidei o Michel Cipolatti para nos ajudar, visto que já sabia o tamanho da parede que iríamos encarar. Ao mesmo tempo, chamamos o Leandro do Carmo e o Luiz Avellar, excelentes escaladores do Clube Niteroiense de Montanhismo. Na terceira investida, tivemos que abrir uma outra trilha, bem mais longa, vindo lá da direita, visto que o proprietário da casa por onde passávamos não mais permitiu nossa entrada, neste dia estava um calor absurdo e Cipolatti e Leandro abriram a caminhada cortando todo o mato pelo caminho, os dois ficaram tão cansados que não tiveram forças pra mais nada, eu fiquei pelo meio do caminho vendo Luís.

Ficamos um tempo sem voltar lá, porque o sol andava muito forte, quando retornamos dividimos o grupo, Cipolatti e Leandro subiram para conquistar, eu, Hélida e Luís fomos intermediando os lances longos. Nossa preocupação sempre foi deixar a via bem protegida, e assim fizemos. Cipolatti e Leandro voavam na pedra e avançaram bastante e quase terminaram a conquista.

Por fim Cipolatti e Leandro foram na última investida, colocaram as paradas duplas que faltavam, fizeram as anotações das distâncias dos lances e encerraram mais uma via linda, bem protegida, boas paradas, visual lindo. Comunicamos, oficialmente a homenageada que sua via estava concluída, uma justa homenagem a quem sempre trabalhou para o montanhismo, sempre deu palestras sobre riscos, fez lives, convidando várias pessoas nos mais diferentes assuntos ligados ao esporte e ainda é a autora do livro “Isto Não é Coisa de Menina”. Para quem gosta de uma boa via, aconselho que vá conhecer o paredão Rosângela Gelly

Relato por Leandro do Carmo

Sempre achei que aquela face da Pedra de Itaocaia tinha potencial de novas vias. Eu e o Ary já havíamos olhado, mas nunca houve oportunidade de irmos lá. Mas o destino fez com que começasse uma via ali. Já estava há um tempo conversando com o Juratan sobre conquistas, mas ainda não havíamos tido a oportunidade de conquistarmos uma via. Quando recebi o convite para poder continuar com ele e a Hélida, uma via na Pedra de Itaocaia, não pensei duas vezes. Além mim, o Luiz e o Michel também foram.

O Juratan e a Hélida já haviam ido lá duas vezes. Marcamos cedo a terceira investida e seguimos para Itaipuaçú. Chamamos o caseiro que nos autorizou a entrar. Enfrentamos um forte matagal até chegar à base da via. O calor estava forte. Dali, subimos o trecho que já estava protegido e seguimos mais para cima. O Michel conquistou os primeiros metros e acabei finalizando o dia com um lance bem bacana, acho que o mais difícil até ali. O calor estava forte e resolvemos ir embora, afinal de contas ainda tinha um mato pela frente... Na descida, o dono da casa apareceu e reclamou que estávamos indo lá várias vezes e dificultou a nossa entrada para as próximas investidas. Ainda precisaríamos de algumas.

Ao mesmo tempo em que estávamos nessa conquista, o Cauê Zago dava continuidade a uma via, mas o acesso era bem mais para frente. Aí, surgiu a ideia de acessarmos pelo mesmo caminho dele e seguir paralelo a rocha até chegarmos a base da via. E assim marcamos a quarta investida. Entramos ao lado de uma loja de material de construção, num terreno onde tem uma construção abandonada. Dali, seguimos até a rocha e passamos pela via do Cauê e continuamos paralelos a rocha, abrindo caminho e deixando preparado para futuras investidas. Ao longo caminho, pudemos observar diversas linhas e o grande potencial que a parede tem. Fomos metro a metro até, finalmente, que chegamos exaustos à base da via. O calor estava tão forte e estava tão cansado, que nem deu para pensar em conquistar. Mas pelo menos havíamos conseguido uma alternativa viável para acessar a base. Ao final, encontramos o Cauê Zago e o Alexandre Langer na padaria, onde paramos para tomar uma cerveja gelada e conversar um pouco sobre as conquistas.

Na quinta investida foi mais fácil. O caminho já estava pronto. Chegamos bem mais rápido a base da via e avançamos bem na conquista. A rocha era de boa qualidade e foi facilitando bem a subida. Se não me engano, ainda voltamos lá pelo menos umas duas vezes até que encontramos a via Paredão Itaocaia num trecho da rocha. Aí, tínhamos duas opções: ou parávamos ali, ou continuávamos mais para a esquerda. Como avaliamos que ficaria um mais do mesmo, optamos por encerrar a via ali mesmo. Já estávamos com aproximadamente 380 metros de via. Os melhores lances já haviam passado. Intermediamos alguns lances mais expostos e demos por encerrada a conquista. O Juratan havia sugerido homenagear a Rosângela Gelly, uma acertada decisão. E assim ficou batizada a via...


Fotos de algumas das diversas investidas

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia