Mostrando postagens com marcador Conquistas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Conquistas. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Conquistas na Ilha do Veado, Piratininga - Niterói RJ

Por Leandro do Carmo

Segue abaixo o relato das primeiras vias conquistadas em uma ilha na cidade de Niterói. A Ilha do Veado fica em frente a prainha de Piratininga. O relato foi escrito por Pedro Nasser.

Relato das Conquistas na Ilha do Veado, em Piratininga

















Estávamos eu e o Gabriel Goc escalando nas fendas do Havaízinho, quando olhamos para o outro lado da canal e avistamos algumas possibilidades de escalada interessantes na ilha, e resolvemos nos aventurar para encarar a logística de atravessar para ilha com equipamento de escalada e conquista.

A travessia  é feita a partir da última faixa de areia do Havaízinho, e o desembarque na ilha se dá em uma rampa de pedra coberta de mariscos, o ideal é atravessar o canal de caiaque, embora seja possível atravessá-lo a nado, com uma prancha para levar o saco estanque. Importante se atentar para condições de ondas e marés mais fortes que podem inviabilizar a travessia do canal.

Na primeira investida foi conquistada a primeira via extra continental de Niterói: “Novas Auroras” (5grau / +-8m). Uma linha linda com fenda, buracos e agarrões que se protege com peças medias e pequenas no início e finaliza com 2 proteções fixas (a parada é feita na 2 chapa, que em breve será duplicada). Nessa mesma investida fomos explorar o contorno da ilha e nos deparamos com uma falésia FANTÁSTICA, vertical com lindos veios de aproximadamente 20m de altura, marcamos a volta para o outro final de semana.

Na segunda investida contamos com apoio do caiaque emprestado pelo Leandro do Carmo e com mais dois parceiros, o JP Neuhaus e Zé Otavio. Como o mar estava bem calmo, conseguimos desembarcar em uma laje de pedra mais a oeste, bem próxima à falésia. Fizemos duas conquistas de baixo: a linda diagonal “Cronos’’e um dos fantásticos veios da parede, a “Homem das Cavernas”.

Em outras investidas foram equipadas outro lindo veio, a técnica “Leviatan”,  a “Kraken” e, outra bela linha natural, “Megalodon”. No mês de julho/22 fizemos as paradas duplas de titânio para ‘’eternizar’’ a escalada no local.




quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Conquista da via Gaia Vive - Alto Gaia - São Gonçalo

Por Gabriel de O. Carvalho

Via Gaia Vive - 5° Vsup E2 D2 350m
Conquistadores: Alexandre Langer, Gabriel de O. Carvalho, João Neuhaus, José Gabriel Barcellos e Vinícius Coutinho
Data: 06/2021

Croqui

Início da trilha e local para estacionar o carro: https://www.google.com/maps/@-22.8599998,-42.9011246,128m

(trajeto de carro por Maricá não recomendado devido às péssimas condições da estrada)

Relato da conquista da via Gaia Vive

A primeira conquista na montanha a gente nunca esquece!

Visão do paredão a partir da trilha de acesso à nova via.

Era um sonho antigo meu praticar escalada em São Gonçalo, porém a falta de locais de escalada estabelecidos e o problema da violência urbana, que infelizmente ocorre em grande parte da cidade, sempre me impediram. Contudo, um tempo atrás ouvi falar de um lugar chamado Alto do Gaia, as descrições faladas do local já me chamaram a atenção, ouvi que tinha um paredão lá, que o entorno era rural e que era um local conhecido por praticantes de trekking e motocross, além de ter sido recentemente transformado em Área de Proteção Ambiental (APA).

Esse interesse ficou latente por meses (eu nem nem tinha visto fotos do lugar ainda!), até que resolvi pesquisar sobre o lugar e quando vi as fotos, pirei. Comentei com o Matias (Vinicius Coutinho) e também com o Zé Gabriel, que me alertou já estar de olho nessa montanha há um tempo e que inclusive já existia uma via conquistada lá: Realidade da Laranja (Paredão São Gonçalo) 3º-V. Via esta conquistada por P.C. Caliano, Rodolpho Pajuaba e Juratan Câmara, em 1985. Possivelmente a primeira e, até então, única via de escalada em montanha de São Gonçalo?

No dia 16 de maio de 2021, um domingo, após convencer o Zé Gabriel, partimos para a conquista do Gaia. A aventura já começou no trajeto de carro para chegar lá, dos três caminhos que o Google Maps nos recomendou escolhemos o que julgamos ser o mais seguro: entrando por Maricá. O único problema era a condição da estrada, toda de terra e mais parecia uma trilha de motocross, de fato, na quase 1h de trajeto os únicos doidos de carro por lá éramos nós, acompanhados pelos motoqueiros que desviavam com facilidade dos buracos e piscinas gigantes na estradinha. Após muito sufoco, chegamos em Gaia, mas pelo lado oposto, queríamos acessar a face oeste-sudoeste. Felizmente encontramos um morador que conhecia muito bem o local e nos deu o caminho da pedra, nos poupando muito tempo. 

Quando chegamos lá, mesmo tendo visto as fotos e relatos, nem acreditei que o município nos guardava esta pérola. Um local de características rurais e um visual incrível. A montanha era linda, e ao avistá-la ambos concordamos em ir na direção do vale, face sudoeste, para explorar em busca de uma via um pouco mais vertical. O caminho foi bem fácil, sendo curto e com visão da montanha quase o tempo todo, por isso chegamos na montanha sem muito esforço. Importante frisar que a trilha passa por uma propriedade privada, porém o dono foi bem receptivo, não viu problema com a nossa presença e inclusive nos deu dicas para chegar lá.

Logo no início da trilha, o Zé ficou louco por uma fenda. Confesso que eu não tinha dado muita bola a ela, porque uns 30 m acima dava pra ver que ela entrava numa vegetação arbustiva; fiquei com medo da linha não ter continuidade. Após uma explorada fui convencido a entrarmos nela. Como o Zé estava mais animado concordamos em ele guiar esse primeiro esticão. Zé conseguiu guiar com poucas proteções precárias em móvel e protegendo nos arbustos que ficavam no topo. Com exceção do ataque de formigas e de muitas pedras soltas com risco de me acertarem, ele guiou 50 m da cordada em móvel sem maiores problemas. 

Tivemos uma boa surpresa: o trecho de arbusto se estendia somente por uns 5 metros, logo após havia uma saída para pedra que parecia promissora do lado esquerdo. Foi aí que batemos a parada da via e eu comecei a guiada da segunda cordada. Nesse momento passava das 15h e o sol batia na pedra, porém esta parte de aderência estava bastante babada e suja de líquen. Fiquei bastante drenado com os lances, mas consegui progredir uns 15 m e bater duas chapeletas. Parei na parte que verticaliza, muitas agarras quebrando, o dia já estava terminando e a esta altura achei que só conseguiria passar do lance com cliff, e nem os tinha no dia. Voltamos para casa já no entardecer, mas aquela cordada ficou na minha cabeça a semana inteira. Não conseguia parar de passar como iria vencer aquele lance.

Segunda cordada, os lances seguem na parte exposta de pedra indo pra esquerda e passando no único trecho sem vegetação.

Na semana seguinte voltamos eu e Zé Gabriel novamente, com a companhia de Alexandre Langer, João Neuhaus e Matias. O Zé guiou o lance, dessa vez com as peças móveis do Langer, deixando a enfiada muito bem protegida. Eu subi na sequência e logo já reiniciava a conquista da segunda cordada. Eu estava muito mais focado nessa investida, o lance que achei que faria só com cliff, dei uma escovadinha e passei em livre, protegendo logo em seguida. Segui na conquista muito bem mentalmente, apesar da aderência suja e dos regletes quebrando. Quando a corda já estava acabando achei um platozinho incrível, onde decidi fazer a P2, com 55 m.

João Neuhaus no platô da P2

Agora foi a vez do Langer tocar a sequência da terceira cordada, fortes rajadas de vento aconteciam nessa hora, aumentando a “drena”. A linha sai do platozinho pra esquerda, pegando uma fenda de uns 2 m onde ele protegeu com alguns friends e depois tocou pra cima passando à direita da vegetação. Depois da vegetação, uma surpresa! A nossa via esbarra num veio de cristais incrível que faz um corte em diagonal na montanha para a esquerda. Na hora a gente só escutava o Langer gritando de felicidade falando do que tinha encontrado. Ele tocou uns 45 m e decidiu fazer uma parada num ponto onde o veio começava a ter mais vegetação e ele percebeu que existia uma linha limpa para cima. O visual nessa parte é de tirar o fôlego, tínhamos uma visão ampla da região, inclusive da Baía de Guanabara e das montanhas ao fundo.  

A próxima enfiada o Zé Gabriel tocou, segue uns lances de aderência mais tranquilos em linha reta, passando a esquerda de uma vegetação e chegando numa parada confortável (P4), a cordada ficou com 50 m. Infelizmente o dia já estava acabando e decidimos encerrar a investida. 

Lances em aderência da quarta cordada

Voltamos ao Gaia quando a janela de tempo permitiu. Repetimos todos os lances, e a quinta cordada, que era bem mais tranquila, foi conquistada pelo Matias que estava aprendendo, e pelo João. A maior parte dessa cordada é uma escalaminhada bem fácil, com um lancezinho de escalada no final para chegar na P5.

A sexta cordada quem tocou foi o Zé, ela começa numa aderência salgada, talvez um V, por uns 10 metros, depois fica mais tranquila e vai até chegar numa parede vertical, onde ele contornou pra esquerda até chegar num lance de fenda bem maneiro. O doido tocou direto e o lance ficou bem exposto, depois eu e o Matias voltamos e intermediamos uma parte do crux.

De presente de aniversário (eu faria 31 anos em poucos dias) deixaram a conquista da sétima cordada para mim. Apesar de já estar exausto do dia, essa parte da conquista foi irada. Começa protegendo em móveis em algumas fendas, e depois faz alguns crux em IVsup e V protegidos em chapeleta. Depois da parte mais difícil, aproximadamente 20 m, a via encontra uns lances com agarras e regletes bem maneiros até o final. Cheguei onde julguei ser um bom local para a parada já no fim do dia. A galera veio rápido subindo pela corda fixa. 

Com o horário avançado, o João foi na frente pra tentar achar alguma trilha para o cume, após uns 20 min ainda não sabíamos exatamente onde estávamos, decidimos a contra-gosto retornar via rapel. Nesse dia terminamos a via, mas sem saber, porque não achamos o cume e nem sabíamos se teria mais escalada.

O cume só veio em outra investida, no dia 26 de junho de 2021, eu, Zé e Matias fomos com a missão de escalar a via inteira e de anotar as informações para fazer o croqui. Enfim, às 16h finalmente pudemos gritar “cumee”. Quis o destino também que a minha primeira escalada em São Gonçalo fosse também a minha primeira conquista em montanha, que privilégio. A via deve dar um quinto no geral, com cordada em fenda, aderência, regletes no vertical, veio de cristais em diagonal, e uns trepa matos também. 350 metros de muita aventura. Chamamos a via de "Gaia Vive". Uma lembrança aos fragmentos de mata atlântica que ainda resistem, principalmente graças às nossas montanhas e áreas de conservação.

O dia em que finalmente gritamos “cumeeee”

Que venham as próximas! 




Conquista da primeira cordada

Conquista da primeira cordada

Cristais, um dos lances mais bonitos da via

João passando uns betas de conquista para o Matias na quinta cordada

Zé conquistando a sexta enfiada

Minutos após bater a P7

Alexandre Langer na terceira cordada

Lances iniciais da sétima enfiada


sábado, 7 de novembro de 2020

Conquista Via Guela Seca

Conquista da Via Guela Seca -  3 IIIsup E1/E2 D1 150m

Setor Vale da Serrinha, Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói-RJ.

Ary Carlos, Leonardo Carmo e Ivison Rubim.

Setor Vale da Serrinha. Para chegar na base, basta seguir pro setor das Vias Golpe do Cartão, Dois dias de sol, De Olho nas Vizinhas, O Mistérios do Arranha Gato etc. A base fica ao lado esquerdo da Via CNM 15 Anos.

Pra quem for de carro, sugiro estacionar na rua atrás do posto que fica logo no início da subida.

Fizemos a primeira investida (Leonardo e Ary) no dia 11/09/2020. O dia estava super quente. Conseguimos umas chapeletas com o Leandro. Eu pensava que ele tinha doado, mas descobri que ele tinha "vendido" pra gente, mas como ele não falou nada na hora, levou um calote.

Nessa primeira investida fizemos a primeira enfiada de 60 metros. Duplicamos a parada e intermediamos a descida pra um eventual rapel. Utilizamos chapeleta simples Bonier PinGo.

Nessa primeira enfiada fica o crux, um IIIsup. O lance tá protegido, porém se entrar errado, complica um pouco.

Por conta do sol forte e falta de chapeleta, encerramos ali a nossa primeira investida.

No dia 22/10/2020, fomos fazer a nossa segunda investida. Dessa vez com chapeletas próprias. O Ary tinha comprado. Convidamos o Ivison Rubim para essa segunda etapa.

Subimos até a P1 e de lá começamos a procurar uma linha. A pedra tinha perdido inclinação e era andar tranquilamente pelas pedras soltas. Muitas pedras soltas nesse trecho. Depois de 30 metros, a parede voltou a ter inclinação e ali fizemos a P2. Dali pra frente achamos uma linha que rendeu um 3º grau e assim fomos até finalizar a P3 com mais 60 metros.

obs.: a via termina num lance tranquilo. Dali pra frente é pegar uma trilha auxiliar, a mesma da CNM 15 anos, e sair na trilha principal do Alto Mourão. São aproximadamente 110 metros.

O calor já tava intenso e a goela já estava seca querendo uma gelada . Como a trilha do Alto Mourão estava interditada por conta das restrições, tivemos que rapelar. 

Já de volta à base da via, na hora de tirar os equipamentos da mochila, a marreta cai no dedo do Ary. Acho que até hoje a unha dele continua preta.

Depois de pegar a trilha de volta, fomos em busca da gelada. Afinal, a goela estava mais seca do que nunca. Nossa primeira opção pra resolver o problema após as escaladas nesse setor, é o bar Guela Seca. Só que por conta das restrições, o bar não abre dia de semana. Partimos então pra nossa segunda opção: Quiosque do bolinho de peixe em Itacoatiara. Também por conta das restrições estava fechado e só abriria às 16h. Não dava pra esperar mais 30 minutos rsrs Partimos pra nossa terceira opção: Quiosque na beira da laguna de Itaipu. Esse estava aberto e lá molhamos a goela e fizemos a hidratação. 







terça-feira, 15 de setembro de 2020

Conquista da via Mistérios do Arranha Gato - 3º IVsup E1/E2

Por Leandro do Carmo

Mais uma conquista em Niterói!!!

Via Mistérios do Arranha Gato - 3º IVsup E1/E2 D1 140m

Conquistadores: Leandro do Carmo, Luis Avellar e Marcelo Correa
Colaborador: Ivison Rubim

A via fica ao lado direito da "De Olho nas Vizinhas". O crux está na primeira enfiada e é feita em lances com pequenas agarras, até passar um dique com cristais num lance bem bonito, sendo a mais forte da via. É interessante fazer uma parada curta, com cerca de 20m para evitar o arrasto na corda. A segunda enfiada com 30 metros tem alguns lances com agarras ainda por quebrar. Começa tocando reto e vai fazendo uma diagonal para a direita, até um platô mais confortável para a parada. Dali, continua seguindo para a direita e contorna para a esquerda novamente. 

A terceira enfiada foi conquistada para quem quer continuar e emendar no segundo trecho da via "De Olho nas Vizinhas" que segue numa diagonal para a direita, abaixo de um grande diedro ou emendando no final da "Dois Dias de Sol" pela variante horizontal "O Medroso mais Corajoso", ambas terminando no Mirante do Carmo, com saída pela trilha do Alto Mourão.

Toda conquistada com chapeletas e as paradas estão duplicadas.

Se fizer as paradas mais curtas, evita o atrito da corda.

Acesso

O acesso é o mesmo para todas as vias do setor. Seguindo pela serrinha, pode deixar o carro em um recuo ao lado de uma placa grande de proibido jogar lixo e subir um pouquinho, seguindo a cerca até onde ela termina em uma pedra. Passa exprimido entre a cerca e a pedra e começa a subir por entre pequenos blocos soltos, passa ao lado de um bambuzal e segue uma trilha razoavelmente demarcada, passa por um platô com redes velhas penduradas e sobe à esquerda entre blocos e vai seguindo os totens até encontrar a parede. A primeira via é a Didática (tem uma parada dupla na base), vai costeando a pedra e tem a base da Via Golpe do Cartão, mais abaixo a Via Levadas da Breca, de Olho Nas Vizinhas e Mistérios do Arranha-Gato.

Algumas fotos das conquistas