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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia

 Por Leandro do Carmo

Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia

Localizada no distrito de Itaipuaçu, no município de Maricá, a Pedra de Itaocaia se destacana paisagem local, tanto para quem está na praia de Itaipuaçu ou Alto Mourão, quanto para quem passa pela RJ 106, na altura de Inoã. Possui aproximadamente 389 metros de altura e de cada ponto que a vemos, possui um formato.

Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia
Visão da Face Sudeste




Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia
Vista da Fazenda Itaocaia


Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia
Vista da Serra do Calaboca


Vista do Alto Mourão











A primeira via conquistada nessa montanha foi a Paredão Galo Velho, uma conquista de 1981. Ficou durante anos sem conquista. Alguns projetos se iniciaram, mas nenhum avançou. Em 2020, em plena pandemia, Erick Okamura e o Blanco P. Blanco conquistaram uma via face noroeste, voltada para a Fazenda Itaocaia. Em 2021, foi finalizada a via "O dia em que a Terra parou", liderada por Cauê e Alexandre Langer e amigos, na face sudeste, mesma face da Galo Velho. Quase que simultaneamente, Juratan Câmara iniciou a conquista da via Rosângela Gelly, junto com Leandro do Carmo, Michel Cipolatti e Luis Avelar. A partir daí o setor ganhou mais vias se consolidando com vias exigentes e longas, numa parede sólida e bem bonita.

Localização:

Vias da Face Sudeste da Pedra de Itaocaia


A face sudeste da Pedra de Itaocaia tem atualmente 8 vias de escalada, sendo a via mais antiga a Via Galo Velho e as demais conquistadas entre 2020 e 2022. As vias têm dificuldades variadas entre 3° e 7° e podem ter até 500 m de extensão até o cume.

Há sombra nas vias dessa face no período da tarde, principalmente nas vias mais verticais, como a Moinho de Sonhos e Desequilíbrio Emocional, onde já costuma ter sombra a partir de 13h.

As vias são protegidas majoritariamente por grampos e chapeletas rapeláveis PinGo e Dupla da Bonier. Algumas vias podem ter trechos onde a proteção pode ser melhorada com peças moveis, como no caso do começo normal da Via Sujo, Cansado e Todo Suado. Já para o começo da Sujo, Cansado e Todo Suado pelo diedro vertical, a primeira enfiada da Paredão Itaocaia e alguns lances da Paredão Batismo de Sangue é recomendado carregar um jogo de móveis. Um jogo de camalots do #0.4 ao #3 ou equivalente já é suficiente para a maior parte dos casos.

Visão geral das vias

Croqui Pedra de Itaocaia













Acesso:

Para acessar ao início da trilha de acesso, siga pela Av, Carlos Mariguella, até a loja de material de construção "Pé da Pedra Material de Construção". 

https://maps.app.goo.gl/TnFMvNJwuJ1GBtVB7- Pé da Pedra Material de Construção

Trilha de Acesso




Descrição detalhada do acesso detalhado para a base das vias:

Ao lado da loja de material de construção, há um terreno baldio e uma construção inacabada. Entre por ela e siga até o final da parte mais aberta dos fundos do terreno, passando por um bambuzal e, chegando à vegetação, seguir para a esquerda até atravessar um córrego seco (caminho de descida da água da chuva) próximo a um bloco que fica no outro lado. Seguir pela trilha, que sobe em direção à montanha, mas caindo para a esquerda em direção à algumas bananeiras. Logo após as primeiras bananeiras a trilha volta para a direita até encontrar novamente o córrego seco em um ponto onde há um grande bloco dentro dele. Seguir subindo pelo córrego até a pedra.

Margeando a pedra pelo lado direito há alguns projetos antigos abandonados o no final da subida é possível acessar a Via Galo Velho (4°). Não há relatos de repetição recente desta via, porém os grampos visíveis da base parecem estar em bom estado.

Já margeando a pedra pelo lado esquerdo é possível encontrar primeiramente a Paredão Desequilíbrio Emocional (5° VI A1 E2 D3 350m), que é identificada pela sequência de chapeletas por cima de um arco saindo do chão e formando um teto a cerca de 5 m de altura.

A Via O Dia em que a Terra Parou fica cerca de 50 m para esquerda, antes de um bambuzal.

Para a Paredão Moinho de Sonhos (7° VIIb E2 D3 350m), contornar o bambuzal por fora, passando por um trecho um pouco mais fechado e depois de uma rápida subida, chega em outra parte mais aberta onde a pedra vai ficando mais positiva no começo (um rampão) e depois de alguns metros volta a ficar vertical. Contornando o rampão por baixo, no final do lado esquerdo dele, é possível avistar os grampos da Paredão Moinho de Sonhos na parte mais vertical. Uma das vias mais bonitas da montanha.

Para chegar na Paredão Batismo de Sangue (5° VIIa/A0 E3 D3 385m), seguir mais junto à pedra, passar por um muro baixo construído até encostar na montanha e descer. No final desta descida tem uma fenda rasa na pedra saindo do chão em uma parte positiva junto de uma árvore. Bem alto do lado direito da fenda é possível encontrar a primeira proteção da via. Olhando para a montanha pode-se avistar de longe o sistema de fendas e chaminés por onde ela passa.

Para chegar na Via Sujo, Cansado e Todo Suado (4° VI E2 D3 385m), seguir mais agora afastando um pouco da rocha e passando por alguns blocos e seguir na trilha. Caso esta parte esteja fechada é possível seguir bem junto a pedra passando pela vegetação até encontrar a trilha novamente em uma bifurcação.

Nesta bifurcação é possível seguir para a direita continuando bem junto a pedra e fazendo um trepa-mato de cerca de 50 m até um diedro vertical com vários buracos. Este é o começo em móvel (VIsup E3) da primeira enfiada da Via Sujo, Cansado e Todo Suado. Para chegar no outro começo da via, mais fácil e com proteções fixas, seguir em frente na bifurcação passando por uns blocos até chegar em algumas bananeiras, voltando a ficar junto da rocha. Este começo é facilmente identificado por uma fenda frontal mais profunda que a da Batismo de Sangue. A primeira proteção fixa fica depois dessa fendo quando é necessário contornar uma parte com vegetação pelo lado direito.

Para chegar na base da Paredão Itaocaia (4° Vsup E2/E3 D3 550m) é só seguir alguns metros e depois subir em um platô de vegetação. Esta via também tem dois inícios, um por um sistema de fendas frontais no lado esquerdo e outro por baixo de um diedro mais à esquerda, ambos em móvel.

Para acessar a Via Rosângela Gelly (3° IV E2 D3 +380m), basta seguir mais pela trilha até encontrar uma grande laca apoiada na pedra no meio do caminho. A base fica acima desta laca.


Vias de Escalada da Face Sudeste da Pedra de Itaocaia

Rosângela Gelly - 3° IV E2 D2 380m ------ + Relato da Conquista / Croqui

Via mais acessível da montanha. São várias enfiadas de III com alguns lances de IV. Para alcançar o cume é necessário continuar pelo final da Paredão Itaocaia. A base da via fica acima de uma grande laca apoiada na pedra no final da trilha. 






Paredão Itaocaia - 4° V+ E2/E3 D3 550m ------ + Croqui

A primeira enfiada desta via é muito bonita e toda em móvel, podendo ser feita por um sistema de fendas frontais (IV) ou por um diedro na esquerda (V). As outras enfiadas são protegidas em chapeletas. A base da via fica alguns metros depois da Via Sujo, Cansado e Todo Suado em um platô mais alto.

 Um início muito interessante para quem quer escalar um pouco mais em móvel é começar pela Sujo, Cansado e Todo Suado, mas ao invés de contornar a vegetação no final da primeira fenda pela direita em direção à primeira proteção, contornar pela esquerda para passar pela base da Paredão Itaocaia e seguir normalmente até a P1. 

A saída da Paredão Itaocaia para o cume é a mais fácil de todas, tendo menos lances de trepa mato e uma trilha mais aberta.


Sujo, Suado e Todo Cansado - 4° VI E2 D3 385m ------ + Croqui

É a última via conquistada no setor. Esta via foi idealizada por conta do belo diedro vertical, com diversos buracos e agarras, que hoje é uma das alternativas para o começo da via. Este início é protegido em móvel e está graduado em VIsup com exposição E3. Também é possível fazer um começo mais fácil (IV) mais à esquerda, com proteções fixas e alguns móveis opcionais. O lance do diedro é recheado em agarras, batentes e buracos. Já a entrada pela esquerda começa passando por uma sequência de duas fendas frontais e lances em agarras e aderência até a primeira parada. Após a união das duas entradas há lances técnicos e verticais com muitos buracos, agarras e aderência, passando também por grandes buracos em que se pode entrar para descansar. A partir da segunda parada a via segue em lances de até IV em diagonal para a direita até chegar na Paredão Batismo de Sangue. Daí é possível fazer a saída para a Moinho de Sonhos ou seguir no final da Batismo de Sangue, que é mais trabalhoso.


Batismo de Sangue - 5° VIIa E3 D3 385m ----- + Croqui

Via mais exigente psicologicamente para guiar nesta face da montanha. As proteções são mais espaçadas e tem um misto de proteções fixas e móveis. Passa por um sistema de fendas rasas no começo até chegar ao crux, na segunda enfiada. Este lance está graduado em VIIa, porém pode ser feito em artificial. De todo modo, é bom estar escalando bem VI nestas técnicas para guiar a via. Depois do crux segue por duas chaminés bem curtas. A primeira é mais difícil e parece um meio termo entre uma chaminé e um diedro cego, pois é aberta para fora em “V”. A segunda é mais fácil e pode ser contornada por fora. A via passa por alguns buracos e fendas grandes e depois segue por lances mais exigentes de agarras pequenas e aderência por uma enfiada e meia até um grande buraco onde é uma das paradas. A via segue ficando progressivamente mais fácil. A saída para o cume mais fácil é saindo para a direita em uma das enfiadas contornando uma área com bastante vegetação por cima até encontrar a parada da Paredão Moinho de Sonhos que fica na altura dos cabos de aço da parte principal da contenção. Outra saída é continuar seguindo subindo e caindo para esquerda no costão de pedra, buscando encontrar as paradas a cada 60m e algumas proteções fixas intermediárias até chegar à vegetação. Depois ainda há uma enfiada com um misto de trepa mato e rocha até chegar um uma parte mais positiva com vegetação cobrindo toda a pedra. A partir deste ponto é possível desequipar e seguir para o cume, buscando encontrar a trilha da saída da Paredão Itaocaia ou seguir na direção do cume improvisando.


Moinho de Sonhos - 7° VIIb E2 D3 350m ------+ Croqui

A Paredão Moinho de Sonhos é uma das vias mais bonitas e exigentes da montanha. Começa com um rampão positivo por alguns metros até chegar à parede vertical. Neste trecho há bonitos lances com batentes, agarras grandes, lacas e alguns metros com diversos cristais de quartzo usados como regletes. Este último trecho está graduado em VIIa. Faz uma horizontal de cerca de 6m e sobe mais um lance exigente com pockets e regletes antes da parada. A segunda enfiada começa com outro lance entre VIsup e VIIa para a direita com uma agarra muito boa para a mão esquerda, mas pés muito pequenos, tendo que se esticar e fazer uma transição bem técnica para alcançar um veio de cristas no lado direito. Depois deve seguir na horizontal usando o veio de cristais como pés até a segunda parada. A terceira enfiada é a mais exigente da via, sendo graduada em VIIb. É um trecho longo e vertical em agarras pequenas, necessitando de uma boa leitura. A próxima enfiada começa tendo que vencer um teto com boas agarras pelo lado esquerdo e depois seguindo por mais trechos ainda exigentes em regletes pequenos, porém em uma parede menos vertical, diminuindo um pouco a dificuldade. A via segue desta forma até a P5, que fica em um platô bem confortável. Na enfiada seguinte ainda há um lance de aderência mais técnico, porém na maior parte com lances fáceis. Da sexta parada é visto bem de frente a grande contenção construída nos anos 2000. A via contorna a tela que fica abaixo e a esquerda da grande grade de contenção e segue por um costão até perto da altura de cabos de aço que segura a grade principal da contenção. Deste ponto segue na direção dos cabos de aço, passando por cima deles, e contornando a vegetação pelo lado direito e voltando um pouco para a esquerda até subir em um bloco onde há a última proteção da via. A partir deste ponto sobe pela vegetação em um trepa-mato que vai até o cume. Logo depois de entrar na vegetação o melhor é desequipar e seguir esse final já de tênis.


O Dia em Que a Terra Parou - 5° A1(VIIIc) E2 D2


Via Desequilíbrio Emocional - 5° VI A1 E2 D3 ------- + Croqui

 A via começa em um conjunto de dois arcos que saem do cão e formam 2 tetos há cerca de 5-10 m de altura. As proteções começam por cima do primeiro arco e devem ser usadas para artificializar o trecho até acima do segundo teto e entrar em um grande veio de cristais vertical. Este veio de cristais é a parte mais bonita da via. São cerca de 15 m em um veio de cristais vertical de cerca de 1m de largura com muitas agarras grandes. Esse trecho não passa de IV, porém é muito satisfatório de ser escalado.

 Após este veio a via passa por um buraco onde devesse passar pelo lado esquerdo usando um grande batente e algumas boas agarras. Depois continua em uma parede ainda bem vertical com agarras variadas por mais 30m (Vsup), passando no final por um lance de VI com movimentos semelhantes a um boulder logo antes da parada. A via segue depois mais positiva em agarras pequenas, alguns trechos mais verticais bem bonitos e depois um costão de III. No costão passa pelo lado direito da grande contenção construída ali depois do desprendimento de um bloco do topo nos anos 2000. A via passa por um trecho de vegetação e depois segue mais 1 enfiada e meia e um longo trecho de subida pela vegetação até o cume, já desequipado.


Não identificada


Não identificada


Paredão Galo Velho ------+ Croqui

Primeira via dessa montanha, conquistada no início da década de 80. Não confundir com os projetos abandonados que ficam antes desta via na subida logo após começar a contornar a montanha pela direita.






quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Conquista da Via Paredão Rosângela Gelly - 3º IV E2 D2 380m

Por Leandro do Carmo

Conquista da via Paredão Rosângela Gelly

Via Paredão Rosângela Gelly3º IV E2 D2 380m
Conquistadores:
Juratan Câmara, Hélida Rodrigues, Leandro do Carmo, Michel Cipolatti e Luis Avelar
Ano:
2021
Local:
Pedra de Itaocaia - Face Sudeste


Linha aproximada da via Paredão Rosângela Gelly (amarelo) com a Paredão Itaocaia (vermelho) à sua direita:


Dicas

A via é bem bonita e qualidade da rocha ajuda bastante. Boas agarras e lances variados. A via segue bem protegida e é possível rapelar de qualquer ponto da via com uma corda de 60 metros.

Descrição das cordadas:

A via começa tranquila e com lances mais fáceis. Agarras sólidas. Depois a via ganha um pouco mais de inclinação. Passa por uma sequencia de cristais e vem o primeiro crux, numa saída bonita de um buraco raso para a direita. Continua com lances bem bonitos e mais delicados. A partir da P4, a via perde inclinação e vai ficando mais fácil e um pouco mais suja. As proteções mais espaçadas. Já é possível ver de longe algumas proteções da Paredão Itaocaia. 

Bate sombra na parte da tarde.

Acesso


OBS: Por ser uma via recente que ainda não tem muita repetição, o traçado da trilha pode não estar muito bem definido, mas siga sempre paralelo a rocha.

Para acessar a via, deve-se entrar num terreno vazio, entre a loja de material de construção Pé da Pedra e uma loja de Colchões, onde há uma construção abandonada. Siga pelo lado direito dessa construção e vá andado. Depois que passar um bambuzal, deve-se cruzar uma talvegue em direção a umas bananeiras. Siga subindo em direção à pedra. Chegando nela, siga paralelo para a esquerda até encontrar a base da via.



Vídeo da 5º Investida


Relato por Juratan Câmara

Há algum tempo eu estava escalando com a Hélida Rodrigues, a quem conhecera recentemente. Ela escalava muito bem e como ama o esporte, pensava sempre em evoluir tecnicamente mais e mais. Foi aí que conversando com ela veio a ideia de fazermos uma conquista, pois não existe nada melhor para se evoluir nas escaladas. Conquistar tem toda uma técnica única, é desbravar o desconhecido, aumentar o controle emocional e desenvolver uma visão até antes normal. A leitura de um futuro lance pode levar a uma ótima conquista ou a uma daquelas que ninguém gosta de ir ou quando vai não volta mais. O conquistador não pode pensar em si, tem que lembrar que é mais uma via para o esporte, pelo menos é a minha visão. E foi com esse impulso que a Hélida conquistou os primeiros lances muito bem, com segurança e uma calma de veterana, cometeu pequenos erros normais a quem começa, mas ficou muito acima da média dos iniciantes...

Escolhemos uma linha mais limpa possível, inclinação razoável e com boas paradas. Neste dia, estava muito quente e descemos depois de algumas chapeletas fixadas na parede. Fiquei pensando depois que nome daria a via e em nossa segunda investida falei que gostaria de homenagear uma pessoa que sempre fez algo pelo esporte, Rosângela Gelly, talvez Hélida tivesse um outro nome, mas não fez resistência a minha proposta.

Depois de irmos duas vezes, convidei o Michel Cipolatti para nos ajudar, visto que já sabia o tamanho da parede que iríamos encarar. Ao mesmo tempo, chamamos o Leandro do Carmo e o Luiz Avellar, excelentes escaladores do Clube Niteroiense de Montanhismo. Na terceira investida, tivemos que abrir uma outra trilha, bem mais longa, vindo lá da direita, visto que o proprietário da casa por onde passávamos não mais permitiu nossa entrada, neste dia estava um calor absurdo e Cipolatti e Leandro abriram a caminhada cortando todo o mato pelo caminho, os dois ficaram tão cansados que não tiveram forças pra mais nada, eu fiquei pelo meio do caminho vendo Luís.

Ficamos um tempo sem voltar lá, porque o sol andava muito forte, quando retornamos dividimos o grupo, Cipolatti e Leandro subiram para conquistar, eu, Hélida e Luís fomos intermediando os lances longos. Nossa preocupação sempre foi deixar a via bem protegida, e assim fizemos. Cipolatti e Leandro voavam na pedra e avançaram bastante e quase terminaram a conquista.

Por fim Cipolatti e Leandro foram na última investida, colocaram as paradas duplas que faltavam, fizeram as anotações das distâncias dos lances e encerraram mais uma via linda, bem protegida, boas paradas, visual lindo. Comunicamos, oficialmente a homenageada que sua via estava concluída, uma justa homenagem a quem sempre trabalhou para o montanhismo, sempre deu palestras sobre riscos, fez lives, convidando várias pessoas nos mais diferentes assuntos ligados ao esporte e ainda é a autora do livro “Isto Não é Coisa de Menina”. Para quem gosta de uma boa via, aconselho que vá conhecer o paredão Rosângela Gelly

Relato por Leandro do Carmo

Sempre achei que aquela face da Pedra de Itaocaia tinha potencial de novas vias. Eu e o Ary já havíamos olhado, mas nunca houve oportunidade de irmos lá. Mas o destino fez com que começasse uma via ali. Já estava há um tempo conversando com o Juratan sobre conquistas, mas ainda não havíamos tido a oportunidade de conquistarmos uma via. Quando recebi o convite para poder continuar com ele e a Hélida, uma via na Pedra de Itaocaia, não pensei duas vezes. Além mim, o Luiz e o Michel também foram.

O Juratan e a Hélida já haviam ido lá duas vezes. Marcamos cedo a terceira investida e seguimos para Itaipuaçú. Chamamos o caseiro que nos autorizou a entrar. Enfrentamos um forte matagal até chegar à base da via. O calor estava forte. Dali, subimos o trecho que já estava protegido e seguimos mais para cima. O Michel conquistou os primeiros metros e acabei finalizando o dia com um lance bem bacana, acho que o mais difícil até ali. O calor estava forte e resolvemos ir embora, afinal de contas ainda tinha um mato pela frente... Na descida, o dono da casa apareceu e reclamou que estávamos indo lá várias vezes e dificultou a nossa entrada para as próximas investidas. Ainda precisaríamos de algumas.

Ao mesmo tempo em que estávamos nessa conquista, o Cauê Zago dava continuidade a uma via, mas o acesso era bem mais para frente. Aí, surgiu a ideia de acessarmos pelo mesmo caminho dele e seguir paralelo a rocha até chegarmos a base da via. E assim marcamos a quarta investida. Entramos ao lado de uma loja de material de construção, num terreno onde tem uma construção abandonada. Dali, seguimos até a rocha e passamos pela via do Cauê e continuamos paralelos a rocha, abrindo caminho e deixando preparado para futuras investidas. Ao longo caminho, pudemos observar diversas linhas e o grande potencial que a parede tem. Fomos metro a metro até, finalmente, que chegamos exaustos à base da via. O calor estava tão forte e estava tão cansado, que nem deu para pensar em conquistar. Mas pelo menos havíamos conseguido uma alternativa viável para acessar a base. Ao final, encontramos o Cauê Zago e o Alexandre Langer na padaria, onde paramos para tomar uma cerveja gelada e conversar um pouco sobre as conquistas.

Na quinta investida foi mais fácil. O caminho já estava pronto. Chegamos bem mais rápido a base da via e avançamos bem na conquista. A rocha era de boa qualidade e foi facilitando bem a subida. Se não me engano, ainda voltamos lá pelo menos umas duas vezes até que encontramos a via Paredão Itaocaia num trecho da rocha. Aí, tínhamos duas opções: ou parávamos ali, ou continuávamos mais para a esquerda. Como avaliamos que ficaria um mais do mesmo, optamos por encerrar a via ali mesmo. Já estávamos com aproximadamente 380 metros de via. Os melhores lances já haviam passado. Intermediamos alguns lances mais expostos e demos por encerrada a conquista. O Juratan havia sugerido homenagear a Rosângela Gelly, uma acertada decisão. E assim ficou batizada a via...


Fotos de algumas das diversas investidas

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia

Via Paredão Rosângela Gelly - Pedra de Itaocaia


terça-feira, 31 de março de 2015

Trilha na Pedra de Itaocaia - Maricá RJ

Por Leandro do Carmo

Trilha na Pedra de Itaocaia - Maricá RJ

Local: Maricá
Dia 24/12/2014
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Ary Carlos, Marcos Lima e Alexandre Rockert.


Trilha da Pedra de Itaocaia
Histórico: Localizada no distrito de Itaipuaçú, no município de Maricá, a Pedra de Itaocaia se destaca, tanto de que está na praia de Itaipuaçú ou Alto Mourão, quanto para quem passa pela RJ 106, na altura de Inoã. Possui aproximadamente 389 metros de altura e de cada ponto que a vemos, possui um formato. Charles Darwin, grande naturalista inglês, autor da revolucionária teoria da evolução das espécies, narrou uma história com um final trágico: Uma escrava havia se suicidado, pulando da Pedra de Itaocaia após ter jogado a filha do fazendeiro no tacho de melado, por vingança e ciúme. Os restos mortais da criança, encontram-se na capela da sede da Fazenda Itaocaia. Também segundo Darwin, existiu no alto da Pedra de Itaocaia, um quilombo, que posteriormente foi destruído por fazendeiros locais.

Início da trilha:

A trilha:

A trilha começa ao lado lote 330, quadra 16, da rua 5. Seguir uma servidão, com o muro a sua direita, vai chegar a um portão de garagem. A sua esquerda, terá uma laje de pedra. Aí é o começo da trilha. A trilha segue bem definida, sem bifurcações. Duração de 30 min a 1 hora, dependendo do seu condicionamento físico.

Vídeo

Relato

Era dia 24/12, véspera de natal. Não daria para fazer uma trilha ou escalada demorada... Me veio logo a idéia da Pedra de Itaocaia. Ainda não tinha ido, mas sabia onde começava e que era uma subida rápida e tranquila. Não foi difícil arrumar companhia, fomos eu, meu irmão, Ary o Carlos, Alexandre Rockert e o Marcos Lima. O tempo não era dos melhores, estava bastante nublado e a previsão era de chuva a qualquer momento. Mas mantivemos a programação. E no dia 24, estávamos lá, na base da trilha, para vencer seus 389 metros!

Começamos a subida, que segue por uma pequena laje de pedra, que devido a chuva do dia anterior, estava um pouco escorregadia. Seguimos subindo sem muitos problemas. Tirando o calor, que estava potencializado por um dia abafado e úmido, o resto era o de costume: subida! Nesse começo a mata é fechada e não tínhamos visão de nada.

Queríamos mesmo, era encontrar com a tal onça parda que supostamente foi flagrada na região... E esse foi o assunto da subida! Depois de alguns minutos o primeiro mirante. Agora já dava para
ver o quanto havíamos subido. Nesse ponto tínhamos visão da Serra da Tiririca, com a sede da antiga Fazenda Itaocaia bem abaixo. Continuamos subindo num bom rítimo. Mais acima, as grandes árvores foram dando lugar as de menor porte e mais acima, muito capim. A nossa sorte é que o capim estava bem baixo, facilitando nossa caminhada.

Mais alguns minutos e estávamos no cume. Mas e o visual? Essa não poderei responder... Baixou um nuvem, que não nos permitia ver nada... visibilidade de uns 10 metros apenas. O calor foi dando lugar a um vento que abaixou a temperatura imediatamente. Ficamos ainda no cume por um bom tempo, torcendo para as nuvem dissiparem e podermos curtir um pouco da vista.

Mas nada... O que veio mesmo foi o frio. Impressionante, mas senti calor e frio num intervalo de minutos. Parecíamos que estávamos no inverno da serra. A camisa molhada de suor foi ficando gelada. Batemos algumas e fotos e resolvemos descer. Começamos a caminhada. Agora mais rápido que na subida, como diz o ditado: “Pra baixo, todo santo ajuda!”. Quando passamos da linha das nuvens, a temperatura subiu novamente. Estávamos de volta ao calor abafado e úmido do verão...

Trilha da Pedra de Itaocaia
Início da Trilha, notar a laje de pedra. Do outro lado tem um portão de garagem

Trilha da Pedra de Itaocaia
Por onde entra para chegar ao começo da trilha

Trilha da Pedra de Itaocaia
Cume visto da Estrada de Itaipuaçú (Em frente ao posto Golfinho)

Trilha da Pedra de Itaocaia
Primeiro Mirante

Trilha da Pedra de Itaocaia
Já não dá para ver mais nada...

Trilha da Pedra de Itaocaia
Trilha

Trilha da Pedra de Itaocaia
No cume

Trilha da Pedra de Itaocaia
Os guerreiros!!!!