Mostrando postagens com marcador Itatiaia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Itatiaia. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Escalada na Chaminé Idalício - Cume das Prateleiras

Por Leandro do Carmo

Chaminé Idalício – Cume das Prateleiras  

Dia: 31/08/2022 
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, Luis Avelar

Chaminé Idalício - Prateleiras

 

Como chegar  

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da escalada  

Próximo ao acesso ao cume das Prateleiras pela via Normal

Dicas  

A via inicia por um belo artificial fixo, onde o crux fica na entrada para a chaminé, numa pedra entalada. Algumas chaminés são bem estreitas, mas com boas agarras.  

Vídeo da Escalada na Chaminé Idalício

Relato  

Pense numa madrugada fria. Pois foi assim essa noite. Para se ter uma ideia, a água do cano que sai da caixa d´água e vai para o Abrigo congelou e ficamos sem água. Para fazer o café, foi preciso pegar água na represa. O gramado próximo ao abrigo estava todo cheio de gelo. A ponte que segue pela borda da represa estava cheia de gelo. Estava um céu aberto e isso potencializa o frio. Esperamos ao máximo para sair. Quando o sol apareceu, as coisas foram melhorando. Aos poucos a água voltou a sair das torneiras. Era o dia derradeiro. Para esse dia, optamos por fazer uma escalada menos longa, afinal de contas, voltaríamos em seguida para Niterói. Deixamos algumas coisas no carro e pegamos o caminho até as Prateleiras.


Seguimos direto pelo antigo trecho da estrada e chegamos a um largo, onde inicia a trilha que leva a diversos pontos da região. Fomos andando e logo chegamos à base das Prateleiras. Seguimos por diversos trepa pedras até chegar a inconfundível base da Chaminé Idalício. Como caminhamos bem rápido, fizemos uma parada mais longa até começar a escalar. Eu não me senti muito, fiquei meio indisposto. Mas dava para subir, não podia desperdiçar essa oportunidade.  

Da base, conseguimos ver um grupo numeroso de bombeiros. Com certeza, estavam em treinamento. Enquanto separávamos o equipamento e acondicionávamos o excedente, os bombeiros foram passando. Chegou também um grupo do Centro Excursionista Carioca. Ficamos conversando sobre a via e sobre a saída dela, além de outros assuntos. O sol começou a bater e deu uma animada. O dia estava ótimo e em breve toda a base já estaria com sol. O tempo foi passando e era hora de iniciarmos a escalada.  

O Thiago saiu para guiar e deixou dois grampos protegidos. O Luis foi logo em seguida e guiou o resto do artificial, até a primeira parada. Eu fui por último, carregando a única mochila na qual resolvemos levar, assim nossa escalada fluiria de maneira mais rápida. Entrei no lance já com o pé no primeiro estribo e passei para o segundo. Depois que pega o ritmo, vai mais tranquilo. Segui assim pela sequência de grampos até o penúltimo grampo. Dali, passei a mochila para o Luis e entrei na estreita chaminé com o braço esquerdo, sendo a melhor opção. Com um pouco de dificuldade, subi um pouco e fui para fora da chaminé, conseguindo colocar o braço esquerdo por cima da pedra entalada e dominar o lance. Um trecho bem desconfortável.

Chaminé Idalício - Prateleiras


Já na parada, sem demorar, fui passando o equipamento necessário para a próxima cordada. A vista dali era bem bonita. Como o dia estava bem aberto, podíamos ver bem longe por entre a estreita chaminé. Saímos para a segunda enfiada. Fomos um pouco mais para dentro da chaminé. Para então subir e alcançar uma pedra entalada mais acima. Estava bem frio e o vento atrapalhava um pouco. A chaminé tinha uns trechos mais apertados e outros mais confortáveis, todos com boas agarras, o que facilitava bastante. Já acima do bloco, nos reunimos e nos preparamos para a próxima.  

A terceira enfiada foi um pouco mais difícil que a anterior. Aproveitei para dar uma organizada nas cordas. Isso facilitou bastante o resto da escalada. Subimos por um trecho mais delicado até entrar mais ainda na chaminé e começar a subir novamente. Foram alguns blocos até que estávamos novamente protegidos pelo grampo. Dali já dava para ouvir algumas vozes de pessoas no cume. Ou eram os bombeiros ou o grupo do Centro Excursionista Carioca. Estávamos num bom ritmo. Minha maior preocupação era encontrar o caminho de volta. Ninguém de nós havíamos feito cume das Prateleiras ainda. Encontrar alguém no cume facilitaria bem a nossa volta.

Nos preparamos para a quarta cordada. O Luis guiou a última. Essa foi a mais fácil do dia. A chaminé vai ficando levemente positiva. Tem muitas agarras, e uma grande diagonal que te leva para dentro e para cima da chaminé. Enfim, havíamos saído de “dentro” da rocha. Foi um alívio sentir o sol batendo. Na hora já aqueceu um pouco. O Luís havia montando a parada num bico de pedra. Estávamos bem no cume. Assinamos o livro. Dali, dava para ver o grupo do Carioca iniciando o rapel. Aproveitei para fazer algumas imagens com o Drone. Enquanto eu filmava, o Luis e o Thiago foram até o ponto onde faríamos o rapel.

Chaminé Idalício - Prateleiras


A vista impressionava. Uma pena que tinha uma névoa que atrapalhava um pouco, mas mesmo assim o alcance era fantástico. Podíamos ver a Serra da Bocaina, a Pedra da Mina e muito mais. Arrumei as coisas e organizei tudo na mochila. Segui direto para o ponto do rapel, mas optei por descer direto. Ainda soltei a corda que havia prendido. Dali, começamos a descer. O caminho não tão óbvio. Mas conseguimos chegar à base novamente. Ali, aproveitamos para descansar e arrumar tudo para, enfim, retornar pra casa. Foram 4 dias, literalmente, dentro do Parque Nacional do Itatiaia.

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Escalada na via Paredão Oba Oba - Agulhas Negras-

Por Leandro do Carmo

Paredão Oba Oba - Cume das Agulhas Negras  

Dia: 30/08/2022
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, Luis Avelar e Valdino

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras


Como chegar 

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da escalada  

Pegar a via Pontão Ricardo Gonçalves. A base da via está a poucos metros do acesso ao cume.  

Dicas  

O crux da via está no início, entre a primeira chapeleta e uma fenda bem a direita. Dá para fazer um pêndulo para vencer esse lance. Pessoas altas tem mais facilidade. Segue a fenda até entrar numa canaleta no formato de chaminé. O Ideal é fazer a primeira parada logo na primeira dupla. A saída da primeira parada é um pouco delicada. Dali, seguirá reto até uma chapeleta e seguirá numa diagonal para a esquerda, numa canaleta, subindo ao final dela. Tem uma rampinha e mais um lance obrigatório para acessar a parte alta. Daí, é só caminhar até o cume.

Vídeo completo da Escalada na via Paredão Oba Oba

Relato da escalada na via Paredão Oba Oba

Depois de um dia chuvoso e uma noite bem fria, acordamos com uma manhã linda. Tempo aberto. Difícil de acreditar que tínhamos passado tempo bom, calor, chuva e frio nos dois dias anteriores. Mas em Itatiaia é assim: imprevisível. Estava tudo molhado e hoje seria a tentativa de fazermos a Travessia Longitudinal. Devido às condições climáticas, o grupo que viria de Niterói para fazer a Longitudinal cancelou. Como estava tudo bem molhado ainda, optamos por fazer cume das Agulhas Negras, fazendo a clássica Paredão Oba Oba. Outro grupo seguiria pela via Bira. Separamos todos os equipamentos e iniciamos a caminhada.

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras















A aproximação não seria fácil. Escalar a Paredão Oba Oba, nos faz seguir até quase ao cume das Agulhas Negras, pois fica bem perto do final da Pontão Ricardo Gonçalves. É uma escalada de aventura! Seguimos caminhando pelo trecho já feito no primeiro dia. Cruzamos a barragem próxima ao Rebouças e de lá, seguimos com o Maciço das Agulhas Negras bem a nossa frente. Fomos nesse pequeno sobe e desce, atravessamos a ponte pênsil e logo estávamos na bifurcação que divide o caminho na direção da Pedra do Altar e para as Agulhas. Mais a frente, nos dividimos. Uma parte do grupo seguiu para a via Bira.  

Eu já havia estado nesse caminho em agosto de 2012. E lá se vão 10 anos. Nem lembrava desse detalhe, só lembrei quando alguém me perguntou se eu sabia o caminho. Agora vamos ver se minha memória estava em dia. Subimos um pouco e cruzamos um córrego, num lajeado. A trilha nesse trecho estava bem molhada e eu subia com bastante cuidado. Passamos por uma pedra em forma de coroa e essa eu lembrava. Dali continuamos a subida ora por trilha, ora por lajeados. Alguns pontos geravam dúvidas, mas era só andar um pouco que já encontrávamos o rastro novamente.  

Mais acima, chegávamos ao ponto mais técnico do caminho. Eu lembrava que havia um caminho que poderíamos cortar esse trecho, mas não tinha certeza de onde entrar. Então, resolvemos passar por ali mesmo. Subi em um platô, utilizando uma fenda e achei que fosse mais tranquilo seguir por ali. O Luis colocou a sapatilha e seguiu guiando até uma parada dupla mais acima, mas não foi tão simples assim. Ele disse que a canaleta estava bem lisa, mas conseguiu passar.  

Fomos subindo um por um com o auxílio da corda que ele fixou. Com todos ali, seguimos por essa laje até entrar numa grande canaleta que seguiria até o acesso ao cume. Passamos por grandes blocos e passagens bem estreitas. Já na canaleta, subimos já devagar devido ao cansaço, mas já estávamos bem perto. Eu lembrava vagamente da base da via, lembrava de ter visto alguém escalando quando passei por lá em 2012. Mais alguns minutos e estávamos na base da via. Bem fácil de achar. O sol já batia e estava bem agradável naquele momento. Fizemos uma parada para o lanche e arrumamos o equipamento.  

Dividimos a cordada em duas: numa, estava o Luis e Valdino e na outra, eu e o Thiago. O Luis e o Valdino foram na frente. O Luiz guiou as duas cordadas e assim que ele chegou à primeira parada e o Valdino saiu, eu comecei a escalar. Costurei a primeira chapeleta e tentei fazer o pêndulo até uma fenda na direita. Como estava um pouco distante, optei por ir me aproximando da fenda e ir empurrando com a mão esquerda até chegar bem próximo. Num lance rápido, dei um bote e consegui dominar a fenda e seguir subindo até costurar a segunda proteção.  

Dali fiz mais um lance com boas agarras e segui até uma grande canaleta, que entrei em chaminé, mas a mochila atrapalhou. Desci um pouco e pendurei a mochila no baudrier, facilitando minha subida. Depois de subir um pouco, consegui costurar a chapeleta que fica fora dessa canaleta, e segui até a parada, onde o Valdino se encontrava, dando segurança para o Luis. O Thiago veio logo em seguida. Enquanto o Thiago subia, passou um rapaz perguntando se a GoPro que estava no chão era de alguém. Eu havia deixado a câmera no chão. Por pouco não havia perdido. Ainda existe gente de bem nesse mundo. Agradeci imensamente. Depois, fui descobrir que eles também estavam no Abrigo Rebouças, haviam chegado um pouco após a nossa saída para a escalada.  

Voltando a escalada, o Thiago subiu bem rápido e na parada falei para ele guiar a próxima, mas ele não queria. Só depois que eu expliquei o caminho foi que ele resolveu seguir, achou que iria reto numa grande canaleta. Acho que eu também não encararia. Ele seguiu rápido por uma calha até que chegou à segunda parada, já próxima do lance final. Subi em seguida, fazendo rápido os lances e chegando ao Thiago, toquei logo para cima. Subi um pouco e fiz o último lance, cruzando uma fenda. Olhando de cima, era bem alta. Mas tinha uma boa agarra. Foi colocar as duas mãos nela e subir, fazendo uma espécie de barra até dominar o trecho e seguir até um grande bloco. Ali montei uma parada num bico de pedra e trouxe o Thiago.  

O Luis e o Valdino já tinham ido até o cume. Fiz algumas fotos e segui caminhando também. No cume, onde tinha o cruzeiro, encontrei o rapaz que havia achado minha câmera. Agradeci novamente. Aguardamos um grupo descer e chegar até o verdadeiro cume para assinar o livro. O cume verdadeiro é acessado, fazendo um pequeno rapel ou desescalando uma chaminé, em seguida, é necessário fazer uma pequena escalada até acessá-lo. Ele é 50 centímetros maior do cume do cruzeiro. Enquanto estávamos ali, a gente aguardava a chegada do grupo que foi pela via Bira. Descemos e na base do cume verdadeiro, optamos por fazer um lance bem a esquerda, diferente do trecho tradicional. No cume, assinamos o livro e depois de algum tempo, subimos de volta. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. O tempo foi passando e nada da galera chegar. Em alguns momentos, parecia que ouvia a voz do Velhinho, mas nada. Conseguimos receber uma mensagem nos avisando que eles não haviam encontrado o caminho e estavam descendo.  

A partir daí, iniciamos, também, o nosso retorno. A descida foi tranquila. Bem mais rápida se comparada a subida. Uma porque para baixo todo santo ajuda, outra, porque agora já sabíamos por onde passar. Já bem abaixo, fizemos uma rápida parada. Dali, conseguíamos ver a base da via Bira e lá estava a galera rapelando. Bom, dali para baixo, era questão de tempo. Então, resolvemos continuar nossa caminhada até o Abrigo Rebouças.  

Já no abrigo, aproveitei para tomar logo um banho. O frio já era forte. Ainda bem que não estávamos no camping, seria duro. Já era noite quando a galera da via Bira chegou. Agora estávamos todos reunidos novamente. Era só jantar e me preparar para dia seguinte.

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras



quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Trilha da Base das Prateleiras

Por Leandro do Carmo

Trilha da Base das Prateleiras

Trilha das Prateleiras


Dia: 29/08/2022
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, e Thayane Amaral  

Como chegar  

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da trilha

A trilha se inicia no Abrigo Rebouças

Dicas  

É uma trilha curta, exposta ao sol, sem grandes dificuldades técnicas.  Parte do Abrigo Abrigo Rebouças e segue por um antigo e abandonado trecho da estrada. Já no final, tem uma saída para a direita, onde a trilha se inicia de verdade. O caminho é bem marcado e nas bifurcações há sinalizações. Uma ótima opção para iniciantes e família.

Vídeo

Relato  

Depois de termos feito a Pedra do Sino, estávamos no Abrigo Rebouças e conversando e foi difícil acreditar que o dia seguinte seria de chuva. Todos os sites de previsão davam como certo o tempo ruim. Apesar das poucas nuvens, fomos dormir na expectativa de que amanhecesse bom, ou pelo menos sem chuva. Foi uma noite fria, mas dentro do Abrigo foi bem mais tranquilo do que se estivéssemos acampando. A noite já foi chuvosa e a manhã não foi diferente. Na madrugada, já havia ouvido o barulho da chuva e acordei certo de que não teria muita opção. Tomei café e a chuva havia dado uma trégua, mas estava tudo bem molhado. Sem chance de sair para algum lugar.  

A previsão era de que o dia seguinte o tempo abrisse. Assim como fechou, abriria. Tínhamos que confiar. Mas para fazer a Travessia Longitudinal das Agulhas Negras, atividade na qual havíamos programado, seria difícil. Havia ainda, um grupo saindo de Niterói para fazermos juntos no dia seguinte, mas esse tempo também colocava em dúvida a vinda deles. Sem muito o que fazer, resolvi fazer a caminhada até a base das Prateleiras.  

Só quem resolveu ir foram o Thiago e a Thaiany, mais ninguém animou de caminhar. Nessas condições, a preguiça foi mais forte. Arrumamos as coisas e seguimos debaixo de uma garoa. Pegamos a antiga e precária estradinha que segue paralela ao rio. Estava tudo bem molhado e a forte neblina impedia que tivéssemos algum visual. No caminho, ainda paramos para tirar algumas fotos da Cachoeira das Flores. Continuamos caminhando, passando por algumas vias de escalada na margem da estrada.  

Notei que há vários trechos de asfalto na estrada, devia de ser do período em que ela ainda era transitável para veículos. Essa estradinha é a BR-485, também chamada de Rodovia das Flores e Estrada dos Lírios. A título de curiosidade, na BR-485 está localizado o ponto mais alto de todas as rodovias federais do Brasil, a 2460 metros acima do nível do mar. Este ponto fica situado logo após o acesso para o morro da Antena, entre a portaria 3 (conhecida como "Posto Marcão") e o abrigo Rebouças. A partir deste ponto, há uma pequena estrada vicinal de 1,4 km que leva até o topo do morro da Antena, onde há uma estação de rádio da Eletrobrás Furnas, a 2662 m. Assim, este pequeno acesso que sai da BR-485 leva ao ponto mais alto que é possível atingir no Brasil utilizando-se um veículo comum. A rodovia foi inicialmente projetada para ligar a Via Dutra à Garganta do Registro atravessando todo o Parque Nacional de Itatiaia. Porém, um trecho intermediário de 13,9 km entre o local chamado Barro Branco (na parte baixa do parque) e o início da trilha do maciço das Prateleiras (na parte alta), que passaria ainda pelos abrigos Macieiras e Massena, nunca foi construído. Esse trecho só pode ser percorrido a pé, por uma trilha de clássica do montanhismo brasileiro, conhecida como a travessia Rui Braga.  

Depois de andarmos mais um pouco, subimos um trecho até chegarmos a um largo, onde fica o início das trilhas. Esse trecho é em comum com algumas do local, como a Travessia Ruy Braga, Pedra Assentada, final da Couto x Prateleiras, etc. Continuávamos não vendo muita coisa. A chuva havia dado uma parada, ficando apenas uma garoa. Como estávamos andando bem rápido, não sentíamos tanto frio. Após caminhar mais alguns minutos, enfim chegamos ao trecho mais complicado. Descemos até uma grande pedra, onde ficamos abrigados. Nessa hora, a chuva apertou um pouco. Desse ponto em diante, havia muito “trepa pedras” e achamos melhor ficar por ali, estava tudo molhado.  

Fizemos algumas fotos e assim que o frio foi apertando, pegamos o caminho de volta. Mesmo chovendo, valia mais a pena seguir andando do que ficar parado. A vista nesse trecho seria fantástica, mas precisaríamos esperar mais um pouco para contemplar as Prateleiras. A volta pareceu mais rápida. Rapidamente estávamos de volta à Cachoeira das Flores. Ouvi alguém falar que daria um mergulho. Ah, só imaginação mesmo! Chegamos de volta ao Rebouças, já torcendo para termos um tempo melhor no dia seguinte.  

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras

Trilha das Prateleiras


terça-feira, 31 de julho de 2012

Pico das Agulhas Negras - Parque Nacional do Itatiaia

Por Leandro do Carmo

Pico das Agulhas Negras


Local: Parque Nacional do Itatiaia
Data: 21/07/2012
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Guilherme Belém, Emerson Mondego e Antônio Jorge

DICAS: Caminhada de nível médio, dura o dia inteiro; contratar um guia pode ajudar; muito frio no inverno, chegando a formar gelo nas poças d’água;  há possibilidade de pernoitar próximo (contactar parque antes).


Há muito tempo atrás, conheci um cara que me disse que havia subido o Pico das Agulhas Negras e de lá para cá isso não saiu da minha cabeça. De vez em quando eu lembrava da história e ficava pensando como fazer para chegar lá.

Depois de muita pesquisa, decidi que essa seria a hora. Com a internet fica tudo mais fácil... Fiz contato com alguns guias credenciados do parque, além das pousadas. Como não conhecia nada na região, as dúvidas aumentavam. Em maio, troquei alguns e-mails com a guia Giane Carvalho, na qual me indicou a Pousada Bululu, que ficava em Itamonte - MG, 15 km depois da Garganta do Registro.

Acertado o guia e a pousada, era hora de saber quem gostaria de ir. Passada qual seria a aventura, logo surgiram participantes. O Guilherme, Jorginho e Leka logo toparam a idéia. Depois entraram Emerson, amigo de Guilherme e João.

Marcamos para sair as 08:30 da manhã do dia 19, uma sexta feira. No dia e hora marcado, estávamos todos, exceto o Emerson, amigo de Guilherme. O Guilherme tentou contato com ele durante a semana e nada. Resolvemos partir assim mesmo. Às nove, partimos. Paramos para abastecer e seguimos viagem. Quando estávamos chegando na Dutra, o Emerson ligou para o Guilherme. Como já estávamos no caminho, ele foi sozinho de carro, não queria perder essa aventura. Ainda pensei: “se esse cara aparecer, ele vai ser o mais guerreiro!!!!”

A viagem foi super tranquila, paramos no começo da Rio-Caxambu para almoçar e continuamos viagem. A beleza da vista ia aumentando a cada quilômetro percorrido. A estrada é bacana, uma hora estamos em São Paulo, outra no Rio e depois em Minas!!! Passamos pela Garganta do Registro e depois de 15 Km, estávamos na Pousada do Bululu. Fomos até o centro de Itamonte e compramos alguma coisa para comer. Quando estávamos voltando, quem aparece: O Guerreiro Emerson!!!! Ele falou que essa não poderia perder!!! Voltamos e passamos o final do dia na pousada. O frio era de mais, tentamos ainda dar um mergulho no rio, mas parecia que água saía da geladeira. A sauna aqueceu um pouco. A noite, a sinuca ajudou a passar o tempo.

Às sete da manhã do dia seguinte, já estávamos tomando café. O guia Rafael Fernandez chegou pontualmente. Conversamos um pouco sobre a trilha, nos arrumamos e partimos em direção a entrada do parque. Já no Posto Marcão, assinamos o termo de responsabilidade e pagamos a entrada. Levamos os carros até um pouco mais a frente e começamos a caminhar.

O frio da noite anterior já havia mostrado a sua força e já sabíamos o que pegaríamos pela frente. O frio era forte e alguns metros a frente a primeira poça d’água congelada. Era novidade para mim. Mais alguns passos, outra. E assim foi até o Abrigo Rebouças. A cada metro, esquecia do frio e ficava encantado com a paisagem. A vegetação rasteira de altitude predomina no local, com isso temos uma ampla visão de tudo ao nosso redor.


No Abrigo Rebouças, bebemos bastante água e reabastecemos as garrafas. No caminho, senti que o João estava ficando para trás. Até o abrigo, caminhamos pela estrada. Dali para frente, entramos na trilha, bem demarcada por sinal. O pessoal foi seguindo na frente e fui fincando para trás, esperando o João. Chegou um momento que percebi que não dava para ele continuar. Dei a idéia dele ficar e voltar até o abrigo, lá teria água e poderia descansar. E assim ele fez. Continuei sozinho e avistei o pessoal lá no alto. Apertei o passo e logo cheguei ao grupo. Começamos realmente a subir!!!

A medida que íamos subindo, as placas de gelo começaram a aparecer com mais frequência. O frio, nem preciso falar... O Fernandez conversou com o pessoal do abrigo que lhe disse que fizera –11°C, isso mesmo, -11°C, na madrugada. Dá para acreditar???? Na subida, passamos por pedras, alguns pequenos córregos e muita lama. Cruzamos com pelo menos uns quatro grupos que saíram na frente. Estávamos num ritmo bom. Era melhor acelerar e chegar tranquilo, assim poderíamos curtir bastante lá em cima. De um mirante, dava para ver bem longe o João, ainda no ponto onde havia ficado. Tinha que ter olhos de ave de rapina para avistar aquele pontinho preto!!!

Chegamos a um ponto onde o pessoal costuma usar corda para subir. Mas estava cheio, a fila era grande. O Fernandez fez um outro caminho. Subimos à direita e contornamos esse ponto. Ganhamos tempo e o caminho feito foi muito mais bonito. Mais pontos para o nosso Guia!!!! Dali para cima foi um trepa-pedra. O sol não batia, o que tornava a pedra muito gelada. Já tinha tirado a luva para dar mais firmeza nas mãos. Os dedos começaram a doer, mas era melhor, dava mais pegada.

Estávamos cada vez mais alto, o vento começou a apertar. Porém chegamos a um ponto onde o sol batia. Nesse lugar, a pedra estava mais quente. Minha mão já não doía tanto. Passamos por fendas, buracos e pequenas chaminés. Com o auxílio de uma corda, subimos mais um pouco. O vento ficou mais forte, o frio também aumentou, apesar do sol.

Mais um pouco de subida e estávamos no cume. 2.2791,55 metros de altitude. Dia lindo, céu azul, visão 360 graus!!!! Foi uma sensação indescritível. Dezenas de pessoas já estavam lá. Arrumamos um local para ficar, sentamos um pouco para apreciar a vista. Lanchamos e batemos muitas fotos. Todo mundo satisfeito. Chegamos lá!!!!!

Achei uma concavidade na pedra onde o vento não era tão forte e foi lá que fiquei, apreciando a vista até a descida. Ficamos ainda trocando uma idéia até que resolvemos descer. O caminho era longo, mas tudo valia. Na descida, para ganhar tempo, montamos um rapel de mais ou mentos trinta metros. Afinal de contas, o Emerson e o Guilherme não revezaram o carregamento de uma mochila pesada a toa... Leonardo e Jorginho desceram pela via normal, nas cordas que o Fernandez já havia colocado. Chegamos tranquilo e tocamos para baixo. Aí foi só alegria... O pior já tinha passado. Eram três horas da tarde e ainda tinha gelo no caminho. O Fernandez e Jorginho acharam uma placa de gelo enorme e pararam para bater algumas fotos. Seguimos na frente. A media que íamos descendo, o vento ia diminuindo e o frio abaixando. Era hora de tirar um casaco. Mais um pouco de caminhada, chegamos ao Abrigo Rebouças. Mais uma pequena pausa para descansar e recarregar as baterias!!! Olhávamos para o alto e já dava saudades... Procuramos o João e ele já não estava mais lá. Deveria ter voltado até o Posto Marcão.
Enfim terminamos, estávamos cansados, porém felizes. Chegar lá foi de mais!!!! Valeu todo o frio, todo o peso carregado na mochila, todo centavo gasto, etc.

Depois de tudo, era hora de agradecer ao Rafael Fernandez, o guia mais casca do parque!!!!!

Voltamos até a pousada, aí era hora de outra aventura, mas essa não muito boa: voltar dirigindo pra casa...


Até a próxima!!!!


Pico das Agulhas Negras

Pico das Agulhas Negras

Pico das Agulhas Negras

Pico das Agulhas Negras

Pico das Agulhas Negras