Participantes: Leandro do Carmo, Stephanie Maia, Marcelo Sá, Edney, Patrícia Pinto, Ivison Rubin, Solange, Fernando Silva, Cristiano Monteiro, Flávia Figueiredo, Bárbara Marinho, Leandro Justino, Luciana Caribé e Mariana Abunahman
Dicas da Travessia Theodoro de Oliveira Boca do Mato
A trilha pode ser divindade em duas partes. Na primeira você
caminha no leito de um trecho da antiga rodovia RJ116 e no outro, no leito da
antiga Estrada de Ferro que ia até Cantagalo. No primeiro trecho, caminhamos
literalmente sobre o asfalto, sendo possível ver olho de gato e até as faixas
amarelas em alguns pontos. No segundo, passamos por pontes antigas e até
trechos contam ainda com trilhos. Por todo o percurso, passamos por pontos de
água e locais para banho.
Na logística, se tiverem em dois carros, vale a pena deixar
na rua que leva à Sede do Parque Estadual dos Três Picos, um pouco acima de
onde terminará a caminhada. Se tiverem com apenas um carro, pode-se deixar o
carro no mesmo local e pegar um ônibus ou van, até o posto da Polícia.
Como Chegar ao início da Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
O início fica na rua ao lado do Posto da Polícia na RJ 116,
nos limites do município entre Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo.
Vídeo da Travessia
Relato da Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
A primeira e última vez que fiz essa travessia havia sido em
2017. Já se vão uns 4 anos... O tempo passa voando! A idéia de fazer essa bela
travessia surgiu depois de uma conversa com a Flávia sobre onde comemorar o
aniversário dela. Queríamos um lugar que pudéssemos levar bastante gente, que
fosse acessível e que tivesse um bom local para confraternizar. Sugeri e a
Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato. Ela, com certeza, seria o local
adequado! Acertamos os detalhes e organizamos as caronas na semana anterior. O
tempo estava meio chuvoso, assim como os últimos meses. Porém, havia uma janela
boa para esse final de semana. Combinamos de sair às 6h30min de Niterói.
Encontramos com Edney e Patrícia em Manilha e de lá seguimos para Cachoeiras de
Macacu. Ainda fizemos uma parada para o café da manhã.
A viagem foi tranquila e chegamos rápido até a entrada da
sede do Parque Estadual dos Três Picos. Lá, deixamos um carro e seguimos nos
outros três, isso facilitaria o resgate na volta. Estacionamos os carros e
iniciamos a caminhada. Seguimos caminhando e passamos uma casa à esquerda. Vem
uma à direita também, essa bem maior. O início da trilha fica numa saída à
esquerda, ao lado de uma subida.
Segui andando literalmente no asfalto. Como esse trecho
inicial era um antigo trecho da rodovia que liga Cachoeiras de Macacu à
Friburgo, quase todo o percurso está asfaltado, exceto para alguns trechos onde
a força da água destruiu piso. A vegetação vem tomando conta de tudo, deixando
apenas o caminho para passarmos. Após alguns minutos, chegamos a uma pequena
cachoeira, a primeira de muitas durante quase todo o percurso
Estávamos mergulhados numa densa floresta. Só de pensar que
ali já foi uma estrada... A natureza se recompôs com força. Continuamos a caminhada
e passamos por diversos cursos de água. Uns maiores outro menores. Olhando a
quantidade de água cortando o leito da antiga rodovia, dá para imaginar o
porquê de não ter dado certo. Mais para frente, já era possível ouvir novamente
o barulho dos carros, sinal de que já estávamos novamente próximos à rodovia.
Rapidamente chegamos à margem da rodovia RJ 116. Dali, fomos
caminhando pelo acostamento até a entrada da trilha. Não lembrava muito bem
onde era a entrada, mas agora tem uma placa indicativa do Parque. Mesmo que não
tivesse, não seria muito problema em encontrar. Estava bem marcada. Seguimos
descendo num trecho bem erodido até entrar novamente na densa floresta.
Estávamos no segundo e, talvez, mais bonito trecho da travessia.
No final dessa descida mais íngreme, nos deparamos com uma
antiga caixa d’água que servia para reabastecer a o reservatório das caldeiras
das locomotivas. Elas faziam um grande esforço para ganhar a serra. É uma
construção bem bonita e peculiar. Continuamos descendo e foi possível ver uma
espécie de muro ou barreira de contenção, construído com pedras. Boa parte dele
ainda resiste ao tempo e a força da natureza.
Continuamos a descida e cruzamos uma ponte, na qual
atravessei com bastante cuidado. Algumas tábuas podres deixavam um vão perigoso
pelo caminho. Uma queda ali, poderia trazer graves consequências. A água
correndo ao fundo era um espetáculo. Até pensamos em descer e tomar um banho no
poço que se formava logo abaixo, mas desistimos e seguimos descendo. Passamos
pela segunda e maior ponte de percurso. Era bem alta, eu calculei uns 30 metros
de altura, também em más condições e todo cuidado era pouco. Essa ficava bem
difícil de descer, então nem cogitamos a possibilidade.
Depois de uma boa pernada, chegamos à antiga estação. A
construção está em boas condições e o local é bem cuidado. Num gramado mais a
frente, paramos para descanso e fizemos um grande picnic. Rolou café, lanche e
um bom papo. Cantamos parabéns para a Flávia, afinal de contas, está vamos ali,
também, por causa dela. Depois de um tempo, iniciamos o trecho final, descendo
pela estrada até chegar novamente na RJ 116, já próximo a entrada da sede do
Parque Estadual dos Três Picos. A chuva nos pegou nesse trecho final, mas,
felizmente, não veio forte. Pegamos uma carona no carro do Ivison, que nos
levou para resgates dos nossos.Ainda
paramos num restaurante para finalizar o dia. Ou melhor, o excelente dia!
Data: 29/05/2021 Local: Pão de Açúcar Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e Blanco P.
Blanco
Vídeo
Essa escalada fazia parte do nosso treino para escalar a Chaminé Cachoeiro, no Pico do Itabira. Na semana anterior, o Blanco e o Luis haviam feito a Chaminé Stop, mas eu não pude ir. Combinamos de chegar á Praia Vermelha, por volta das 8:30. Eu cheguei mais cedo, com o intuito de arrumar uma vaga para estacionar, mas não foi nada fácil. Acabei deixando o carro lá perto da mureta... Um pouco longe... Aproveitei para tomar um café da manhã e de lá, fui para o nosso ponto de encontro.
O Luis chegou em seguida e depois o Blanco. Com tudo pronto, seguimos para a Pista Cláudio Coutinho. Dali, caminhamos até a base. Optamos por fazer a primeira enfiada da Lagartão. A via Lagartão já foi considerada um das vias mais difíceis do Brasil e sua conquista foi muito arrojada. Já na base, nos arrumamos e o Blanco seguiu guiando num trecho mais exposto e com proteções móveis. Em alguns lances foi bem devagar... De baixo, já imaginava o que viria pela frente!
Depois de um tempo, o Blanco chegou à parada e foi minha vez de subir. A saída foi bem tranquila e logo entrei na primeira fenda de meio corpo, bem apertada. Há algumas agarras que ajudam na progressão. Um pouco mais acima, outro sistema de fendas grandes, meio que entalamento de corpo. Passado os pontos apertados, cheguei a um platô, achando que estava tranquilo... Dali, segui por uma pequena passagem mais horizontal para a direita, onde fiz um lance bem delicado, numa saída negativa. As agarras são bem sólidas, mas é um lance de força e técnica, bem aéreo. Com corda de cima, foi tranquilo. Passado o trecho, já conseguia ver o Blanco na parada. E dali até ele, foi bem tranquilo.
O Luis veio logo em seguida e na parada, aproveitamos para tomar uma água e o Blanco escalou mais uns 10 metros até o ponto onde faríamos o rapel até a Gallotti. Iniciamos o rapel que é meio rapel, meio escalada... Não é muito confortável, mas chegamos lá, estávamos entre a P2 e a P3 da Gallotti. Dali seguimos subindo com o Luis guiando. Subi por uma chaminé bem suja e alguns blocos encaixados bem bonitos, me lembrando o filme 127 horas... Alguns lances foram bem apertados. Uma grande aventura...
Escalamos tranquilos até a P5 da via. Estávamos próximos da Oposição da Meia Lua. O Luis saiu para guiar e passou um veneno na virada. Seguiu escalando e aí começaram os problemas. Quando ele saiu do nosso campo de visão, a corda não subia mais. Estava parada. Passamos um longo tempo esperando, pois ele poderia estar num lance mais delicado, mas nada... Resolvi ligar e ele me disse que a corda estava presa e não conseguia puxar e que estava numa posição ruim. Depois de alguns minutos, liguei novamente e ele havia prendido a corda. Então montei a segurança com o pedaço de corda que tínhamos e o Blanco saiu guiar o trecho e tentar liberar a corda para o Luis puxar.
Com isso, o tempo foi passando e a escalada que era para ser tranquila e terminar durante o dia foi ficando no limite. Quando o Blanco chegou à chapeleta após o lance da Meia Lua, eu subi. Cheguei mais acima e no lance de domínio para chegar à chapa, entrei de mal jeito e apoiei a costela meio de lado. Estava em um bico de pedra e o peso do corpo foi esmagando. Na hora, a dor foi grande, mas tinha que continuar. Na chapeleta, o Blanco subiu e aí descobrimos o porquê da corda estar presa: ela estava por cima de um degrau, fazendo um “L”. Não iria correr nunca naquela posição. Liberada a corda, o Luis montou a parada num bico de pedra e dali seguimos subindo.
Quando cheguei à parada, senti que não estava nada bem. Mas a maior preocupação era outra: terminar a escalada com luz do dia. Antes de chegarmos ali, até cogitamos descer por conta do horário, mas também não seria nada fácil. Cometemos um erro gravíssimo: só tínhamos uma lanterna! Ou era subir rápido, ou escalar a noite... Nossa opção foi subir rápido, claro!
Depois de beber um água e comer alguma coisa, o Blanco saiu guiando. Na parada, fui logo em seguida. A chaminé já começa apertada e não é simples. Iniciei um pouco mais para dentro e depois fui saindo, passei pela chapeleta e segui tocando para a direita, numa diagonal, até chegar numa espécie de banco confortável. Dali, já via o Blanco na parada. Faltava pouco!!!!!
O Luis veio em seguida e pedi para ele parar um pouco mais abaixo. Guiei esse último trecho e passar da parede para a entrada foi um lance bem exposto. Dominei um degrau, até alcançar uma pequena árvore na esquerda. As pessoas maiores talvez tenham mais facilidade. Dali, subi pela trilha até onde achei um local mais confortável para dar segue ao Blanco, que veio logo em seguida. Foi chegar, dar uma arrumada na corda e a noite foi chegando. Em cima do laço!
O Blanco passou por mim foi direto para cima. O Luis veio depois e quando ele chegou onde estava, recolhi o que sobrou de corda e subi também. Tudo resolvido! Arrumamos a corda já completamente no escuro e com ajuda da luz do celular. Subimos mais um pouco até chegar á trilha e poucos metros depois, já estávamos no cume do Pão de Açúcar. Descemos de bondinho e paramos no Árabe para lanchar. Foi uma escalada em tanto. Uma escalada de aventura. Um excelente treino para o Itabira... Mal sabia que a minha costela daria trabalho...
O mistério da múmia da Gallotti, que intriga estudiosos
quase 70 anos após ser achada no Pão de Açúcar
O mistério teve início na manhã de 19 de setembro de 1949.
Lá pelas sete da manhã, cinco amigos - Antônio Marcos de Oliveira, Laércio
Martins, Patrick White, Ricardo Menescal e Tadeusz Hollup - se encontram na
Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, para escalar o Pão
de Açúcar.
Não era uma escalada como outra qualquer. Em vez de
simplesmente subir o paredão de 396 metros de altura por uma das três vias de
acesso já desbravadas, os montanhistas, membros do Clube Excursionista Carioca
(CEC), decidiram explorar uma quarta trilha, ainda mais perigosa e arrojada que
as anteriores.
"Durante anos, foi considerada a mais difícil escalada
do montanhismo brasileiro."
Ainda na clareira que dá acesso ao paredão, Hollup, então
com 19 anos, começou a desconfiar de que algo estava errado quando viu um
sapato de mulher, deteriorado pelo tempo, em plena Mata Atlântica.
"Será que, daqui a pouco, vamos encontrar a dona do
sapato?", perguntou ele, em tom de brincadeira.
"Mesmo assim, não dei muita importância. Joguei o
sapato fora e continuamos a subir", explicou em sua última entrevista,
dada ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, em 22 de outubro de 2017.
Tadeusz Hollup, o último dos desbravadores da chaminé
Gallotti, morreu no dia 27 de agosto de 2018, aos 88 anos.
Havia um cadáver no meio da escalada
Alguns metros acima, Oliveira, o caçula do grupo, com 18
anos, já desbravava a encosta do morro. Dali a pouco, por volta das 11h30, se
deparou com um cadáver, preso pela garganta, numa fenda estreita da rocha,
apelidada de "chaminé" pelos alpinistas.
Ao contrário do que se poderia imaginar, o defunto não
estava em estado de putrefação e, sim, "mumificado".
"Quando o vento bateu mais forte, o cabelo dele, que
era enorme, pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa. Fiquei
apavorado!", relatou Oliveira no documentário Cinquentona Gallotti (2004),
escrito e dirigido por Priscilla Botto e Paulo de Barros.
Na mesma hora, berrou para os amigos: "Ó, tem uma
pessoa morta aqui!".
Hollup e Menescal caíram na gargalhada. "Que história é
essa?", quis saber Hollup, aos risos.
"Achou a dona do sapato?", fez graça Menescal. Os
dois levaram na brincadeira. Mas Oliveira, não. Quando chegaram ao local,
tomaram um susto daqueles. A coisa era séria mesmo.
Diante da "descoberta" macabra, os amigos
resolveram suspender a escalada e avisar a polícia. A tão sonhada conquista da
chaminé Gallotti - proeza alcançada só cinco anos depois, em 1954 - teria que
ficar para outro dia.
A "descoberta" da múmia virou notícia em todos os
jornais. Para espanto geral, o laudo, assinado pelo médico-legista José Seve
Neto, desfez o mal-entendido: o cadáver não era de mulher, como imaginado
inicialmente por causa da vasta cabeleira, mas de um homem.Na manhã seguinte, os cinco voltaram à Urca, acompanhados de
policiais, repórteres e legistas. Munidos de grampos, martelos e brocas,
desceram o corpo da "múmia" até a clareira, onde estavam os
bombeiros. Naquela época, os escaladores usavam cordas de sisal e coturnos com
tachas. Tudo muito rudimentar para os padrões atuais.
Segundo a nota publicada na edição do dia 20 de setembro de
1949, do jornal O Globo, os restos mortais pertenciam a "indivíduo de cor
branca, com 35 anos presumíveis, de 'compleixão' (sic) franzina e com 1,60 m de
altura".
Ainda de acordo com o laudo, o defunto, que vestia um suéter
e uma camisa sem mangas de algodão, não apresentava sinais de fratura, nem
vestígio de bala ou facada. E o pior: não trazia documentos.
"Os legistas concluíram que o cadáver estava lá havia
uns seis meses, pelo menos", relata Oliveira.
"Foi mumificado devido à maresia."
O químico Emiliano Chemello, da Universidade de Caxias do
Sul (UCS), explica que a maresia pode ter ajudado, sim, na mumificação do
cadáver. Isso porque o sal presente nela absorve a água, retardando processo de
decomposição do corpo.
"Os antigos egípcios usavam um minério chamado natrão,
rico em carbonato de sódio. Eles empacotavam o natrão, em pequenas bolsas,
dentro do corpo da múmia, além de jogarem um punhado do minério sobre o
cadáver. Quarenta dias depois, o defunto estava encolhido e duro", diz.
Que fim levou a 'múmia' carioca?
Apesar de toda a repercussão nos jornais da época, nenhum
amigo, parente ou familiar apareceu no Instituto Médico Legal (IML) para
reconhecer o corpo. De quem era o cadáver encontrado na chaminé Gallotti?
Ninguém sabe. A identidade da "múmia", sete décadas depois, continua
ignorada.
Mas essa é apenas uma das muitas perguntas sem resposta.
Outra: como foi parar lá? Há várias hipóteses: de suicídio a assassinato. Para
o extinto jornal A Noite, um dos muitos a cobrir o caso, os restos mortais
pertenciam a um mendigo que teria se jogado morro abaixo.
Rodolfo Campos, roteirista e diretor do curta A Múmia
da Gallotti (2009), tem outra versão: "Por ser um homem vestido de
mulher e ter os cabelos compridos, suspeito que fosse um travesti que, talvez,
estivesse fugindo de alguém ou tentando se esconder na mata. Mas é impossível
afirmar com certeza".
Será que, no fim das contas, o mistério da "múmia"
carioca esconde um caso de transfobia?
Há quem sustente, ainda, a tese de que o corpo seria de
algum morador de uma favela próxima, localizada entre o Morro da Urca e o Pão
de Açúcar.
O historiador Milton Teixeira, da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), rebate essa teoria. Ele explica que, naquele local, há
uma caverna e que, nos anos 1940, morou ali um português que vivia da pesca e
da venda de artesanato. Nos anos 1960, o tal eremita ganhou a companhia de um
casal de retirantes cearenses.
"Em 1968, os militares ordenaram a saída dos três e
hoje, na caverna, vivem apenas morcegos", arremata o historiador.
Outra pergunta intrigante: que fim levou a "múmia"
do Pão de Açúcar? Tudo indica que, a exemplo das peças egípcias que faziam
parte do acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional, teve destino trágico.
A diferença é que, em vez de ter sido consumida pelas chamas de um incêndio,
teria sido sepultada como indigente por falta de documentação e reconhecimento
familiar.
Participantes: Leandro do Carmo, Susana Selles, Gustavo Chicayban e Clara
Relato
Depois de uma noite congelante, acordei para ver o sol
nascer. O dia estava bem aberto e ainda estava bem frio. Havíamos cogitado a
possibilidade de acordar mais cedo para ver o sol nascer do cume da Cabeça do
Dragão, mas acabamos desistindo antes mesmo de dormir. De onde estava
acampando, tinha uma visão privilegiada de quase todo o vale. Preparei um café
para ver se dava uma esquentada. O sol foi nascendo e tínhamos uma visão
fantástica. Com os primeiros raios de sol, o frio foi dando lugar a uma manhã
bem agradável.
Depois de deixarmos tudo organizado, fomos para o destino de
hoje: Caixinha de Fósforo. Saímos do Mascarin em direção ao Vale dos Deuses.
Deu cerca de 30 minutos de caminhada. Aproveitamos para conhecer as novas
instalações da área de camping. De lá, continuamos a caminhada. Seguimos
andando com o Capacete , imponente, bem a nossa esquerda. Depois de uma subida,
começamos a descer levemente. Entramos num trecho com bastante sombra. Esse
caminho também leva ao Vale dos Frades, saindo na Fazenda Itatiba.
Um pouco mais a frente, entramos na trilha para a Caixa de
Fósforo. Seguimos por uma leve subida, que logo ficou bem íngreme. De longe foi
possível ouvir algumas pessoas mais acima. Apesar de íngreme, a trilha é bem
curta. Como o dia estava bem agradável, estávamos subindo num bom ritmo.
Passamos pela escadinha e depois de mais alguns metros, estávamos num mirante,
bem de frente para essa impressionante formação rochosa.
Fizemos uma pausa bem rápida. A Susana resolveu ficar por
ali junto com a Clara que chegou um pouco depois. Eu e o Gustavo continuamos,
nosso objetivo era escalar o artificial que dá acesso ao cume. Do mirante,
descemos e chegamos à base da pequena chaminé. Antigamente havia uma corrente
que auxiliava a subida, mas agora, deve-se escalar, obrigatoriamente.
Subimos rápidos e logo estávamos na base da escalada. Nos
arrumamos e procurei algum galho para improvisar um “clip stick”, pois a
primeira proteção é bem alta e impossível de fazer em livre. Eu até havia pensado
em pegar um pelo caminho, mas havia esquecido. Por sorte, havia um na medida.
Clipei o estribo e uma costura, já com a corda passada. Com um pouco de força,
cheguei à primeira proteção. Me “ensolteirei” para poder descansar um pouco. A
saída é bem complicada e exposta.
Agora era dar continuidade. Demora um pouco até sincronizar
o movimento. Fui sempre na sequência: Sobe, passa a costura na proteção de
cima, prende a solteira, tira o estribo de baixo e coloca em cima. E daí,
começa tudo de novo. Apesar de estar tudo na mente, esse primeiro trecho é
levemente negativo, ficando levemente positivo à medida que vai subindo. E fui
subindo, chapeleta por chapeleta. Depois que via vai saindo para a esquerda,
vai ficando mais fácil. Já não precisava fazer tanta força.
Na primeira vez que subi a Caixa de Fósforo, subi
“prussikando”. Dessa vez foi bem diferente. Já bem no alto, conseguia ver as
últimas proteções e mais algumas passadas estava no cume. Montei a parada e
tomei um gole de água. Preparei a segurança para o Gustavo subir. Ele veio e
sentiu a mesma dificuldade que eu nos trechos iniciais. Demorou um pouco mas chegou.
Agora sim podia descansar um pouco. Dei uma organizada no equipamento e fiz
algumas imagens com o drone. Depois de uns 20 minutos no cume, montamos o
rapel. Desci primeiro, com o Gustavo logo em seguida. Arrumei todo o
equipamento na mochila e pegamos a trilha de volta. A volta foi bem mais
tranquila, o trecho de subida forte, agora era descida. Seguimos conversando
até chegar ao Mascarin novamente.