Era a minha terceira participação no Encontro dos Amigos da
Canoagem, que já estava na sua 9ª edição. Apesar de ter chegado há pouco tempo
do Peru, voltar para Itaocara e reencontrar o belo rio Paraíba do Sul era um
prazer enorme! O evento desse ano prometia. Assim como no ano passado, saímos
de Niterói bem cedo. A ideia era chegar no dia do evento. Esse ano, optei por
alugar um duck, um tipo de bote inflável para duas pessoas, assim seria mais
fácil descer a Cachoeira do Urubu. Nos dois anos anteriores, não tive coragem
de descer com o meu caiaque... Com a estabilidade do duck, acho que iria.
Saí na madrugada de
sábado, por volta das 4:30. Fomos eu, meu pai, meu tio e o meu filho João. A viagem até Itaocara foi tranquila. Como estava muito cedo,
não pegamos trânsito. Chegamos no ponto de encontro as 8:30 da manhã e o
pessoal já estava saindo. Dali até Porto Marinho foram cerca de 25km. Mas
antes, passamos na Cabana do Peixe Frito, local onde seria feito o churrasco de
comemoração do evento.
Em Porto Marinho, arrumaram o caminhão, colocando a maioria
dos caiaques em cima. Como aluguei o duck, não me preocupei dessa vez. De lá
seguimos para o Porto do Tuta, na Fazenda do Paulo Gama, local de início do
passeio. Estava bonito de ver o local. Muitos caiaques e muita
gente. Com certeza o maior evento já organizado. Conheci o Robson, dono do bote
que eu havia alugado e o meu companheiro de remada, o Igor. Ainda dei uma
rápida entrevista para uma emissora de TV de Nova Friburgo.
Inflamos o duck e tivemos uma aula intensiva de como remar.
Nunca havia remado nesse tipo de bote, mas achava que não teríamos problemas...
E não tivemos. Aos poucos todos começaram a ir para a água. Levamos o duck para
água e demos as primeiras remadas. Nos reunimos para a foto oficial. Não
cheguei a contar, mas tinha algo em torno de 50 pessoas na água.
O dia estava perfeito. O rio, espetacular. Garantia de um
excelente evento. Começamos a remar e de cara já percebi que não seria tão
fácil. Remar no duck tinha que fazer mais força, além de ter que dar o rumo.
Sozinho, consegue-se manter o rumo com mais facilidade. Em dupla, tínhamos que
sincronizar a remada. Mas aos poucos fomos nos adaptando. O rio estava mais
cheio que o ano passado. Algumas corredeiras sumiram, mas o dia estava tão
agradável que dava para superar...
Seguimos remando até chegar próximo a tão esperada Cachoeira
do Urubu. Alguns canoístas já haviam descido, outros estavam próximos a margem.
Encostamos bem próximos. Nem saímos do bote. Seguimos descendo. Alinhamos a
descida e entramos bem na corredeira. O desnível no primeiro degrau é grande. Entrar
bem na linha da descida é fundamental. Seguimos descendo depois de uma grande
onda, completamos o trecho. Tudo muito rápido!
Com a adrenalina alta, subimos e carregamos o bote novamente
para cima da corredeira para uma segunda descida. Ele é pesado e desconfortável
para carregar, mas a vontade de descer novamente era grande. Não foi muito
fácil chegar lá. Tivemos que atravessar um trecho que deu trabalho. Já
posicionados para segunda descida, demos uma pequena descansada. Entramos
novamente no rio e acertamos o bote para a linha da descida. Descemos melhor
que da primeira vez. Acho que se descêssemos uma terceira vez, teria sido ainda
melhor. Sabendo como o bote se comporta, ficou mais fácil, estávamos no
controle da situação.
Após a comemoração da excelente descida, continuamos remando
rio abaixo, afinal de contas ainda faltava um trecho. Como o nível do rio estava
bem acima do que da última vez que havia ido, algumas corredeiras havia
literalmente sumido. Só voltamos a ter emoção, lá na corredeira do Molha Saco.
Nesse ponto, parece até que é outro rio, pois bem acima, o rio Paraíba do Sul
se divide e voltar se encontrar nesse trecho. Encostamos na margem de lá fomos
carregando o bote por terreno cheio de pedras. Algumas pedras bem
escorregadias. Como estava na parte de trás, nem conseguia controlar bem e numa
dessas pedras, tomei um escorregão. Por pouco não foi grave. Nem deu tempo de
ver se havia me machucado, já continuei andando.
Já no topo da corredeira, colocamos o bote novamente dentro
d’água. Enquanto caminhada, fui prestando atenção na linha que faríamos para
descer. Na teoria tudo muito fácil... Começamos a remar e pegamos velocidade.
Até que entramos bem, mas a força da água foi levando o bote meio de lado. Até
tentamos alinhá-lo, mas ele foi de lado em uma grande pedra. Ainda bem que
estávamos no bote, se fosse um caiaque desses de fibra, poderia até tê-lo
partido ao meio ou sofrido um grande estrago. Já teve gente perdendo o barco
nessa pedra.
Descemos direto. Fiquei pensando na corredeira do Porto
Marinho, mas ela praticamente desapareceu com o rio mais cheio. Passamos por
ela e fomos direto para o Porto Marinho. Tinha até plateia para saudar a
chegada dos canoístas. Muito legal ter chegado ao Porto Marinho com tanta gente
em volta. Com todos em terra, foi hora de arrumar as coisas e irmos para a
Cabana do Peixe Frito, onde seria o churrasco de confraternização.
No local do churrasco, almoçamos e passamos o resto do dia.
O evento foi muito bem organizado. Nada a desejar. Cada ano que passa, mais
participantes prestigiam. Já no final do dia, armei a barraca e fui descansar.
No dia seguinte, optamos por ir embora por um caminho bem diferente do qual
estávamos acostumados. Seguimos para São Sebastião do Paraíba e depois para
Cantagalo. Foram cerca de 50 km em estrada de terra até chegar ao asfalto
novamente. Um viagem muito bacana. De lá seguimos para casa... Missão cumprida!
Trilha de Dois Bicos - Parque Estadual dos Três Picos
Local: Teresólis
Dia: 07/07/2019 Participantes: Leonardo Carmo e Carina Melazzi
Vídeo da trilha
Vídeo Drone
A previsão era de um final de semana chuvoso, mas observando os sinais da natureza, eu estava na esperança de que pelo menos daria pra fazer alguma coisa no domingo. Eu achava que o tempo ficaria bem aberto, mas não foi exatamente isso que aconteceu. O tempo ficou meio fechado, mas conseguimos curtir o dia. O frio estava gostoso, ótimo dia de inverno.
A trilha escolhida foi a Dois Bicos (PETP). Eu já estava de olho nesse cume, mas como o mundo da montanha é infinito, a gente optava por fazer outras trilhas intercalando com escalada.
Bom, depois de dar aquela conferida no tempo, ainda deitado na cama, vi um pedaço do céu e ele estava azul. Aí foi levantar e começar arrumar as coisas e partir rumo aos Dois Bicos.
O caminho até lá é o mesmo pro Vale dos Frades. Deixamos o carro em frente à uma delegacia antiga, já desativada. Não consegui encontrar a data da construção, mas ela é bem antiga. Desse ponto até o cume, são aproximadamente 3,5 km. O caminho é bem tranquilo, pelo menos agora que a gente já sabe. Pegamos um wikiloc que indicava um caminho pelo pasto. Depois, descobrimos que dava pra passar pela estradinha e depois por um caminho de boi até a última porteira. Desse jeito, pegaríamos só um trecho curto e íngreme de pasto até a entrada real da trilha. Como a gente sempre escolhe o caminho mais encrencado, varamos pasto subindo e descendo feito um casal de bovinos 😃 até chegar ao início real da trilha.
Andar em pasto alto é legal, pois você não consegue ver o rastro e a navegação se torna intuitiva.
Passando por todo o pasto ou pegando ele somente a partir da última porteira, o caminho é bem exposto ao sol. Só um pequeno trecho quando entra na trilha é que as árvores fazem uma sombra, mas logo depois a exposição ao sol continua.
A vista do cume é indescritível. Com tempo aberto, da pra ter uma visão de 360 graus e ver vários picos que compõem o parque. O cume chega a uma altitude de 1.514 m, de acordo com a marcação do GPS.
Dica: procure estacionar em frente a tal delegacia desativada, pois mais pra frente quase não tem área livre e muitos carros podem atrapalhar a passagem de trator, boiada etc, tendo em vista que ali é uma fazenda.
Se for na época de calor, cuidado com os carrapatos e com a chuva. Pegar uma chuva no cume pode ser perigoso. Ali é um vale, várias calhas de água se formam, sem falar na possibilidade de raios.
Pra quem for fazer a trilha em época de calor, da pra finalizar com um banho de cachoeira na Cachoeira dos Frades.
Pra quem quiser escalar, algumas vias bem bacanas na região.
Dia: 19/04/2019 a 21/04/2019 Participantes: Leandro do Carmo, Marcelo Correa, Marcos Lima, Samantha Rocha, Stephanie Maia, Rafael Raria, Blanco P. Blanco, Vander Silva, José Antônio e Flávia Figueiredo
Vídeo da Travessia Serra Fina - 3 Dias
Relato
Fazer a Serra Fina em três dias passou a ser uma questão de
honra. Em 2018, nesse mesmo período, tentei fazer a travessia, também em 3
dias, mas pegamos um tempo bem ruim e resolvemos voltar do Capim Amarelo. Mas
dessa vez foi diferente. Pegamos 3 dias fantásticos. Sem nenhuma nuvem no céu!
Estávamos com um grupo de 10 pessoas e todas concluíram a travessia.
Tudo começou com o Vander lançando o desafio, isso com
alguns meses de antecedência... Criamos um grupo no WhatsApp e ao longo dos
meses, alguns entraram e alguns saíram... No final das contas, fechamos o grupo
com 10. Foram muitas trocas de mensagens e até reunião presencial para acertar
os detalhes. Depois de idas e vindas fechamos o seguinte:
Dia 19: Saída do Hostel as 3h e início da travessia as 5h
Dia 21: Término da Travessia e volta
Partiríamos para fazer em três dias, com o primeiro pernoite
na base da Pedra da Mina e o segundo, na base do Pico dos Três Estados. Assim
nos organizamos. Arrumar a mochila e escolher o que levar, sempre foi o maior
desafio. Ainda mais para a Serra Fina, qualquer coisa a mais, significaria mais
peso para carregar. Mas dessa vez, optei por não levar nada extra, nem comida,
nem roupa. Era tudo para uso e pronto. Aproveitamos também para organizarmos a
divisão das barracas, afinal de contas não seria necessário cada um levar sua
barraca... Eu dividiria com o Blanco, no caso, ele levaria a barraca e eu
levaria o fogareiro e panelas.
Os dias foram passando faltando 1 semana, já dava para conferir
a previsão do tempo. Pelas fotos de satélite, já dava para ver que teríamos
tempo bom. Faltando dois dias, a previsão era a melhor possível. Não havia
possibilidade de chuva.
Enfim, havia chegado o dia. Partimos em direção ao HostelPicus na quinta feira, por volta das 14:00. Ainda pegamos um pouco de trânsito
na Linha Vermelha, mas no geral a viagem foi tranquila. Chegamos ao HostelPicus e fomos muito bem recebidos pela Tatá e pelo Felipe. Depois de um bom
descanso, preparei minha janta e fui dormir, afinal de contas o dia seguinte
seria longo...
Nossa previsão de saída era as 3 horas da manhã, com
previsão de início da travessia as 5h. As duas, todos estavam de pé e fomos
tomar um belo café da manhã. Todos prontos, era esperar nosso transporte. Veio uma
informação meio desencontrada de que o transporte que nos levaria, havia
acabado de sair para levar outro grupo... Pensei: “Pronto, agora toda a
logística que havíamos pensado foi pelo ralo...” Isso me desanimou, deitei num
crashpad e tirei um cochilo. Mas na hora combinada, a Kombi chegou. Graças a
Deus!!!!!!!!
Já no caminho para Passa Quatro, olhei pela janela e o tempo
continuava ótimo, nem sinal de nuvens. Seria a travessia perfeita!
Relato do 1º Dia da Travessia Serra Fina
Chegamos ao Refúgio Serra Fina por volta das 5 h, o horário
na qual havíamos combinado. Nos preparamos e posamos para a foto oficial de
partida! As 5:15h iniciamos a caminhada. Estava escuro e o caminho estava bem
aberto. Estava bem mais limpo que da última vez. Na bifurcação, pegamos o
caminho da esquerda até chegarmos à Toca do Lobo. Grupo unido. Ali começava o
desafio.
Atravessamos o rio e iniciamos a subida. Para mim, o início
é mais difícil, o corpo ainda está se adaptando. Então comecei mais lento até
estar bem aquecido. Logo que saímos da parte fechada, entramos na crista e já
dava para ver uma cidade bem iluminada ao fundo. A lua estava um espetáculo.
Passamos por alguns grupos o local conhecido como Quartzito, captamos água para
o dia. Nessa nossa logística de fazer a travessia em 3 dias, terminaríamos o primeiro
dia com água. Aproveitei para tomar bastante água, o que me deixaria um pouco
mais confortável em carregar menos, o que equivale a menos peso também... No
local encontramos alguns amigos. Muito bom ver o astral da galera!
Com as garrafas abastecidas, reiniciamos a subida. Nosso
primeiro objetivo do dia era o Capim Amarelo. Mais acima o primeiro cume
relevante e um dos trechos mais bonitos de toda a travessia. Aquela crista é
algo fantástico! Não dava para continuar sem uma foto, na verdade, sem várias
fotos... Na última vez que tentamos fazer a travessia, as condições do clima
estavam tão adversas, que nesse ponto já foi difícil... Era muito vento e
chuva. Mas hoje, o dia estava espetacular. A lua quase se escondendo deu um
espetáculo a parte.
Dali, continuamos nossa subida. Após a crista, mais uma
subida. Já no alto, fizemos uma pausa para o lanche, contamos algumas histórias
e seguimos caminhando. Mais acima, o trecho mais difícil dessa primeira parte.
Uma sequência forte de subida, onde existem algumas escadas de corda e madeira
e algumas cordas fixas. Sem elas, ficaria difícil. Tinha muita lama. Vencido o
trecho, alguns bem expostos, cheguei ao cume do Capim Amarelo. Fiz num tempo
excelente. Aos poucos todos foram chegando e finalmente estávamos todos
reunidos. Assinei o livro de cume e ainda dei uma volta pelos pontos,
relembrando as últimas vezes que estive lá, isso em 2015 e 2018.
Depois de um lanche reforçado e várias fotos, era hora de
seguir caminhando. Afinal de contas, ainda tínhamos muito caminho pela frente.
Começamos a descer o Capim Amarelo e acabamos pegando um caminho errado, apesar
de estar bem marcado. Percebi uma descida bem íngreme e exposta. Quando conferi
o GPS, vi que estávamos bem fora do traçado. Demos meia volta e seguimos até o
caminho correto. De volta ao traçado normal, continuamos a descida. Caminhamos
por trechos bem fechados. Como é início da temporada, havia muita vegetação nas
bordas da trilha, em certos pontos se enroscavam na mochila. A descida foi dura
e chegar ao Maracanã, um grande ponto de acampamento, foi um alívio. O sol
estava forte e fizemos mais uma parada longa. Foi difícil conseguir uma sombra.
Mas todos se ajeitaram. Fiz minha conta para a água. A partir desse ponto,
pegaríamos algumas subidas fortes.
Já era hora de andar. Pegamos as mochilas e pé na trilha!
Passamos por um ponto onde dizer haver água, um pouco depois do Maracanã e
antes de uma subida. Dali fomos devagar até vencer essa subida. O sol
continuava castigando. Uma parte do grupo adiantou e outra ficou um pouco mais
para trás. Dali, podíamos ver o quanto a descida do Capim Amarelo é forte. Mas
não tínhamos muito tempo para olhar para trás, tínhamos que seguir em frente.
Com um pouco mais de subida chegávamos ao Melano e uma sequências de cristas e
cumes. Nesse ponto o grupo separou de vez. As fortes subidas foram cobrando seu
preço individualmente. Não fazia sentido todos ficarem juntos. Assim como na
primeira vez que fiz a Serra Fina, o grupo mais rápido foi à frente, para poder
arrumar um bom lugar para montar as barracas.
Acabei ficando no meio. Assim acompanhava os dois grupos de longe. Desse
ponto, conseguia ver a Cachoeira Vermelha, parecia que era logo ali... Mas
enganava.
Depois de vencidas as cristas, vem um pequeno charco, onde
passei com certa dificuldade, pois não queria afundar na lama... Nesse ponto
encontrei com o Antônio e paramos num lajeado até poder juntar o grupo que
vinha atrás. Demoraram um pouco. Olhei para a minha garrafa de água e só tinha
mais um gole. Assim que eles chegaram, perguntei para o Antônio se ele poderia
ficar para o apoio, queria adiantar, visto que minha água acabara.
Coloquei meu último gole de água na boca e comecei a dar.
Parecia que era só contornar mais um morro e logo estaria lá... Mas não foi tão
fácil assim. Estava sozinhoe pude
apertar o passo. Dali até o acampamento foram alguns longos minutos. Quando
Cheguei, já tinha parte do acampamento montado. Poucos espaços disponíveis. O
local onde resolvemos acampar não era dos melhores, mas pela quantidade de
gente que estava na frente, era melhor ficar ali. Pelo menos tinha água. Deixei
a mochila e fui logo pegar água. Lá aproveitei para tomar um “meio banho”.
Voltando ao local do acampamento, descansei um pouco antes de organizar as
coisas.
Aos poucos, todos foram chegando. O local não era dos
melhores, mas tínhamos o receio de avançar e não encontrar local disponível. O
tempo foi passando e não parava de chegar gente. Não tinha mais espaço vazio.
Os que chegavam, olhavam e continuavam a caminhada. Preparei minha janta e
dividi com o Rafael. A noite foi chegando e com ela o frio. A lua apareceu
triunfante por de trás da Pedra da Mina. Ainda ficamos conversando um pouco,
até que o cansaço bateu com força. O primeiro dia bem mais longo cobra seu
preço. Fomos dormir cedo e acertamos de sair às 7h da manhã.
Relato do 2º Dia da Travessia Serra Fina
Eram 5:30 e despertador tocou. A noite foi fria... O
termômetro marcava -1,8°C. Ainda fiquei uns 15 minutos curtindo uma preguiça. O
movimento nas outras barracas já havia começado. Saí da barraca, pois havia
muita coisa para arrumar. Fui em cada barraca, avisando do horário. Quando
olhei a caneca que havia deixado do lado de fora, percebi que a água havia
congelado. Agora tinha certeza do frio que havia feito. Na barraca do Marcelo,
ficou uma leve camada de gelo. Embaixo da minha também. O punho dos bastões de
caminhada do Vander estavam congelados. A manhã estava linda. Completamente
aberta e sem nuvens, esse era o motivo de tanto frio.
Preparei um café e comi algo. Já um pouco mais aquecido, fui
organizar minha mochila. Deixei tudo pronto. Deixei para pegar água no próximo
ponto, onde atravessaríamos o rio. Saímos quase no horário, eram 7h30min. Já
conseguíamos ver algumas pessoas subindo a Pedra da Mina. Comecei a caminhada
ainda sonolento e de lá seguimos subindo um pouco até descer em direção à
travessia do rio. Cruzamo-lo e passamos por uma boa área de acampamento, a que
eu previa parar... Dali, andamos mais um pouco e iniciamos a subida da Pedra da
Mina.
Fazer esse trecho descansado faz a diferença. Rapidamente
chegamos aos grandes totens que antecedem o cume. A vista estava surpreendente.
Na vez que fui, estava muito fechado e não tinha ideia de como era. Passei pelo
livro de cume deixei meu nome no 4º ponto mais alto do país.Dali, pude ter uma noção de onde havia
acampado da última vez. Haviam algumas barracas mais embaixo e um grupo
voltando pela trilha do Paiolinho. Fizemos nossa primeira parada. A vista
estava fantástica. O vento soprava forte, coloquei o anorak e sentei para comer
alguma coisa. A vista do vale do Ruah era impressionante. Na verdade, tudo era
impressionante. Fizemos algumas fotos e começamos a nos preparar para a
descida.
Iniciamos a descida pelo lado oposto ao que chegamos.
Existem alguns totens pelo caminho. É uma descida por um misto de laje e pedras
soltas. Lá pela metade do caminho, eu e o Marcelo acompanhamos dois grupos que
atravessavam o primeiro trecho do Vale do Ruah. Nossa ideia era tentar fazer o
caminho menos molhado... Pegamos algumas referências e continuamos descendo. Já
na base, esperamos o grupo se reunir novamente. Com todos juntos, começamos a
andar. O Vale do Ruah é um imenso charco, com grandes tufos de capim de anta. É
cortado por diversos córregos e se unem, formando o leito do Rio Claro.
O trecho inicial é o mais molhado do caminho. Pensei que
estivesse pior, mas foi relativamente tranquilo passar. Rapidamente cruzamos o
charco e passamos a caminhar a margem do Rio Claro. Mais a frente, fizemos
nossa segunda parada do dia. Ali deveríamos pegar água para resto do dia e para
o dia seguinte. Fiz mais um lanche reforçado e bebi o quanto pude de água.
Assim, daria para beber menos água durante o dia, o que resultaria em menos
peso para carregar. Reiniciamos a caminhada e continuamos na margem do rio. Mais
a frente, começamos a subir. Nesse ponto, demos adeus a água... Só teríamos
água, já na parte final da descida do dia seguinte...
Começamos a subir novamente e já no cume do primeiro morro,
fizemos uma rápida parada. Dali, seguimos para um sobe e desce, já vendo parte
do nosso destino à esquerda. Cruzamos uma sequência de cristas num interminável
sobe e desce, até chegar ao nosso local de acampamento do dia. Logo na entrada
do bambuzal, arrumamos um local bem amplo, onde daria para armar todas as
barracas. Deixei a mochila e andei um pouco até ver se teria outro local, mas
já estava tudo ocupado. Descansei um pouco. Havíamos chegado bem, era 14:30 e
já estávamos com acampamento armado. Aos poucos todos foram chegando.
Todas as barracas foram bem acomodadas. Era hora de comer
alguma coisa. Preparei um café que desceu redondamente bem. Aproveitei os
últimos minutos de sol e subi um pouco até onde ele ainda batia. Já estava
fazendo um frio e logo desci para o acampamento. Preparei minha janta. Ainda
estava claro. Foi arrumar um local para descansar e esperar o tempo passar.
Ficamos batendo um papo super agradável até a noite chegar com força. Decidimos
a hora de sair e fui para a barraca descansar.
Relato do 3º Dia da Travessia Serra Fina
Acordei as 4h45min. Ainda estava bem escuro. A noite foi
fria, mas não tanto quanto a anterior. O termômetro marcava 4,2°C. Preparei um
café para despertar e fui de barraca em barraca acordando o pessoal. Acho que
todos já tinham acordado, mas não tinham saído das barracas. O Dia foi
clareando. Uma pena não poder ver o sol nascer. De onde estávamos, não
conseguíamos ver nada. As 6h30min, estávamos todos prontos e começamos a
caminhar rumo ao nosso primeiro objetivo do dia: o Pico dos Três Estados.
Logo de cara, pegamos uma forte subida com alguns trechos
bem molhados. Todo cuidado era pouco. No dia anterior, vi uma pessoa caindo,
justamente nesse trecho. Com bastante cuidado, subimos e seguimos andando.
Fizemos uma pequena pausa para o complemento do café e de lá continuamos
subindo. Passamos por um sobe e desce até chegarmos ao cume. Tinham várias
barracas. Dificilmente conseguiríamos um local para dormir lá. Paramos para a
tradicional foto no grande totem. Mais uma pausa merecida antes do ataque final
ao Alto dos Ivos.
Depois do merecido descanso, iniciamos a descida e já
podíamos ver o Bandeirante, com mais uma subida exposta. Passamos bem devagar e
do alto, descemos até o colo entre o Bandeirante e o Alto dos Ivos. Dali, demos
o ataque final à última subida da travessia. A subida foi dura e os dois dias
de caminhada cobraram seu preço. Mas estávamos no final e isso deu um gás. Com
alguns minutos de subida estávamos no Alto dos Ivos.
No Alto dos Ivos, fizemos mais uma parada. Comemos um pouco
e conversando com algumas pessoas que faziam a travessia, conseguimos uma carona.
Mas para isso, teríamos que acompanhar o ritmo deles... Propus-me a
acompanhá-los. Dali em diante seria só descida. Nesse ponto, estávamos eu, a
Samantha e o Marcelo. Começamos a descida num ritmo bom. Ainda passamos alguns
grupos na descida e logo chegamos ao último ponto de água. Ali, foi só beber um
pouco e deixar a garrafa pela metade... Já estávamos próximo ao nosso destino.
Continuamos a descida, agora por uma estradinha com muito
mato em volta. Poucos minutos depois, estávamos no Sítio do Pierre. Dali
continuamos descendo até chegar à ultima casa antes do asfalto. Quando olhei de
longe, vi uma prateleira com algumas latas de cerveja, água e refrigerante. Não
pensei duas vezes, me dá uma coca cola! Arrumamos uma carona até o Hostel Picus.
Imagens feitas com o Drone na Face Sul do Costão de Itacoatiara. Esse é o caminho que vai para a Pata do Gato. No vídeo podemos ver Itaipuaçu, Alto Mourão, Bananal, Itaipu e Praia de Itacoatiara.