domingo, 22 de julho de 2012

Via A Linha Enígena - Morro do Tucum - Costão / Itacoatiara

Por Leandro do Carmo

Via A Linha Enígena

Conquistadores: Pablo Ximenes e Marcelo Viana
Data da conquista: 21/07/2008

Local: Face Oeste – Morro do Tucum (Costão) – Itacoatiara – Niterói RJ
Data: 07/07/2012
Participantes: Leandro do Carmo e Guilherme Belém

Material Utilizado: 8 costuras e corda de 60m

DICAS: A base fica a esquerda da Via do Tetinho, porém mais acima; bem protegida no crux; tomar cuidado com alguns blocos soltos no meio e no final da via;  para chegar a base, caminhar pelo costão a beira mar e subir acompanhando a matinha, mantendo a esquerda;  via exigente; se quiser, o participante pode dar segurança do primeiro grampo da via do Tetinho.



Foi bonito chegar e ver Itacoatiara assim!!! Céu aberto, mar parado e visibilidade fantástica da água. Mas hoje não seria mergulho, nem remada, iria escalar!!! Encontrei o Guilherme ainda no caminho, paramos para comprar água e tomar um café da manhã. Por serem curtas, estava pensando em fazer as três vias do local, Via A Linha Enígena, Via do Tetinho e Via Tetando Ramirez. Chegamos à praia dei uma olhada no visual e começamos a subir na direção do gramado. Fomos beirando o mar até contornar a matinha. Nunca tinha ido até base, mas sabia mais ou menos onde ficava.

Fui acompanhando para ver se achava os grampos, subimos um pouco até que os encontrei. dei uma olhado no croqui par me certificar de que era ali mesmo. Decidimos começar pela da esquerda, a Via  A Linha Enígena, um excelente Vsup, numa bonita linha. Acho que todas as vias do Costão tem linha bonita!!!!! A vista é fantástica.

Decidida a via, começamos a nos arrumar. Eu fiquei mais em cima e o Guilherme estava na direção do primeiro grampo da Via do Tetinho. De lá, ele se ensolterou e deu segurança dali mesmo. Como a via era curta, deixei a mochila na base e iniciei a escalada. Os primeiros lances foram tranquilos, estava certo de que seria fácil!!! A dificuldade foi aumentando e aí fui sentindo realmente a via. No terceiro grampo pra cima, os lances foram ficando mais técnicos. Os lances são em agarras, hora nos pés, hora nas mãos, foram poucos onde usei aderência.

Já quarto grampo, olhei para o alto e vi um pequeno diedro, o que facilitaria um pouco minha vida, visto que a próxima proteção estava bem acima. Subi usando a oposição, apesar de não confiar muito nessa grande laca. A sua esquerda um grande bloco solto pode rolar caso alguém se apoie. Mas chegar ali não é preciso. Logo acima, costurei o quinto grampo e veio mais um lance complicado, acho que era o crux. Demorei um pouco até entender as passadas. Nessa hora eu pensei: O que é que eu estou fazendo aqui!!! hehehe Agora é tarde!!! Pedi para o Guilherme segurar um pouco a corda para eu tomar um fôlego e toquei pra cima!!!!

Veio o sexto e o sétimo grampo, numa sequência de excelentes passadas, muito exigente!!! Cheguei a um pequeno platô onde dois buracos, um grande e um pequeno, ajudaram um pouco. Vi um grampo a esquerda, e fui na direção dele, coloquei a costura e vi a parada dupla. Ali, outro bloco solto que deve ser evitado. Mais uma subidinha e já estava nela. A vista é irada!!!! Apesar de ter subido em várias outras vias desta face, de cada local temos um ângulo diferente, sempre uma surpresa.

A água estava claríssima, alguns mergulhadores faziam caça bem próximo do costão. O sol, estava tão bom que nem lembrava dele. Esses dias de inverno são excelentes!!! Depois de apreciar um pouco a vista era hora de dar segurança ao Guilherme, a final de contas não estava sozinho. Hahahha

Perguntei para o Guilherme se daria para ele subir com sua corda, assim faríamos um único rapel. Ele a colocou na mochila e tocou pra cima. Teve um hora que não conseguia mais vê-lo. De vez em quando só ouvia o pedido para retesar, eu só pensava: “deve estar naquele lance f...” Quando ele chegou na altura dos buracos, foi hora de bater algumas fotos. Já na parada, dei uma triste notícia: “Cara, se você quiser guiar as outras vias, eu vou  participando, pra mim já deu!!!!” A minha triste notícia virou boa!!! Na hora foi até engraçado. Quando falei que iríamos fazer as três vias o Guilherme ainda pensou: “O cara tá f...” Cheio de gás”. Mas foi só fogo de palha!!!! Hahahehahehah

Com as duas cordas para rapelar, seria mais rápido. Com o pescador duplo, as emendamos e rapelamos. Chegamos a base, guardamos o equipamento e pensamos fazer outro caminho de volta. Porém ficaria mais difícil que voltar por onde viemos. Não teve jeito. Voltamos contornando a matinha e logo estávamos na praia. Pensei até em dar um mergulho, mas o frio... Vai ter que ficar para a próxima!!!!

Valeu galera, até mais!!!!!

Via A Linha Enígena

Via A Linha Enígena

Via A Linha Enígena

Via A Linha Enígena


Via A Linha Enígena

terça-feira, 17 de julho de 2012

Passeio Ecológico de Canoagem - Represa Ilha dos Pombos - Itaocara

Fala galera!!! A ACAI,  Associação de Canoagem de Itaocara convida a todos para o passeio ecológico de canoagem que saira da Represa Ilha dos Pombos - Light e seguirá até Itaocara. Os detalhes estão no convite abaixo.

Essa promete!!!!!!


ACAI – Associação de Canoagem de Itaocara
Rua Frei Thomáz, 32 – Centro – Itaocara –RJ
CEP 28.570-000
www.acainoagem.com.br










Projeto Passeio Ecológico de Canoagem Represa Ilha dos Pombos – LIGTH até Itaocara.
 11 e 12/08/2012

Objetivo:

Ressaltar a beleza da nossa região e seu potencial turístico, assim como divulgar o esporte. Será uma grande confraternização dos amantes da natureza e da canoagem.

Características do trajeto: neste trecho o Rio Paraíba do Sul é bem calmo com extensos poços de água parada e algumas poucas corredeiras em geral classe I. Destaca-se a cachoeira do Urubu a única classe III do trajeto que pode ser ultrapassada pela margem. Sendo assim, pode-se afirmar que o trajeto é bem tranquilo, sendo uma ótima oportunidade para iniciantes e praticantes de canoagem oceânica e de lagos com pouca experiência na canoagem de descida. É um dos trechos mais bonitos do Paraíba do Sul, com mata ciliar e ilhas relativamente preservadas, águas límpidas, sem nenhuma cidade em sua margem, somente alguns vilarejos, e com um visual maravilhoso.

Planejamento:

Transporte: Sairemos de Itaocara às 06:00 rumo a Represa Ilha dos Pombos – Light via RJ 152, RJ 166 e RJ 160. O trajeto de caminhão leva em torno de 1:30 h.
Alimentação: A alimentação será de responsabilidade de cada participante, pois até o início divulgação do PASSEIO, não havíamos conseguido confirmação de apoio do governo municipal. A duas paradas acontecem em restaurantes com refeições, petiscos, bebidas, etc.

Distância total: 64,10 kms

1º dia 11/08/2012.
    
Saída: Represa Ilha dos Pombos - Light

         Horário: 8:00

Chegada: Barraca do Ernani
Estimativa de chegada: 11:00 ( 3h de descida)
Distância:31,5 Kms
Evento: Almoço e reabastecimento de suprimentos e água

Saída: Barraca do Ernani
Horário: 13:00
Chegada: Cabana do Peixe Frito
Estimativa de chegada: 17:30 ( 4,5 h de descida)
Distância:16,8 kms
Evento: Jantar, montagem do acampamento e reabastecimento de suprimentos e água. Acontecerá um luau com a Banda Beija Flor Noturno a partir das 18:00 hs

2º dia – 12/08/2012.

Saída: Cabana do Peixe Frito

Horário: 9:00

Chegada: Itaocara
Estimativa de chegada: 11:00 ( 2,0 h de descida)
Distância:15,8 kms
Evento: Almoço e encerramento do passeio.


Observações:
É obrigatória a confirmação de presença até 09/08/2012.
Haverá equipe de apoio nos locais de parada e no rio;
Uso obrigatório dos equipamentos de segurança: capacete, colete e saia;
Quem for dormir na Cabana do Peixe Frito deve levar Barraca de Camping. A infraestrutura é simples (fotos abaixo no link).

Organização: ACAI – Associação de Canoagem de Itaocara

Contatos: acainoagem@gmail.com
         (22) 9822-7201 Jefferson
         (22) 8127-0527 Walnner
         (22) 9721-1700 Abel Velho
         (22) 9965-0190 Luizão

Fotos: clique <<FACEBOOK>>

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Caminhada Costa Azul (Emissário) – Praia da Joana

Por Leandro do Carmo


Caminha Costa Azul x Praia da Joana


Local: Rio das Ostras
Data: 01/07/2012
Participantes: Leandro do Carmo


DICAS: Caminhada leve na areia da praia e nas pedras, duração de 1 hora, somente ida, parando para tirar fotos e apreciar a natureza!!!!

Há muito tempo que estava a fim de fazer, novamente, essa pequena caminhada. Minha intenção era sair de Costa Azul, na altura da rua São Fidelis e ir beirando o mar até a praia da Joana. Sempre tinha alguma coisa para fazer e acabava ficando para a próxima... Mas hoje era o dia!!!

Saí às 09 da manhã, cheguei ao emissário e comecei a caminhar pela areia. A neblina era forte, apesar da hora. Depois de alguns minutos, cheguei a praia do Remanso, olhei para a Ilha do Costa e ela ainda estava meio encoberta pela neblina. Pouco depois, já estava no mirante, ao lado da praça da Baleia.

Desci até o totem, onde vi que dava para fazer alguns boulders. Algumas pessoas pescando, outras, também caminhando... O dia estava agradável. Conforme fui avançando pelo Monumento Natural do Costões Rochosos, fiquei impressionado e muito triste com as pixações nas pedras. Era algo que não podia entender. Como é que esses imbecis podem fazer coisas como essa... Será que isso os torna mais homens??? Vai entender...
Passado esse fato lastimável, continuei caminhando pelas pedras e cheguei na praia das Areias Negras. Algumas crianças superavam o frio e brincavam na água. Eu, não queria nem molhar o pé!!! A maré estava baixa, dava para ver algumas lajes. Passei pelas pedras e cheguei a uma pequena parede.

Dei uma olhada e vi algumas marcas de magnésio em cima de pequenas agarras. Porém não vi nenhum grampo, olhando de baixo. Dei a volta e subi para observar de cima e achei dois grampos: um parecia ter sido batido recentemente e outro muito corroído. Da próxima vez, já tem programação!!!
Mais a frente, já avistava a praia Virgem. Para mim, a praia mais bonita de Rio das Ostras. Um verdadeiro paraíso. Apenas algumas construções, bem no começo, porém escondidas entre a vegetação. Sua areia grossa e fofa forçam um pouco as pernas na caminhada. Cruzei com algumas pessoas pescando e nada mais.

Cheguei ao final da praia e comecei a subir as pedras. Essa parte tem poucas pichações, deve ser pela distância da última entrada. Dei uma pequena parada para apreciar a vista. O silêncio era interrompido pelo barulho das ondas. Alguns pássaros davam um toque especial a melodia da natureza. Passada minha hipnose, levantei continuei a caminhar. Mais um pouco a frente, já avistei a Ilha da Joana. Continuei andando e cheguei a praia da Joana. Fui até o quiosque e comprei um água. Fui até o final da praia, subi as pedras e sentei para descansar, enquanto observava algumas pessoas pescando.

É engraçado... Em pescaria de lazer, acho que o que menos importa é o peixe!!! Fiquei por algum tempo observando a pescaria de um grupo e eles conversavam mais do que outra coisa, era raro alguém verificar o molinete... Vale o bate papo e a diversão!!!

Levantei e comecei o caminho de vota, aí vocês já conhecem!

Até a próxima!!!
Caminha Costa Azul x Praia da Joana

Caminha Costa Azul x Praia da Joana

Caminha Costa Azul x Praia da Joana

Caminha Costa Azul x Praia da Joana

Caminha Costa Azul x Praia da Joana

Caminha Costa Azul x Praia da Joana

Caminha Costa Azul x Praia da Joana

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Travessia Petrópolis-Teresópolis - Born to Be Wild

Segue relato da travessia feita por uns amigos meus. A galera Bor To Be Wild está de parabéns!!!! Excelente relato. Deve ter sido de mais!!!!!!


Relato da Travessia Petrópolis - Teresópolis na chuva (07, 08 e 09/06/2012)

Galera Born To Be Wild, aqui vai o relato da Travessia Petrópolis-Teresópolis realizada no feriado de Corpus Christi, do dia 07/06 ao dia 09/06.
A idéia da aventura surgiu do Sandro Montanha, cujo senso de organização planejamento estão de parabéns! Inicialmente éramos um grupo de 5 pessoas e foi crescendo até estar com o número absurdamente grande de 11 pessoas. Mas como tudo sempre muda de última hora, tivemos muitas desistências como o Carlos Pederneira que fissurou o calcanhar e o Rafael Calango que sentiu o joelho na semana anterior à travessia; e uma galerinha que entrou na última semana. Acabou que a equipe fechou em 8 integrantes mais os dois guias:
- Sandro Damásio, Rana Cerise, Renzo Solari, Marcelo Corrêa, Victor Coutinho, Vinicius Aguera, Frederico Passini, Tairi Ikeda, Efraim Filho (Guia) e Felipe Lucena (Guia)


Na semana que antecedeu a travessia entrávamos no site do Clima Tempo de hora em hora e tínhamos sempre a mesma má notícia: chuva nos 3 dias da travessia! O que fazer? Desistir? Equipe Born To Be Wild não desiste!! Perrengue é o nosso lema!! Kkkkk

1º DIA (07/06) Portaria do Bonfim ao Castelo do Açu

Nosso encontro foi  na pracinha da Urca às 7h (1h depois do planejado em virtude da indisponibilidade do motorista da van), o dia estava nublado e ameaçando chuva, mas a vibe era positiva. Conhecemos a galera, pois muito não se conheciam, e de cara já tivemos afinidade; afinal éramos um grupo diversificado, tínhamos escaladores, trilheiros, escoteiros, mas todos com uma mesma paixão: aventura e natureza.
Enquanto esperávamos a van fomos abordados por uma galera da night que decidiu sair da balada e molhar os pés na Praia Vermelha. Ao nos verem com as mochilonas começaram as piadas: “o que vocês estão fazendo aqui? Trilha? Vão dormir porraaa!” “Táxiiii, por favor me salve, somos náufragos!!” rsrsrs
Depois do táxi ter resgatado os náufragos, nossa esperada van chegou com apenas 1hora de atraso e partimos para Petrópolis às 8h (não 6h como planejado). Pegamos chuva na Linha Vermelha, da onde tivemos, ou melhor, não tivemos a vista da Serra, pois estava completamente encoberta. Depois de um belo engarrafamento na BR-040 devido ao feriado, chegamos em Petrópolis e encontramos com os guias na Praça Correas.
A chuva tinha dado uma trégua quando chegamos na portaria da Sede do Parque, os vigias foram super educados, nos deram conselhos, falaram sobre os riscos, etc... Dois amigos meus da faculdade, o Rubens e o Vinícios, que também iriam fazer a travessia, só que sem guia, já tinham chegado e começado há 1 hora.Começamos a trilha às 11h, 2horas depois do planejado devido ao atraso da van e do engarrafamento. Confesso que estranhei o peso da mochila no início, nunca tinha usado mochila cargueira, mas comparada ao do meu primo Tairi até que estava levinha.
Passamos pelo Circuito das Bromélias, a encruzilhada do Véu da Noiva e começamos a subida em zigue-zague da Pedra do Queijo. Um guia ficava na frente e o outro atrás varrendo os atrasados e dando chicotada para acelerar o ritmo. De tempo em tempo parávamos para beber água e comer alguma coisa, galera tinha comida de tudo o que é tipo, desde caixa pesada cheia de fruta até granolaaaa!
 E a subida continuava sempre constante até chegarmos à Pedra do Queijo, que marca a metade do caminho do 1 dia. Nesse mirante natural, São Pedro nos concedeu alguns minutinhos de sol, abrindo uma janela nas nuvens (dessa vez abriu mesmo, rsrsrs) e pudemos ver o Vale do Bonfim, e o Chapadão e o Morro do Açu atrás. 
Renovados com a beleza do lugar seguimos caminho, apressando o passo, pois tinha um grupo logo atrás. Nisso o Efraim solta a pérola: “Gostaram da subidinha? Quero ver vocês na Isabeloca...” kkk
Pô... isso não se fala!! Descobrimos mais tarde que Isabeloca era a tranquilíssima subida para o Chapadão. Tranquilíssima se ela tivesse seca talvez...
Começando a descer o Morro do Queijo vimos algo parecido com uma barraca subindo o morro lá longe à frente. Frederico, que tinha uma máquina “semi”-profissional, 100 vezes melhor que a minha bateu uma foto e deu um zoom e a cara do meu amigo Vinicios apareceu nitidamente!! Gritei, mas ele não ouviu...
Continuamos a trilha até uma outra subida. Nesse ponto meu primo, que estava levando a casa e mais alguma coisa na mochila, começou a sentir o cansaço... Aliviamos um pouco o peso distribuindo pra galera.
Subimos e subimos até chegar numa pedra que parecia um cérebro, o Ajax. Outro mirante em que pudemos apreciar a beleza da cor branca das nuvens, e só, rsrsrs. São Pedro não parecia mais amigável como antes. Tivemos certeza disso quando o Efraim disse: “aqui marca o início da Isabeloca!” e aí a chuva caiu....
Pusemos anorak, capa de chuva e encaramos a Isabeloca na chuva, no frio, na merda....
Alguns trepa-pedras formavam pequenas cachoeiras e eu dava graças a deus pelas pedras de Petrópolis serem bem aderentes, pois cair com mochila pesada no mínimo causaria uma torção de pé. Subimos num ritmo bom, o pior era quando parávamos para esperar alguém e sentíamos o frio atacando. Nessa hora o anorak de todo mundo já tinha se tornado inútil e tava todo mundo mais que molhado. Ao chegar no Chapadão que foi a pior parte, a subida tinha ficado para trás, o corpo tinha esfriado, o vento batia com mais força e estávamos vendo quase nada a frente devido à neblina... Meu primo e o Felipe estavam um pouco atrás. Percorremos todo o Chapadão até o Morro do Açu. A chegada nos Castelos do Açu foi.... fria, tinha uma galera bivaqueando dentro dos castelos, eram 17h30. Seguimos direto para o abrigo do Açu, a galera toda entrou quando eu lembrei que tinha comprado ingresso para mim e para o Tairi no camping, não para o abrigo....
Um pouco depois chega o Felipe com o meu primo, mais morto do que vivo, que senta na escada da varanda, encosta a cabeça na parede e dorme. “Caracaaaa, leva o cara pra dentro, coloca uma roupa seca nele e enfia ele no saco!” Enquanto isso eu fui com o Efraim nas áreas de camping. Minha idéia era achar o Rubens e o Vinicios que também estavam acampando. Passava de barraca em barraca chamando e delas saíam as respostas: “Sou o Vinicios não.” “Meu irmão se chama Vinicios, mas eu sou o Pedro” ”Depende, para que você quer o Vinicios”. Porra...
Voltei para o abrigo eram umas 18h 15, estava tudo escuro. Na varanda me falaram que o Tairi tinha desabado no saco de dormir. Aí eu desconsiderei a hipótese de ir pra barraca com ele, ia ficar no abrigo mesmo. Tentei tirar o tênis, mas meus dedos tinham perdido as forças por causa do frio e não conseguia desamarrar o cadarço, tive que pedir ajuda. Entrei no abrigo e fui direto descongelar minhas mãos na água quente de um cara que tava fazendo miojo (o coitado teve que esperar mais 15 minutos para ferver outra água, rsrsrs)
Todo mundo da equipe ficou no abrigo, menos o Frederico que acampou na chuva, tranquilão... Galera jantou miojo e a famosa comida liofilizada (de canja, feijão, estrogonofe, risoto, sorvete!). Fiz um macarrão com carne seca que deixou babando uma galera de outro grupo que errou a mão no estrogonofe liofilizado. Acabei compartilhando o macarrão e eles compartilharam a goiabada com queijo, muito bom! De tempos em tempos chegava mais gente, inclusive uma mulher que tremia dos pés à cabeça com início de hipotermia.
Mais tarde a equipe toda se reuniu na mesa, rolou chocolate, queijo e chá e ficamos conversando sobre a aventura do dia e o mais importante: se íamos continuar a travessia no dia seguinte, pois lá fora a chuva não parava.

2º DIA (08/06) – Travessia Petrô - Terê

Acordamos às 7h da manhã. Não vimos o nascer do sol porque não tinha o que ver além de nuvem. Dormi mal pela falta de travesseiro, pelo frio (descobri que meu saco de dormir era uma bosta) e teria dormido pior se o Felipe não tivesse me dado um protetor auricular para abafar a sinfonia de roncos do bivaque.... Abafou quase tudo, menos o da pessoa ao meu lado que me fazia acordar várias vezes assustada! Kkkk
De repente, enquanto tomávamos café uma janela se abriu no meio do céu e limpou tudo!! O céu ficou azulzinho, as nuvens estavam abaixo de nós! Foi a parte mais bonita da Travessia! Conseguimos ver o Castelo do Açu direito, os 3 picos e o nosso destino do dia a: Pedra do Sino, que com a abertura do sol não restava dúvida de que iríamos continuar!  
Arrumamos tudo e partimos, eram 8h. Descemos o morro do Açu com o visual de tirar o fôlego das montanhas, quase esquecíamos de olhar para o chão, que estava todo escorregadio. Subimos o morro do Marco e de lá tivemos uma vista de 360º graus dos picos mais altos da Serra dos Órgãos: o morro do Açu, a Pedra do Sino, os 3 Picos, o Morro da Luva... O sol estava começando a queimar quando começamos a descida do morro do Marco. Chegamos num vale embaixo, passamos por um riacho e começamos a subir o Morro da Luva, 2º morro mais alto da serra. Foi aí que a janela se fechou e começou a garoar... e ficou assim até o final do dia.
Incrível como São Pedro sempre sabia quando estávamos para subir alguma encosta íngreme e mandava chuva... O cume do morro da Luva estava um verdadeiro lamaçal, tínhamos que ser muito criativos para não enfiar o pé na lama e não os sujar mais do que já estavam. Nesse ponto comecei a sentir a altitude, pois estávamos a 2.263 m. Descemos o morro da Luva, atravessamos uma cachoeirinha com o auxilio de uma corrente que foi posta depois da morte de um montanhista que escorregou ali.
Andando mais um pouco chegamos na subida chamada de “Elevador”. Elevador uma ova, a subida era meio vertical, feita por uns tachões de ferro fincados na rocha, alguns meio soltos, era importante testar cada um antes de soltar o outro. Um deles saiu por completo na mão do Renzo, outros já tinham saído por outros e só restava os buracos.
Depois de ter subido tudo adivinha, descemos de novo. Chegamos na descida que dava acesso ao chamado Crista do Dinossauro, um lance um pouco íngreme de pura aderência, que no molhado ficava bem mais divertido. Descemos devagar usando a corda como auxilio, acabamos demorando um pouco mais, pois ajudamos um outro grupo que estava sem corda a descer.
Subimos a Crista do Dinossauro (não vimos crista nenhuma devido à neblina) e descemos em direção ao Vale das Antas, inicialmente pelas lajes, aonde tivemos um festival de gente escorregando, e terminamos numa trilha meio fechada, antiga trilha da travessia que ninguém mais utilizava. Inclusive os totens foram postos na outra direção, mas todos caminhos seguiam para o mesmo local, para baixo.
Paramos no vale para comer alguma coisa e encher os cantis (lá passava o maior rio da travessia). Já não estávamos mais sozinhos, uns dois grupos já tinham nos alcançados devido à demora para o auxílio na descida para a crista. Apareceu um grupo de paulistas do nada saindo do meio do mato dizendo que estavam perdidos há 1 hora.
Seguimos caminho subindo numa trilha aonde podíamos ver algumas flores típicas da alta altitude. O caminho acabava numa laje chamada Pedra da Baleia, era um descampadão que nos dava a impressão de estarmos no meio do nada, pois olhávamos em volta e adivinha, não víamos nada.
Atravessamos o Vale dos Sete Ecos e chegamos no chamado lance do “Mergulho” aonde podíamos ver, se prestássemos bastante atenção, os paredões da Pedra do Sino logo à frente. Colocamos em prática nossa habilidade de rapeleiro, pois as pedras estavam escorregadias, e continuamos caminho até o famoso lance do “cavalinho”. Galera montou no pônei como se tivessem anos de prática, rsrsrs.
Logo a frente tinha um trepa pedra não esperado que fazendo uma oposição dava para passar numa boa. Uma escada de ferro surgiu mais à frente que me fez lembrar a escadinha do filme “O chamado”. A partir daí foi uma tranqüila caminhada subindo até quase o cume da Pedra do Sino, aonde se encontrava o abrigo 4. Chegamos às 16:30h, embaixo de uma leve garoa de montanha que nos acompanhou fielmente durante todo o dia.
   O abrigo e a área do camping estava lotado. Acampei com o Tairi em frente ao abrigo, mas praticamente só entrei na barraca para dormir. Jantamos todos no abrigo, rolou até um parabéns para o Vinicius que estava fazendo aniversário na montanha! Com direito a bolinho e tudo! Ficamos até tarde conversando sobre as escaladas na Serra dos Órgãos e da beleza de tirar o fôlego da vista dos cumes, vista essa que durante toda a travessia mais sentimos do que de fato vimos.

3º DIA (09/06) – Pedra do Sino à Barragem em Teresópolis


A noite foi menos fria que a anterior, mas a sensação para mim foi exatamente o oposto. Descobri que a barraca não era a mais indicada para montanha, muita menos na chuva. Devido à garoa entrou água na barraca que, graças a deus, estava inclinada para o lado do meu primo e escorreu tudo para ele, rsrsrs. Tairi teve que acordar no meio da noite, passar um pano na barraca e torcer do lado de fora. Às 4h30 ouvi o barulho de um pessoal acordando no abrigo e levantei também, não agüentava mais o frio. Aos poucos a galera foi levantando na expectativa de ver o nascer do sol, mas foi em vão. O sol nasce, mas, mais uma vez, não pudemos apreciá-lo.
Deixamos tudo arrumado e fomos até o cume da Pedra Sino, o ponto mais alto na Serra dos Órgãos (2.275m). Chegar ao cume foi simplesmente maravilhoso! A sensação de realização que só o cume transmite alegrou mais ainda a galera, não precisávamos ver a imensidão do lugar para saber que fizemos o que poucos fazem.
   Ainda no cume o Efraim nos mostrou a famosa Pedra da Bandeja, uma pedra solta chapada na parte inclinada da beirada de um dos abismos do Sino. Obviamente que ninguém perdeu a oportunidade de subir em cima dela! “Se subir mais um talvez ela escorregue abismo abaixoooo, sobe aeee!” kkkkkk.
   Descendo da Pedra do Sino encontrei meus dois amigo da faculdade que tentava achar a 2 dias, o Rubens e o Vinicios. Descobri que os dois se perderam na travessia, tiveram o saco de dormir todo molhado e um deles ainda tinha esquecido de levar isolante! E eu pensando que tinha passado perrengue... rsrsrs
Deixamos o abrigo 4 umas 10h e seguimos para a trilha que dava acesso ao Sede de Teresópolis do Parque. Pessoalmente foi o dia mais desgastante da travessia, estava me sentindo muito bem fisicamente até começar a descer a trilha que parecia que nunca acabava. A trilha era um eterno zigue-zague bem definido que passava por diversas cachoeiras e riachos, descendo, sempre descendo. Nesse dia eu percebi que tinha joelhos, panturrilha.... descida é sempre a pior parte.
Enfim, 13 km de descida depois chegamos na sede de Teresópolis, às 13h30. Travessia concluída, objetivo concluído! Espírito renovado! Quando entramos na van começou a cair a chuva. 
É claro que depois de 3 dias só comendo macarrão não podíamos simplesmente ir para a casa, fomos forrar o estômago com os croquetes e os sanduíches de lingüiça com queijo na Casa do Alemão, sem esquecer o bom e velho choppinho para comemorar!! Afinal não é todo dia que um bando de maluco, que em vez de ficar no conforto de suas casas tendo comida no prato e assistindo filminho, parte para uma travessia de 3 dias nas montanhas embaixo de chuva!! Kkkkk
Em seguida partimos todos para o Rio e às 16h já estava em casa tomando o tão esperado banho!


É isso aí galera! Foi um imenso prazer ter feito essa aventura com vocês, não vejo a hora de fazer a próxima! Parabéns aos guias Felipe e Efraim pela excelente guiada e dinamismo de todo o percurso, e pela paciência de nos contar as histórias de cada lugar. E parabéns a equipe toda pela determinação, auto estima e espírito de equipe! 

BORN TO BE WILD!
Relato por Rana Montana



“Foi uma aventura inesquecível. O grupo, o lugar, o sentimento de aventura e até mesmo a chuva fizeram com que essa aventura fosse maravilhosa. Aguardando ansiosamente pela próxima. Born To Be Wild.”
Sandro Montanha


“Algumas semanas antes da travessia, muitos falavam em participar, mas no final éramos apenas 8. Um grupo que não se conhecia, porém com as dificuldades aparecendo mostrou o espírito de montanhista, com todos se ajudando e com bastante animação durante todo o trajeto. Durante esse tempo novos amigos se formaram. Três dias inesquecíveis para esse grupo.” 
Marcelo Carrasqueira 




terça-feira, 3 de julho de 2012

Treinamento de Auto Resgate - TAR

Treinamento de Auto Resgate – TAR
Por Leandro do Carmo

Participantes: Eny Hertz e Leandro do Carmo

Data: 23/06/2012
Local: Via Emil Mesquita – Morro do Telégrafo – Serra da Tiririca

Para poder ser guia do Clube Niteroiense de Montanhismo – CNM, é preciso completar um quadro de etapas, uma espécie de roteiro para testar seu conhecimentos e técnicas. Para mim, ainda faltam algumas, entre elas o TAR. Porém, a Eny se prontificou a me passar o treinamento. Sabia um pouco da teoria, mas nunca havia posto em prática. Conseguimos uma data e ela sugeriu que fôssemos para a via Emil Mesquita, visto a disposição dos grampos.

Chegamos cedo à entrada do parque e logo iniciamos a pequena trilha. No alto, onde a trilha se divide para o Bananal, Costão e Telégrafo, ela me passou uma noção sobre orientação. Após alguns minutos, nos dirigimos até a base da via. Quando chegamos, vimos que o começo estava muito molhado, ficaria muito difícil subir. Ainda tentamos outros grampos para a direita, porém eles estavam em estado duvidoso. Voltamos até a base da Emil e um pouco mais a direita, havia uma árvore com um grande galho que seguia até quase o terceiro grampo. Resolvi subir usando o galho como apoio. No final, coloquei uma fita e uma costura para proteger, pois escalaria dali até o terceiro grampo. Foi tranquilo, apesar da parede estar muito úmida, às vezes temos que improvisar!!!!

Já no terceiro grampo, me foi passado algumas orientações de como deveríamos proceder. A situação seria a seguinte:

- O guia escalou até a comprimento da corda, utilizando-a toda sua extensão e ainda tiveram que “francesar”  para chegar a parada. O participante ao começar a escalada se machuca e não tem condições de se mexer. Não há corda suficiente para rapelar ou descer o participante.

Dado a situação, iniciei os procedimentos. Não há uma verdade absoluta, coisas do tipo “isso sempre deve ser feito assim”, porém, a medida que íamos conversando, chegamos a um consenso sobre como poderíamos fazer:

1- Sempre manter a calma, pois se não, serão dois a serem resgatados. Independente da situação, é necessário se concentrar e tentar analisar a gravidade;
2- Verificar se há sinal de celular, a fim de solicitar ajuda; no nosso caso, não havia sinal de celular e o guia deveria chegar até ao participante para descê-lo;
3- Para poder liberar as mãos, dar o nó de mula para travar a corda, caso esteja dando segurança com atc no loop; caso seja atc guide ou grigri, já estará travado;
- Porque usar o mula: Fácil de fazê-lo e desatá-lo; além de travar o sistema com segurança.
4- Colocar um prussik na corda e prendê-lo a parada; fazer o backup desse prussik com uma aselha prendendo-a, também a parada (ter cuidado para não deixar muita folga entre o prussik e o aselha, pois caso o prussik falhe, não dará tranco no ferido); desfazer o nó de mula e transferir o peso para o prussik;
- Porque usar o prussik: A corda estará tensionada, não havendo possibilidade de dar outro nó.
- Problemas em usar o prussik: Necessidade de backup.
5- Faça um prussik na corda para descer até o ferido, lembrando de sempre usar um backup; se desencorde e desça; nesse momento você estará preso somente pelo prussik e seu backup;
6- Estabilize a vítima e faça os primeiros socorros; retire todo o equipamento não utilizado, você poderá precisar;
7- Transfira a vítima para o grampo, pois não há como descê-lo; para isso, precisará subi-lo, utilizando-se de um sistema de tacionamento; no grampo, faça o nó mariner e prenda-o; faça um backup desse nó e já poderá soltar a corda; a corda já está liberada e você já poderá subir prussikando para preparar o rapel;
- Porque usar o mariner: Fácil de desatar, mesmo tencionado.
- Problemas em usar o mariner: pode correr rapidamente na hora de desatá-lo e necessita de backup.
8- Desça rapelando até a vítima; monte o novo rapel, agora com o atc alongado, para poder transferir o ferido para o sistema de rapel; nesse caso você já pode montar o rapel com o atc alongado, pois quando chegar até a vítima, o sistema já estará pronto;
9- Prenda a vítima no mosquetão do atc; conecte-se, também a ela, fazendo um backup; desfaça o backup do mariner e o mariner da vítima; tomar cuidado ao desfazer o mariner para não soltá-lo rapidamente; para
10- Desça rapelando.

Bom, esses foram os procedimentos que foi definido no treinamento. Sempre há uma outra maneira segura de se fazer. Mas alguns procedimentos básicos de segurança como sempre utilizar um backup, são tido como regras básicas. Complementando esses procedimentos, algumas questões foram levantadas, tais como: utilizar UIAA no mariner, em vez de duas voltas no mosquetão, para na hora de soltar a vítima, conseguir controlar a descida; no sistema de tracionamento, utilizamos, também, o nó GARDA, porém, tivemos dificuldade em destravá-lo, a fim de descer a vítima. Para subir ele atendeu perfeitamente e tornou-se até mais prático. Pensamos até em propor um grupo de analisá-lo melhor e verificar a possibilidade de utilização nos casos de TAR.

Até a próxima!!!!

domingo, 24 de junho de 2012

Eslcalada na Urca - Via Vilma Arnaud

Por Leandro do Carmo

Vilma Arnaud – 4º V E2/E1 D2 185 metros


Local: Morro da Babilônia, Urca RJ
Data: 17/06/2012
Participantes: Leandro do Carmo e Leonardo G Carmo


DICAS: A base da via fica após a Roda Viva; uma pedra deitada, forma um pequeno platô; a primeira proteção é uma chapeleta; na primeira enfiada a proteção é mais distante que as outras; existem parabolts sem chapeletas entre os grampos; na segunda enfiada, a proteção está bem próxima, nela o grau aumenta; possibilidade de rapelar por fora da via, usando duas cordas.

Depois de um final de semana de chuva, nada como olhar na previsão do tempo e ver que a probabilidade de chover no sábado seria de 0%!!!! Éramos em quatro, dois guias e dois participantes: Eu, Guilherme , Leonardo e Luiz, respectivamente. Dei uma olhada no croqui e sugeri entrar na Vilma Arnaud e IV Centenário, lá no Babilônia. São duas vias que tem a mesma graduação, vão seguindo quase paralelas e terminam muito próximas uma da outra.

Chegamos cedo à Urca. Encontramos o mestre David, esperando dois alunos e trocamos um idéia. Na portaria, vimos que já tinha uma cordada na IV Centenário. Não mudamos os nossos planos e caminhamos até a base. Lá, eu e Leonardo, ficamos na Vilma Arnaud e  Guilherme e Luiz foram até a IV Centenário, onde estavam dois escaladores se preparando para subir. Eles aguardariam um pouco e subiriam logo depois. Me arrumei, repassamos a corda, dei a última olhada no croqui e comecei a escalar. Pararia, na segunda parada dupla, depois de 10 costuras.

O começo foi tranquilo. Fui costurando e percebi que existiam alguns parabolts entre os grampos. Isso me confundiu um pouco, não sabia se os contava ou os pulava. Porém, como os lances estavam relativamente tranquilos, continuei subido.  Passei pela primeira parada dupla e depois alcancei a segunda. Esse começo seria um aquecimento para o resto da via, pensei... Quando cheguei a primeira parada, vi que o Guilherme começava a iniciar sua subida. A cordada da frente demorou um pouco para subir. Nessa hora, avisei ao Leonardo par subir. Ele se preparou e começou a limpar a via. Veio subindo devagar. Em alguns lances lembrava para ele “testar os lances”, coisas que o participante tem que aproveitar... E assim ele fez...

Quando chegou a parada, percebi que ele estava esgotado. O sol não era tão forte, mas dormir tarde... Isso sim acaba com qualquer um. Acho que a próxima enfiada, por ser mais difícil, aliada a saída que era bem vertical, o fez desistir. Pensei: “vou fazer a próxima enfiada e depois rapelo até onde ele está.” Beleza, comecei a subir.

Na saída, costurei logo a chapeleta, com receio da queda. Ela é baixa, duas passas e logo está nela. Costurada, fui mais tranquilo até o segundo grampo. Apesar de vertical, existem boas agarras, o que torna o lance não muito complicado. Continuei subindo e pelo que já tinha lido no guia, viria alguns lances de V, com pequenas agarras. Fui subindo com precisão. Além de pequenas agarras, era uma parte com muitos cristais, o que tornou a parede muito lisa e escorregadia em alguns lances. Apesar da dificuldade, os lances são bem protegidos, o que torna a escalada bem tranquila. Senti o grau bem constante nesses lances. Fui subindo até a parada, quando puxei a corda para repelar.

Quando estava descendo, ouvi um barulho e logo olhei para a cordada do Guilherme. Só vi o cara rolando parede abaixo. Bateu no Luiz que lhe dava segurança e continuou caindo, até que só o ouvi gritando: “SEGURA, SEGURA, SEGURA”. Foi tão rápido que nem deu tempo de pensar em nada. Assim que ele parou de cair, já levantou. Então vi que estava tudo bem. Fiquei mais despreocupado. Nessa hora, comecei pensar em um monte de coisas. Como que ele havia caído, por que será que ele desceu tanto, etc.

Cheguei a parada onde meu irmão estava e continuei a observar o Luiz e o Guilherme. Eles começaram a rapelar. Também nos preparamos e começamos a descer. Quando chegamos à base, entendi o que havia acontecido.

O Guilherme caiu quando foi costurar o primeiro grampo após a primeira parada, ocasionando uma queda fator 2. Quando a corda deu o baque, puxou a mão do Luiz, esfolando os dedos no atc e na corda. O Guilherme ainda desceu mais um pouco e depois dos gritos de “segura”, o Luiz prendeu a corda. O Guilherme ralou os dedos da parte de fora da mão e o ombro na queda. Foi aí que lembrei de alguns procedimentos bem simples que poderiam ter minimizado o impacto da queda. Mas isso aí vai ficar para uma outra postagem...


Fotos

Via Vilma Arnaud

Via Vilma Arnaud

Via Vilma Arnaud

Via Vilma Arnaud

Via Vilma Arnaud


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Homem sem pernas chega ao cume do Kilimanjaro

E você ainda reclama da vida...


Homem sem pernas chega ao cume do Kilimanjaro



O canadense Spencer West, 31 anos, subiu recentemente o Monte Kilimanjaro (5.895 metros), o maior pico da África.  Anualmente, cerca de 35.000 pessoas tentam chegar ao cume da montanha, localizada no norte da Tanzânia, mas muitas delas não têm sucesso na expedição devido ao ar rarefeito. Mas o fato inusitado não gira em torno da dificuldade de se chegar ao topo do continente africano. A curiosidade fica por conta do aventureiro do Canadá.

Desde os cinco anos de idade, Spencer West não possui as suas duas pernas, devido a um problema genético. Mas isso nunca foi um motivo para ele se esquivar das dificuldades. Além de querer inspirar os outros a alcançar o impossível, West desafiou o Monte Kilimanjaro por uma causa muito nobre: o canadense arrecadou a partir da expedição 500 mil dos 750 mil dólares necessários para construir um sistema de água potável para cerca de 20.000 quenianos.

Apesar de quando criança os médicos relatarem que West deveria se restringir a atividades como leitura e escrita, os pais do então menino de três anos amputado na altura do joelho nunca deixaram esse fato desanimar seu filho. O canadense ainda passou por outra amputação aos cinco, esta na altura da pélvis. No entanto, a partir de trabalhos de fortalecimento muscular, Spencer há anos consegue se locomover utilizando as mãos como os pés. Aliás, o canadense anda com tanta facilidade que correr não é nenhum problema para ele.

A expedição no Monte Kilimanjaro durou sete dias e contou com uma equipe de 50 pessoas, a qual deu suporte a Spencer para realizar com sucesso o desafio, o qual pode ser feito todo caminhando. O Kilimanjaro está na lista dos sete cumes do mundo e é alvo constante de aventureiros na busca por alcançar o topo das sete maiores montanhas da Terra.

Confira abaixo outras fotos da expedição de Spencer West no topo da África: