sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia

 Por Leandro do Carmo

Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia

Localizada no distrito de Itaipuaçu, no município de Maricá, a Pedra de Itaocaia se destacana paisagem local, tanto para quem está na praia de Itaipuaçu ou Alto Mourão, quanto para quem passa pela RJ 106, na altura de Inoã. Possui aproximadamente 389 metros de altura e de cada ponto que a vemos, possui um formato.

Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia
Visão da Face Sudeste




Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia
Vista da Fazenda Itaocaia


Escalada em Maricá: Pedra de Itaocaia
Vista da Serra do Calaboca


Vista do Alto Mourão











A primeira via conquistada nessa montanha foi a Paredão Galo Velho, uma conquista de 1981. Ficou durante anos sem conquista. Alguns projetos se iniciaram, mas nenhum avançou. Em 2020, em plena pandemia, Erick Okamura e o Blanco P. Blanco conquistaram uma via face noroeste, voltada para a Fazenda Itaocaia. Em 2021, foi finalizada a via "O dia em que a Terra parou", liderada por Cauê e Alexandre Langer e amigos, na face sudeste, mesma face da Galo Velho. Quase que simultaneamente, Juratan Câmara iniciou a conquista da via Rosângela Gelly, junto com Leandro do Carmo, Michel Cipolatti e Luis Avelar. A partir daí o setor ganhou mais vias se consolidando com vias exigentes e longas, numa parede sólida e bem bonita.

Localização:

Vias da Face Sudeste da Pedra de Itaocaia


A face sudeste da Pedra de Itaocaia tem atualmente 8 vias de escalada, sendo a via mais antiga a Via Galo Velho e as demais conquistadas entre 2020 e 2022. As vias têm dificuldades variadas entre 3° e 7° e podem ter até 500 m de extensão até o cume.

Há sombra nas vias dessa face no período da tarde, principalmente nas vias mais verticais, como a Moinho de Sonhos e Desequilíbrio Emocional, onde já costuma ter sombra a partir de 13h.

As vias são protegidas majoritariamente por grampos e chapeletas rapeláveis PinGo e Dupla da Bonier. Algumas vias podem ter trechos onde a proteção pode ser melhorada com peças moveis, como no caso do começo normal da Via Sujo, Cansado e Todo Suado. Já para o começo da Sujo, Cansado e Todo Suado pelo diedro vertical, a primeira enfiada da Paredão Itaocaia e alguns lances da Paredão Batismo de Sangue é recomendado carregar um jogo de móveis. Um jogo de camalots do #0.4 ao #3 ou equivalente já é suficiente para a maior parte dos casos.

Visão geral das vias

Croqui Pedra de Itaocaia













Acesso:

Para acessar ao início da trilha de acesso, siga pela Av, Carlos Mariguella, até a loja de material de construção "Pé da Pedra Material de Construção". 

https://maps.app.goo.gl/TnFMvNJwuJ1GBtVB7- Pé da Pedra Material de Construção

Trilha de Acesso




Descrição detalhada do acesso detalhado para a base das vias:

Ao lado da loja de material de construção, há um terreno baldio e uma construção inacabada. Entre por ela e siga até o final da parte mais aberta dos fundos do terreno, passando por um bambuzal e, chegando à vegetação, seguir para a esquerda até atravessar um córrego seco (caminho de descida da água da chuva) próximo a um bloco que fica no outro lado. Seguir pela trilha, que sobe em direção à montanha, mas caindo para a esquerda em direção à algumas bananeiras. Logo após as primeiras bananeiras a trilha volta para a direita até encontrar novamente o córrego seco em um ponto onde há um grande bloco dentro dele. Seguir subindo pelo córrego até a pedra.

Margeando a pedra pelo lado direito há alguns projetos antigos abandonados o no final da subida é possível acessar a Via Galo Velho (4°). Não há relatos de repetição recente desta via, porém os grampos visíveis da base parecem estar em bom estado.

Já margeando a pedra pelo lado esquerdo é possível encontrar primeiramente a Paredão Desequilíbrio Emocional (5° VI A1 E2 D3 350m), que é identificada pela sequência de chapeletas por cima de um arco saindo do chão e formando um teto a cerca de 5 m de altura.

A Via O Dia em que a Terra Parou fica cerca de 50 m para esquerda, antes de um bambuzal.

Para a Paredão Moinho de Sonhos (7° VIIb E2 D3 350m), contornar o bambuzal por fora, passando por um trecho um pouco mais fechado e depois de uma rápida subida, chega em outra parte mais aberta onde a pedra vai ficando mais positiva no começo (um rampão) e depois de alguns metros volta a ficar vertical. Contornando o rampão por baixo, no final do lado esquerdo dele, é possível avistar os grampos da Paredão Moinho de Sonhos na parte mais vertical. Uma das vias mais bonitas da montanha.

Para chegar na Paredão Batismo de Sangue (5° VIIa/A0 E3 D3 385m), seguir mais junto à pedra, passar por um muro baixo construído até encostar na montanha e descer. No final desta descida tem uma fenda rasa na pedra saindo do chão em uma parte positiva junto de uma árvore. Bem alto do lado direito da fenda é possível encontrar a primeira proteção da via. Olhando para a montanha pode-se avistar de longe o sistema de fendas e chaminés por onde ela passa.

Para chegar na Via Sujo, Cansado e Todo Suado (4° VI E2 D3 385m), seguir mais agora afastando um pouco da rocha e passando por alguns blocos e seguir na trilha. Caso esta parte esteja fechada é possível seguir bem junto a pedra passando pela vegetação até encontrar a trilha novamente em uma bifurcação.

Nesta bifurcação é possível seguir para a direita continuando bem junto a pedra e fazendo um trepa-mato de cerca de 50 m até um diedro vertical com vários buracos. Este é o começo em móvel (VIsup E3) da primeira enfiada da Via Sujo, Cansado e Todo Suado. Para chegar no outro começo da via, mais fácil e com proteções fixas, seguir em frente na bifurcação passando por uns blocos até chegar em algumas bananeiras, voltando a ficar junto da rocha. Este começo é facilmente identificado por uma fenda frontal mais profunda que a da Batismo de Sangue. A primeira proteção fixa fica depois dessa fendo quando é necessário contornar uma parte com vegetação pelo lado direito.

Para chegar na base da Paredão Itaocaia (4° Vsup E2/E3 D3 550m) é só seguir alguns metros e depois subir em um platô de vegetação. Esta via também tem dois inícios, um por um sistema de fendas frontais no lado esquerdo e outro por baixo de um diedro mais à esquerda, ambos em móvel.

Para acessar a Via Rosângela Gelly (3° IV E2 D3 +380m), basta seguir mais pela trilha até encontrar uma grande laca apoiada na pedra no meio do caminho. A base fica acima desta laca.


Vias de Escalada da Face Sudeste da Pedra de Itaocaia

Rosângela Gelly - 3° IV E2 D2 380m ------ + Relato da Conquista / Croqui

Via mais acessível da montanha. São várias enfiadas de III com alguns lances de IV. Para alcançar o cume é necessário continuar pelo final da Paredão Itaocaia. A base da via fica acima de uma grande laca apoiada na pedra no final da trilha. 






Paredão Itaocaia - 4° V+ E2/E3 D3 550m ------ + Croqui

A primeira enfiada desta via é muito bonita e toda em móvel, podendo ser feita por um sistema de fendas frontais (IV) ou por um diedro na esquerda (V). As outras enfiadas são protegidas em chapeletas. A base da via fica alguns metros depois da Via Sujo, Cansado e Todo Suado em um platô mais alto.

 Um início muito interessante para quem quer escalar um pouco mais em móvel é começar pela Sujo, Cansado e Todo Suado, mas ao invés de contornar a vegetação no final da primeira fenda pela direita em direção à primeira proteção, contornar pela esquerda para passar pela base da Paredão Itaocaia e seguir normalmente até a P1. 

A saída da Paredão Itaocaia para o cume é a mais fácil de todas, tendo menos lances de trepa mato e uma trilha mais aberta.


Sujo, Suado e Todo Cansado - 4° VI E2 D3 385m ------ + Croqui

É a última via conquistada no setor. Esta via foi idealizada por conta do belo diedro vertical, com diversos buracos e agarras, que hoje é uma das alternativas para o começo da via. Este início é protegido em móvel e está graduado em VIsup com exposição E3. Também é possível fazer um começo mais fácil (IV) mais à esquerda, com proteções fixas e alguns móveis opcionais. O lance do diedro é recheado em agarras, batentes e buracos. Já a entrada pela esquerda começa passando por uma sequência de duas fendas frontais e lances em agarras e aderência até a primeira parada. Após a união das duas entradas há lances técnicos e verticais com muitos buracos, agarras e aderência, passando também por grandes buracos em que se pode entrar para descansar. A partir da segunda parada a via segue em lances de até IV em diagonal para a direita até chegar na Paredão Batismo de Sangue. Daí é possível fazer a saída para a Moinho de Sonhos ou seguir no final da Batismo de Sangue, que é mais trabalhoso.


Batismo de Sangue - 5° VIIa E3 D3 385m ----- + Croqui

Via mais exigente psicologicamente para guiar nesta face da montanha. As proteções são mais espaçadas e tem um misto de proteções fixas e móveis. Passa por um sistema de fendas rasas no começo até chegar ao crux, na segunda enfiada. Este lance está graduado em VIIa, porém pode ser feito em artificial. De todo modo, é bom estar escalando bem VI nestas técnicas para guiar a via. Depois do crux segue por duas chaminés bem curtas. A primeira é mais difícil e parece um meio termo entre uma chaminé e um diedro cego, pois é aberta para fora em “V”. A segunda é mais fácil e pode ser contornada por fora. A via passa por alguns buracos e fendas grandes e depois segue por lances mais exigentes de agarras pequenas e aderência por uma enfiada e meia até um grande buraco onde é uma das paradas. A via segue ficando progressivamente mais fácil. A saída para o cume mais fácil é saindo para a direita em uma das enfiadas contornando uma área com bastante vegetação por cima até encontrar a parada da Paredão Moinho de Sonhos que fica na altura dos cabos de aço da parte principal da contenção. Outra saída é continuar seguindo subindo e caindo para esquerda no costão de pedra, buscando encontrar as paradas a cada 60m e algumas proteções fixas intermediárias até chegar à vegetação. Depois ainda há uma enfiada com um misto de trepa mato e rocha até chegar um uma parte mais positiva com vegetação cobrindo toda a pedra. A partir deste ponto é possível desequipar e seguir para o cume, buscando encontrar a trilha da saída da Paredão Itaocaia ou seguir na direção do cume improvisando.


Moinho de Sonhos - 7° VIIb E2 D3 350m ------+ Croqui

A Paredão Moinho de Sonhos é uma das vias mais bonitas e exigentes da montanha. Começa com um rampão positivo por alguns metros até chegar à parede vertical. Neste trecho há bonitos lances com batentes, agarras grandes, lacas e alguns metros com diversos cristais de quartzo usados como regletes. Este último trecho está graduado em VIIa. Faz uma horizontal de cerca de 6m e sobe mais um lance exigente com pockets e regletes antes da parada. A segunda enfiada começa com outro lance entre VIsup e VIIa para a direita com uma agarra muito boa para a mão esquerda, mas pés muito pequenos, tendo que se esticar e fazer uma transição bem técnica para alcançar um veio de cristas no lado direito. Depois deve seguir na horizontal usando o veio de cristais como pés até a segunda parada. A terceira enfiada é a mais exigente da via, sendo graduada em VIIb. É um trecho longo e vertical em agarras pequenas, necessitando de uma boa leitura. A próxima enfiada começa tendo que vencer um teto com boas agarras pelo lado esquerdo e depois seguindo por mais trechos ainda exigentes em regletes pequenos, porém em uma parede menos vertical, diminuindo um pouco a dificuldade. A via segue desta forma até a P5, que fica em um platô bem confortável. Na enfiada seguinte ainda há um lance de aderência mais técnico, porém na maior parte com lances fáceis. Da sexta parada é visto bem de frente a grande contenção construída nos anos 2000. A via contorna a tela que fica abaixo e a esquerda da grande grade de contenção e segue por um costão até perto da altura de cabos de aço que segura a grade principal da contenção. Deste ponto segue na direção dos cabos de aço, passando por cima deles, e contornando a vegetação pelo lado direito e voltando um pouco para a esquerda até subir em um bloco onde há a última proteção da via. A partir deste ponto sobe pela vegetação em um trepa-mato que vai até o cume. Logo depois de entrar na vegetação o melhor é desequipar e seguir esse final já de tênis.


O Dia em Que a Terra Parou - 5° A1(VIIIc) E2 D2


Via Desequilíbrio Emocional - 5° VI A1 E2 D3 ------- + Croqui

 A via começa em um conjunto de dois arcos que saem do cão e formam 2 tetos há cerca de 5-10 m de altura. As proteções começam por cima do primeiro arco e devem ser usadas para artificializar o trecho até acima do segundo teto e entrar em um grande veio de cristais vertical. Este veio de cristais é a parte mais bonita da via. São cerca de 15 m em um veio de cristais vertical de cerca de 1m de largura com muitas agarras grandes. Esse trecho não passa de IV, porém é muito satisfatório de ser escalado.

 Após este veio a via passa por um buraco onde devesse passar pelo lado esquerdo usando um grande batente e algumas boas agarras. Depois continua em uma parede ainda bem vertical com agarras variadas por mais 30m (Vsup), passando no final por um lance de VI com movimentos semelhantes a um boulder logo antes da parada. A via segue depois mais positiva em agarras pequenas, alguns trechos mais verticais bem bonitos e depois um costão de III. No costão passa pelo lado direito da grande contenção construída ali depois do desprendimento de um bloco do topo nos anos 2000. A via passa por um trecho de vegetação e depois segue mais 1 enfiada e meia e um longo trecho de subida pela vegetação até o cume, já desequipado.


Não identificada


Não identificada


Paredão Galo Velho ------+ Croqui

Primeira via dessa montanha, conquistada no início da década de 80. Não confundir com os projetos abandonados que ficam antes desta via na subida logo após começar a contornar a montanha pela direita.






quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Travessia Petrópolis x Teresópolis

 Por Leandro do Carmo

Travessia Petrópolis x Teresópolis  

Dia: 24 e 25/06/2023
Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo, Hebert Calor, Andréa Vivas, Leon de Faria, Igor, Barbara Marinho, Thayanne Amaral, Bruno Seta, Charles Gomes, Gabriel Braz, Carol, André Fraga, Gustavo Chicayban, Ricardo Bemvindo, Marcelo e Willian Pedrozo

Travessia Petropólis x Teresópolis




Relato

Temporada de montanha de 2023, não podia deixar de fazer a travessia mais clássica do país: a “Travessia Petrópolis x Teresópolis”, ou simplesmente “Petrô x Terê”. Acho que essa é a minha sexta vez, mas preciso revisitar meus relatos antigos. É um desafio escrever novamente, mas como toda aventura é uma experiência única, acho que vou conseguir... 

Nos reunimos no Clube Niteroiense de Montanhismo e conseguimos alinhar o final de semana de 24 e 25 de junho. O ideal é fazer a travessia em 3 dias, porém, é mais difícil que as pessoas consigam uma folga na sexta ou segunda. Fica cansativo, pois no segundo dia fazemos em 1 dia, o trajeto que geralmente se faz em 2. Quanto a logística, assim como da última vez que fiz, optamos por deixar o carro dentro da sede de Teresópolis e seguir de van para a portaria de Petrópolis, assim, já terminaríamos a travessia no carro. Com todos os detalhes acertados, vinha a parte mais difícil: conseguir vaga.  Com a saída da empresa em 2021 que detinha a concessão, agendar a travessia tornou-se uma tarefa difícil, visto a limitação de 40 vagas para pernoite. Tínhamos que monitorar a abertura do agendamento e no dia e hora marcado, enviar o pedido e torcer para que tivéssemos sido bem rápidos. O pior, era que demorava uns 3 dias para que o resultado saísse. Como sou guia do CNM, não preciso fazer agendamento. Entre confirmações e negações, conseguimos fechar o grupo. Decidimos deixar os carros dentro do Parque, em Teresópolis, e seguir de van para Petrópolis para iniciar a travessia, assim como fizemos no ano passado.


  

1º dia da Travessia Petrópolis X Teresópolis

A viagem foi tranquila. Chegamos ao parque e ainda estava fechado, abriria as 7 horas. A van já nos esperava. Assim que o parque abriu, entramos, estacionamos os carros e seguimos na van até Petrópolis. Fizemos uma parada na padaria que fica na Praça de Corrêas para tomarmos café da manhã. Aproveitei para comprar algo para o meu almoço. Foi dando a hora e seguimos para a portaria do Parque. Já deixamos todos os termos preenchidos e os documentos separados para podermos agilizar a parte burocrática da entrada. Com tudo certo, nos reunimos e como éramos um grande grupo, nos organizamos e definimos nossos pontos de parada. Nossas paradas eram as seguintes: Bifurcação para o Véu da Noiva (parada curta), Pedra do Queijo (parada curta), Ajax (parada longa – almoço), Alto da Izabeloca (parada curta). Decidimos que não precisaríamos caminhar todos juntos, mas que o primeiro só saísse de alguma dessas paradas, se pelo menos um tivesse chegado e encontrado com ele. Assim saberíamos onde cada uma estava. Fizemos uma foto e iniciamos a caminhada.

Travessia Petropólis x Teresópolis


O dia estava extremamente agradável e a previsão era excelente. Esse início de caminhada serve para um aquecimento. Fomos ganhando altitude bem lentamente, com alguns trechos mais íngremes, mas bem leve se comparados aos trechos à frente. Passamos por algumas entradas de alguns poços que ficam cheios de visitantes durante o verão. Como estávamos no começo do inverno, era muito pouco provável que alguém chegasse ali para um banho. Com cerca de 40 minutos de caminhada, chegamos à Bifurcação para a Cachoeira do Véu da Noiva, nossa primeira parada rápida. Estávamos relativamente pertos uns dos outros e não tivemos problema nesse começo. Era hora de ajustes nas mochilas e no ritmo. Nem a mochila tirei das costas, sentei com ela apoiada. Antes do corpo esfriar, já dei o aviso de que iria continuar a caminhada. Fomos levantando e aos poucos, retornando à subida. Esse era um trecho forte, conhecido como “subida do queijo”.  

Andando num ritmo mais lento que o início, fomos ganhando altura. Numa conversa agradável, passei um trecho longo sem perceber e logo estava na entrada para o “Alicate”. Faltava pouco. Mais acima paramos para tirar foto em um belo mirante, onde é possível ver todo o vale do “Bomfim”. Podíamos ver o quanto já havíamos andado e o quanto já havíamos subido. A vista desse ponto é algo impressionante. De volta à trilha, continuamos subindo, mas já com a certeza de que logo pararíamos novamente. Mais um trecho forte e logo estávamos na Pedra do Queijo. Aos poucos todos foram chegando. Na subida é quando mais nos distanciando uns dos outros. É natural, pois cada um tem seu ritmo. Aproveitei para comer alguma coisa. Nessa hora, encontramos o Gabriel e a Carol que haviam chegado antes e optaram por ir até o Véu da Noiva. Agora sim estávamos todos reunidos. Dali conseguíamos ver parte do caminho que ainda faríamos até o final do dia. Difícil até de acreditar que em algumas horas estaríamos lá em cima. Começamos a nos preparar, nossa próxima parada era o “Ajax”.

Travessia Petropólis x Teresópolis


Voltamos para a caminhada e a primeira subida já é dura. Pegamos uma área com pouca vegetação e um solo bem erodido, o que dificulta um pouco a subida. Com alguns minutos estávamos nesse pequeno cume. A vista dispensa comentários. Desse ponto, iniciamos uma descida, que logo se tornou uma subida novamente. Mas agora, estávamos mais abrigados do sol, o que facilitou um pouco a caminhada. Em um determinado ponto já era possível ouvir vozes, o que com certeza indicava o “Ajax”, pois como tem água no local, a maioria faz uma parada ali. Mais um trecho de caminhada e havíamos chegado. Era hora de descansar e fazer um lanche reforçado, na qual, pelo avançar da hora, poderíamos chamá-lo de almoço. Encontrei alguns amigos e conversamos um pouco. Tivemos bastante tempo. Aproveitei para encher minha garrafa de água. Já deixei tudo pronto, faltava a última subida forte do dia, a “Izabeloca”. Era hora de partir. Começamos a nos preparar e logo estávamos de volta a caminhada.  

De volta à trilha e a subida, começarmos serpenteando, já mirando um grande bloco, bem no alto. Aos poucos, nos aproximávamos e a cada minuto a nossa distância se encurtava. Não é um trecho longo, o que ajuda no psicológico. De um certo ponto, era possível distinguir, bem ao fundo, o cruzeiro que fica no Açú. Era o nosso objetivo do dia. Sem perceber, caminhei os últimos metros e quando me dei conta, já estava no alto do chapadão, jogando a mochila num canto e alongando as costas. Um alívio. Faltava pouco para montar acampamento e descansar. Uns seguiram andando. Eu acabei esperando todos chegarem para não nos distanciarmos muito. Foi até bom dar essa parada mais longa. Apesar de uma subida mais curta, já estava com um cansaço acumulado das outras. Como seguiríamos sem grandes subidas, um bom descanso agora seria ótimo para concluir o trecho até os Castelos do Açú.

Travessia Petropólis x Teresópolis


Com todo mundo reunido, mesmo que todos não fossem começar a andar naquele momento, resolvi pegar a mochila e seguir. O dia estava bem aberto e caminhar nesse trecho não ofereceria maiores riscos. Passei por algumas pessoas que voltavam do Açú e segui andando. Passei direto pelo “Graças a Deus”, um ponto onde há um totem com uma placa. Mais à frente já era possível ver parte da baía de Guanabara. Olhando para trás, deu para ver um grande rastro de fumaça, na direção de onde havíamos subido, com certeza estava acontecendo um grande incêndio por lá. Após contornar uma elevação, foi possível ver os Castelos do Açú. Estávamos bem próximos, faltando apenas alguns metros. Nesse momento, foi como se o corpo tomasse uma injeção de ânimo. Já nem lembrava mais do cansaço. A vista era algo impressionante. Cruzamos um trecho que historicamente fica bem molhado e com lama, mas a ausência de chuva, deixou tudo muito seco, sorte nossa. Contornamos a lateral da grande rocha e nos dirigimos ao acampamento sul. Já havia um grupo por lá. Nos ajeitamos nos poucos espaços que sobraram e aí pude descansar, após fazer uma boa refeição.  

O dia foi terminando e com isso o frio veio com força. Aproveitei para mostrar o Mirante Sul fica na de frente para o fundo da Baía de Guanabara. Era entardecer quando começamos a andar. Fomos nos guiando por totens espalhados pelo caminho. Assim que chegamos lá, pudemos contemplar um espetáculo. Havia uma névoa que encobria um pouco, mas podíamos ver toda a Baía de Guanabara, Niterói, Rio de Janeiro, etc. A noite foi caindo e as luzes davam um tom maravilhoso. Mas tudo tem seu preço... O frio foi aumentando e já foi ficando difícil ficar ali. Era hora de voltar. Fomos procurando os totens e com cuidado chegávamos novamente ao acampamento. Cantamos parabéns para a Andréa, que faria aniversário na próxima segunda feira e cada um foi procurando sua barraca. Ainda fiz um lanche rápido para tentar esquentar um pouco mais. Um dia perfeito. Era hora de dormir e descansar para o dia seguinte que seria duro.

Travessia Petropólis x Teresópolis


2º dia da Travessia Petrópolis x Teresópolis 

Foi uma noite tranquila. Havia levado um saco de dormir com temperatura de conforto bem baixa e isso fez a diferença. O benefício da noite bem dormida compensou o peso extra. Acordei bem cedo na intenção de ver o sol nascer, mas estava com um pouco de nuvens e isso atrapalhou um pouco. Com a certeza de que não teríamos aquele nascer do sol fantástico, aproveitei para fazer um café e comecei a organizar as coisas. Fui de barraca em barraca acordando o pessoal para que não atrasássemos na saída. O dia seria longo. Aos poucos, todos foram levantando e começar a nos organizar. Em pouco tempo o acampamento foi desmontado e saímos com um pouco de atraso, mas nada que pudesse atrapalhar o dia. Coloquei a mochila nas costas e comecei a andar. Passei por dentro dos Castelos do Açú, um grande amontoado de imensos blocos de pedra. Perdi as contas de quantas vezes passei por ali, mas ainda continua me impressionando! Já ao “lado de fora”, de frente para o Abrigo do Açú, paramos durante um tempo para algumas fotos. A vista estava fantástica. Impossível não parar! Dali seguimos andando. Uns pararam para pegar água no abrigo. Passamos pelo camping Norte e seguimos para a descida do lajeado que antecede a subida do Morro do Marco. Do alto já era possível ver a subida no lado oposto. É uma descida bem bonita e considero boa para o aquecimento. Cruzamos o vale e iniciamos a subida. O ritmo diminuiu, mas seguimos subindo de forma constante. Já no alto do Morro do Marco, fizemos uma parada rápida para recarregar as baterias.

Travessia Petropólis x Teresópolis


Recomeçamos a caminhada. Errei o caminho e só percebi depois de alguns metros. Voltamos e pegamos a saída certa. Descemos em direção ao Vale da Luva com ventinho bem gelado, mas como o dia estava bem aberto, o sol da manhã compensava o frio. Foi uma descida tranquila, exceto por alguns trechos bem erodidos. E alguns pontos, formavam grandes degraus. Estava bem seco e já havia passado ali com bastante lama, o que deixava o terreno bem escorregadio. Mais alguns minutos e estávamos entrando no Vale da Luva. Foi só o ficarmos abrigados do sol que o frio veio com força. Mesmo sem vento nesse ponto. Fizemos uma rápida parada para que alguns pudessem pegar água e seguimos para o trecho mais forte do dia. Já no início da subida, achei um isolante caído na borda da trilha. Achei que fosse do João e o guardei na parte externa da mochila. Nesse início, temos que usar bem as penas. São trechos íngremes e escorregadios. Algumas árvores e raízes servem de apoio, facilitando a ascensão. Até que passei rápido, considerando o peso da minha mochila. Passamos por algumas lajes, buscando sempre o ponto mais limpo. Olhando para trás, é possível ver parte do caminho. Íamos nos distanciando. Depois de um certo, já conseguia olhar para baixo. Sinal de já havia ganho uma altura considerável. E isso também era um bom sinal: Faltava menos do que faltava há alguns minutos atrás. Mais ou menos do meio para cima, o terreno piora com o aumento da lama. Com cuidado para não sujar muito as botas, segui subindo, ganhando uma diagonal para a direita. Enfim chegamos! Segui até a totem e joguei a mochila num canto, aliviando as costas. Como é bom descansar! Fiz um lanche rápido e optei por ir até o cume do Morro da Luva, pois mesmo passando por ali inúmeras vezes, ainda não havia o conhecia. Foi uma caminhada bem rápida. De volta ao grupo, esperamos mais alguns minutos para poder retomar a caminhada.  

Travessia Petropólis x Teresópolis
De volta, iniciamos a descida. O Garrafão ao fundo roubava a cena. Era impressionante a vista daquele ponto. Mas tínhamos que andar, ainda faltava um longo caminho pela frente. Essa descida foi mais tranquila, apesar de alguns pontos bem erodidos e logo estávamos cruzando um charco. Nossa sorte foi que a falta de chuvas deixou tudo bem seco e pudemos caminhar sem o risco de afundar o pé na lama. Mais à frente chegávamos a um lajeado que em dias de forte neblina é um trecho complicado. Mas hoje, com o dia aberto e sol, não tivemos problemas e seguir os totens até quebrar para a esquerda e cruzar o córrego que nasce lá em cima, no charco na qual havíamos cruzado. Fomos com cuidado seguindo um corrimão que está quebrado em alguns trechos. Mais alguns minutos de caminhada e estávamos na base do trecho conhecido como “Elevador”. Uma sequência de degraus de ferro fincados na rocha, que nos auxiliam na subida. Muita gente sente receio nesse trecho, principalmente por conta do ângulo das fotos que são postadas. Tem gente que cria dificuldade para vender facilidade. Nem esperei muito, já fomos subindo, assim não teríamos muito tempo para pensar. Degrau por degrau fomos subindo e rapidamente havíamos terminado o trecho, fazendo uma pequena pausa um pouco mais acima. Estávamos num bom ritmo. Acho eu todos que subiram foram unânimes quanto a dificuldade, tendo confirmado a minha impressão de que não era tão difícil assim.  

Depois de uma rápida parada, pois a nossa pausa mais longa seria no “Vale das Antas”, voltamos a caminhar. Seguimos pelo costão, subindo levemente, até chegarmos ao ponto onde descemos um costão. Havia um grampo, com certeza para ser usado em dias de chuva. Já no final, seguimos em direção ao cume do “Dinossauro”, caminhando por um trecho levemente inclina, em direção a uma passagem entre uma espécie de dois cumes. Cruzamos a passagem e seguimos para a esquerda já vendo o “Vale das Antas” ao fundo. Foi uma descida com trechos íngremes e por vezes, escorregadios. Nesse ponto todo cuidado era pouco. Do outro lado do vale, era possível ver o “Dorso da Baleia”, uma formação rochosa que se destacava em meio a vegetação. Era um trecho alto, um prenúncio do que ainda teríamos pela frente. Em pouco tempo, estávamos numa pequena clareira. Ali, pudemos captar água e fizemos um lanche reforçado. Ficamos conversando durante um tempo, aproveitando para descansar bem. Teríamos uma forte subida pela frente.

Após um bom descanso, era hora de voltar a caminhada. Puxei a fila e atravessamos a pequena ponte sobre um córrego e dali, começamos a subir. Fomos deixando o Vale das Antas para trás ou melhor, para baixo. A medida que subia, o ritmo diminuía. Mas o corpo foi aquecendo e consegui manter os passos constantes, apesar de lento. No alto, cruzamos um charco que vem aumentando ao longo dos anos. Lembro claramente da primeira vez que havia passado ali. Era um caminho estreito, bem difícil. Não tinha muito opção a não ser escolher o local onde achava que o pé afundaria menos. Mas com o fluxo intenso de pessoas, a pequena passagem foi se alargando, pois, as pessoas acabam usando a vegetação lateral para se apoiarem. E a tendência é piorar. Passado o trecho, veio mais uma subida e cheguei ao “dorso da baleia”, um lajeado já bem próximo ao final da subida. Passamos por ela e fomos para somente no totem da Pedra da Baleia. Estávamos com uma vista fantástica para o Garrafão, bem como a parede lateral da Pedra do Sino. Encaminhávamos para o trecho final, antes da descida da Trilha da Pedra do Sino. Fizemos uma parada rápida. Entraríamos os trechos mais técnicos da travessia: o mergulho, o cavalinho e o coice.  



Mochila nas costas, era hora de caminhar. Depois de várias fotos de frente ao Garrafão, seguimos andando em direção ao colo entre a Pedra da Baleia e o Sino. Mas para chegar lá, precisaríamos descer o lance do “Mergulho”. Uma descida bem delicada, num trepa pedra bem alto. Organizamos os grupos para irem descendo um por um e já seguindo para o “Cavalinho”. Na teoria, tudo certo. Na prática, não tão certo assim. Algumas pessoas travaram, devido a exposição e só aceleramos, depois que o Gabriel passou uma corda que ele havia levado. Acho que foi um erro meu não ter levado a corda. De qualquer forma, conseguimos passar e continuamos andando. Logo, pegamos a última subida da travessia. Quando nos aproximamos da face lateral do Sino, deu uma engarrafada novamente por conta do “Cavalinho”. O Cavalinho é uma pedra atravessada no meio do caminho, onde devemos subir em uns blocos, ganhando o máximo de altura possível, para aí, conseguir passar a perna, como se estivéssemos montando um cavalo. Não um lance difícil, principalmente para os escaladores e mais altos, mas a altura lateral e o “medo” que as pessoas colocam, acabam afetando o psicológico e muitos acabam demorando excessivamente. Com a corda do Gabriel, demos ajuda aos que precisaram. Fui o último a passar e segui. Acima, tem o lance que chamam de “Coice”. Mais um trecho onde é possível passar com tranquilidade, usando técnicas de escalada. Mais uma subida, passando pela escada e seguimos até a placa que indica a subida para o cume da Pedra do Sino. Nesse ponto, há sinal de celular. Aproveitei para mandar algumas mensagens e dar sinal de vida. Retomada a caminhada, foram mais alguns minutos até chegarmos ao Abrigo 4, onde fizemos uma parada para o almoço. Faltava apenas a descida do Sino.    

O sol estava maravilhoso. Mas na sombra o frio era forte. Era só ir pegar a água para sentir. Fiz um lanche reforçado, alguns optaram por preparar o almoço. Fiquei no sol durante todo o tempo o que fez dar um ânimo novo, muito importante para esse trecho final. Muita gente opta por fazer em 3 dias, terminando ali o segundo dia e fazendo no terceiro dia a descido do Sino. Mas como para fazer em 3 dias, precisamos de uma folga na segunda feira ou na sexta, fazer em 2 dias é o mais viável, principalmente, porque a descida do Sino, apesar de longa, não tem dificuldade técnica. Já era hora de finalizar. Aos poucos, todos foram se preparando e iniciamos a descida. Cada um acabou indo no seu próprio ritmo. Cruzamos a área de camping e pegamos a trilha. Fomos deixando o Abrigo 4 para trás, mas nem deu para pensar muito nisso, o cansaço já estava batendo na porta. Fomos serpenteando num caminho bem agradável. Passamos pela entrada da trilha do Papudo e mais a frente, a Cota 2000. Optei por seguir, normalmente pela trilha do Sino, evitando pegar o caminho do Paredão Paraguaio, que se encontra bem sacrificado, muito pelo alto fluxo de pessoas. Seguimos descendo naquele piloto automático, fazendo uma parada rápida num ponto ao meio da trilha e depois, parando na Cachoeira do Véu da Noiva. Dali seguimos direto até ao estacionamento. Pela hora, daria tempo de fazer uma parada no Paraíso Café. E seguimos para lá. Estacionamos já quase próximo do fechamento e com pouca opção, fizemos um lanche. Daí, foi pegar o caminho de volta...  

Foram 2 dias intensos, com tempo maravilhoso. Uma sorte poder desfrutar de excelente companhia e essa vista fantástica na Travessia mais clássica do Brasil, a Travessia Petrópolis x Teresópolis.


Travessia Petropólis x Teresópolis

Travessia Petropólis x Teresópolis

Travessia Petropólis x Teresópolis

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Travessia Petropólis x Teresópolis

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Travessia Petropólis x Teresópolis

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Travessia Petropólis x Teresópolis

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Escalada na Via Par ou Ímpar?! - Costão de Itacoatiara

Por Leandro do Carmo 

Via Par ou Ímpar?!

Dia: 27/05/2023
Local: Costão de Itacoatiara  - Niterói
Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e João Pedro



Relato  

Recebi o convite do Luis para escalar a via na qual ele o João haviam acabado de conquistar. Não pensei duas vezes. Marcamos cedo em Itacoatiara. Eu acabei atrasando um pouco, quando cheguei lá, eles já estavam me esperando. Deixei o carro já na entrada do Parque, pois desceríamos por lá. Já fazia sol há alguns dias, mas o outono é fantástico. O sol já não é tão forte e cedo, chega a ficar um pouco de frio. Com tudo pronto, seguimos andando pela areia e subimos o caminho já próximo da arrebentação. Dali, seguimos paralelo à água até chegar à matinha e de lá seguimos pela trilha. Já fazia um tempo que não escalava naquele setor. Já no meio do caminho, subimos por um trecho recém-aberto até a base da via.  

Já na base da via, nos arrumamos e como já estava um tempo sem entrar numa via mais forte, preferi não guiar. Sem contar, que estava levando a esmerilhadeira para retirar duas chapeletas que deram problemas na instalação. Com isso, a guiada ficou para o Luis e o João. Essa seria a primeira repetição completa depois da conquista. O Luis subiu e logo chegou à parada. Subi em seguida. Essa primeira enfiada segue tranquila até quase no final, onde ganha verticalidade, já fazendo um lance bem bacana para ganhar o minúsculo platô, na primeira parada.  

Já na primeira parada,  aproveitei para retirar a primeira chapeleta ruim e nos preparamos para a segunda enfiada. O João tocou para cima, ou melhor, para o lado. Esse primeiro trecho é uma leve diagonal para a direita, com alguns lances bem delicados. Assim que o João chegou à segunda parada foi minha vez de subir. Saí da parada seguindo para a direita, passando num trecho bem delicado. A mochila pesada deu uma dificultada, mas continuei na diagonal e mais a frente, quando começa a subir novamente, posicionei bem a mão numa agarra que parecia estar bem sólida. Quando coloquei o peso nela e tirei um dos pés, a agarra soltou e dei uma pendulada grande, que foi aumentada pela elasticidade da corda. Desci quase tudo que havia subido com dificuldade. Voltei para a via e segui subindo, passei pelo trecho que havia caído e continuei numa diagonal, agora para a esquerda.  

Já mais acima, entrei num buraco raso, onde parei para tirar a segunda chapeleta que havia dado problema na instalação. A outra chapeleta na qual havia me prendido estava um pouco mais para a direita, o que dificultou um pouco, mas deu tudo certo e logo continuei a subida, passando pelo crux da via. A mochila estava pesada, mas aos poucos fui subindo até chegar a segunda parada. Dali para cima, a parede perde inclinação e os lances seguem mais tranquilos. O visual desse ponto surpreende. O dia aberto e as águas verdes e claras da praia de Itacoatiara roubavam a cena. O sol começou a aparecer, mas como estávamos no final e não me preocupei.  

Seguimos subindo sem problemas e já no final da via, tiramos o equipamento. Arrumei tudo novamente na mochila e de lá seguimos para o cume do Costão, onde fizemos uma rápida parada para então seguir descendo até a portaria do parque. De lá, fizemos uma parada para o Açaí. Mas antes de ir embora, aproveitamos para dar um pulo no Tibau, em Piratininga, para que eu pudesse mostrar uma falésia com alguns projetos antigos que havia começado com o Ary e o Ivison. Queria dar continuidade. A visita rendeu! O Luis e o João ficaram animados e já combinamos para a semana seguinte. Em breve, teremos novidades!