quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Escalada na Chaminé Gallotti

Por Leandro do Carmo

Escalada na Chaminé Gallotti

Data: 29/05/2021
Local: Pão de Açúcar
Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e Blanco P. Blanco










Vídeo

Essa escalada fazia parte do nosso treino para escalar a Chaminé Cachoeiro, no Pico do Itabira. Na semana anterior, o Blanco e o Luis haviam feito a Chaminé Stop, mas eu não pude ir. Combinamos de chegar á Praia Vermelha, por volta das 8:30. Eu cheguei mais cedo, com o intuito de arrumar uma vaga para estacionar, mas não foi nada fácil. Acabei deixando o carro lá perto da mureta... Um pouco longe... Aproveitei para tomar um café da manhã e de lá, fui para o nosso ponto de encontro.

O Luis chegou em seguida e depois o Blanco. Com tudo pronto, seguimos para a Pista Cláudio Coutinho. Dali, caminhamos até a base. Optamos por fazer a primeira enfiada da Lagartão. A via Lagartão já foi considerada um das vias mais difíceis do Brasil e sua conquista foi muito arrojada. Já na base, nos arrumamos e o Blanco seguiu guiando num trecho mais exposto e com proteções móveis. Em alguns lances foi bem devagar... De baixo, já imaginava o que viria pela frente!

Depois de um tempo, o Blanco chegou à parada e foi minha vez de subir. A saída foi bem tranquila e logo entrei na primeira fenda de meio corpo, bem apertada. Há algumas agarras que ajudam na progressão. Um pouco mais acima, outro sistema de fendas grandes, meio que entalamento de corpo. Passado os pontos apertados, cheguei a um platô, achando que estava tranquilo... Dali, segui por uma pequena passagem mais horizontal para a direita, onde fiz um lance bem delicado, numa saída negativa. As agarras são bem sólidas, mas é um lance de força e técnica, bem aéreo. Com corda de cima, foi tranquilo. Passado o trecho, já conseguia ver o Blanco na parada. E dali até ele, foi bem tranquilo.

O Luis veio logo em seguida e na parada, aproveitamos para tomar uma água e o Blanco escalou mais uns 10 metros até o ponto onde faríamos o rapel até a Gallotti. Iniciamos o rapel que é meio rapel, meio escalada... Não é muito confortável, mas chegamos lá, estávamos entre a P2 e a P3 da Gallotti. Dali seguimos subindo com o Luis guiando. Subi por uma chaminé bem suja e alguns blocos encaixados bem bonitos, me lembrando o filme 127 horas... Alguns lances foram bem apertados. Uma grande aventura...

Escalamos tranquilos até a P5 da via. Estávamos próximos da Oposição da Meia Lua. O Luis saiu para guiar e passou um veneno na virada. Seguiu escalando e aí começaram os problemas. Quando ele saiu do nosso campo de visão, a corda não subia mais. Estava parada. Passamos um longo tempo esperando, pois ele poderia estar num lance mais delicado, mas nada... Resolvi ligar e ele me disse que a corda estava presa e não conseguia puxar e que estava numa posição ruim. Depois de alguns minutos, liguei novamente e ele havia prendido a corda. Então montei a segurança com o pedaço de corda que tínhamos e o Blanco saiu guiar o trecho e tentar liberar a corda para o Luis puxar.

Com isso, o tempo foi passando e a escalada que era para ser tranquila e terminar durante o dia foi ficando no limite. Quando o Blanco chegou à chapeleta após o lance da Meia Lua, eu subi. Cheguei mais acima e no lance de domínio para chegar à chapa, entrei de mal jeito e apoiei a costela meio de lado. Estava em um bico de pedra e o peso do corpo foi esmagando. Na hora, a dor foi grande, mas tinha que continuar. Na chapeleta, o Blanco subiu e aí descobrimos o porquê da corda estar presa: ela estava por cima de um degrau, fazendo um “L”. Não iria correr nunca naquela posição. Liberada a corda, o Luis montou a parada num bico de pedra e dali seguimos subindo.

Quando cheguei à parada, senti que não estava nada bem. Mas a maior preocupação era outra: terminar a escalada com luz do dia. Antes de chegarmos ali, até cogitamos descer por conta do horário, mas também não seria nada fácil. Cometemos um erro gravíssimo: só tínhamos uma lanterna! Ou era subir rápido, ou escalar a noite... Nossa opção foi subir rápido, claro!

Depois de beber um água e comer alguma coisa, o Blanco saiu guiando. Na parada, fui logo em seguida. A chaminé já começa apertada e não é simples. Iniciei um pouco mais para dentro e depois fui saindo, passei pela chapeleta e segui tocando para a direita, numa diagonal, até chegar numa espécie de banco confortável. Dali, já via o Blanco na parada. Faltava pouco!!!!!

O Luis veio em seguida e pedi para ele parar um pouco mais abaixo. Guiei esse último trecho e passar da parede para a entrada foi um lance bem exposto. Dominei um degrau, até alcançar uma pequena árvore na esquerda. As pessoas maiores talvez tenham mais facilidade. Dali, subi pela trilha até onde achei um local mais confortável para dar segue ao Blanco, que veio logo em seguida. Foi chegar, dar uma arrumada na corda e a noite foi chegando. Em cima do laço!

O Blanco passou por mim foi direto para cima. O Luis veio depois e quando ele chegou onde estava, recolhi o que sobrou de corda e subi também. Tudo resolvido! Arrumamos a corda já completamente no escuro e com ajuda da luz do celular. Subimos mais um pouco até chegar á trilha e poucos metros depois, já estávamos no cume do Pão de Açúcar. Descemos de bondinho e paramos no Árabe para lanchar. Foi uma escalada em tanto. Uma escalada de aventura. Um excelente treino para o Itabira... Mal sabia que a minha costela daria trabalho...

Curiosidades sobre a Chaminé Gallotti:

Matéria publicada no site da BBC (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45476624)

O mistério da múmia da Gallotti, que intriga estudiosos quase 70 anos após ser achada no Pão de Açúcar

O mistério teve início na manhã de 19 de setembro de 1949. Lá pelas sete da manhã, cinco amigos - Antônio Marcos de Oliveira, Laércio Martins, Patrick White, Ricardo Menescal e Tadeusz Hollup - se encontram na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, para escalar o Pão de Açúcar.

Não era uma escalada como outra qualquer. Em vez de simplesmente subir o paredão de 396 metros de altura por uma das três vias de acesso já desbravadas, os montanhistas, membros do Clube Excursionista Carioca (CEC), decidiram explorar uma quarta trilha, ainda mais perigosa e arrojada que as anteriores.

"Durante anos, foi considerada a mais difícil escalada do montanhismo brasileiro."

Ainda na clareira que dá acesso ao paredão, Hollup, então com 19 anos, começou a desconfiar de que algo estava errado quando viu um sapato de mulher, deteriorado pelo tempo, em plena Mata Atlântica.

"Será que, daqui a pouco, vamos encontrar a dona do sapato?", perguntou ele, em tom de brincadeira.

"Mesmo assim, não dei muita importância. Joguei o sapato fora e continuamos a subir", explicou em sua última entrevista, dada ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, em 22 de outubro de 2017.

Tadeusz Hollup, o último dos desbravadores da chaminé Gallotti, morreu no dia 27 de agosto de 2018, aos 88 anos.

Havia um cadáver no meio da escalada

Alguns metros acima, Oliveira, o caçula do grupo, com 18 anos, já desbravava a encosta do morro. Dali a pouco, por volta das 11h30, se deparou com um cadáver, preso pela garganta, numa fenda estreita da rocha, apelidada de "chaminé" pelos alpinistas.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o defunto não estava em estado de putrefação e, sim, "mumificado".

 



"Quando o vento bateu mais forte, o cabelo dele, que era enorme, pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa. Fiquei apavorado!", relatou Oliveira no documentário Cinquentona Gallotti (2004), escrito e dirigido por Priscilla Botto e Paulo de Barros.

Na mesma hora, berrou para os amigos: "Ó, tem uma pessoa morta aqui!".

Hollup e Menescal caíram na gargalhada. "Que história é essa?", quis saber Hollup, aos risos.

"Achou a dona do sapato?", fez graça Menescal. Os dois levaram na brincadeira. Mas Oliveira, não. Quando chegaram ao local, tomaram um susto daqueles. A coisa era séria mesmo.

Diante da "descoberta" macabra, os amigos resolveram suspender a escalada e avisar a polícia. A tão sonhada conquista da chaminé Gallotti - proeza alcançada só cinco anos depois, em 1954 - teria que ficar para outro dia.

 

A "descoberta" da múmia virou notícia em todos os jornais. Para espanto geral, o laudo, assinado pelo médico-legista José Seve Neto, desfez o mal-entendido: o cadáver não era de mulher, como imaginado inicialmente por causa da vasta cabeleira, mas de um homem.Na manhã seguinte, os cinco voltaram à Urca, acompanhados de policiais, repórteres e legistas. Munidos de grampos, martelos e brocas, desceram o corpo da "múmia" até a clareira, onde estavam os bombeiros. Naquela época, os escaladores usavam cordas de sisal e coturnos com tachas. Tudo muito rudimentar para os padrões atuais.

Segundo a nota publicada na edição do dia 20 de setembro de 1949, do jornal O Globo, os restos mortais pertenciam a "indivíduo de cor branca, com 35 anos presumíveis, de 'compleixão' (sic) franzina e com 1,60 m de altura".

Ainda de acordo com o laudo, o defunto, que vestia um suéter e uma camisa sem mangas de algodão, não apresentava sinais de fratura, nem vestígio de bala ou facada. E o pior: não trazia documentos.

"Os legistas concluíram que o cadáver estava lá havia uns seis meses, pelo menos", relata Oliveira.

"Foi mumificado devido à maresia."

O químico Emiliano Chemello, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), explica que a maresia pode ter ajudado, sim, na mumificação do cadáver. Isso porque o sal presente nela absorve a água, retardando processo de decomposição do corpo.

"Os antigos egípcios usavam um minério chamado natrão, rico em carbonato de sódio. Eles empacotavam o natrão, em pequenas bolsas, dentro do corpo da múmia, além de jogarem um punhado do minério sobre o cadáver. Quarenta dias depois, o defunto estava encolhido e duro", diz.

Que fim levou a 'múmia' carioca?

Apesar de toda a repercussão nos jornais da época, nenhum amigo, parente ou familiar apareceu no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo. De quem era o cadáver encontrado na chaminé Gallotti? Ninguém sabe. A identidade da "múmia", sete décadas depois, continua ignorada.

 


Mas essa é apenas uma das muitas perguntas sem resposta. Outra: como foi parar lá? Há várias hipóteses: de suicídio a assassinato. Para o extinto jornal A Noite, um dos muitos a cobrir o caso, os restos mortais pertenciam a um mendigo que teria se jogado morro abaixo.

Rodolfo Campos, roteirista e diretor do curta A Múmia da Gallotti (2009), tem outra versão: "Por ser um homem vestido de mulher e ter os cabelos compridos, suspeito que fosse um travesti que, talvez, estivesse fugindo de alguém ou tentando se esconder na mata. Mas é impossível afirmar com certeza".

Será que, no fim das contas, o mistério da "múmia" carioca esconde um caso de transfobia?

Há quem sustente, ainda, a tese de que o corpo seria de algum morador de uma favela próxima, localizada entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar.

O historiador Milton Teixeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), rebate essa teoria. Ele explica que, naquele local, há uma caverna e que, nos anos 1940, morou ali um português que vivia da pesca e da venda de artesanato. Nos anos 1960, o tal eremita ganhou a companhia de um casal de retirantes cearenses.

"Em 1968, os militares ordenaram a saída dos três e hoje, na caverna, vivem apenas morcegos", arremata o historiador.

Outra pergunta intrigante: que fim levou a "múmia" do Pão de Açúcar? Tudo indica que, a exemplo das peças egípcias que faziam parte do acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional, teve destino trágico. A diferença é que, em vez de ter sido consumida pelas chamas de um incêndio, teria sido sepultada como indigente por falta de documentação e reconhecimento familiar.

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Algumas fotos da escalada















segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Caixa de Fósforo - Parque Estadual dos Três Picos

 Por Leandro do Carmo

Caixa de Fósforo - Parque Estadual dos Três Picos

Data: 08/07/2021
Local: Parque Estadual dos Três Picos
Participantes: Leandro do Carmo, Susana Selles, Gustavo Chicayban e Clara



Relato

Depois de uma noite congelante, acordei para ver o sol nascer. O dia estava bem aberto e ainda estava bem frio. Havíamos cogitado a possibilidade de acordar mais cedo para ver o sol nascer do cume da Cabeça do Dragão, mas acabamos desistindo antes mesmo de dormir. De onde estava acampando, tinha uma visão privilegiada de quase todo o vale. Preparei um café para ver se dava uma esquentada. O sol foi nascendo e tínhamos uma visão fantástica. Com os primeiros raios de sol, o frio foi dando lugar a uma manhã bem agradável.

Depois de deixarmos tudo organizado, fomos para o destino de hoje: Caixinha de Fósforo. Saímos do Mascarin em direção ao Vale dos Deuses. Deu cerca de 30 minutos de caminhada. Aproveitamos para conhecer as novas instalações da área de camping. De lá, continuamos a caminhada. Seguimos andando com o Capacete , imponente, bem a nossa esquerda. Depois de uma subida, começamos a descer levemente. Entramos num trecho com bastante sombra. Esse caminho também leva ao Vale dos Frades, saindo na Fazenda Itatiba.


Um pouco mais a frente, entramos na trilha para a Caixa de Fósforo. Seguimos por uma leve subida, que logo ficou bem íngreme. De longe foi possível ouvir algumas pessoas mais acima. Apesar de íngreme, a trilha é bem curta. Como o dia estava bem agradável, estávamos subindo num bom ritmo. Passamos pela escadinha e depois de mais alguns metros, estávamos num mirante, bem de frente para essa impressionante formação rochosa.

Fizemos uma pausa bem rápida. A Susana resolveu ficar por ali junto com a Clara que chegou um pouco depois. Eu e o Gustavo continuamos, nosso objetivo era escalar o artificial que dá acesso ao cume. Do mirante, descemos e chegamos à base da pequena chaminé. Antigamente havia uma corrente que auxiliava a subida, mas agora, deve-se escalar, obrigatoriamente.

Subimos rápidos e logo estávamos na base da escalada. Nos arrumamos e procurei algum galho para improvisar um “clip stick”, pois a primeira proteção é bem alta e impossível de fazer em livre. Eu até havia pensado em pegar um pelo caminho, mas havia esquecido. Por sorte, havia um na medida. Clipei o estribo e uma costura, já com a corda passada. Com um pouco de força, cheguei à primeira proteção. Me “ensolteirei” para poder descansar um pouco. A saída é bem complicada e exposta.

Agora era dar continuidade. Demora um pouco até sincronizar o movimento. Fui sempre na sequência: Sobe, passa a costura na proteção de cima, prende a solteira, tira o estribo de baixo e coloca em cima. E daí, começa tudo de novo. Apesar de estar tudo na mente, esse primeiro trecho é levemente negativo, ficando levemente positivo à medida que vai subindo. E fui subindo, chapeleta por chapeleta. Depois que via vai saindo para a esquerda, vai ficando mais fácil. Já não precisava fazer tanta força.


Na primeira vez que subi a Caixa de Fósforo, subi “prussikando”. Dessa vez foi bem diferente. Já bem no alto, conseguia ver as últimas proteções e mais algumas passadas estava no cume. Montei a parada e tomei um gole de água. Preparei a segurança para o Gustavo subir. Ele veio e sentiu a mesma dificuldade que eu nos trechos iniciais. Demorou um pouco mas chegou. Agora sim podia descansar um pouco. Dei uma organizada no equipamento e fiz algumas imagens com o drone. Depois de uns 20 minutos no cume, montamos o rapel. Desci primeiro, com o Gustavo logo em seguida. Arrumei todo o equipamento na mochila e pegamos a trilha de volta. A volta foi bem mais tranquila, o trecho de subida forte, agora era descida. Seguimos conversando até chegar ao Mascarin novamente.













quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pico Menor e Médio - Três Picos

Por Leandro do Carmo

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Data: 07/07/2021
Local: Parque Estadual dos Três Picos
Participantes: Leandro do Carmo, Susana Selles, Gustavo Chicayban, Vander Silva e Mariana Fernandes

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos





Vídeo

Drone

Relato

Havíamos programado de fazer uma travessia passando pelo Pico do Faraó, entre Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu. Porém, dois dias antes, meu irmão acabou desistindo e conversando com o Gustavo, achamos melhor deixar para outra oportunidade. Mas como a mochila estava arrumada, sugeri de irmos para Três Picos, aproveitando que o Vander estaria por lá. Não seria nenhum esforço ir para Três Picos...

Saímos cedo. Por volta das 5h. Estava frio em Niterói e lá não seria diferente. A viagem foi tranquila e fizemos uma parada em Vieira para o café da manhã. De lá seguimos viagem. Por volta das 8:20h, estacionamos o carro e subimos andando até a República Três Picos, do Mascarin. O Vander e a Mariana já estavam lá. Deixamos nossas coisas e nos preparamos para subir. Apesar do cansaço da viagem, era melhor deixar para relaxar na volta.

Essa era a minha segunda vez no Pico Médio e Menor. Iniciamos a caminhada por volta das 10h. O dia estava bem agradável e o céu bem limpo. Não ventava... Não fazia calor. Enfim, um dia perfeito! Saímos do Mascarin e subimos até a grande Araucária e dali, entramos na trilha propriamente dita. Seguimos andando, passamos por uma casa e logo cruzamos um córrego, passando por uma porteira um pouco mais a frente. Fomos andando até ao ponto onde dá acesso à base da Via Leste, no Pico Maior.

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Continuamos subindo num bom ritmo e logo estávamos cruzando mais um córrego. Mas esse é bem largo e tem pouca água. A trilha continua na outra borda. Veio um trecho mais íngreme. Diminuir o ritmo foi inevitável. Mas continuamos a subida. Mais acima, caminhamos por uma crista até chegar numa laje, onde tem o primeiro trecho técnico, com alguns metros de escalada, mas bem tranquilo pra quem já está acostumado. Andamos mais um pouco e chegamos a mais um trecho técnico.

Subi e fixei uma corda para auxiliar os demais. Aos poucos, todos subiram. Enrolei a corda e toquei pra cima. Passamos por uma gruta e com alguns minutos estávamos colados na rocha do Pico Menor. Dali fomos paralelos à rocha até chegar à base dos degraus. Na primeira vez, ainda era uma corda, num terreno bem instável, mas devido aos problemas de erosão, esses degraus foram instalados.

Todos subiram e continuamos paralelos à rocha por um curto trecho até começarmos a subir o trecho que considero mais delicado. Nesse ponto achamos um pedaço de gelo, já era quase meio-dia! Dava para ter uma noção do frio. Essa face da montanha fica na sombra durante boa parte do ano. Fomos com bastante cuidado. Alguns trechos estavam molhados e escorregavam bastante.

Passado esse trecho, contornamos o cume do Pico Menor e seguimos até o ponto onde fixamos a corda para descermos até o colo entre o Pico Menor e o Maior. Já havia um grupo do Centro Excursionista Friburguense. Todos desceram e apenas a Susana resolveu ficar. Pegamos a última subida antes do cume, por sinal bem forte. Até que foi rápido e em poucos minutos estávamos no cume. A vista impressionava. O Pico Maior roubava a cena bem a nossa frente. Lá no fundo, podíamos ver o Pico do Faraó, mas esse vai ficar para uma próxima.

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Foi só parar que o frio começou a bater. Coloquei logo o anorak e fiz um lanche antes de voltar. Fiz algumas imagens com o drone e voltei para fazer companhia à Susana que havia ficado. Na volta, aproveitamos para subir o Pico Médio, tendo que fazer mais um lance curto de escalada. Mais uma visão impressionante. Ficamos ainda mais um tempo lá em cima até começarmos a descida, que não seria tão fácil.

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Fomos com muito cuidado até estar de volta ao Mascarin. Quando chegamos o sol já tinha ido embora. O frio foi aumentando. Armamos a barraca e foi duro, mas muito duro tomar o banho frio! A água fria batia na cabeça e chegava doer! Depois de colocar uma roupa mais quente, foi hora de preparar a janta. Nos reunimos em volta da fogueira portátil do Vander, o que fez a temperatura ficar bem agradável. Na hora de dormir, meu pé estava tão frio, que tive que ferver água e encher uma garrafa para colocar dentro do saco de dormir. Foi o suficiente para aquecer e permitir que eu pegasse no sono...


Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos

Pico Menor e Médio - Parque Estadual dos Três Picos


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Escalada no Dedo de Deus

Por Leandro do Carmo

Data: 07/08/2021
Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo Luis Augusto Avellar



Relato

Com a pandemia, havia um bom tempo que não escalava o Dedo de Deus. Já tinha combinado algumas vezes, mas sempre acontecia alguma coisa que não dava. Dessa vez quase que desmarquei... Já escalei algumas vezes do Dedo Deus e falei para o Luis que não estava muito a fim de ir com o tempo ruim. A previsão não era das melhores, mas também não havia previsão de chuva forte. Havia sim, uma pequena possibilidade de chuva e o tempo ficaria encoberto.

Depois de alguma insistência do Luis em ir e alguma insistência minha em não ir, resolvemos manter. Decisão acertada, vocês verão. Encontrei o Luís as 5 horas e de lá seguimos em direção à Teresópolis. Ainda estava escuro e seguimos por Magé. A viagem foi rápida e sem contratempos. Nem vi a hora que chegamos lá, mas deve ter sido por volta das 6h30min. Não tinha nenhum carro estacionado, provavelmente não encontraríamos nenhuma cordada pela frente.

O tempo estava aberto com poucas nuvens. Ainda bem que o Luis insistiu. Nem reclamei. Estava um pouco de frio. Fomos caminhando pelo acostamento e logo entramos na trilha. Seguimos subindo. Esse trecho é bem forte, aproximadamente 40 minutos de subida bem íngreme. O Luis ficou um pouco para trás. Fui andando num bom ritmo. Quando cheguei ao lance inicial do artificial, vi que estava seco. Somente o lado próximo à vegetação que estava um pouco úmido, mas isso não atrapalharia em nada.

Assim que o Luis chegou, nos preparamos e ele saiu para guiar. Subiu bem rápido e montou a parada numa dupla de chapeletas mais a direita com quase 60 metros de corda. Subi logo em seguida, bem rápido também. Dali, o Luis tocou novamente até a próxima parada, aonde cheguei logo depois. Dali subimos andando. Passamos pelos cabos e demos uma parada rápida na bifurcação para o polegar. Esse trecho tem alguns lances bem delicados, já bastante erodidos. Mais alguns minutos e chegávamos à base.

Fizemos uma parada mais longo, aproveitando para fazer um lanche reforçado e descansar um pouco. A subida foi forte! O Luis pegou alguns betas e saiu para guiar mais essa. Talvez o crux dessa enfiada aí seja a saída. Um lance bem bacana que passei rápido e segui num trepa pedra até a parada. Dali, o Luis tocou novamente, passando pelo lance de onde caiu uma arvorezinha que ajudava bastante. O lance ficou bem exposto. Protegemos numa outra árvore mais ao lado. O lance em seguida é bem vertical, mas tem excelentes agarras. Dali segui até gruta, onde bifurca para a Blackout ou Maria Cebola.

Seguimos pela Maria Cebola. Com uma esticada no braço já deu para clipar a primeira costura, subindo mais tranquilo. A saída tem boas agarras e vai ganhando altura com boas agarras. Mais acima, uma passada para entrar no diedro alucinante. A vista impressiona. Dali dá para ver a estrada serpenteando muito lá embaixo. Na última vez que fui, montei a parada mais acima, mas o Luis resolveu entrar na chaminé e dar segurança lá de dentro. Já na base da chaminé, mostrei para ele de onde saía a Blackout.

Saímos para mais uma. Agora um trecho longo de chaminé, dividido em duas etapas. Segui para cima de um grande bloco e mais para o lado tem um grampo e dali segue até o topo, onde tem uma parada dupla. A chaminé fica melhor fazer de costa para o grampo. Da parada, segui no corredor, fazendo uma pequena chaminé até chegar ao lance do cavalinho. Dali o Luis seguiu e entrou meio por fora na próxima chaminé. Eu fui mais por dentro, acompanhando um friso. Estávamos na base do lance do Passo do Gigante. Passamos rápido e seguimos direto para base da escada. Aproveitamos para tirar algumas fotos. Dava para ver um grupo no cume do Cabeça de Peixe.

Subimos a escada e foi cume! Eram cerca de meio dia. Ali ventava um pouco. Logo esfriou. Tirei o anorak da mochila e coloquei. Aproveitei para comer alguma coisa e assinar o livro de cume. Tinha algumas nuvens, mas dava para ver até Itacoatiara. Nos preparamos para descer. Tirei da mochila uma corda extra que levei e fizemos o rapel direto do cume. Depois emendamos mais dois rapeis até estar na base da Teixeira. Arrumamos as coisas e iniciamos a caminhada de volta. Na descida, encontramos o Charles. Seguimos descendo num bom ritmo, até chegar ao carro por volta das 15 horas.

Ainda deu tempo de lanchar no Paraíso da Serra. Chegamos em casa ainda de dia. Um excelente sábado!