segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Passa Vinte, MG

Passa Vinte, MG.

Por Leonardo Carmo

19 a 28/08/2021

Leonardo Carmo e Carina Melazzi


Eu vinha procurando um lugar onde a gente pudesse fazer trilha, escalar, ir numas cachoeiras, beber umas cachacinhas, comer uma boa comida, ficar numa roça... Encontramos tudo isso em Passa Vinte, cidade localizada no Sul de Minas Gerais.

Depois de abrir o mapa e marcar alguns pontos que queríamos conhecer, tínhamos que escolher um local pra ser a nossa base, a nossa casa temporária. As boas energias que transmitimos acabou nos levando até o Rancho Recanto das Águas @ranchorecantodasaguas. Um lugar extremamente sossegado e lindo. Era exatamente o que a gente buscava: uma área rural com Internet. A Internet era um pré-requisito, pois como a gente viaja e trabalha, não da pra ficar sem conexão.

Depois de vários contatos com o Ronaldo @ranchorecantodasaguas, acertamos a data e partimos.

Dia 19 - Chegamos em Passa Vinte. Paramos na pequena e pacata cidade em busca de um mercadinho pra fazer umas compras. Aproveitamos pra beber uma gelada num bar em frente à praça central. Depois de prosear um pouco com a moça do bar, seguimos para o rancho. Chegando, fomos recepcionados com uma deliciosa comida mineira. Como não gostar de Minas 😁? Mais tarde montamos a barraca e preparamos o nosso canto. O rancho estava fechado pra gente. Uma tranquilidade só.

Dia 20 - Acordei cedo pra poder ver a ordenha das vacas. Fazia tempo que eu não entrava num curral pra poder participar de uma ordenha. Passei boa parte da minha infância e adolescência em fazenda no Espírito Santo curtindo e acompanhando os trabalhos da roça. Me senti à vontade num ambiente que me era muito familiar.

Nesse dia, logo cedo, o Vander e a Mariana @exploreroverland chegaram pra nos fazer companhia. Na verdade eles já tinham chegado na madrugada e ficaram dormindo na estradinha perto do camping.

Como a Carina e eu já estávamos com o trabalho em dia, fomos na parte da manhã na cachoeira do Djalma, cerca de 2,5 km do rancho. A cachoeira tem dois níveis com dois poços, sendo o segundo mais legal pra tomar banho. O Vander e a Mariana ficaram no rancho, pois eles precisavam trabalhar.

De tarde, juntamos a tropa e partimos pra fazer a trilha da Pedra Lisa. O acesso à trilha é pelo município de Santa Rita de Jacutinga, mas a Pedra fica no município de Passa Vinte. É um pé lá e outra cá 😊. O Ronaldo @ranchorecantodasaguas tinha me explicado como chegava lá: era só seguir a estrada sentido Santa Rita de Jacutinga e entrar à esquerda no KM 11. Não sei por qual motivo eu coloquei na cabeça que era pra entrar no KM 15 e aí ficamos rodando, rodando até que apareceu um cara que falou que não era ali. Pegamos umas orientações e seguimos. Mais à frente veio o KM 11 juntamente com a entrada certa 😁. Dali em diante seguimos por uma estradinha de terra até uma fazenda onde começa a trilha. Até chegar a entrada da trilha anda bastante. Pedimos licença pra passar pelo quintal da casa e metemos o pé na trilha. A hora estava passando e o sol já estava quase se pondo. A trilha tem aproximadamente 2,5 km (ida). O início é uma leve subida em meio ao pasto. O trecho final é um costão que vai ganhando inclinação. Subimos até o cume em 37 minutos e conseguimos pegar o pôr do sol. Vale ressaltar a companhia de dois cachorros que praticamente nos guiaram até o cume.

Dia 21 - Vander e eu acordamos cedo e fomos pro curral ver a ordenha. Ele queria beber o leite recém tirado das tetas 😂. Depois de voltar da ordenha, tomamos um café da manhã e partimos para Carlos Euler, distrito de Passa Vinte. Lá, visitamos a cachoeira do Lajeado e a cachoeira Carlos Euler. Essa última é uma cachoeira bem grande e de uma suavidade indescritível. Para acessar essas cachoeiras não precisa pagar. A do Lajeado fica bem próxima à estrada e a do Carlos Euler é que precisa ficar ligado pra não perder a entrada. Passando o lugarejo é só dobrar à esquerda e passar por baixo do viaduto do trem, seguir em frente e entrar na primeira à esquerda. Vai passar por uma pequena ponte e logo verá a placa sinalizando a entrada da trilha. A trilha é praticamente plana em meio ao pasto. Super tranquila e acessível. Importante respeitar as regras do local.

De tarde, subimos até a linha do trem e esperamos ele passar. O trem passa mais ou menos na metade do morro. É uma verdadeira atração.

De noite, o @exploreroverland acendeu a fogueira móvel e fez uma guacamole debaixo de um céu mais do que estrelado. Haaaaaa pra acompanhar, uma cachacinha mineira que ganhei do Ronaldo @ranchorecantodasaguas.

Dia 22 - Ficamos curtindo o rancho. Na parte da tarde o @exploreroverland zarpou. Pra fechar o dia, vi o jogo do Mengão. A noite foi especial, pois foi Lua Cheia. Estava espetacular.

Dia 23 - Em uma bela segunda-feira, acordamos bem cedo, coloquei o trabalho em dia e partimos pra Santa Rita de Jacutinga que fica a 34 km do @ranchorecantodasaguas. Antes, passamos numas pequenas cachoeiras que ficam numa fazenda seguindo para Bom Jardim de Minas. Chegando em Santa Rita de Jacutinga, vimos uma padaria bem legal e resolvemos tomar um segundo café da manhã 😊. Depois de bem alimentados, andamos pela pequena e simpática cidadezinha e partimos paras as cachoeiras dos Meirelles e do Boqueirão da Mira. A cachoeira do Meirelles ta mais pra uma queda d'água do que cachoeira, mas como fica bem próximo à estrada, vale dar uma conferida. A cachoeira Boqueirão da Mira é bacana. A cachoeira em si é pequena, mas na parte de cima tem um cânion bem legal que vale a visita e um mergulho. Pra chegar nela tem que deixar o carro no final da estradinha e seguir a pé. Segue link do Wikiloc para as cachoeiras.

Dia 24 - Nesse dia resolvemos ficar pelo rancho, pois o trabalho nos chamava. Ficamos trabalhando curtindo o visual, ouvindo os mugidos das vacas e apitos dos trens que passavam lá no alto do morro.

Dia 25 - Acordei por volta das 4h50 pra poder participar da ordenha das vacas e depois tocar uns bois 😅. Meu parceiro de trabalho foi o Pé de Pano, um cavalo que simpático e bem tranquilo. Segundo o Pedro, funcionário do rancho, Pé de Pano tem a minha idade: quarentão 😆. Depois de cumprir a missão com parte do trabalho da roça (confesso que não fui tão mal assim), voltei pra outa parte do trabalho, agora na informática. Na parte da tarde resolvemos continuar os trabalhos e ficamos por ali, ora trabalhando, ora curtindo o rio. De noite vi o jogo do Mengão. Uma sapatada de 4 x 0 no Grêmio (primeiro jogo das quartas da Capa do Brasil).

Dia 26 - Resolvemos então conhecer a Pedreira de Passa Vinte @gruta_de_p20_climbing. Um setor de escaladas de vias esportivas. Fomos até o Camping do Angeus para conhecer o Angeus, dono do camping. As vias de lá além de serem esportivas, são bem fortes. É um dos melhores setores de vias esportivas do Brasil com vias predominantemente negativas de 9º a 10º graus. Resolvemos então brincar um pouco no setor Kids. É um setor bem tranquilo com três vias curtas de 3º grau. Valeu a escalada 😊. Existe uma via no setor das esportivas que é uma via tradicional. Segundo informações da Talita, mulher do Angeus, é um 5º grau. Na próxima a gente entra nela. Antes de ir embora, subimos de carro pela estradinha (recomendado para 4x4) que vai até as antenas. A visão de lá é bem bonita. Vale a subida.

Dia 27 - Esse era o nosso último dia em Passa Vinte. Não podíamos ir embora sem antes passar no Alambique do Geraldo (Geraldo Bandido) @cachacadogeraldo. O Ronaldo tinha me dado um pouco da cachaça deles e fui bebendo durante a nossa estada no rancho. Chegando na Fazenda Canavial Boa Vista, fomos recebidos pelo Igor, filho do Geraldo Bandido. Eu já tinha feito contato com ele no dia anterior. O Igor muito gente boa nos deu uma aula sobre o processo artesanal de produção de cachaça. Enquanto a Carina degustava os licores e eu atacava o barril de cachaça 😅 , mãe dele, muito gentilmente fritou torresmo pra acompanhar com a cachacinha e licor. Depois de quase 1h30 de prosa e boas doses de ping, antes de irmos embora, ela nos presenteou com um lindo pé de repolho, salsinha e cebolinha. O dia já estava perfeito. Antes de voltarmos pro rancho, passamos no mercadinho pra comprar algumas coisas pro almoço e janta.

Dia 28 - Dia de partir. O coração estava partido, mas não tinha jeito. Nos despedimos e zarpamos rumo à sede do Parque Estadual da Serra da Concórdia @serra_da_concordia, em Barão de Juparanã, distrito de Valença, RJ. Antes, passamos em Santa Rita de Jacutinga pra tomar um café da manhã. De lá foi só seguir viagem cortando as pequenas e simpáticas cidadezinhas que vinham pela frente. 

A sede do parque é muito bem estruturada. Possui uma bela e moderna estrutura de camping com banheiros, pias e até uma área para fogueira. Realmente uma excelente estrutura. Lá ainda conta com um algumas trilhas curtas e acessíveis. Começamos pela trilha da Capivara, emendamos na trilha dos Gaviões e fomos entrando em outras até que fizemos uma circular passando pela área de camping e finalmente chegamos na sede pelo outro lado.

A hospedagem é gratuita, porém está suspensa por conta da pandemia.

Em algum ponto do percurso fomos infestados de carrapatos. A gente parou pra beber uma cerveja num bar bem em frente à antiga Estação Ferroviária e comecei a sentir umas coceiras. quando a gente foi ver, nossas roupas estavam repletas de carrapatos. imediatamente trocamos as roupas, mas já era tarde. 

Na Serra da Canastra eu tinha sofrido um ataque de pulgas. Agora sofri um ataque de carrapatos. Por sorte a Carina só ficou com alguns. 

Será que carrapato e pulga só gostam de vira-lata? 😅😅

Assim foi a nossa expedição para Passa Vinte e arredores...

Até a próxima!

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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Conquista da via Gaia Vive - Alto Gaia - São Gonçalo

Por Gabriel de O. Carvalho

Via Gaia Vive - 5° Vsup E2 D2 350m
Conquistadores: Alexandre Langer, Gabriel de O. Carvalho, João Neuhaus, José Gabriel Barcellos e Vinícius Coutinho
Data: 06/2021

Croqui

Início da trilha e local para estacionar o carro: https://www.google.com/maps/@-22.8599998,-42.9011246,128m

(trajeto de carro por Maricá não recomendado devido às péssimas condições da estrada)

Relato da conquista da via Gaia Vive

A primeira conquista na montanha a gente nunca esquece!

Visão do paredão a partir da trilha de acesso à nova via.

Era um sonho antigo meu praticar escalada em São Gonçalo, porém a falta de locais de escalada estabelecidos e o problema da violência urbana, que infelizmente ocorre em grande parte da cidade, sempre me impediram. Contudo, um tempo atrás ouvi falar de um lugar chamado Alto do Gaia, as descrições faladas do local já me chamaram a atenção, ouvi que tinha um paredão lá, que o entorno era rural e que era um local conhecido por praticantes de trekking e motocross, além de ter sido recentemente transformado em Área de Proteção Ambiental (APA).

Esse interesse ficou latente por meses (eu nem nem tinha visto fotos do lugar ainda!), até que resolvi pesquisar sobre o lugar e quando vi as fotos, pirei. Comentei com o Matias (Vinicius Coutinho) e também com o Zé Gabriel, que me alertou já estar de olho nessa montanha há um tempo e que inclusive já existia uma via conquistada lá: Realidade da Laranja (Paredão São Gonçalo) 3º-V. Via esta conquistada por P.C. Caliano, Rodolpho Pajuaba e Juratan Câmara, em 1985. Possivelmente a primeira e, até então, única via de escalada em montanha de São Gonçalo?

No dia 16 de maio de 2021, um domingo, após convencer o Zé Gabriel, partimos para a conquista do Gaia. A aventura já começou no trajeto de carro para chegar lá, dos três caminhos que o Google Maps nos recomendou escolhemos o que julgamos ser o mais seguro: entrando por Maricá. O único problema era a condição da estrada, toda de terra e mais parecia uma trilha de motocross, de fato, na quase 1h de trajeto os únicos doidos de carro por lá éramos nós, acompanhados pelos motoqueiros que desviavam com facilidade dos buracos e piscinas gigantes na estradinha. Após muito sufoco, chegamos em Gaia, mas pelo lado oposto, queríamos acessar a face oeste-sudoeste. Felizmente encontramos um morador que conhecia muito bem o local e nos deu o caminho da pedra, nos poupando muito tempo. 

Quando chegamos lá, mesmo tendo visto as fotos e relatos, nem acreditei que o município nos guardava esta pérola. Um local de características rurais e um visual incrível. A montanha era linda, e ao avistá-la ambos concordamos em ir na direção do vale, face sudoeste, para explorar em busca de uma via um pouco mais vertical. O caminho foi bem fácil, sendo curto e com visão da montanha quase o tempo todo, por isso chegamos na montanha sem muito esforço. Importante frisar que a trilha passa por uma propriedade privada, porém o dono foi bem receptivo, não viu problema com a nossa presença e inclusive nos deu dicas para chegar lá.

Logo no início da trilha, o Zé ficou louco por uma fenda. Confesso que eu não tinha dado muita bola a ela, porque uns 30 m acima dava pra ver que ela entrava numa vegetação arbustiva; fiquei com medo da linha não ter continuidade. Após uma explorada fui convencido a entrarmos nela. Como o Zé estava mais animado concordamos em ele guiar esse primeiro esticão. Zé conseguiu guiar com poucas proteções precárias em móvel e protegendo nos arbustos que ficavam no topo. Com exceção do ataque de formigas e de muitas pedras soltas com risco de me acertarem, ele guiou 50 m da cordada em móvel sem maiores problemas. 

Tivemos uma boa surpresa: o trecho de arbusto se estendia somente por uns 5 metros, logo após havia uma saída para pedra que parecia promissora do lado esquerdo. Foi aí que batemos a parada da via e eu comecei a guiada da segunda cordada. Nesse momento passava das 15h e o sol batia na pedra, porém esta parte de aderência estava bastante babada e suja de líquen. Fiquei bastante drenado com os lances, mas consegui progredir uns 15 m e bater duas chapeletas. Parei na parte que verticaliza, muitas agarras quebrando, o dia já estava terminando e a esta altura achei que só conseguiria passar do lance com cliff, e nem os tinha no dia. Voltamos para casa já no entardecer, mas aquela cordada ficou na minha cabeça a semana inteira. Não conseguia parar de passar como iria vencer aquele lance.

Segunda cordada, os lances seguem na parte exposta de pedra indo pra esquerda e passando no único trecho sem vegetação.

Na semana seguinte voltamos eu e Zé Gabriel novamente, com a companhia de Alexandre Langer, João Neuhaus e Matias. O Zé guiou o lance, dessa vez com as peças móveis do Langer, deixando a enfiada muito bem protegida. Eu subi na sequência e logo já reiniciava a conquista da segunda cordada. Eu estava muito mais focado nessa investida, o lance que achei que faria só com cliff, dei uma escovadinha e passei em livre, protegendo logo em seguida. Segui na conquista muito bem mentalmente, apesar da aderência suja e dos regletes quebrando. Quando a corda já estava acabando achei um platozinho incrível, onde decidi fazer a P2, com 55 m.

João Neuhaus no platô da P2

Agora foi a vez do Langer tocar a sequência da terceira cordada, fortes rajadas de vento aconteciam nessa hora, aumentando a “drena”. A linha sai do platozinho pra esquerda, pegando uma fenda de uns 2 m onde ele protegeu com alguns friends e depois tocou pra cima passando à direita da vegetação. Depois da vegetação, uma surpresa! A nossa via esbarra num veio de cristais incrível que faz um corte em diagonal na montanha para a esquerda. Na hora a gente só escutava o Langer gritando de felicidade falando do que tinha encontrado. Ele tocou uns 45 m e decidiu fazer uma parada num ponto onde o veio começava a ter mais vegetação e ele percebeu que existia uma linha limpa para cima. O visual nessa parte é de tirar o fôlego, tínhamos uma visão ampla da região, inclusive da Baía de Guanabara e das montanhas ao fundo.  

A próxima enfiada o Zé Gabriel tocou, segue uns lances de aderência mais tranquilos em linha reta, passando a esquerda de uma vegetação e chegando numa parada confortável (P4), a cordada ficou com 50 m. Infelizmente o dia já estava acabando e decidimos encerrar a investida. 

Lances em aderência da quarta cordada

Voltamos ao Gaia quando a janela de tempo permitiu. Repetimos todos os lances, e a quinta cordada, que era bem mais tranquila, foi conquistada pelo Matias que estava aprendendo, e pelo João. A maior parte dessa cordada é uma escalaminhada bem fácil, com um lancezinho de escalada no final para chegar na P5.

A sexta cordada quem tocou foi o Zé, ela começa numa aderência salgada, talvez um V, por uns 10 metros, depois fica mais tranquila e vai até chegar numa parede vertical, onde ele contornou pra esquerda até chegar num lance de fenda bem maneiro. O doido tocou direto e o lance ficou bem exposto, depois eu e o Matias voltamos e intermediamos uma parte do crux.

De presente de aniversário (eu faria 31 anos em poucos dias) deixaram a conquista da sétima cordada para mim. Apesar de já estar exausto do dia, essa parte da conquista foi irada. Começa protegendo em móveis em algumas fendas, e depois faz alguns crux em IVsup e V protegidos em chapeleta. Depois da parte mais difícil, aproximadamente 20 m, a via encontra uns lances com agarras e regletes bem maneiros até o final. Cheguei onde julguei ser um bom local para a parada já no fim do dia. A galera veio rápido subindo pela corda fixa. 

Com o horário avançado, o João foi na frente pra tentar achar alguma trilha para o cume, após uns 20 min ainda não sabíamos exatamente onde estávamos, decidimos a contra-gosto retornar via rapel. Nesse dia terminamos a via, mas sem saber, porque não achamos o cume e nem sabíamos se teria mais escalada.

O cume só veio em outra investida, no dia 26 de junho de 2021, eu, Zé e Matias fomos com a missão de escalar a via inteira e de anotar as informações para fazer o croqui. Enfim, às 16h finalmente pudemos gritar “cumee”. Quis o destino também que a minha primeira escalada em São Gonçalo fosse também a minha primeira conquista em montanha, que privilégio. A via deve dar um quinto no geral, com cordada em fenda, aderência, regletes no vertical, veio de cristais em diagonal, e uns trepa matos também. 350 metros de muita aventura. Chamamos a via de "Gaia Vive". Uma lembrança aos fragmentos de mata atlântica que ainda resistem, principalmente graças às nossas montanhas e áreas de conservação.

O dia em que finalmente gritamos “cumeeee”

Que venham as próximas! 




Conquista da primeira cordada

Conquista da primeira cordada

Cristais, um dos lances mais bonitos da via

João passando uns betas de conquista para o Matias na quinta cordada

Zé conquistando a sexta enfiada

Minutos após bater a P7

Alexandre Langer na terceira cordada

Lances iniciais da sétima enfiada