Por Leandro do Carmo
Montanha Colorida, meu primeiro cume acima dos 5.000 metros
Cerro Vinicunca - Peru (Montanha Colorida)
Local: Cusco – Peru
Dia: 08/08/2018
Participantes: Leandro do Carmo, Raquel Terto, Alberto Larj, Rafael Farias, Leonardo Chicayban, Alexandre Bibiani e Vanessa Berton
Dicas para a Montanha Colorida
A chamada Montanha Colorida, Montanha de Sete Cores ou
simplesmente Vinicunca, em quéchua, é uma montanha localizada a aproximadamente
100km ao sudeste de Cusco, no distrito de Pitumarca, província de Canchis. Como
grande atrativo, temos a sua incrível coloração, com diversas tonalidades. Isso
se deve a sua composição química, aos diversos minerais que a compõe,
juntamente com a erosão causada principalmente pela chuva e pelo vento. Ela faz
parte do circuito do nevado Ausangate, a quinta montanha mais alta do Peru, com
seus 6.372 metros de altitude.
O ponto mais alto alcançado nessa e trilha é de 5.100
metros. É de lá que temos uma visão fantástica das cores. Dependendo da época,
pode-se encontrar muita neve pelo caminho. A roupa adequada vai fazer a diferença.
Vídeo da Montanha Colorida (Cerro Vinicunca)
Relato da minha subida à Montanha Colorida
Fazer o cume estava dentro dos nossos planos de aclimatação.
Chegar aos 5.100 metros e depois voltar para Cusco, seria um grande teste para
a Sankantay. Pela distância, cerca de 3,7 km ou pela orientação, não há
dificuldades. O problema estava na altitude. Nunca havia chegado tão alto. O
desnível acumulado nem era tão grande assim, cerca de 350 metros, mas já
começaríamos a subir a partir dos 4.600 metros.
Havia a possibilidade de fazermos a Montanha Colorida após a
Salkantay, mas optamos fazer todos juntos, visto que a não chegamos ao Peru no
mesmo dia, nem iríamos embora no mesmo dia também. Isso tudo, conversamos com
Belli Chavez, guia que contratamos lá em Cusco e que agilizou os passeios que
fizemos por lá. Já havíamos feito o Moray, Salinas de Mara e Vale Sagrado no
dia anterior. Aos poucos íamos nos aclimatando.
A viagem até o ponto onde iniciaríamos a caminhada era
longa, cerca de 80 km de estrada até Cusipata e de lá, fomos por uma estrada de
terra até o restaurante onde tomamos o café da manhã. Havíamos saído as 3:30h
da manhã do nosso hostel. Depois de tomarmos o café, seguimos ainda por um
caminho com muitos precipícios. Aos poucos, íamos ganhando altitude e o verde da
floresta foi dando lugar ao cinza das pedras e ao branco da neve. O dia estava
firme, porém frio. Passamos por alguns vilarejos e continuamos subindo. Quanto
mais alto, mais neve. Para quem nunca havia passado dos 3.000 metros e nunca
havia visto neve, era uma sensação fantástica.
Cruzamos por uma família peruana com suas roupas coloridas e
seguimos serpenteando a montanha de pequenas pedras. Paramos num ponto que
parecia uma portaria. Saímos para curtir um pouco o local. Muitas Lhamas pelo
local. Fizemos algumas fotos e quase que tomei uma cabeçada de uma! Acho que o
grito da Vanessa fez ela mudar ideia, parou a alguns metros...
Entramos na van e continuamos a subida. Quanto mais
subíamos, mas neve havia em volta. Teve uma hora que a van não subia mais.
Descemos ali e continuamos andando até o local de estacionamento. Ali, nos
preparamos para subida. Como é uma caminhada bem turística, havia gente de todo
o tipo. Para quem estava sem fôlego para subir devido a altitude, há
possibilidade de fazer quase todo o caminho à cavalo. Comecei a caminhada
encantado pela neve. Como havia dito, era a primeira vez que via gelo... O
leito da trilha estava bem aberto sem neve, devido ao pisoteio das pessoas e
dos cavalos. Mas em alguns trechos, dava para ir até ela.
Fazíamos algumas paradas para retomar o fôlego e continuar a
subir. E não é simples caminhar acima dos 4.000... Algumas crianças da região,
passavam correndo e rindo pela gente, sinal de como o ser humano se adapta aos
ambientes. Mais acima, uma bela peruana vendia chá de coca. Paramos ali para
descansar um pouco. Tomei uma caneca de chá bem quente, o que deu um ânimo.
Continuamos a subida e chegamos a um colo, onde havia uns abrigos de pedra. Ali
estava abrigado do vento e dava para ver a última subida.
Nesse ponto, muita gente para descansar. Ali, deixei a
mochila para subir mais leve. Nesse ponto, tinha muita gente passando mal. Acho
que quanto mais tempo ali, mas elas pioravam. Tratei logo de subir. A subida
segue por uns degraus bem irregulares cavados. Alguns trechos eram bem expostos
e perder o equilíbrio ali, faria com que a pessoa descesse rolando. Um perigo.
Já estava próximo do cume, nunca havia subido tão alto. Quando se está ao nível
do mar, subimos e a respiração logo se acelera. Basta parar e descansar um
pouco que tudo volta ao normal. Mas ali, essa lógica não funcionava. Tinha que
esperar bem mais...
Comuniquei ao grupo e a Vanessa resolveu descer comigo.
Seguimos descendo, já num ritmo bem melhor que na subida. Fizemos algumas fotos
pelo caminho. Num determinado momento, senti o indicador da mão direita doendo.
Quando tirei a luva, a ponta do dedo estava meio roxa e a dor estava aumentando.
Fiquei esfregando a ponta do dedo e coloquei a mão por dentro do casaco e
embaixo do braço. Aos poucos a temperatura foi aumentando e a dor passando.
Passado o susto, seguimos descendo.
Quando cheguei à van, entrei e deitei um pouco. Estava meio
tonto e enjoado. Com certeza estava sentindo os efeitos do “soroche”. Peguei no
sono e só acordei depois do almoço, bem abaixo de onde estávamos. Quando tentei
levantar, a cabeça rodou e vomitei. Como num passe de mágica, o mal estar foi
passando. Tomei um remédio para dor de cabeça e em poucos minutos já estava
bem. A viagem de volta foi muito agradável, apesar do mal estar que havia
sentido. Ficaram lembranças inesquecíveis!