quarta-feira, 26 de junho de 2019

Travessia da Serra Fina - 3 Dias

Por Leandro do Carmo

Travessia da Serra Fina - 3 Dias

Local: Serra Fina
Dia: 19/04/2019 a 21/04/2019
Participantes: Leandro do Carmo, Marcelo Correa, Marcos Lima, Samantha Rocha, Stephanie Maia, Rafael Raria, Blanco P. Blanco, Vander Silva, José Antônio e Flávia Figueiredo


Vídeo da Travessia Serra Fina - 3 Dias





Serra Fina

Relato

Fazer a Serra Fina em três dias passou a ser uma questão de honra. Em 2018, nesse mesmo período, tentei fazer a travessia, também em 3 dias, mas pegamos um tempo bem ruim e resolvemos voltar do Capim Amarelo. Mas dessa vez foi diferente. Pegamos 3 dias fantásticos. Sem nenhuma nuvem no céu! Estávamos com um grupo de 10 pessoas e todas concluíram a travessia.

Tudo começou com o Vander lançando o desafio, isso com alguns meses de antecedência... Criamos um grupo no WhatsApp e ao longo dos meses, alguns entraram e alguns saíram... No final das contas, fechamos o grupo com 10. Foram muitas trocas de mensagens e até reunião presencial para acertar os detalhes. Depois de idas e vindas fechamos o seguinte:

Dia 18: Chegada ao Hostel Picus
Dia 19: Saída do Hostel as 3h e início da travessia as 5h
Dia 21: Término da Travessia e volta


Partiríamos para fazer em três dias, com o primeiro pernoite na base da Pedra da Mina e o segundo, na base do Pico dos Três Estados. Assim nos organizamos. Arrumar a mochila e escolher o que levar, sempre foi o maior desafio. Ainda mais para a Serra Fina, qualquer coisa a mais, significaria mais peso para carregar. Mas dessa vez, optei por não levar nada extra, nem comida, nem roupa. Era tudo para uso e pronto. Aproveitamos também para organizarmos a divisão das barracas, afinal de contas não seria necessário cada um levar sua barraca... Eu dividiria com o Blanco, no caso, ele levaria a barraca e eu levaria o fogareiro e panelas.

Os dias foram passando faltando 1 semana, já dava para conferir a previsão do tempo. Pelas fotos de satélite, já dava para ver que teríamos tempo bom. Faltando dois dias, a previsão era a melhor possível. Não havia possibilidade de chuva.

Enfim, havia chegado o dia. Partimos em direção ao HostelPicus na quinta feira, por volta das 14:00. Ainda pegamos um pouco de trânsito na Linha Vermelha, mas no geral a viagem foi tranquila. Chegamos ao HostelPicus e fomos muito bem recebidos pela Tatá e pelo Felipe. Depois de um bom descanso, preparei minha janta e fui dormir, afinal de contas o dia seguinte seria longo...

Nossa previsão de saída era as 3 horas da manhã, com previsão de início da travessia as 5h. As duas, todos estavam de pé e fomos tomar um belo café da manhã. Todos prontos, era esperar nosso transporte. Veio uma informação meio desencontrada de que o transporte que nos levaria, havia acabado de sair para levar outro grupo... Pensei: “Pronto, agora toda a logística que havíamos pensado foi pelo ralo...” Isso me desanimou, deitei num crashpad e tirei um cochilo. Mas na hora combinada, a Kombi chegou. Graças a Deus!!!!!!!!

Já no caminho para Passa Quatro, olhei pela janela e o tempo continuava ótimo, nem sinal de nuvens. Seria a travessia perfeita!

Relato do 1º Dia da Travessia Serra Fina

Chegamos ao Refúgio Serra Fina por volta das 5 h, o horário na qual havíamos combinado. Nos preparamos e posamos para a foto oficial de partida! As 5:15h iniciamos a caminhada. Estava escuro e o caminho estava bem aberto. Estava bem mais limpo que da última vez. Na bifurcação, pegamos o caminho da esquerda até chegarmos à Toca do Lobo. Grupo unido. Ali começava o desafio.

Serra Fina
Atravessamos o rio e iniciamos a subida. Para mim, o início é mais difícil, o corpo ainda está se adaptando. Então comecei mais lento até estar bem aquecido. Logo que saímos da parte fechada, entramos na crista e já dava para ver uma cidade bem iluminada ao fundo. A lua estava um espetáculo. Passamos por alguns grupos o local conhecido como Quartzito, captamos água para o dia. Nessa nossa logística de fazer a travessia em 3 dias, terminaríamos o primeiro dia com água. Aproveitei para tomar bastante água, o que me deixaria um pouco mais confortável em carregar menos, o que equivale a menos peso também... No local encontramos alguns amigos. Muito bom ver o astral da galera!

Com as garrafas abastecidas, reiniciamos a subida. Nosso primeiro objetivo do dia era o Capim Amarelo. Mais acima o primeiro cume relevante e um dos trechos mais bonitos de toda a travessia. Aquela crista é algo fantástico! Não dava para continuar sem uma foto, na verdade, sem várias fotos... Na última vez que tentamos fazer a travessia, as condições do clima estavam tão adversas, que nesse ponto já foi difícil... Era muito vento e chuva. Mas hoje, o dia estava espetacular. A lua quase se escondendo deu um espetáculo a parte.

Serra Fina
Dali, continuamos nossa subida. Após a crista, mais uma subida. Já no alto, fizemos uma pausa para o lanche, contamos algumas histórias e seguimos caminhando. Mais acima, o trecho mais difícil dessa primeira parte. Uma sequência forte de subida, onde existem algumas escadas de corda e madeira e algumas cordas fixas. Sem elas, ficaria difícil. Tinha muita lama. Vencido o trecho, alguns bem expostos, cheguei ao cume do Capim Amarelo. Fiz num tempo excelente. Aos poucos todos foram chegando e finalmente estávamos todos reunidos. Assinei o livro de cume e ainda dei uma volta pelos pontos, relembrando as últimas vezes que estive lá, isso em 2015 e 2018.

Serra Fina
Depois de um lanche reforçado e várias fotos, era hora de seguir caminhando. Afinal de contas, ainda tínhamos muito caminho pela frente. Começamos a descer o Capim Amarelo e acabamos pegando um caminho errado, apesar de estar bem marcado. Percebi uma descida bem íngreme e exposta. Quando conferi o GPS, vi que estávamos bem fora do traçado. Demos meia volta e seguimos até o caminho correto. De volta ao traçado normal, continuamos a descida. Caminhamos por trechos bem fechados. Como é início da temporada, havia muita vegetação nas bordas da trilha, em certos pontos se enroscavam na mochila. A descida foi dura e chegar ao Maracanã, um grande ponto de acampamento, foi um alívio. O sol estava forte e fizemos mais uma parada longa. Foi difícil conseguir uma sombra. Mas todos se ajeitaram. Fiz minha conta para a água. A partir desse ponto, pegaríamos algumas subidas fortes.

Serra Fina
Já era hora de andar. Pegamos as mochilas e pé na trilha! Passamos por um ponto onde dizer haver água, um pouco depois do Maracanã e antes de uma subida. Dali fomos devagar até vencer essa subida. O sol continuava castigando. Uma parte do grupo adiantou e outra ficou um pouco mais para trás. Dali, podíamos ver o quanto a descida do Capim Amarelo é forte. Mas não tínhamos muito tempo para olhar para trás, tínhamos que seguir em frente. Com um pouco mais de subida chegávamos ao Melano e uma sequências de cristas e cumes. Nesse ponto o grupo separou de vez. As fortes subidas foram cobrando seu preço individualmente. Não fazia sentido todos ficarem juntos. Assim como na primeira vez que fiz a Serra Fina, o grupo mais rápido foi à frente, para poder arrumar um bom lugar para montar as barracas.  Acabei ficando no meio. Assim acompanhava os dois grupos de longe. Desse ponto, conseguia ver a Cachoeira Vermelha, parecia que era logo ali... Mas enganava.

Depois de vencidas as cristas, vem um pequeno charco, onde passei com certa dificuldade, pois não queria afundar na lama... Nesse ponto encontrei com o Antônio e paramos num lajeado até poder juntar o grupo que vinha atrás. Demoraram um pouco. Olhei para a minha garrafa de água e só tinha mais um gole. Assim que eles chegaram, perguntei para o Antônio se ele poderia ficar para o apoio, queria adiantar, visto que minha água acabara.

Serra FinaColoquei meu último gole de água na boca e comecei a dar. Parecia que era só contornar mais um morro e logo estaria lá... Mas não foi tão fácil assim. Estava sozinho  e pude apertar o passo. Dali até o acampamento foram alguns longos minutos. Quando Cheguei, já tinha parte do acampamento montado. Poucos espaços disponíveis. O local onde resolvemos acampar não era dos melhores, mas pela quantidade de gente que estava na frente, era melhor ficar ali. Pelo menos tinha água. Deixei a mochila e fui logo pegar água. Lá aproveitei para tomar um “meio banho”. Voltando ao local do acampamento, descansei um pouco antes de organizar as coisas.

Aos poucos, todos foram chegando. O local não era dos melhores, mas tínhamos o receio de avançar e não encontrar local disponível. O tempo foi passando e não parava de chegar gente. Não tinha mais espaço vazio. Os que chegavam, olhavam e continuavam a caminhada. Preparei minha janta e dividi com o Rafael. A noite foi chegando e com ela o frio. A lua apareceu triunfante por de trás da Pedra da Mina. Ainda ficamos conversando um pouco, até que o cansaço bateu com força. O primeiro dia bem mais longo cobra seu preço. Fomos dormir cedo e acertamos de sair às 7h da manhã.

Relato do 2º Dia da Travessia Serra Fina


Serra Fina
Eram 5:30 e despertador tocou. A noite foi fria... O termômetro marcava -1,8°C. Ainda fiquei uns 15 minutos curtindo uma preguiça. O movimento nas outras barracas já havia começado. Saí da barraca, pois havia muita coisa para arrumar. Fui em cada barraca, avisando do horário. Quando olhei a caneca que havia deixado do lado de fora, percebi que a água havia congelado. Agora tinha certeza do frio que havia feito. Na barraca do Marcelo, ficou uma leve camada de gelo. Embaixo da minha também. O punho dos bastões de caminhada do Vander estavam congelados. A manhã estava linda. Completamente aberta e sem nuvens, esse era o motivo de tanto frio.

Preparei um café e comi algo. Já um pouco mais aquecido, fui organizar minha mochila. Deixei tudo pronto. Deixei para pegar água no próximo ponto, onde atravessaríamos o rio. Saímos quase no horário, eram 7h30min. Já conseguíamos ver algumas pessoas subindo a Pedra da Mina. Comecei a caminhada ainda sonolento e de lá seguimos subindo um pouco até descer em direção à travessia do rio. Cruzamo-lo e passamos por uma boa área de acampamento, a que eu previa parar... Dali, andamos mais um pouco e iniciamos a subida da Pedra da Mina.

Serra Fina
Fazer esse trecho descansado faz a diferença. Rapidamente chegamos aos grandes totens que antecedem o cume. A vista estava surpreendente. Na vez que fui, estava muito fechado e não tinha ideia de como era. Passei pelo livro de cume deixei meu nome no 4º ponto mais alto do país.  Dali, pude ter uma noção de onde havia acampado da última vez. Haviam algumas barracas mais embaixo e um grupo voltando pela trilha do Paiolinho. Fizemos nossa primeira parada. A vista estava fantástica. O vento soprava forte, coloquei o anorak e sentei para comer alguma coisa. A vista do vale do Ruah era impressionante. Na verdade, tudo era impressionante. Fizemos algumas fotos e começamos a nos preparar para a descida.

Iniciamos a descida pelo lado oposto ao que chegamos. Existem alguns totens pelo caminho. É uma descida por um misto de laje e pedras soltas. Lá pela metade do caminho, eu e o Marcelo acompanhamos dois grupos que atravessavam o primeiro trecho do Vale do Ruah. Nossa ideia era tentar fazer o caminho menos molhado... Pegamos algumas referências e continuamos descendo. Já na base, esperamos o grupo se reunir novamente. Com todos juntos, começamos a andar. O Vale do Ruah é um imenso charco, com grandes tufos de capim de anta. É cortado por diversos córregos e se unem, formando o leito do Rio Claro.

Serra Fina
O trecho inicial é o mais molhado do caminho. Pensei que estivesse pior, mas foi relativamente tranquilo passar. Rapidamente cruzamos o charco e passamos a caminhar a margem do Rio Claro. Mais a frente, fizemos nossa segunda parada do dia. Ali deveríamos pegar água para resto do dia e para o dia seguinte. Fiz mais um lanche reforçado e bebi o quanto pude de água. Assim, daria para beber menos água durante o dia, o que resultaria em menos peso para carregar. Reiniciamos a caminhada e continuamos na margem do rio. Mais a frente, começamos a subir. Nesse ponto, demos adeus a água... Só teríamos água, já na parte final da descida do dia seguinte...

Começamos a subir novamente e já no cume do primeiro morro, fizemos uma rápida parada. Dali, seguimos para um sobe e desce, já vendo parte do nosso destino à esquerda. Cruzamos uma sequência de cristas num interminável sobe e desce, até chegar ao nosso local de acampamento do dia. Logo na entrada do bambuzal, arrumamos um local bem amplo, onde daria para armar todas as barracas. Deixei a mochila e andei um pouco até ver se teria outro local, mas já estava tudo ocupado. Descansei um pouco. Havíamos chegado bem, era 14:30 e já estávamos com acampamento armado. Aos poucos todos foram chegando.

Todas as barracas foram bem acomodadas. Era hora de comer alguma coisa. Preparei um café que desceu redondamente bem. Aproveitei os últimos minutos de sol e subi um pouco até onde ele ainda batia. Já estava fazendo um frio e logo desci para o acampamento. Preparei minha janta. Ainda estava claro. Foi arrumar um local para descansar e esperar o tempo passar. Ficamos batendo um papo super agradável até a noite chegar com força. Decidimos a hora de sair e fui para a barraca descansar.

Relato do 3º Dia da Travessia Serra Fina

Acordei as 4h45min. Ainda estava bem escuro. A noite foi fria, mas não tanto quanto a anterior. O termômetro marcava 4,2°C. Preparei um café para despertar e fui de barraca em barraca acordando o pessoal. Acho que todos já tinham acordado, mas não tinham saído das barracas. O Dia foi clareando. Uma pena não poder ver o sol nascer. De onde estávamos, não conseguíamos ver nada. As 6h30min, estávamos todos prontos e começamos a caminhar rumo ao nosso primeiro objetivo do dia: o Pico dos Três Estados.

Serra Fina
Logo de cara, pegamos uma forte subida com alguns trechos bem molhados. Todo cuidado era pouco. No dia anterior, vi uma pessoa caindo, justamente nesse trecho. Com bastante cuidado, subimos e seguimos andando. Fizemos uma pequena pausa para o complemento do café e de lá continuamos subindo. Passamos por um sobe e desce até chegarmos ao cume. Tinham várias barracas. Dificilmente conseguiríamos um local para dormir lá. Paramos para a tradicional foto no grande totem. Mais uma pausa merecida antes do ataque final ao Alto dos Ivos.

Depois do merecido descanso, iniciamos a descida e já podíamos ver o Bandeirante, com mais uma subida exposta. Passamos bem devagar e do alto, descemos até o colo entre o Bandeirante e o Alto dos Ivos. Dali, demos o ataque final à última subida da travessia. A subida foi dura e os dois dias de caminhada cobraram seu preço. Mas estávamos no final e isso deu um gás. Com alguns minutos de subida estávamos no Alto dos Ivos.

No Alto dos Ivos, fizemos mais uma parada. Comemos um pouco e conversando com algumas pessoas que faziam a travessia, conseguimos uma carona. Mas para isso, teríamos que acompanhar o ritmo deles... Propus-me a acompanhá-los. Dali em diante seria só descida. Nesse ponto, estávamos eu, a Samantha e o Marcelo. Começamos a descida num ritmo bom. Ainda passamos alguns grupos na descida e logo chegamos ao último ponto de água. Ali, foi só beber um pouco e deixar a garrafa pela metade... Já estávamos próximo ao nosso destino.

Continuamos a descida, agora por uma estradinha com muito mato em volta. Poucos minutos depois, estávamos no Sítio do Pierre. Dali continuamos descendo até chegar à ultima casa antes do asfalto. Quando olhei de longe, vi uma prateleira com algumas latas de cerveja, água e refrigerante. Não pensei duas vezes, me dá uma coca cola! Arrumamos uma carona até o Hostel Picus.



Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

Serra Fina

domingo, 16 de junho de 2019

Face Sul do Costão de Itacoatiara

Por Leandro do Carmo



Imagens feitas com o Drone na Face Sul do Costão de Itacoatiara. Esse é o caminho que vai para a Pata do Gato. No vídeo podemos ver Itaipuaçu, Alto Mourão, Bananal, Itaipu e Praia de Itacoatiara.



segunda-feira, 27 de maio de 2019

Parque Estadual do Ibitipoca e Circuito das Serras do Ibitipoca

Parque Estadual do Ibitipoca e Circuito das Serras do Ibitipoca

27 a 29/05/2019 


Leonardo Carmo e Carina Melazzi


A ideia inicial era fazer o Circuito Janela do Céu no Parque Estadual do Ibitipoca. Eu ainda não havia ido lá, mas dei uma olhada no arquivo de GPS e vi que era uma caminha mediana sem dificuldade técnica. Já prevendo que não seria nada muito exigente, dei uma estudada também no Circuito do Pião. Assim, daria pra conhecer mais coisas e não voltaria pelo mesmo caminho.

Chegamos à Vila de Conceição do Ibitipoca na segunda-feira por volta do meio-dia. O lugarejo estava tranquilo, sem aquela aglomeração de final de semana e feriado. Ficamos hospedados na Pousada Picharro, um conjunto de chalés simples, porém funcionais. Ficamos no chalé mais simples e barato, chalé Canário. Só queríamos um canto pra tomar banho e dormir.

Depois de levar as coisas pro chalé, fomos almoçar. A vila possui alguns restaurantes simples e um pouco mais sofisticados. Optamos nesse dia por almoçar no restaurante Sabor Mineiro. Um self-service simples e gostoso que custou R$ 16,00 por pessoa no sistema coma à vontade e com direto à sobremesa. À noite eles servem caldos no valor de R$ 16,00.

Depois de almoçar, partimos pra parte baixa da Janela do Céu. A estrada até lá é de terra. Com tempo seco, carro normal consegue ir, desde que o motorista possua certa experiência em estrada desse tipo. Se tiver chovido dias antes ou se estiver chovendo no dia, não recomendo, somente 4x4 ou “Fusca”, “Brasília”... a gente foi de 4x4.

Após passar a Vila dos Moreiras, nos deparamos com o responsável pelas terras que dão acesso à parte baixa da Janela do Céu. O mesmo nos disse que teríamos que pagar R$ 25,00 por pessoa. Achamos um absurdo e resolvemos procurar outra cachoeira, a Água Limpa, que a entrada era de graça. A estradinha até lá é difícil. Muito estreita e beirando uma ribanceira. Passamos ali um pouco apreensivos. De carro sem tração é muito arriscado. Não recomendo seguir esse trecho. Melhor deixar o carro e seguir a pé. 

De lá, decidimos voltar e tentar a parte baixa. Não encontramos mais o responsável e decidimos entrar assim mesmo pra procurar ele. Ao parar pra abrir uma das porteiras, encontramos um sujeito a cavalo que disse pra gente continuar o nosso passeio. Se ele mandava em alguma coisa ou não, a gente não sabia. Partimos pra dentro e achamos o início da trilha. A trilha até a última queda, parte baixa, é curtinha. Aproximadamente 1,4 km. O caminho tá bem marcado e com algumas placas. Em alguns pontos é preciso atravessar por algumas pinguelas e um trecho do riozinho. Nada de mais. 

Na volta, conseguimos pegar um belo pôr do sol. Um momento inesquecível. Sem palavras.


De volta à Vila de Conceição do Ibitipoca, foi só tomar um banho e sair pra beber uma cachacinha e saborear um caldo no restaurante Sabor Mineiro.


Na terça-feira subimos para o parque e fizemos a Janela do Céu e circuito do Pião. Uma caminhada boa de aproximadamente 15,5 km. A trilha é tranquila, sem dificuldades técnicas, pois a maior parte do terreno é bem regular e larga. É como se fosse uma estradinha. O ponto alto do dia foi a “Cachoeirinha”, um local bem bonito e tranquilo. Na minha opinião, mais interessante do que a Janela do Céu. Nessa cachoeira, em época de pouca chuva, forma uma prainha de areia branca. A água estava gelada, mas não dava pra deixar de tomar um banho. Depois de curtir um banho, ficamos pegando um sol nessa prainha pra poder secar e dar aquela esquentada. 

Dali em diante, foi descer pelo outro lado e contemplar a paisagem passando pelo belíssimo Circuito das Águas.

No final, paramos no restaurante do parque e fechamos com uma boa cerveja gelada.


De noite, saímos pra jantar e resolvemos comer num restaurante um pouco mais refinado pra saber como era. Escolhemos o Flor de Léllis. Fomos super bem recepcionados. O som ambiente era da melhor qualidade. Estava rolando Zé Ramalho. Assim fechamos a terça-feira. 

Na quarta-feira, último dia, resolvemos pegar o carro e fazer parte do Circuito Serras do Ibitipoca. Parte desse caminho a gente tinha feito na segunda-feira indo pra parte baixa da Janela do Céu. Seguindo pela estradinha de terra, paramos na Vila dos Moreiras pra procurar o alambique da região. Uma cachaça boa. Eles só produzem da branca em tonel de aço. Pra quem gosta, é um prato cheio, ou melhor, um copo cheio rsrs. Depois de beber umas doses e comprar uns litros, partimos em direção à Santa Rita de Ibitipoca, uma cidadezinha bem pequena e bacaninha, mas sem muitas opções. Tiramos algumas fotos, pegamos informações e continuamos viagem.

Depois de levantar um pouco de poeira, chegamos até um lugarejo chamado Paraíso. Depois, chegamos até uma cidade chamada Bias Fortes, onde almoçamos. Era um esquema de comida à vontade por R$ 13,00. O restaurante fica junto de um simples hotel. Acho que o único da cidadezinha. Tudo lá é muito simples, porém muito gostoso. Depois de bucho cheio, continuamos viagem por uma longa estrada de terra. A poeira subia, mas era exatamente o que a gente buscava. Depois de percorrer 88,8 km de estrada de terra, finalizamos num outro lugar chamado Valadares. A partir daí pegamos a MG 267 e posteriormente a BR 040, em Juiz de fora. 

Não existe posto de combustível nessas cidadezinhas. Quem for pra Conceição do Ibitipoca e quiser fazer esse circuito, é fundamental encher o tanque.

Alguns links úteis:

https://www.chalespicharro.com/

http://www.ibitipoca.tur.br/parque/

https://pt.wikiloc.com/wikiloc/user.do?id=1945151













quarta-feira, 22 de maio de 2019

Trilha da Pedra do Faraó via Cachoeiras de Macacu

Por Leandro do Carmo

Trilha da Pedra do Faraó via Cachoeiras de Macacu

Participantes: Leandro do Carmo, Ivison Rubim e Rafael Faria do Carmo
Data: 05/03/2019
Local: Cachoeiras de Macacu



Curiosidades sobre a Pedra do Faraó

A Pedra do Faraó, também conhecida como Pedra da Visão ou Pedra do Corcovado, é uma incrível formação rochosa com uma altitude em torno de 1.719 metros. Serve de referência como divisor dos municípios de Nova Friburgo, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu.

Está situada entre três importantes unidades de conservação da natureza, a APA Macacu, APA Macaé de Cima e o Parque Estadual dos Três Picos.

Existem três caminhos de acesso: Através de Cachoeiras de Macacu, passando pelas ruínas da antiga Fazenda Santa Fé, subindo acompanhando o Rio Boa Vista, no qual podem ser encontradas diversas quedas d’água de rara beleza. Por Macaé de Cima seguindo a estrada que acompanha o Rio Macaé, até se chegar a trilha que segue ao topo da Pedra do Faraó. E o outro acesso é por Silva Jardim, subindo uma das microbacias afluente do Rio São João.

Esta formação rochosa, recebe este nome devido a alusão da imagem da cabeça de um Faraó com seus adornos, vista de perfil ao ser observada a distância no sentido a partir da Pedra da Caledônia que divide os municípios de Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu no Rio de Janeiro.
Nas proximidades da Pedra do Faraó encontram-se várias nascentes de água que contribuem para formar os rios São João, Macaé e Boa Vista, este, afluente do Rio Macacu.

Dicas para subir a Pedra do Faraó

A trilha é de difícil orientação, mesmo com GPS.  Aconselhável o pernoite na base do Faraó ou em seu cume. Existe bastante água pelo caminho. Levar facão.

Como chegar ao início da Trilha da Pedra do Faraó

O início da trilha fica no Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé. Vindo do Rio de Janeiro, dobrar a direita, logo após o viaduto no centro de Cachoeiras de Macacu, entrar à direita, em direção ao bairro de Boa Vista, seguir a estrada até seu final.




Tracklog da Trilha da Pedra do Faraó: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pedra-do-farao-36461965

Tracklog do Caminho até o Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé: https://pt.wikiloc.com/trilhas-off-road/estrada-ate-o-refugio-da-vida-silvestre-de-santa-fe-36462088

Vídeo da Trilha da Pedra do Faraó




Relato da Trilha da Pedra do Faraó

Em 2018, o Ary Carlos e o Rafael Faria haviam feito o pernoite no cume da Pedra do Faraó, saindo de Cachoeiras de Macacu e isso me inspirou em tentar repetí-la. A ideia inicial era também fazer o pernoite, mas não consegui conciliar as datas e acabou que resolvemos fazer um bate e volta. A caminhada era pesada. Aproximadamente 17 km no total e 1.300 m de desnível, além de ser de difícil orientação. Não fiquei pensando muito... Apenas decidi ir.

Nesse dia, estávamos eu, Ivison e o Rafael, o único que já havia ido. É fato que a caminhada por Cachoeiras de Macacu é mais pesada, mas também é mais desafiadora. Por isso marcamos de sair as 5:30 h de Niterói, assim teríamos mais tempo. A viagem foi tranquila e paramos para um café da manhã numa padaria já em Boa Vista, por sinal, tem sido nosso ponto de apoio nas investidas na região.

Abastecidos, seguimos de carro pela estrada até o Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé, onde estacionamos o carro e nos preparamos para a caminhada. Encontramos um casal de moradores local que ficaram até assustados quando falamos que iríamos à Pedra do Faraó... Mas estávamos ali para isso. Queríamos aventura!

Iniciamos nossa caminhada, efetivamente, as 08:15 h. O dia estava firme e já fazia bastante calor. Atravessamos a ponte e começamos a subida. Nesse começo, o caminho é aberto e tranquilo. Passamos pela entrada de diversos poços excelentes para um banho, mas nosso objetivo era outro. Pelo caminho, cortamos diversos pequenos cursos de água que brotavam montanha acima. Abundância total. Passamos também por alguns casebres, uns mais bem construídos, outros nem tanto. Perto de um bambuzal, cruzamos com uma jararaca. Nem havia visto. Quando o Rafael disse para eu parar, já estava há uns dois metros dela...

Às 09:21 h descemos um trecho para atravessar o rio. Foi onde escorreguei e desloquei meu dedinho da mão esquerda. Coloquei no lugar e vi que estava mexendo e não havia sinal de fratura. Com tudo em ordem, tiramos a bota e atravessamos o rio. Seguimos subindo até o último casebre, a partir dali, a aventura iria começar.

Seguimos o caminho e entramos na mata novamente. A medida que andávamos a trilha ia ficando menos definida. Após alguns minutos, chegamos a um largo, onde nos deparamos com a primeira dúvida de muitas ao logo do dia: Para onde ir? O GPS até indica o caminho, mas nem sempre é tão obvio assim. Não achamos a picada e resolvemos abrir caminho no facão. Continuamos num trecho curto até que voltamos novamente para a trilha. O caminho continuava fechado e agora com muitos cipós, arranha gato e uma espécie de bambu que parece que tem uma lixa, deixando os braços todos lanhados. O Rafael foi subir um trecho onde precisava de auxílio das mãos e quase segurou em outra jararaca. Nesse ponto nem adiantaria perneira...

Passado o susto, seguimos subindo até fazermos nossa primeira parada. Nesse ponto coloquei uma camisa para cobrir os braços, já não dava mais para aguentar os arranhões. Dali continuamos a subida. A mata mais fechada que os trechos anteriores. Bastavam poucos metros para perder um de vista. Assim, resolvemos andar bem perto um do outro. Só eu estava com facão. E optei por não usar muito, pois cansa bastante.

O calor estava bem forte. A mata continuava exuberante. Algumas moscas de quase 3 cm perturbavam em alguns pontos. E o problema, é que elas picavam por cima da roupa. Começou a dar câimbras e na primeira oportunidade comi duas bananas e tratei de me hidratar mais. E deu certo. Aos poucos, as câimbras foram dando espaços maiores, até sumirem. Fazia muito calor e estava muito úmido, combinação perfeita para uma rápida desidratação. Passamos por diversas grandes árvores caídas, o que dificultava bastante a progressão. Num ritmo bom, chegamos ao ponto do acampamento base às 12:50. Era hora de descansar um pouco e preparar para o ataque ao cume.

Calculamos algo entorno de 1h 30min para alcançar o cume. Iniciamos a subida. O começo é bem íngreme e com muitos bambuzinhos que ficam trançados pelo caminho. Tudo agarra. Aos trancos e barrancos superamos esse trecho e começamos a caminhar num trecho mais aberto e sem tanta vegetação. Após um trecho com menos inclinação, veio mais uma subida forte. Começou a me dar câimbras. E Foi nessa hora que nos reunimos e estabelecemos um horário para voltar. Caminhar durante a noite naquela parte mais fechada do caminho não seria uma boa ideia.

Eram 14 horas, quando demos o prazo de 14:30 para começar a descer, independentemente de onde estávamos. E assim nos dividimos. O Ivison ficou e eu segui na frente, com o Rafael logo atrás. Para adiantar, deixamos as mochilas num canto e seguimos mais leves. Nesse momento, a formação de nuvens já era maior e o barulho de algumas trovoadas eram cada vez mais constantes. Cheguei a uma árvore seca caída e não conseguia mais ver a trilha. Consegui transpô-la e ainda subi mais um pouco. Conseguia ver que o cume estava logo ali à frente. Não estava fácil progredir. Olhei no GPS e o caminho era por ali. Mais trovoadas... Comecei a afundar em alguns pontos, não estava nada fácil.

A hora estabelecida havia chegado. Dava para continuar, mas estaria descumprindo o combinado. Estava logo ali... Nesse momento, dei meia volta e comecei a descer novamente. Mais abaixo um pouco, encontrei o Rafael e ele me explicou como deveria ter feito. Bateu com o caminho que estava fazendo, mas precisaria de mais tempo para chegar. E era o que não tínhamos no momento. Começamos a descer e reencontramos o Ivison, um pouco mais acima de onde havíamos nos separado. Dali, pegamos o caminho de volta. Começamos a descer a ainda paramos para foto de despedida do “Guardião”.

Chegando ao ponto do acampamento base, fizemos uma pausa maior para um merecido descanso e um lanche. Estava bem cansado. Ainda pegaríamos todo o caminho de volta, mas pelo menos era descida. Começamos então a descida. Alguns trechos eram fáceis de lembrar, outros, mesmo tendo passado há poucas horas, ficava difícil de identificar por onde seguir. Por vezes, fazíamos um caminho diferente e até mais fácil. Era até engraçado, pois ficávamos nos perguntando como é que não tínhamos visto isso na subida. A chuva começou a cair, mas não foi forte. O calor ainda era grande, apesar de estarmos molhados.

Por vezes nos distanciávamos alguns metros, mas o suficiente para perdermos contato visual. Em um momento, o Rafael precisou apitar para podermos nos encontrar novamente. Com o tempo fechado e o final da tarde se aproximando, já era nítida a piora na visão. Mas estávamos bem e chegaríamos a tempo. Há aproximadamente 30 minutos do casebre, tive a certeza de que fizemos o correto ao estabelecer o horário de volta e mais ainda, de ter cumprido, mesmo estando a poucos metros do cume. Não que seria impossível caminhar no escuro, mas já estávamos exaustos e a descida seria dura!

Depois de muito andar, saímos da mata e tudo ficou mais claro. Já conseguia ver o casebre e foi um alívio chegar ali. Era 18:15 h. Paramos para um merecido descanso. Arrumei as coisas para a volta. Preparei a lanterna e em 15 minutos, começamos a descida. Chegamos ao rio e era hora de atravessar o rio novamente. Foi duro tirar a bota e colocar o pé naquela água gelada. Mas depois que você entra, até fica bom. Já era noite e foi hora de pegar o caminho de volta, esse muito mais definido. Liguei o piloto automático e descemos até o carro. Lá ainda tomamos um banho e trocamos de roupa. Além de exaustos, estávamos muito sujos. Parecia que estávamos voltando de uma batalha.... Missão cumprida!

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó


Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó