terça-feira, 9 de junho de 2015

Escalada - Nariz do Frade e sua Verruga - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Por Leandro do Carmo

Escalada - Nariz do Frade e sua Verruga - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Data: 16/05/2015
Participantes: Leandro do Carmo, Alfredo Castinheiras, Michael Patrick, Vinícius Araújo, Daniel Talyuli, Roberto Andrade, Tauan Nunes e Marcos Lima.




A trilha: Pegar a trilha da Pedra do Sino. O início fica metros antes de começar uns canos de ferro, que levavam água ao antigo Abrigo 2. A entrada da trilha é bem discreta e andando alguns metros, você verá um pequeno descampado, depois seguirá descendo e subindo. Cruzará dois pequenos riachos. Mais a frente, entrará numa parte bem íngreme até caminhará numa crista até começar a subir forte novamente. Após essa subida, virá o Paredão Roi Roi, será preciso estar encordado ou  fixar uma corda para segurança. Mais uma subida forte e estará na base do Nariz do Frade


Dicas da escalada: A chaminé é longa e mau protegida, principalmente nos 3 primeiros grampos. Eu escalei mais para fora, na parte mais aberta, um pouco fora da linha dos grampos, e me aproximava para costurá-los. Optei por não costurar o segundo grampo, pois ele fica numa parte bem estreita, fui direto do primeiro para o terceiro. Há uma parada dupla, bem confortável num platô. A partir desse platô, escalar em livre numa sequência de 4 grampos até uma pequena entrada (entrar na de baixo, a menor). Nesse dia estava bem úmida. Faz uma chaminé horizontal, bem apertada, onde segue agachado até o final, dali já dará para ver a luz lá no alto. Não tem grampo nesse trecho, mas tem excelentes buracos para por os pés. Saindo do buraco, tem mais dois grampos no final e já estará no cume do Nariz do Frade, uma base bem ampla. Faltará subir a Verruga. Lá tem dois grampos para artificializar a saída e será necessário fazer um lance em livre, um 3º, até chegar a um grampo antigo e grande. Mais acima há um grampo de cume. Para o rapel, existe um grampo, logo após a pedra onde fica o livro de cume, que dá para chegar ao platô num rapel que começa positivo e termina aéreo. Existe uma parada dupla mais em baixo,  mas considerei arriscado montar o rapel ali, muito exposto. Do platô, com duas cordas, desse direto, com uma corda, deverá fazer mais um uma parada dupla no meio da parede.


Vídeo


Relato

Era o dia da Abertura da Temporada de Montanhismo do PARNASO. Nós do Clube Niteroiense de Montanhismo, havíamos programados de fazer vários cumes nesse dia, entre eles: Papudo, Sino, São Pedro, Neblina e a Verruga do Frade. Ao total, fomos 30. Isso mesmo, 30! Resolvemos alugar duas vans, assim poderíamos curtir mais o evento, mesmo depois de um dia cansativo... Mas vamos ao que interessa, vamos ver como foi subir essa tal Verruga...

A ideia inicial era escalar a Verruga do Frade e depois continuar na Travessia da Neblina, afinal de contas, estaríamos na base do Nariz do Frade e, teoricamente, era só escalar a grande chaminé e depois a Verruga... Mas entre a teoria e a prática... Há uma grande diferença, ou melhor, uma grande chaminé!

Chegamos na Barragem e iniciamos a trilha às 08:30h. Seguimos pelos incansáveis zigs zags da trilha do Sino e fizemos nossa primeira parada, coisa bem rápida, na Cachoeira do Véu da Noiva. Descansamos e seguimos caminho. Acho que de tanto fazer esse caminho, ele ficou até mais curto e logo estávamos no local do antigo Abrigo 2. O começo da trilha é a esquerda, numa discreta saída, alguns metros antes de começar os canos de ferro que levavam água para o antigo abrigo.

Ali, tomei a dianteira e segui descendo. Não havia feito a trilha, nem a escalada, mas sabia que era por ali. O caminho até que era óbvio, um pouco fechado em alguns trechos, muito fechado por causa dos bambus caídos em outros, mas seguimos. Cruzamos dois riachos e entre as curvas da trilha, pisei e afundei, só não rolei barranco abaixo, porque consegui me segurar.  Continuamos e bem mais a frente, quando pega uma parte mais plana, tem uma pegadinha que muitos desavisados chegam a ir reto, até parar no meio do nada. Foram colocados alguns galhos e existe um totem. Nesse ponto deve-se começar a subir. Não é tão óbvio, mas com um pouquinho de atenção dá para perceber que é por ali.

Começamos a parte mais chata da subida, num local muito instável e íngreme. Aos poucos, fomos vencendo a subida e chegamos  a uma bifurcação, onde dobramos a direita e seguimos a parte mais bonita do caminho. Caminhamos pela crista até que começamos a subir forte novamente. Mais a frente, chegamos ao Roi Roi. Uma sequência de alguns grampos que fui subindo sem segurança e fixei uma corda para agilizar a subida. Depois de fixada a corda, continuei a trilha até um mirante onde era possível ver o Nariz do Frade e toda a sua beleza.

Já há alguns minutos ali contemplando a beleza, o Marcos Lima chegou e aproveitamos para fazer algumas fotos. A cidade de Teresópolis,  ao fundo, tentava de qualquer maneira aparecer nas fotos, mas o ballet das nuvens, ao mesmo tempo que cobria a nossa visão, dava um espetáculo a parte... Segui até a base da chaminé, afinal de contas, não via a hora de chegar lá em cima. Até que caminhamos bem... Levamos cerca de 2 horas para percorrer o caminho. Quando cheguei
de frente a chaminé, pensei: “Tô f...”. Sabia que era grande, já havia visto fotos, mas ao vivo... Era beeeeeem diferente.  Já tinha uma cordada na via e o último estava começando a subir. Achei que seria rápido, mas no rítimo que ele estava indo, iria demorar um pouco. Todos chegaram e aproveitamos para fazer um lanche. Enquanto lanchava, fui dar uma olhada pelo local. De cara já deu para ver que o primeiro grampo era bem, mas bem alto mesmo.

Já tinha a dica de que a melhor forma de subir não era seguir o grampo e sim, escalar pela parte mais larga da chaminé e se aproximar do grampo somente para costurá-lo. O caminho da conquista foi outro, bem lá no fundo. No relato dos conquistadores, que está no arquivo do CEB, consta que quando chegaram a base do “Nariz” perceberam que o melhor caminho seria uma chaminé de aproximadamente 50m. Úmida e com bastante limo, utilizaram a técnica vigente na época. Construíram uma grande escada, improvisada com varas de 5 a 6 metros de comprimento. Vencido este obstáculo ainda tiveram que atingir o topo da verruga do nariz do Frade. Mais 11 metros de escalada e atingiram o topo. Esta conquista precisou de um grande trabalho de equipe que se iniciou no dia 04 de junho de 1933, com a abertura da trilha até a base por Malvino Américo de oliveira, Andral Povoa e Luiz Gonçalves. Na semana seguinte juntaram-se ao time Alcides Rosa de Carvalho, Arlindo Motta e Antônio F. de Godoy. Para a construção da escada e investida final reforçaram o grupo os Montanhistas José Claussem e Miguel Ignácio Jorge. Mais tarde foi instalada uma grande escalada, feita com cabos de aço, que acabou se perdendo no tempo e hoje não está mais no local. A foto ao lado, gentilmente cedida pelo Sobral Pinto, mostra como era essa escada.

Depois de 1 hora esperando, iniciei a escalada. Comecei a subir bem pela parte de fora da chaminé. Fui subindo, tentando manter um ritmo constante. Parei para dar uma descansada e olhei para cima, o grampo ainda continuava longe, olhei para baixo e também já estava longe... Com o apoio da galera continuei subindo. Mais alguns longos metros e costurei o primeiro grampo e pude descansar um pouco, cerca de 1 minuto e já parti para o próximo. O segundo grampo fica muito para dentro da chaminé.  Talvez a parte mais apertada... e olha que sou pequeno e magro... Resolvi ir direto para o terceiro. A chaminé tem ora que fica tranquila, mas em alguns lances fica apertada, mas de uma maneira geral é boa. Só é bem longa e pouco protegida.

Chegando ao terceiro grampo, passei a costura e dei mais uma pausa. Os grampos seguintes estavam um pouco mais próximos e a linha ia seguindo para a direita. Continuei subindo e em alguns momentos colocava o joelho na parede para ajudar a descansar... Mais acima, costurei o quarto grampo, depois o quinto e finalmente o sexto. Esse último, fica do lado oposto, já no final da chaminé, na base do platô. Como ele estava atras de mim,  estiquei o braço para costurar e passar a corda, só depois que fiz o movimento e girar e passar para o platô.

No platô a cordada da frente ainda estava lá. O Guia já havia ido e faltavam os dois participantes. Montei a parada e fixei a corda, para que o pessoal viesse subindo. Enfim pude descansar um pouco... O primeiro a chegar foi o Alfredo, que trouxe mais uma corda, na qual fixei também.. Em seguida, veio o Marcos Lima. Enquanto o resto de pessoal subia, o Alfredo e o Marcos preparavam o caminho para a próxima enfiada. Uma sequência de 4 grampos, num misto de pequenas agarras. Só que estava escorrendo muita água e resolvemos colocar alguns estribos. Chegaram também o Daniel e o Roberto. Enquanto aguardávamos os outros, acompanhávamos o outro grupo de CNM na Travessia da Neblina. Depois, chegou o Michael e, por último, o Vinícius.

Enquanto o Vinícius vinha subindo, puxei uma corda e já parti para o próximo desafio. O Alfredo, que já havia feito, me disse para seguir pela menor entrada, nesse caso, a de baixo. E para lá segui... Quando cheguei na entrada, falei: “Alfredo, você tem certeza que é por aqui?”. Tive que fazer alguns movimentos contorcionistas para poder entrar. Estava  bastante úmido o interior dessa passagem. A parede de trás era um pouco inclinada para frente, porém com bom apoio de pés, e isso facilitou um pouco as coisas. Entrei literalmente fazendo a dança do siri, bem agachado. Pois é nessa posição mesmo, se é que você conseguiu imaginar alguma coisa... Segui sem costurar (pois não há grampos) numa horizontal, até que pude ver mais acima, a luz no fim do túnel! Iniciei a subida, passando por uma pedra no estilo 127 horas, que nem encostei nela... Enfim, havia terminado. Puxei a sobra de corda, a fixei e avisei para os próximos subirem.

Por alguns minutos fiquei sozinho a contemplar toda aquela beleza. Depois de todo o esforço, uma sensação de conquista e alívio me tomaram conta. Nunca havia sentido isso antes. Sentei aos pés da Verruga e pude observar, do outro lado, o pessoal na Travessia da Neblina. Aproveitei para assinar o livro de cume e dar uma volta na ampla base do Nariz do Frade. Em seguida, chegou o Alfredo. Quando ele chegou, aproveitei para subir a Verruga. Antigamente existia um cabo de aço, mas hoje, só restam os grampos, na verdade 4. Além de dois grampos iniciais, o que é necessário para fazer o artificial da saída, tem um lance em livre obrigatório, acho que 3º grau até um grampo grande e antigo. Depois desses três, tem um lá no cume. Me encordei e segui para o lance. Coloquei duas fitas no primeiro grampo e mais uma no segundo. O que mais importava agora era chegar ao cume. Mais algumas passadas e estava no cume da Verruga do Frade. Agora sim missão cumprida, ou melhor, quase cumprida, pois faltava a volta...

O Marcos foi o próximo a subir e em seguida o Alfredo. Já passávamos das 14:30h e resolvi descer e agilizar o pessoal que faltava subir. Quando o penúltimo subiu, puxei uma corda e fui começar a preparar o rapel. Desci até ao platô no final da chaminé, montei a parada e esperei a galera descer. Aos poucos todos estavam lá, sete no total. Emendamos duas cordas e começamos o rapel até a base. Abri esse rapel, e rapidamente cheguei a base. Ali fiz um lanche e esperei a galera chegar. Ainda tínhamos muito trabalho, já era 17:00 h e com certeza, faríamos a trilha a noite. Quando todos já estavam na base e alguns já finalizando o lanche, fui com uma corda para fixar no Paredão Roi Roi e agilizar a descida. Aos poucos, a luz do sol foi acabando e como estava muito nublado, anoiteceu por volta das 17:30 h. Antes do último a fazer o rapel, já estávamos com a lanterna ligada.

Voltamos a andar e a trilha na parte mais baixa, onde as nuvens se concentravam, estava molhada, havia chovido um pouco e sentíamos que estava chuviscando, mas como a floresta é bastante densa, impedia de vermos alguma coisa. Levamos alguns tombos e acho que ninguém escapou... Fui seguindo na frente e em alguns pontos tive ir voltar para tentar achar o caminho correto. Mas seguimos e foi um alívio chegar à trilha do Sino, no local do antigo Abrigo 2. Descemos e fizemos uma parada na Cachoeira Véu da Noiva. Encontramos o grupo que vinha da Travessia da Neblina. Alguns desceram, outros preferiram descansar mais um pouco. Eu fui logo em seguida e caminhei sozinho até a Barragem, onde cheguei, exatamente 12 horas depois de começar. Peguei a trilha suspensa e fui descansar na Casa do Montanhista, onde rolava o evento da ATM.

Agora a missão estava cumprida! Valeu a todos por essa grande e inesquecível aventura!!!

Escalada Verruga do Frade
Alfredo assinando o livro de cume

Escalada Verruga do Frade
Escalando a Verruga do Frade

Escalada Verruga do Frade
Final da última chaminé

Escalada Verruga do Frade
Homenagem a um dos conquistadores

Escalada Verruga do Frade
Na base da escalada

Escalada Verruga do Frade
A hora da decisão

Escalada Verruga do Frade
Na primeira parada

Escalada Verruga do Frade
Com o Nariz do Frade ao fundo

Escalada Verruga do Frade
No cume da Verruga

Escalada Verruga do Frade
Nuvens...

Escalada Verruga do Frade
Passeando pelo Nariz do Frade

Escalada Verruga do Frade
Terminando a chaminé

Escalada Verruga do Frade
Contemplando a paisagem

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Escalada na via Bruno Silva

Por Leandro do Carmo

Escalada na via Bruno Silva

Local: Niterói
Data: 14/02/2015
Participantes: Leandro do Carmo, Alex Rockert e Stephanie Maia


Bom... O croqui, o acesso à base, o relato da conquista e curiosidades sobre a via, podem ser acessados clicando aqui. Vamos conferir como foi mais esse dia de escalada...
Já era carnaval e iria ficar em casa mesmo... Sem chance de viajar, vai que minha filha resolve nascer em meio àqueles engarrafamentos gigantescos... Não poderia arriscar! Mas ficar em Niterói também tem suas vantagens. Praias, trilhas, escaladas, etc... Já estava há um tempinho sem escalar e resolvi repetir a Bruno Silva. Para quem leu o relato da conquista, essa via tem um significado especial para mim.
Havia combinado com a Stephanie de que iríamos escalar. Convidei, também, o Alex Rockert para completar a cordada. Marcamos de nos encontrar no posto de gasolina, na subida da Serrinha de Itaipuaçú e de lá seguimos para o Mirante da Serrinha, onde estacionamos o carro. O acesso começa à direita do início da trilha para o Alto Mourão (Pedra do Elefante). O começo até que é bem definido, mas depois tem que seguir um pouco a intuição...
Como sei o caminho, ficou mais fácil e rapidamente chegamos á base. Nos equipamos e expliquei um pouco o caminho que iria fazer. Ainda não consegui fazer o lance que imaginei na conquista. Deixei para tentar outro dia... Segui contornando o diedro até um degrauzinho à esquerda e subi. Costurei o segundo grampo e o terceiro. Fui até ao quarto, voltei e montei a parada. Fiquei ali, pois os últimos que foram tentar o lance, mesmo com corda de cima, se ralaram um pouco... Fiquei dali só observando. O Alex veio e passou rápido, assim como a Stephanie, sem maiores complicações. Na parada, segui escalada até a verdadeira primeira parada da via.
Via Bruno Silva
Dali, perguntei para o Alex se ele queria guiar o resto da via. Ele aceitou de primeira. Mostrei mais ou menos onde era a segunda parada e ele seguiu guiando. No grampo, montou a parada e eu fui logo em seguida. A vista dali é muito bonita. O tempo estava meio fechado... Demos uma acelerada e a Stephanie chegou logo em seguida.
O Alex saiu para guiar a terceira enfiada. Quase passou do passou do primeiro grampo. Eu, que o chamei e falei: “Tá indo pra onde rapá? Costura o grampo aí...” O grampo já estava quase na altura de seu joelho. E assim ele sumiu, onde nos comunicamos aos berros...
Na terceira parada, bastou mais um grampinho e estávamos no Mirante do Carmo. Ali, a tradicional foto de cume e um lanchinho rápido, pois ninguém é de ferro!

Missão cumprida!!! Até a próxima.

Via Bruno Silva

Via Bruno Silva

Via Bruno Silva


domingo, 17 de maio de 2015

BTBW na Estrada - Projeto Nordeste - Bahia


Por Sandro Damásio
"Salve a Bahia, terra da alegria. Vamos fazer folia, até o raiar do dia..."


O Estado da Bahia é o berço do Brasil, local onde os portugueses chegaram em 1.500 e encontraram os primeiros nativos. Tornou-se a primeira sede do governo-geral, sendo Salvador a cidade-capital da América portuguesa por 214 anos.
O estado é conhecido pela sua culinária picante, seu Carnaval arretado e suas praias paradisíacas (ao longo da mais extensa faixa litorânea do país - 900 km). A Chapada Diamantina é ponto obrigatório para os amantes da natureza, com uma cadeia de serras e cachoeiras que impressionam. Não só de mar se faz o estado, o sertão baiano é um dos mais rigorosos do país e sofre com constantes secas.
Maior do que a França, o Estado da Bahia é o quinto maior do Brasil em área (564,7 mil Km2) e o maior e mais populoso da Região Nordeste (mais de 15 milhões de pessoas). Quem nasce no estado é conhecido como baiano e, em sua capital, como soteropolitano. Apesar de apresentar um dos maiores PIBs do Brasil, Salvador tem o 18o IDH municipal (2010). Ponto de chegada da grande viagem de nosso amigo Amyr Klink, com seu Lâmpada Flutuante, que saiu do Sul da África e cruzou o Oceano Atlântico por 99 dias de travessia a remo. Terra de nossos queridos Jorge Amado, Dorival Caymmi e Castro Alves, a Bahia também é um berço da cultura e musicalidade brasileira, um belo estado brasileiro.

Durante a realização do Projeto Nordeste serão rodados cerca de 2.250km no estado da Bahia. Além da Capital Salvador, estão no trajeto do projeto cidades como Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Eunápolis, Ilhéus, Maragogipe, Itabuna e demais cidades litorâneas.


É isso. BTBW na Estrada. Vamos fazer vento???

Born To Be Wild
Fotos: acervo próprio e internet. Quer contribuir? Mande fotos do seu estado para btbw@btbw.com.br

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Apoio: BTBW -Vejo Você nas Montanhas
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PitbulAventura
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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Expedição Serra do Caparaó ES/MG

Data: 30/04 a 04/05/2015

Obs.: Esse relato não é técnico é somente para guardar parte do momento inesquecível da vida.

Participantes: Leonardo Carmo, Monique Zajdenwerg, Lango Lango e Edson Dwpg.

Partimos de Niterói, Lango Lango e eu, ao 12:00 para buscar a Monique na rodoviária do Rio. Um engarrafamento do cacete. Depois, partimos para Petrópolis, já caminho, para buscar o Edson. Depois de todo mundo já no PitBull Móvel, partimos rumo à Serra do Caparaó, lado do Espírito Santo.

Depois de algum tempinho na estrada, Lango Lango, disse que queria jantar. Quando chegamos em Sapucaí-RJ, vimos um posto de gasolina e um restaurante. Fui para o acostamento já para pegar a entrada. Nessa, em meio a uma escuridão, aparece um ser de verde, meio homem meio mulher, de minissaia. 

Como passamos de carro bem perto desse ser rsrsrs, o vento levantou a saia e aí começaram as risadas e as zoações.

Depois de Lango Lango ter jantando e comido a salada de “quiabo” rsrs, partimos novamente para a estrada.

Daí pra frente, pegamos uma chuvinha. A atenção estava redobrada. Monique, copiloto, estava atenta a tudo. Até de olhos fechados sabia se tinha que virar a esquerda ou à direita rsrs.

Depois de boas horas de viagem, o GPS resolveu ficar doido. Quer dizer, Monique, copiloto, deixou ele doido, pois toda hora ele informava que era pra gente fazer um retorno rsrs. Depois de ver que não íamos retornar, rsrsrs, ele resolveu recalcular a rota e seguimos em frente.

Quando passamos da divisa RJ/ES, o KM informado pelo GPS aumentou. Aí lascou. Toda divisa de Estado tem um posto policial, e nessa divisa era a Polícia Carioca, “cumpadi” rsrs. Depois da gente ter passado por ela e ter entrado em território Capixaba, o Lango Lango, brilhantemente deu a ideia da gente voltar e pegar umas informações no posto policial. Não sei por que eu escutei ele rsrs. Fizemos o retorno e paramos para pegar informações. Parei o carro atrás da viatura deles e fui com a Monique pegar informações. Lando e Edson ficaram fora do carro se alongando.

Depois de alguns minutos de conversa, saem dois policiais com lanternas e apontam para o carro. Um deles pergunta para o Edson quem era o motorista. Depois de o Edson ter falado, o PM me pede para estacionar bem na frente do posto e informa que seria feita uma revista completa no PitBull Móvel, pois eles tinham recebido uma denúncia de carregamento de drogas. Parei o carro e abri a mala. O carro estava com 4 mochilas lotadas. Eles começaram a revista. Um foi revistar o interior do carro, o outro foi revistar as mochilas. Quando ele olhou a cargueira o Edson, ficou desanimado rsrsrs. O Edson que teve que levar a mochila pra dentro do posto. O Outro ficou apalpando o Lango Lango rsrs e revistando sua mochila. Eu fiquei acompanhando o outro na revista pelo interior do carro. A Monique estava esperando um outro PM para revistar a sua mochila. Quando o cara começou a abrir a mochila dela, desistiu. Mochila de mulher é foda rsrsrs. Tudo arrumadinho. O Sargento ficou sem jeito rs.

No meio da revista da mochila do Edson, o outro policia diz pro outro: enjoei. Tinha tanta coisa pra eles olharem e estava na cara que a gente não tinha nada, que eles desistiram de procurar e começamos a conversar. O tal Sargento era o cara mais falante e engraçado. Ficamos ali conversando com eles e dando risadas. Parecia que todo mundo era amigo. Depois disso tudo, nos despedimos dos nossos novos amigos e partimos.

Algumas horas depois, novamente em território Capixaba, chegamos em Dores do Rio Preto. 

Paramos na praça para dar uma alongada e uma esvaziada na bexiga rsrs. Partimos novamente, agora em uma estradinha meio irregular com alguns trechos de terra.

Depois de um tempo, já na estrada que leva à entrada do Parque, nem eu nem a Monique, Copiloto, vimos que seguia para a esquerda e subimos reto. Entramos por uma plantação de café. Na hora vimos que estava errado. Entramos no quintal da casa, passamos pela tulha, e saímos pelo outro lado hahahahahaha. O dono da casa não ter deve ter entendido nada, muito menos o cachorro que só latiu duas vezes rsrsrsrs. Depois de voltar para a estradinha, seguimos em frente, ou melhor, para a esquerda, dessa vez para a direita rs. Depois de algum tempinho, chegamos à portaria do Parque as 2:00 da madruga. Sabíamos que a entrada só era permitida a partir das 6:00 hs da manhã, mas não custava nada tentar rsrs.

Após confirmar que não poderia entrar naquele horário, o vigilante disse que as pessoas costumavam dormir em uma casa meio que abandonada mais abaixo. Partimos para lá. Chegando na tal casa, vimos que o portão estava fechado. Aparentemente não tinha muito sinal de casa abandonada mas... até que a gente escuta alguém falar alguma coisa lá de dentro. Sem esperar alguém aparecer, entramos no carro e nos mandamos.

Depois de ficar sem um teto, rsrs, resolvemos parar bem em frente de uma pousada. O Lango Lango tentou ver se conseguia falar com alguém, mas nada. Ninguém respondeu. Resolvemos então bivacar dentro do carro mesmo. Colocamos as mochilas para fora. Deitando o banco traseiro, vira uma cama de casal. O Lango Lango dormiu com o Edson lá, rsrsrsrs, eu e a Monique ficamos nos bancos da frente, dormindo sentados rsrs.

Acordamos cedo e partimos para o Parque. Fomos os primeiros a entrar. Chegamos na segunda base de acampamento que é a Casa Queimada, com seus 2.160 m de altitude. Fizemos um macarrão que foi nosso café da manhã. Depois de montar acampamento e tudo mais, resolvemos partir para a trilha rumo ao Pico da Bandeira para ver o Por do Sol. O tempo estava muito fechado e com fortes possibilidades de chuva.

Fizemos o primeiro ataque ao cume do Bandeira, mas não vimos o Por do Sol. Começamos a descer. Quase chegando, conseguimos ver o acampamento que já estava lotado. Levamos um susto. Mais abaixo, encontramos com o grupo de amigos da Monique. Continuamos a descida só que agora a chuva nos acompanhava. Choveu muito, a noite toda. Junto com a chuva, veio mais frio. Lango Lango e eu resolvemos bivacar dentro do carro. Monique e Edson ficaram na barraca.

Na madrugada de sábado, a Monique, o Edson e o grupo de amigos da Monique resolveram subir para ver o nascer do sol lá do Bandeira e depois atravessar para MG. Eu fui de carro com Lango Lango até Tronqueira / MG levando as mochilas.

No caminho para lá, acho que fomos abduzidos rsrs. Tudo quanto era estrada tinha placa indicando um lugar chamado “Espera Feliz”. Cruzamos a divisa ES/MG e as placas continuavam. Depois de rodar uns 40 km saímos no mesmo lugar rsrs. Coisa incrível. Inacreditável rsrs. Até o GPS ficou sem saber o que fazer rsrsrs. Depois de jogar o GPS pela janela, resolvemos ignorar as placas e perguntar pra alguém do local. Um coroinha gente boa nos deu a dica que não teve erro. Cortamos os morros por uma estradinha de barro. Lugar deserto, sem nenhum tipo de sinal de telefone ou coisa parecida. 

A única referência que tínhamos era uma igrejinha no final do caminho rsrs.
Depois de percorrer uns 30 km no offroad, chegamos até Alto Caparaó. A partir dali a navegação foi moleza.

Enfim, chegamos na portaria do parque lado /MG. Só que a brincadeira não tinha terminado. O guarda nos informou que os carros não estavam conseguindo subir por conta da estrada escorregadia. Só subia 4x4. Tinha chovido na noite anterior. Eu olhei pra trás, vi aquele monte de mochila cargueira e falei pro Lando: vamos pra dentro rsrs. PitBull não arrega.

Tocamos pra cima. Lango Lango com os olhos arregalados, grudado no cinto de segurança, nem respirava rsrsrs.

Finalmente vencemos mais um obstáculo. Ufa, nessa eu fiquei meio preocupado rsr.

Chegamos no Tronqueira e nada do pessoal. Resolvemos então partir até o Terreirão para ver se a gente encontrava eles por lá. A ideia era montar acampamento lá. No meio da subida encontramos eles. Ali a gente decidiu pernoitar no Tronqueira mesmo até porque o grupo de amigos da Monique decidiu ir embora no próprio sábado. Descemos e fizemos um almoço coletivo. Que comida boa rsrs.
Ficamos por ali descansando um pouco e esperando o por do sol. Uns dos mais sinistros que vi na vida. Resolvemos bivacar novamente no carro. O Edson resolver montar a barraca e tentar dormir confortavelmente. Deixamos tudo já arrumado. Inclusive já ficamos arrumados para fazer o ataque. 

Foi sinistro, muito maneiro.

Depois desse lindo por do sol, nos reunimos para decidir a missão do último dia. Resolvemos atacar o cume do Bandeira novamente para ver o nascer do sol. Esse seria meu segundo ataque junto com o Lango Lango e o terceiro da Monique e do Edson. Foram 9,5 km de subida Tronqueira x Bandeira. Saímos as 2 da madrugada. Um frio do cacete. Partimos pra dentro. Depois do nascer do sol, a Monique e o Edson ainda resolveram ir no cume do Cristal. Eu desci direto pro Tronqueira com o Lango Lango.

Quando retornamos ao Tronqueira,  foi só trocar de roupa, arrumar algumas coisas e partir. A viagem de volta foi cansativa mas muito divertida. Dessa vez sem revista da policia, só muita risada.

Resumindo:

Foram mais de 80 hs de aventura, mais de 1.200 km rodados de carro. Menos de 6 horas dormidas. Mais de 80 hs sem banho (exceto a Monique rs). Mais de 40 km andados a pé.

Muita história pra contar rsrs.

Que venham outras desse nível.

Informações técnicas sobre a Serra do Caparaó:

http://www.icmbio.gov.br/parnacaparao/guia-do-visitante.html


























quarta-feira, 6 de maio de 2015

Livros que ando lendo: A Escalada - A Verdadeira História da Tragédia no Everest

Por Leandro do Carmo




Título: A Escalada: A Verdadeira História da Tragédia no Everest
Autor: Anatoli Boukreev e G. Weston Dewalt

Sinopse: Em 10 de maio de 1996, uma tempestade atingiu o Monte Everest por mais de dez horas. Dos 33 escaladores que estavam subindo pela Face Sul, apenas 28 retornaram, sendo que, dos sobreviventes, três escaparam por muito pouco e dois sofreram graves queimaduras e, mais tarde, tiveram extremidades amputadas. Este livro conta como Anatoli Boukreev ajudou a salvar três pessoas quase mortas. O guia-chefe russo tomou uma decisão aparentemente suicida ao tentar um resgate sozinho.

Comentário Pessoal: Primeiramente: leitura obrigatória! Quando li No Ar Rarefeito, todos os comentários diziam que tinha que ler “A Escalda, de Anatoli Boukreev”, mas sejamos justos: não foi só ele que escreveu o livro, acho que se não fosse o Dewalt, de repente o livro não fosse tão bom. Mas vamos ao que interessa! Depois que alguns de seus atos foram questionados por Krakauer, Boukreev respondeu a altura. Acho que esse livro é um complemento. Dá uma outra visão sobre o que aconteceu no dia 10 de maio de 1996.