quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Travessia Longitudinal das Agulhas Negras

Por Leandro do Carmo

Travessia Longitudinal das Agulhas Negras 

Local: Parque Nacional de Itatiaia 

Data: 17/10/2020 

Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Igor Spanner, Júlio "Veio da Touca" Spanner, Marcos Lima, Blanco P. Blanco, Karina Filgueiras e Daiana


 

Relato

Há muito tempo que perseguia fazer a Travessia Longitudinal das Agulhas Negras. É uma a escalada que resume o que era o montanhismo no início do século passado. Mas fazer a Longitudinal não é uma das tarefas mais fáceis, principalmente a vista. Em uma conversa com o Marcos Velhinho surgiu a ideia de fazermos a via. Ele entrou em contato com os Spanners e acertamos uma data. Compramos os ingressos com antecedência, pois, devido à pandemia, o PNI está com limitação de visitantes. Tudo acertado, foi hora de esperar o grande dia.


A previsão do tempo não era das melhores. Choveu durante a semana. Na sexta, o dia ficou nublado e saímos por volta das 20h 45min sob uma chuva fina que foi aumentando durante a viagem. O Marcos e o Marcelo já tinham ido e isso não nos fez desistir.  Iriamos fazer a Travessia com os Spanners, referência quando se fala em montanhismo na região, e se eles disseram que daria para fazer, quem de nós poderia afirmar que não?


Apesar da chuva, a viagem foi tranquila e não pegamos trânsito no caminho até Itatiaia. Chegamos um pouco antes das 24h. Não chovia em Itatiaia, o que aumentoesperança de um dia razoável. Deixamos tudo arrumado para ganharmos tempo, pois no seguinte sairíamos às 5h20min. Nossa intenção era entrar assim que o parque abrisse. Uma das dicas para fazer a Longitudinal é começar bem cedo. A noite foi tranquila e assim que o celular tocou, me levantei para arrumar as coisas, era 4h 30min da manhã. Preparei um café. Todos foram acordando e em pouco tempo já estávamos do lado de foram esperando.


Por volta das 5h 30min chegaram o Júlio Spanner, Igor Spaner e sua esposa, a Daiana. É seguimos direto para o PNI. Estava uma manhã nublada. A estrada da Garganta do Registro até a portaria do PNI estava relativamente seca e não havia sinais de que havia chovido na noite o no dia anterior. Para minha surpresa, o dia a estava aberto, conseguíamos ver as nuvens baixas. Tinha certeza de que seria um grande dia!


Chegamos à portaria alguns minutos antes do parque abrir e já tinham alguns carros à frente. Como o tempo estava ruim e a previsão não era muito boa, o parque estava vazio, bem diferente da última vez que fui. Dali, fomos de carro até o Rebouças, onde estacionam os os carros e iniciamos a caminhada.  

Iniciamos a caminhada e passamos pelo Abrigo Rebouças fechado. O dia estava ótimo, a temperatura perfeita. Seguimos andando num papo bem agradável até chegarmos à base da Via Bira. Ali, nos equipamos para diminuir o peso e volume da mochila. Ainda não usaríamos equipamento, mas tornaria o deslocamento mais confortável, dica do Igor Sapanner, dica de quem conhece bem o local. 



Seguimos andando, ou melhor, pulando de pedra em pedra. Passamos por diversas fendas, chaminés, buracos e canaletas Um verdadeiro labirinto de blocos entalados, formando grandes fendas, onde qualquer descuido poderia trazer sérias consequências. Passamos pelas bases de vias clássicas como a Chaminé GEAN e Estudantes, até chegar ao ponto onde podíamos ver Pedra Calunga num ângulo bem bonito. A partir seguimos pela direita até chegar ã Face Sul, acima da Pedra do Polegar.


Subimos um pouco até chegar ao local chamado Santuário. Fica até difícil explicar como chegar, eram tantas subidas e descidas.... Alguns lances difícil até de acreditar que seria por ali. Fizemos um lance mais delicado para continuar subindo dentro do Santuário. Já no alto, cruzamos mais alguns blocos e já dava para ver o Lance do Parafuso do Brackmann.  Na base, nos encontramos e saí para guiar o lance mais delicado da travessia.




Seguindo as dicas do Igor Spanner Véio da Touca, subi por uma canaleta com excelente aderência. Não tem proteção,  mas o trecho não é complicado. Subi e contornei um platô de vegetação e cheguei a única proteção do trecho. Dali, subi mais um pouco cheguei a um degrau onde teria que subir e entrar numa canaleta. O degrau tinha uma boa pega por baixo e segui horizontalmente até me posicionar abaixo da entrada da canaleta, como me foi orientado.


Ameacei subir a primeira e voltei. Na segunda tentativa, ouvi a voz do Igor Spanner dizendo: “tem uma mão boa a direita!” Bom, os caras conhecem aquilo como se fossem a casa deles, então não pensei duas vezes, subi e joguei mão, num lance sem volta. Assim que firmei a mão, tudo ficou mais fácil. Fui ganhando altura lentamente meio sem pensar e dei aquela olhadinha para baixo e percebi o quanto estava alto. A canaleta inclinou um pouco mais, porém a rocha ajudava e dava boa aderência. Mais alguns metros e chegava numa corcova, onde pude olhar para baixo e comemorar o lance. Montei a parada em um bico de pedra e dei segurança ao Velinho que veio logo em seguida.


Com o Velhinho dando segurança aos demais, pude tomar uma água e descansar um pouco. Depois que todos chegaram, partimos para o Cume Sul, onde fizemos uma parada mais longa. Ali, assinamos o primeiro livro de cume da Travessia. Conversamos e rimos muito com as histórias do Véio da Touca e do Velhinho. 


Depois de recarregadas as baterias descemos na “seg" do "Véio da Touca" em direção ao Açú. Passamos por uma bela formação rochosa e já na aresta sul do Açu, por indicação do Igor Spanner, um grupo subiu por uma aresta, trecho final da Via Quietude, na qual foi guiada pelo Blanco. A outra parte do grupo foi direto para o Cruzeiro. Chegando ao cume do Açu, assinei o segundo livro de cume da Travessia.


Depois de deixado o registro, seguimos caminho. O tempo ficou nublado. Já não tínhamos a mesma vista que antes. Descemos até colo entre o Cruzeiro e o Pontão Ricardo Gonçalves, caminho mais utilizado r chegar ao cume nos dias de hoje. Descemos um animais e fizemos uma passagem numa diagonal para cima, até chegar ao topo e dali seguir para o Focinho de Cão, de onde fizemos um pequeno rapel.




A partir daí, seguimos pelo Pontão Norte até chegar à Chapada da Lua Alta. Ali fizemos nossa parada mais longa. Já estávamos quase no final da escalada. A Chapada da Lua é impressionante. A formação rochosa é peculiar. É uma chapas aí relativamente plano com o diversos buracos, semelhante ao solo lunar. Dei uma boa caminhada pelo local enquanto dávamos boas risadas com as histórias do Véio da Touca e do Velhinho. Aproveitei para assinar o terceiro livro de cume da Travessia.


O frio aumentou é como iríamos fazer um sequência maior de rapéis, optei por colocar o corta vento, assim ficaria mais confortável. Seguimos para mais um rapel curto, onde chegamos à Chapada da Lua Baixa. Seguimos caminhando até chegar ao final da via XIV de Julho. Nesse ponto olhamos para a Asa de Hermes, mas por esse ângulo fica difícil de acreditar que é realmente ela! Fizemos um rapel curto num bico de pedra até o último grampo da via. Dali seguimos por pequena caminhada até um platô. Esses rapeis não são nada confortáveis e são difíceis de achar. Havíamos levado cordas o suficiente para deixarmos esses três últimos rapeis montados na sequência, assim ganhamos tempo na descida. O último rapel fica no limite da corda, com exatos 30 metros.  


Dei uma boa descansada no rampão enquanto o resto do pessoal rapelava. Juntou o pessoa, mais histórias engraçadas. Estava tão agradável que o tempo passou e nem sei conta., já tínhamos passado das 16h. Aproveitei para guardar todo o equipamento na mochila. A partir desse ponto, só caminhada!


Descemos o rampão até entrar na trilha. Olhei para a Asa de Hermes e dava para ver o seu formato mais conhecido. Continuamos a trilha até chegar ao Rebouças novamente, depois de 9h20min! Aproveitei para tomar um banho gelado na represa ao lado do Abrigo Rebouças. 


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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Escalada na Via Dois Dias de Sol - Vale da Serrinha

Por Leandro do Carmo

Escalada na Via Dois Dias de Sol 

Data: 03/10/2020 

Local: Vale da Serrinha – PESET 

Participantes: Leandro do Carmo e Luis Augusto




Mais uma conquista que eu ainda faltava repetir toda. Havia feito alguns trechos, pois não pude ir à todos os dias das investidas. Depois de ter feito a via CNM 15, mandei outro convite no grupo de CNM perguntando se alguém gostaria de escalar a via Dois Dias de Sol. O Luis e o Velhinho aceitaram o convite. De última hora, o Blanco também resolveu ir e acabou fazendo cordada com o Velhinho. 


Havia previsão de mudança de tempo no sábado de manhã, entraria um vento mais forte. Mesmo assim, marcamos cedo e seguimos para a base da via. Encontramos a Andressa e a Márcia também indo pra lá. Elas iriam fazer a Golpe do Cartão. Como para fazer a Dois Dias de Sol, também é preciso fazer a primeira enfiada da Golpe do Cartão, acabaria que todos começariam na mesma via. 


Chegando à base, encontramos o Thiago Lima numa cordada. Já estava terminando a primeira enfiada. Via lotada! Para ganhar tempo, o Velhinho e o Blanco foram escalando a francesa. E logo saíram, passando a cordada do Thiago. Eu comecei a escalar, assim que o Blanco subiu.  Subi rápido e logo cheguei o Thiago. Eu e o Luis também escalamos a francesa nesse trecho. O trecho da diagonal para a esquerda, que geralmente fica molhado depois das chuvas, estava completamente seco. Passei do trecho tranquilo e fiz a parada um grampo após a primeira parada da via, assim não atrapalharia a cordada do Thiago. 


A ideia era seguir a francesa, mas o arrasto da corda estava grande e resolvi para ali mesmo. O Luis veio logo em seguida e saiu para guiar o a próxima enfiada. Assim que ele chegou à parada, comecei a escalar, chegando rapidamente até ele. Aproveitei para fazer a variante “O Medroso Mais Corajoso”, indo até o primeiro grampo após a trilha da via “De Olho Nas Vizinhas” e voltei, saindo para guiar a terceira enfiada da via, a melhor da via. O dia estava bem agradável e o vento forte que entrava na manhã foi um espetáculo.




Saí para a esquerda, subindo um pouco e fiz a leve diagonal para a esquerda. Entrei no primeiro crux, costurando e subindo até uma proteção mais alta. Coloquei uma fita longa para diminuir o arrasto da corda e segui para os grandes degraus. Subi o primeiro e entrei na canaleta, fazendo mais por dentro. A rocha nesse ponto tem uma excelente aderência e é bem diferente dos trechos anteriores. Um lance bem bonito. Mais alguns metros e estava na última parada. O Luis veio rápido e fomos para o mirante do Carmo, onde nos preparamos para o rapel.


O vento estava bem forte, espantou o calor. Ainda ficamos ali um tempo. Como a trilha do Alto Mourão ainda está fechada por conta da pandemia, optamos por rapelar pela via Didática. Pensamos até em descer pela via Bruno Silva, mas teríamos que descer pelo outro lado.  Descemos rápido e ainda pudemos ver a Andressa e a Márcia rapelando a via Golpe do Cartão. Na base, o Velhinho precisou ir embora e eu, Luis e o Blanco fomos num projeto que estamos conquistando, uns 50 metros antes da via CNM 15. Ficamos lá por um tempo dando um treino na via, até que todos cansaram.  Uma boa manhã de escalada.