Subida ao Escalavrado - Parque Nacional da Serra dos Orgãos
Local: Guapimirim / Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Data: 01/09/2013
Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém, Michael
Rogers e Leonardo Carmo
Dicas: Apesar de muitos falarem que não precisa de
equipamento de escalada, considero imprescindível levar, no mínimo, uma corda;
alguns lances muito expostos, apesar da baixa graduação; se o tempo virar, a
descida sem equipamento se torna muito perigosa; em dias de calor, o sol
castiga; é necessário enviar o termo de conhecimento de riscos ao Parque, podendo
ser encaminhado por e-mail:
Tempo: Total - 3h 55min / Subida - 1h 50min / No cume - 30 min / Descida - 1h 35min Altura: 1.406 metros
O Escalavrado é uma imponente montanha que compõe a Serra
dos Órgãos, sendo a primeira que desponta, ao lado esquerdo do Dedo de Deus.
Sua conquista aconteceu em 30 de agosto de 1931, pelo Centro Excursionista
Brasileiro, período em que outros cumes da região, também foram alcançados,
como o Cabeça de Peixe, Dedo de Nossa Senhora, Santo Antônio, São João, etc.
Era a última montanha daquela área do Parque que me faltava subir.
O Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora, Dedo de Deus, e o Cabeça de Peixe, formam
os cumes que são acessados por trilha que ficam fora da sede do Parque, em
Teresópolis. A princípio, estava marcado de subir novamente o Dedo de Deus, mas
por um erro meu, tinha marcado, justamente no dia de um compromisso de família,
não tinha como estar nos dois lugares ao mesmo tempo! Não teve jeito,
desmarquei o Dedo de Deus e sugeri que fizéssemos o Escalavrado no dia
seguinte. Missão aceita para aqueles que podiam...
Saímos às 06:30 lá de casa e seguimos caminho. Como o
Guilherme dirigiu da última vez, quando fomos até o Dedo de Nossa Senhora,
resolvi dar um descanso à ele e fui dirigindo. Chegamos no Paraíso das Plantas
com o tempo já aberto e quente. Não tinha nenhum carro lá parado, para nossa
surpresa... Pensei que fosse encontra um monte de gente lá... Nos preparamos e
seguimos estrada abaixo até o corte na crista do Escalavrado, numa curva, onde,
mais abaixo, na primeira rampa de concreto, começa a subida. Mas não foi mole
assim... Não sei por que, mas fiquei na cabeça que ao invés de rampa, a trilha
começava por uma escada de concreto! Depois da curva, vi que a primeira rampa
não tinha escada, então segui descendo. Olhei a segunda, nada... Chegamos na
terceira e tinha uma escada com degraus, que chegavam a quase dois metros!
Falei: é aqui!!!!
Com muita dificuldade, subimos uns 15 degraus e no final era
para ter uma trilha. A todo momento o pessoal falava: - Não pode ser aqui!!!!.
E eu afirmava: - É aqui sim!!!! Mas no final dos degraus, para minha surpresa,
nenhum sinal de trilha. Não podia ser tão difícil assim! Quando pedi para o meu
irmão dar uma olhada no guia do PARNASO, do Waldyr Neto, vimos que não tinha
nada de escada... ahaaaaaa! Pegadinha do Malandro!!!! Pelo menos rolou um
aquecimento! Descemos a “escada de gigante”, como a chamamos, voltamos alguns
metros da estrada e entramos no caminho certo.
Foi outra coisa! Logo no final da rampa de concreto, tem uma
placa indicando o início da trilha. Seguimos subindo e logo percebi que, caso
chovesse, nossa descida ficaria complicada. Mas como o tempo estava ótimo, nem
me preocupei com isso. Seguimos subindo, ora pela laje de pedra, ora pela
trilha e sempre vendo vários grampos. Chegamos numa parte mais vertical, onde
tem um lance para a direita, que dependendo do grupo, pode-se fixar um corda,
num grampo mais acima, para poder facilitar a subida. Seguimos sem proteção,
até entrar de novo na trilha.
Mais subida e chegamos num outro ponto onde rola alguns
lances de escalada, dependendo de onde se suba, rola até um 2º ou 2ºsup. Com
todos encordados, fui um pouco mais para direita, sempre de tênis, até que
encontrei um grampo, bem acima, quase com 50 metros de corda. Montei a parada e
vi que o Leonardo vinha logo atrás. Com um pouco de dificuldade na comunicação,
pois ventava muito, pedi para ele avisar ao Guilherme para subir pelo outro
lado e assim ele fez. Depois que ele chegou na parada, vimos que tínhamos
subido pelo lado mais complicado. Esperamos um pouco até que o Guilherme
chegasse e tocamos pra cima.
Continuamos subindo, num misto de trilha e laje de pedra.
Como achei que fosse moleza, nem me preocupei com o peso da mochila, que nessa
altura, somado ao peso da corda, já incomodava. Mas não dava para reclamar! Mas
reclamei assim mesmo... Porém sempre subindo! A vista já impressionava.
Chegamos numa parte bem exposta, que pode causar calafrios até aos mais
experientes de montanha! Literalmente na crista, olhava para o pé esquerdo,
penhasco, para o direto, penhasco também! Nesse ponto subimos com bastante
cuidado, principalmente por causa das rajadas de vento.
Dali dava para ver que ainda faltava muito, mas devagar
também se chega. Mais subida e a panturrilha começou a reclamar. Teve uma hora
que o Guilherme achou que tivesse chegando, quando contornou uma barriga, mas
viu que ainda faltava um pedaço, mas muito menos do que faltava a uma hora
atrás. Mais alguns metros e estávamos lá. Cume!!!! Havia subestimado o
Escalavrado... Achava que era muito tranquilo... Não que seja difícil, mas
tinha uma outra visão. É subida o tempo todo, em dias de sol forte, nem
aconselho!
O sol de inverno tinha vindo com força. A vista do Dedo de
Deus é fantástica. Decidimos ficar no cume por 30minutos, o suficiente para
bater fotos, lanchar, assinar o livro de cume e contemplar a paisagem. Peguei o
binóculo que tinha pedido para meu irmão
levar. Tinha certeza que veria alguém escalando o Dedo de Nossa Senhora ou
alguém no cume do Dedo de Deus. Mas não tinha ninguém! Estávamos sozinhos
contemplando a paisagem. Tive a impressão de ter visto alguém no cume da Agulha
do Diabo, focalizei o binóculo, mas a distância fazia com que não conseguisse
estabilizar as mãos direito, fazendo com que a imagem ficasse um pouco tremida.
Ninguém mais conseguiu ver, acabei desistindo de afirmar que tinha alguém lá.
Finalizado o nosso tempo, começamos a descer. Pelo menos já
sabíamos por onde passar. Fomos descendo bem devagar e com o cuidado redobrado.
A descida pode ficar perigosa em caso de chuva. Nos lances mais expostos, fomos
abaixados e sempre bem lento, um de cada vez. Fizemos apenas um rapel e fixamos
a corda uma vez para auxiliar um lance. Nos demais descemos em livre. A descida
pode não parecer, mas tem suas dificuldades. Se o joelho não estiver em dia...
Estávamos de volta na estrada e faltava ainda um pedaço até
o carro. Começamos a subir demos uma parada na Santinha, onde aproveitei para
tomar um banho. A água estava tão gelada que só deu para molhar o corpo
rapidamente! Meus pés começaram a doer de frio... Rapidamente saí e me sequei.
Parecia que a água tinha saído da geladeira!!! Mas a água fria deu sobrevida.
Fiquei renovado. Caminhamos até o Paraíso das Plantas e aquela coxinha de
galinha foi providencial! Lanchamos e seguimos de volta ao som de O Rappa, The
Offspring, Charlie Brown, etc...
Participantes: Leandro do Carmo, Ary Carlos e Guilherme Belém
Depois de um feriado de chuva e frio, conseguir escalar no
final de semana seria uma tarefa difícil. Havia chovido bastante e tudo estava
muito molhado. Já estava até desanimado, mas no sábado o tempo deu uma firmada
e a previsão para o domingo era de tempo bom, pelo menos não choveria. Tive a
idéia de começar um projeto que havia pensado há um tempo atrás, lá no Morro
das Andorinhas. A parede é bem limpa, seca rápido. Como é um setor verde, já
havia comunicado ao PESET, a minha intenção de conquista. Falei com o Ary e com
o Guilherme e eles toparam na hora.
Marcamos de sair por volta das oito da manhã. Acordei cedo e
fui preparar o equipamento. Não queria esquecer nada, muito menos os grampos!
Tomei um café e parti em direção à Itaipú. Nosso ponto de encontro foi na
Igreja de São Sebastião. Começamos a agradável trilha até chegar ao setor Casa
de Pedra. Lá, demos uma parada para organizar o equipamento e mostrei, mais ou
menos a linha que havia pensado. Fomos até a base e decidimos por onde começar.
Nos preparamos e comecei a subir. Segui uma leve diagonal para a direita e
escolhi um local bem visível para o primeiro grampo, para que não houvesse
dúvida quanto ao início da via. Quando saquei a furadeira, cadê a broca? Ficou
na mochila! Avisei ao Guilherme e ao Ary do meu esquecimento eles amarraram um
saquinho com as brocas. Puxei o saquinho e coloquei o primeiro grampo.
Mais uma diagonal para a direita e mais um grampo. Os lances
iniciais são bem tranquilos, sem dificuldade. Muitas agarras ainda por quebrar.
Segui mais em diagonal e avistei um pequeno platô e resolvi colocar o terceiro
grampo. Mais a direita, dava para ver uma parte mais limpa e vertical da
parede, mas a corda não chegava lá, resolvi então que faria ali a P1 da via.
Montei a parada e o Guilherme de tênis, subiu, seguido pelo Ary.
Na parada, passei a vez para o Ary, que conquistou a segunda enfiada,
resumindo assim:
“Fiz a segunda parte da via depois que o Leandro colocou os
3 primeiros grampos, saí em horizontal até pegar uma linha limpa vertical e
mais "emocionante" da via, coloquei o quarto grampo e toquei pra
cima, mais ou menos na metade da corda coloquei o quinto grampo, para o caso de
alguém querer descer a via de rapel e a corda alcançar a parada onde o Leandro
e o Guilherme estavam. O sexto grampo, eu coloquei no meio de um lance mais
vertical antes de chegar em uma parte que estava molhada, dali subi mais um
pouco e cruzei para a direita da parte molhada e como a corda estava acabando
coloquei o sétimo grampo e fiz a parada nele.”
Quando o Ary montou a parada, foi minha vez de subir. O Ary
tinha razão, por enquanto a melhor parte via! Depois da horizontal, segue reto
para cima, com pequenas agarras e muitas ainda por quebrar. Mais acima um lance
de aderência bem interessante. Cheguei na parada e o Guilherme veio logo atrás,
de tênis, aos trancos e barrancos... Com todos na parada. Era a vez do
Guilherme conquistar... Mas ele estava de tênis... Emprestei minha sapatilha
para ele. - Amigo é para essas coisas!!! - falamos na hora. Mas não seria assim
tão mole! Ele seguiria pela parte mais suja e molhada da via. Tinha ficado com
essa parte “boa”, mas amigo, também é para essas coisas!!!! Além disso, só
tínhamos 4 grampos para terminar a via! Tinha que dar um jeito! Amigo é ...
Ninguém estava a fim de voltar rapelando e subir a trilha de volta.
Assim foi o relato da conquista da terceira enfiada, feita
pelo Guilherme:
“Mais uma via e mais uma conquista. A minha primeira com
tecnologia! Pois o paredão que conquistara anteriormente levou 2 dias para
bater 4 grampos! Furadeira de última geração super leve e fura muito rápido,
cruzada com uma fita no peito e toca para cima. Antes disso estava ansioso para
mostrar a minha sapatilha ao Leandro, TOP ( via de 7° vira 5° hehehe), trilha
de 30 min e chegamos na praia. Base da bela linha no Morro das Andorinhas, em
1min Leandro equipadaço. Perguntei: - Nem preciso perguntar se quer guiar o
primeiro lance? Não é? Leandro riu, e logo depois armei a segurança dele. Cadê
a minha sapatilha? P... ferrou! Logo me antecipei. - Participo de tênis mesmo
(com cara de choro). Ary riu e Leandro seguiu.
Toma- lhe diagonal, escalei com muita dificuldade e claro
com a corda super justa. Óbvio que escorreguei e caí várias vezes, o que foi
tema de divertimento dos outros dois guias (vídeo cassetadas). A segunda
enfiada guiada por Ary então... escorreguei muito. Na terceira enfiada,
lembrando que cada esticada tinha aproximadamente 55m, faltava mais uma ou duas
enfiadas, e tínhamos só 4 grampos. Nosso amigo Leandro manda a letra: - E aí
Reginaldo? Vai? Meu sobrenome é Reginaldo e é engraçado, sei disso! Respondi: -
Agora! Kmon! Subi cheio de gana pois agora sim a pedra estava firme, porém...ah
porém, deveria conquistar super exposto, lembrei dos 4 grampos no boudrier. Aí
o coração acelerou! O primeiro foi bem perto da parada, escolha minha, para que
o escalador não perdesse o grampo de vista. Ary e Leandro gritavam: sobe
mais... E toma diagonal.
No segundo grampo, procurei me distanciar mais, porém ao
passar no meio de muitas bromélias, estava molhado. Lance tenso demais.
Escorreguei feio e caí de cara na pedra, ralei o braço, mas não desci nenhum
centímetro. A tensão era tanta, que fiquei pendurado por uma mini agarra e
bromélias prestes a soltar. Levantei trêmulo e irritado, olhei para trás e só
via Leandro na atividade na segurança (rindo muito e esperto, o que nada
adiantaria pois a exposição era tanta que acho que cairia na água rsrs). Ary
alertou que eu deveria entrar bromélias e mato a dentro. Foi o que fiz, cansado
de diagonal e só 2 grampos toquei verticalmente.
Achei um platô e coloquei o penúltimo grampo. Faltava uns
10m para o cume, e depois desse grampo o lance mais sinistro da via, um
provável VIsup niteroiense, 7a do Rio. Escalei, ensaiei, desescalei e nada,
vocês não estão entendendo, não tinha agarra! Cansado, ralado e por causa das
bromélias molhado (sapatilha do Leandro também). Gritei para o Ary: - Tá f...!
Ele disse: - Se prende aí que vou subir. O cara subiu, e comentou que tava
difícil a via. Eu disse: Ah malandro, falou "para carai"! Quero ver
subir esse lance aqui! Tensooo! Ary: - Deixa comigo, subo o Leandro (de tênis),
depois venço isso aê! Esse foi o lance mais engraçado, ver o do Carmo sambando
na rocha e chegou cansado na parada. Leandro: P... amigo é pra essas coisas.
Feito o nome da via. Dito e feito, Ary com tecnique boa, venceu o lance e pôs o
último grampo. Fez o cume e segurança na árvore. Subi, tentando não roubar no
lance, venci, roubando! E fiz segurança do Leandro que subiu sambando com o meu
tênis. Afinal amigo é para essas coisas!”
Enquanto o Guilherme conquistava, conforme o relato acima,
ficamos preocupados se os grampos dariam. A cada parada e barulho de marretada,
perguntava para o Ary: Será que vai dar para fazer cume? Tinha uma parte bonita
e limpa, parecia bem íngreme, talvez o crux. Tentamos falar com o Guilherme para
proteger numa árvore, mas ele não ouviu. Como a corda já estava quase no fim, o
Guilherme colocou o 10º grampo e fez a parada ali. Subi por último e de tênis.
Um perrengue... Mas cheguei, escorregando, mas cheguei!
Estávamos num platô, em uma parada bem confortável, de
frente para um lance bem vertical, de uns 10 a 15 metros, sem agarras e com
apenas um grampo para bater. Tinha uma barriga mais acima que não tínhamos
idéia do encontraríamos depois. Foi arriscar! Como o Ary já estava pronto,
resolveu seguir.
Esse foi o relato do Ary, na conquista da última enfiada:
“No final ainda fiz aquele restinho da via que deve ser um
6ºsup ou VIIa na saída dele e gastei o último grampo na parte mais vertical,
depois fiz o resto naquela aderência e faltou colocar o grampo no final da via
porque não tínhamos mais grampos para colocar. Tive que dar segurança numa
árvore que encontrei no final, já no começo da mata.”
Depois que o Ary e o Guilherme subiram, foi minha vez.
Novamente de tênis. Só que agora num lance bem mais difícil. Sem agarra, sem
apoio, sem nada, ah! Tinha pelo menos uma coisa: a mochila pesada!!! A solução:
fui igual ao Batman!!! Subi rapidinho e cheguei no meio de um capinzal. Pensei
na hora: varar esse mato vai ser f.... Votar para rapelar, missão impossível!
Não tinha mais como desistir. Guardei o último gole de água, liguei meu GPS
natural e seguimos. Mas nem foi muito ruim assim. Só teve mato e arranha gato
no começo. Depois ficou um pouco aberto e fácil de caminhar. Seguimos uma
diagonal para esquerda, até encontrar a trilha principal, aquela que começa a
descer até a enseada. Quem não conhece bem o local, pode complicar um pouco,
mas nada que assuste.
Já na trilha, o Guilherme levou as duas cordas, afinal de
contas ele está treinando para o Xterra!!! Fomos descendo e pensando no nome
para a via. Depois de tantas “ajudas”, resolvemos batizá-la de “Amigo é pra
essas coisas”.
Segunda Investida – 10/08/2013
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Ary Carlos
e Marcos Leonardo.
Depois de termos conquistado a via, faltava alguns ajustes:
intermediar alguns lances, duplicar as paradas e achar o melhor caminho para
voltar. Era uma boa missão. Afinal de contas repetir a via inteira guiando,
seria um grande prazer. Dessa vez, o Guilherme não pôde ir, já tinha um
compromisso. Eu e o Ary convidamos o Marcos e o Leonardo para nos acompanhar.
Nos encontramos na entrada da trilha e seguimos até ao setor Casa de Pedra.
Na base, nos preparamos e olhei para o primeiro grampo e
pensei: “Por que eu coloquei alto???” Mas não tinha jeito, era tocar para cima.
O lance inicial é bem tranquilo. Sobe reto e depois segue numa diagonal até a
primeira parada. Lá, dupliquei a parada e o Leonardo subiu. Veio rápido e assim
que ele chegou, já me preparei para a segunda enfiada. Mais uma diagonal para a
direita e cheguei o grampo que antecede um lance mais vertical. Um 3º, com
algumas agarras quebrando, já para esquentar! Mais um grampo costurado e fui
seguindo para cima. Subi e subi... Quando olhei o próximo grampo, bem acima, vi
que já tinha subido bastante. Foi ficando difícil e uma queda ali, não seria
nada agradável! Subi mais um pouco e decidi colocar um grampo. O lance estava
muito exposto, um E3. Desescalei um pouco, meio no perrengue, quase
escorregando e o bati um grampo. Deu um pouco mais de confiança e segui. Um
4sup na aderência, com aquelas pedrinhas que fazem escorregar... Foi prender a
respiração e tocar pra cima.
Costurei mais um grampo e toquei numa diagonal para a
direita. Cheguei na parada, a dupliquei e avisei ao Leonardo para subir. Essas
três enfiadas já estavam completas! A mochila pesada já começava a incomodar. O
calor estava forte e o sol não dava trégua! Lá de cima víamos a galera de
caiaque e stand up curtindo um mar bem calmo e com águas claras... Pensei num
mergulho... Mas a essa altura.... Só restava um mergulho no meio do mato!
Um minutinho de descanso e segui novamente. Essa é a parte
mais suja da via. Além da sujeira, tem algumas bromélias que dificultam a
visualização dos grampos, que por sinal são apenas 2 antes da parada. Para não
perdê-los de vista, basta seguir numa diagonal para a direita, se guiando por
um arbusto bem longe, abaixo de um platô, não tem erro! E assim fui escalando.
Costurei o primeiro grampo, o segundo e tome diagonal. Um lance um pouco
exposto, mas bem tranquilo, até chegar ao platô onde temos a terceira parada.
Lá, também foi duplicada. Agora, esperaria o Ary subir, para que agente
pensasse como intermediar o próximo lance, pois era o crux da via.
Com todos reunidos numa parada bem confortável, com exceção
do sol que já incomodava, comentei com o Ary o motivo pelo qual coloquei um
grampo antes do lance em aderência, ele concordou que estava exposto demais e
lembrou de como foi para conquistar o lance... Decidi ir pouco mais para o lado
direito para tentar um variante. Até fiz o lance, mas decidimos não grampear
outro caminho. Resolvemos bater o grampo um pouco mais acima da parada, assim
daria para fazer em artificial, caso não alguém não conseguisse fazer em livre.
A saída é bem técnica, poucas agarras de mão e poucas para
pé. Talvez um VII. Dali, seguimos para cima até o próximo grampo, num
platôzinho. A saída também técnica, mas não tão difícil, apesar de ter menos
opção. Uma agarra abaixo do grampo e depois o pé bem na esquerda, completa uma
passada em IVsup, seguido de um lance em total aderência, mas razoavelmente
tranquilo... Cruzamos um matinho, até chegar a uma pequena laje de pedra onde
bati o último grampo, montando a última parada. Estava concluída!!! Via Amigo é
pra essas coisas, que graduamos em 3º VII(A0) E2 D1 175 m. Uma via
interessante, com lances em agarras, aderência, lances mais técnicos e um belo
visual! Superou minhas expectativas!
Agora faltava a segunda parte... Um vara mato! Como já
havíamos feito duas semanas antes, o caminho já estava mais ou menos
mentalizado. A saída fica a esquerda do grampo, é só seguir reto até uma pedra,
passar por cima dela e seguir um pouco para a esquerda, desviando das pequenas
árvores, até chegar numa pequena árvore cheia de espinhos. Dali, foi só pegar
uma diagonal para a esquerda, até chegar uma grane calha. Descemos até o meio
da calha e seguimos reto para cima, depois para viramos para esquerda e
chegamos exatamente onde havíamos saída na primeira vez. Bem tranquilo!
Voltamos pela trilha e paramos para um refrigerante e
cerveja numa casa de um morador que abriu, estrategicamente, um ponto de
venda!!!
Ponto
certo no desenvolvimento da escalada esportiva no Brasil, a Pedra do Urubu é
ainda hoje um point de escaladores que buscam aperfeiçoar suas técnicas. Com um
visual surreal e trilha sonora das ondas que banham quase todo o seu entorno, a
Pedra do Urubu encanta também os transeuntes que caminhando se deparam com
lagartixas humanas agarradas em suas paredes.
A
quinze minutos de caminhada na pista Claudio Coutinho a Pedra do Urubu que tem
em suas faces vias que vão do V ao X grau. É um marco no desenvolvimento da
escalada no Rio de Janeiro. Nos anos 80 frequentada por feras como Paulo
Macaco, André Ilha, Sérgio Tartari e outros. Também nessa época, a Pedra do
Urubu foi equipada com a via Southern Comfort (Xa) a mais difícil da América do
Sul por muito anos.
A Pedra do Urubu possui hoje vinte e quatro vias e chegou a
ser equipada com agarras artificiais em resina que hoje já fazem parte do
passado, mantendo assim sua naturalidade.
Na
quarta-feira Nereida sugeriu um treino sexta pela manhã e deu como opções o
Platô da Lagoa ou a Pedra do Urubu, eu como venho esperando uma boa
oportunidade para fazer uma matéria sobre este point não pensei duas vezes
“Urubu” logo, logo os largatixas de plantão compraram a idéia e na sexta 8:00h
em ponto encontro Nereida já apressada,
me cumprimentou, e partiu ao encontro do Rogério Bandeira que a esperava no
caminho, eu fiquei na praça até meu parceiro de treino, Gui Machado, que por
algum motivo estava atrasado, aparecer. Assim que Gui chegou partimos ao
encontro do povo, alcançamos todos em frente a travessia Petrô-Têre “boulder da
pista Cláudio Coutinho”. O grupo ganhou o reforço de Emily.
Chegamos na base
das vias Urubu-Capenga, Urubunda, Urubu Rei e Speed, vias mais acessíveis e
começamos a nos equipar. Eu tinha a princípio o objetivo de guiar a Urubunda,
VIIa, mas a Nereida acabou por entrar nela depois de constatar que a Speed,
VIIb estava muito babada “o mar estava bem agitado”.
Ficou assim, eu equipei a
Urubu-Capenga, VIIa/b , logo depois chegaram Vitor e Bia e a turma estava
completa . Rogério depois de dar seg para Nere entrou na Aresta do Urubu, VIIb
(atlética) e enquanto Vitor subia pela Urubu-Capenga, Bia e Emily revezando na
Urubunda depois Rogério, Nereida e Emily saíram. Eu, Vitor, Bia e Gui ficamos
revezando na Urubu Rei, VIIb. Essa via, inclusive toda mapeada pelo Gui que
sempre solta os betas. Tivemos tempo de fazermos uns vídeos. E assim terminou uma ótima manhã de treino num
lugar que no mínimo é mágico, todos cansados e leves a caminho de suas
obrigações do dia a dia.
Participantes: Nereida, Gui Machado, Emily, Bia e Vitor
Pimenta, Rogério Bandeira e Paulo Guerra Vídeo do Pimenta, mandando a Urubu Rei 7b
Esse é o trailer de um curta que estou preparando, contando como foi a Travessia Petrópolis-Teresópolis, que fiz no mês de Julho. Sem dúvida, a travessia mais bonita do Brasil!!!!!
No último final de semana de julho, eu, Guilherme Belém e Ary Carlos, fomos até o Morro das Andorinhas, no setor Casa de Pedra, para iniciarmos um projeto que há algum tempo já tinha em mente. Uma via numa parede ainda sem conquistas, que olhando de longe parecia sem muita dificuldade. Mas por sorte nossa, nos enganamos!!!!! Voltamos duas semanas depois para poder duplicar as paradas e intermediar alguns lances que ficaram bem expostos.
A via ficou com lances bem
variados, com aderência e lances mais técnicos. O visual é fantástico!!! Segue abaixo uma pequena
descrição da via:
Via Amigo É Pra Essas Coisas – 3º VIIa (A0) E2 D1 175 metros (Graduação a confirmar)
Local: Morro das Andorinhas
Data da Conquista: 28/07/2013
Conquistadores: Leandro do Carmo, Ary Carlos e Guilherme
Belém
A primeira enfiada começa com um
grampo bem alto, uma linha reta, sem muita dificuldade. A partir desse grampo,
segue em diagonal para a direita, costura mais uma proteção e em seguida vem a
primeira parada. Ela fica acima de um pequeno platô, que não foi usado para
evitar o desgaste da vegetação.
A partir da segunda enfiada a via
começa a melhorar. Saindo da parada, segue mais uma diagonal para a direita,
até o grampo, no início de um trecho mais íngreme. O primeiro lance de III da
via. Boas agarras, mas é preciso escolher a melhor, muitas ainda por quebrar. Mais um grampo e segue para o
lance em aderência. Um IVsup, algumas passadas numa parede esfarelando até o
próximo grampo. A partir daí a dificuldade diminui até que se chega na segunda
parada.
Aí começa o trecho mais sujo da
via. Toda em diagonal. Para não se perder, mirar um pequeno arbusto, abaixo de
um platô, na base de uma parede limpa, quase no topo e seguir em diagonal. Vem
dois grampos e um lance exposto até a terceira parada.
A quarta enfiada é a mais
técnica. Uma saída, num VIIa sem agarras, numa passada que dá para
artificializar, utilizando o grampo da parada e costurando um grampo logo
acima. Dali segue até um pequeno platô, onde tem um grampo e mais um lance
técnico, um IVsup. Uma agarra abaixo do grampo para o pé direito e uma do lado
esquerdo, mais acima, para o pé esquerdo. Depois segue uma aderência, onde
chega num matinho, é cruzá-lo que se chega numa pequena laje de pedra, onde tem
um grampo e se faz a quarta e última parada.
A trilha para chegar
Pegar a trilha principal do Morro das Andorinhas. Depois de passar o mirante de Itacoatiara, seguir a trilha e pegar a segunda saída à direita, depois de uma descida mais forte. A trilha de acesso é bem marcada.
A trilha para voltar
Na pequena laje, pegar uma saída
um pouco para a esquerda e seguir reto até uma pedra. Subir nela e seguir mais
acima, vai chegar numa árvore de espinho, daí é só seguir numa diagonal para a
esquerda até chegar num pequeno vale. Desça e quando chegar no fundo do vale,
suba até o alto e vire para a esquerda. É só seguir que chegará na trilha principal do Morro das Andorinhas.
Procure sempre o caminho mais limpo.
Local: Guapimirim / Parque Nacional da Serra dos Órgãos Data: 05/08/2013
Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém, Marcos Oliveira, Ary Carlos, Paulo Guerra, Emerson Mondego, Sandro Damásio, Rana Santos e Vinícius Guilherme.
Dicas: Caminha pesada até a base; artificial fixo em grampos
e cabo de aço; água só no começo da trilha; bate sol no artificial; levar luva
para os cabos de aço; grupos grandes podem demorar muito no artificial; levar
lanterna e anorak.
Relato
Depois de e-mails e mensagens no Face e algumas tentativas
de marcar alguma escalada com o Sandro, conseguimos uma data e uma aventura: o
Dedo de Nossa Senhora!!! Foi difícil colocar o PitBull Aventura e o Born To Be
Wild juntos... Mas dessa vez saiu!!!!!
O grupo estava grande e nem recomendaria subir com tanta
gente assim, mas a galera é boa, todo mundo escala bem, com exceção do
Emerson... Tinha certeza que não teríamos problemas com o tempo. Marcamos cedo,
às 07 horas, no Paraíso das Plantas, ponto de encontro para quem vai escalar na
região. Atrasamos um pouco e quando chegamos lá, o Sandro, Rana e o Vinícius já
estavam nos esperando... Já peço até desculpas pelo atraso!!!!! O meu medo era
chegar tarde e já ter outro grupo grande na frente, o que atrasaria muito! Não
deu outra. Assim que chegamos, havia um outro de grupo de 10 pessoas que tinha
acabado de chegar, também para fazer o Dedo de Nossa Senhora. Rapidamente
pegamos nossas coisas e seguimos para o nosso destino.
Descemos a estrada até o início da trilha e começamos a
subir. A subida começa forte. A trilha é bem íngreme e até o corpo acostumar,
demora um pouco. Com o pessoal animado, o tempo foi passando que nem percebi. O
caminho é bem legal, por vezes cruzamos o leito de um rio seco e passamos por
um pequeno riacho, onde podemos pegar água. Mais acima, no colo entre o Dedo de
Deus e o Dedo de Nossa Senhora, a trilha segue para a esquerda até o primeiro
lance de artificial.
Quando chegamos na base, vimos os dois grampos e já pensamos
em como fazê-lo. Colocamos um estribo no primeiro grampo e ainda utilizamos uma
raiz à direita como apoio. Depois dali, seguimos uma trilha à direita até uma
calha com alguns grampos, também para artificial. Aos poucos todos foram
subindo. Segui na frente até essa calha. Pensei que fosse tranquilo subir sem
as fitas. Tentei entalar o corpo, mas a mochila atrapalhou. Pedi então umas
fitas para ir ajudando e fui subindo com um pouco de dificuldade. Mais acima,
uma pequena trilha, até que chegamos a grande parede com o artificial em
grampos.
Depois que todos estávamos reunidos, na base, o Guilherme
logo resolveu que iria guiar. O alto astral e as histórias da galera até me fez
esquecer do calor. Olhava para a parede acima e o sol batendo... coitado do
cara que iria ficar fritando na parede... Enquanto o Guilherme se preparava
para subir, começou a aparecer banana, tangerina, quase a feira inteira! O
Guilherme começou a subir. No começo foi devagar, mas depois foi piorando!!!
hahahehahehaha Com aquele sol, já estava ficando com pena dele, mas alguém
tinha que sofrer!!! E ainda teve que ficar ouvindo o pessoal gritando: Esse
guia é lento... Tá muito devagar... Lance fácil e o guia demorando... Só que
quem estava falando, estava na sombra, bebendo água, lanchando...
Pouco a pouco, foi vencendo os quase trinta metros, até a
base onde começam os cabos de aço. Lá montou a parada, fixou duas cordas e
começamos a subir. Cada um com uma técnica diferente. Fiz um prussik e fui
subindo igual ao Batman. Levei mais uma corda para adiantar, pois dali, depois
que próximo viesse, o Guilherme já poderia subir os cabos. A parada ficou
agitada. A todo momento, chegava um, passava por mim e já emendava no lance dos
cabos. O Ary ficou acima dos cabos dando a segurança de cima. Tudo bem organizado!!!!
Depois que todos subiram , comecei puxar as cordas. As recolhi enquanto o outro
grupo iniciava o artificial. Ainda bem que chegamos na frente!!!!
A Rana subiu e levou uma corda, segui para cima e passei
pelo Ary que dava segurança. Mais uma subida num lance meio escorregadio e
estava no cume! Que vista!!!! Aos poucos todos estavam lá!!!! Não tinha ninguém
sério, todos com sorriso de orelha a orelha. Ninguém mais lembrava do sol, da
trilha, do artificial... só lembrávamos de bater fotos e mais fotos! Era cada
coisa que eu ouvia... Coisas do tipo: Vem que tá piscando! Vai tirar foto com o
dedo atrás! E muitas outras obscenidades... rs
Foi uma subida fantástica!!! BTBW e PitBull Aventura
mandando ver!!!! Apesar de ter sido a primeira vez que fizemos uma atividade
juntos, parecia que a galera já escalava junta há muito tempo, entrosamento
perfeito. Fiz um lanche apara recarregar as baterias. Ouvi um papo de que o
Sandro ia tomar café, mas nem entendi... Achei que fosse brincadeira.... Quando
vi o cara sacar o fogareiro... nem acreditei!!! Ia tomar café no cume do Dedo
de Nossa Senhora!!!!! O cafézinho caiu muito bem!!!
O papo estava ótimo, mas era hora de descer. Assim que a
primeira pessoa do outro grupo chegou, iniciamos nossa descida. Quando cheguei
no lance dos cabos, ainda faltavam 4 pessoas para subir. Ficamos aguardando na
trilha até que fui até um grampo mais em baixo e comecei a preparar o primeiro
rapel. Fui passando a corda devagar para que ela não atrapalhasse as pessoas
que iam subindo. Depois que o último subiu, abri o primeiro rapel. Já no platô,
no final do artificial fixo em grampos, iniciei o segundo rapel. A galera foi
descendo um a um. E quando chegou mais uma corda, desci para fazer o terceiro.
Passei a corda por uma árvore e deixei pronto o último rapel.
A essa altura, o tênis do Guilherme já havia se transformado
em migalhas! Não sobrou nada! Descolou os dois solados! A sorte é que ele havia
levado uma sapatilha velha, que usou para a descida da trilha. Aos poucos,
várias duplas foram se formando na descida, uns na frente, outros mais atrás...
Fui intermediário. Resolvi descer descalço, estava calor. Amarrei as botas na
mochila e segui trilha a baixo. Pensei até em tomar um banho na cachoeirinha da
santinha, mas o frio chegou e acabou com qualquer vontade minha!!!!
Na entrada da trilha, encontrei o Marcos e o Ary. Ficamos
ali sentados esperando o resto do pessoal. O Emerson e o Guilherme tinham ido
na frente, por motivo de força maior! Mas que força maior foi essa Emerson? Não
via a hora de comer aquela maravilhosa coxinha de galinha do Paraíso das
Plantas. Depois de todos reunidos, seguimos estrada acima. Foram alguns
quilômetros que andamos, mas que pareciam uma eternidade. Porém, o tempo passou
rápido. Também com tantas histórias!!!! Agora... se foram verídicas, até hoje é
um mistério!!!! hahahhehahehaheha
No Paraíso das Plantas fizemos aquele lanche! Conversamos,
rimos, brindamos, etc... Um final de aventura extremamente agradável, digno das
maiores expedições. Certamente ficará gravado em nossa memória! PitBull
Aventura e Born To Be Wild, uma parceria para ficar na história!!!!
E como sempre falo: Missão dada, é missão cumprida!!!!!