terça-feira, 26 de março de 2013

Remada à Ilha Mãe - Itaipu

Por Leandro do Carmo

Remada à Ilha Mãe - Itaipu

Local: Itaipu
Data: 23/02/2013
Participantes: Leandro do Carmo e Leonardo Carmo

DICAS: Ver condições do mar com antecedência pois o desembarque na ilha pode ficar prejudicado.

Vídeo: http://pitbullaventura.blogspot.com.br/2013/04/video-da-remada-ilha-mae-itaipu-niteroi.html

Localização:


Exibir mapa ampliado

Relato

Era para ser a travessia Itaipu-Itaipuaçú, mas tempo não deixou. Foi uma semana de tempo bom, mar extremamente calmo, sem vento e muito calor. No sábado anterior, quando fui escalar em Itacoatiara, vi a galera do stand up e voltou a idéia de fazer essa travessia. Partindo de Itaipu, são uns 5 km, nada muito complicado, com mar calmo, é claro! Monitorei o tempo e as condições do mar durante toda a semana, cheguei a fazer convites a alguns amigos, mas dessa vez ninguém podia.

Fechado para a missão, só eu e meu irmão. E assim nós fomos... Na sexta-feira, já deixamos os caiaques amarrados no carro e as coisas arrumadas para não termos que fazer tudo no sábado, assim ganharíamos tempo. Com tudo pronto, saímos às 05:30 e partirmos em direção a Itaipú. Chegamos cedo e quando paramos o carro já percebi que o vento não iria ajudar. Dei uma olhada de longe e vi o mar bem encrespado. Não seria dessa vez... Uma semana inteira de tempo bom, ia virar logo agora??? rs

Pois é... virou!!!! Tiramos tudo do carro, nos preparamos e fomos para a areia. Voltei para comprar uma água e conversando com alguns pescadores, eles me avisaram que entrou um vento sudoeste nessa noite e que quase ninguém saíra para pescar do lado de fora, somente quem tinha motor. Já estava decido: iríamos ficar por ali mesmo, nada muito longe.

Aquele vento, tornava o clima extremamente agradável. Os barcos chegando com muitos peixes, outros puxando as redes... Pessoas esperando para comprar o mais fresco dos pescados. Aquela movimentação de praia de pescador! Um contraste com aquelas paredes de tijolo e carros parados no estacionamento... Um ontem e hoje separados por alguns metros... Um belo visual!

O mar... nem tão bom assim...muitas marolas... Mas fomos assim mesmo. Colocamos os caiaques na água e começamos a remar. Rapidamente chegamos no canal formado pelo Morro das Andorinhas e a Ilha Menina. Já tinham muitos barcos pescando. O peixe da vez era o Olho de Cão. Apesar do vento e do mar meio grosso, resolvemos ir até a Ilha Mãe. Bem devagar, levamos uns 25 minutos. Chegando à ilha, dava para ver os peixes pulando, uma mostra da grande quantidade que havia no local. Procuramos um local para desembarcar e ficamos numa enseada. No desembarque tivemos ajuda de um pescador local, que nos indicou o melhor lugar e ainda deu uma força para colocar os caiaques para cima da pedra.

Fomos muito bem recebido pelo Geraldo, que possui até uma cabana na ilha, onde passa dias sem precisar voltar a terra, como ele próprio diz. O grande problema na Ilha é a falta de água, não há nenhuma nascente ou outra fonte. Isso torna a permanência limitada. Porém, o fato é que a torna mais preservada, pois se existisse água, talvez a frequência fosse maior.. Aí já viu! Ele nos contou sobre a quantidade de lixo que algumas embarcações deixam na enseada, bem como a atuação muitos pescadores que, mesmo vivendo do mar, não tem o menor cuidado.
Conversando ele nos falou sobre a trilha que leva ao cume da ilha e aproveitei para perguntar onde fica. Ele gentilmente nos levou até o começo dela. Como já estava ali... Aproveitei a oportunidade... rs. Resolvi subir e quando já estava no alto, meu irmão me gritou e me avisou que eles iriam subir também. Aproveitei para tirar algumas fotos e apreciar a vista.


Depois de alguns minutos, eles chegaram e continuamos a caminhada. O sol começou a esquentar, mas a beleza do local me fazia esquecer do calor. Continuamos subindo e ouvimos algumas histórias, inclusive sobre um grande incêndio causado por um balão e também, sobre a última ressaca, onde tiveram que ficar uns 15 dias sem poder sair da ilha, como a comida já havia acabado, tiveram que ser resgatados por um helicóptero...


Mais alguns minutos de caminhada e chegamos ao cume da ilha, bem no local onde havia uma bandeira, que hoje já não existe mais, somente as marcas na rocha. Como o tempo estava bom, a vista era completa: Morro das Andorinhas, Itaipú, Lagoa de Itaipú, Camboinhas, Piratininga Pão de Açúcar, Copacabana, etc. Mesmo não tendo feito o que tinha planejado, aquilo já valera a pena. Não fiquei nem um pouco frustrado.
Depois de algum tempo apreciando a vista, resolvemos descer, pois o sol estava forte e não levamos água. Caminhamos mais um pouco e já estávamos de volta, em frente a cabana do pescador Geraldo. Fizemos uma pausa para o lanche, bebi uma água e resolvemos voltar. Colocamos os caiaques na água e remamos. Fomos em direção à Ilha Menina e meu irmão seguiu direto para a praia e fui beirando o Morro das Andorinhas. Mais a frente encontrei um amigo que mergulhava na enseada, conversamos um pouco continuei, sempre bem próximo ao Morro.

Quando cheguei à praia, tive a surpresa de encontrar meu pai, minha mãe e meu filho curtindo um solzinho... Fiquei um pouco lá e seguimos para arrumar toda a tralha!!!! rs. Mas a aventura não acabou por aí... Na volta, o Jeguinho enguiçou!!! Mas fusca é assim: dá uma mexida aqui outra ali, aperta um parafuso... E tá rodando de novo.

E foi assim.... Até a próxima!!!

































domingo, 24 de março de 2013

Vídeo da Escalada no Costão de Itacoatiara (Morro do Tucum)

Por Leandro do Carmo

Fala pessoal!

Segue o vídeo da escalada que fizemos, no Costão de Itacoatiara. Madrugamos para não pegar calor, mas valeu a pena!!!!

Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém e Bruno Santos.

Relato da escalada: http://pitbullaventura.blogspot.com.br/2013/02/escalada-no-costao-de-itacoatiara-via.html

Vídeo em HD:


sexta-feira, 22 de março de 2013

Flores

Por Leandro do Carmo

Comecei batendo fotos das flores daqui de casa. Mas agora, também fotografo de outros lugares...

Rio das Ostras

Rio das Ostras

Rio das Ostras


Rio das Ostras

Rio das Ostras

Minha casa

Minha casa

Minha casa

Minha casa

Minha casa

Minha casa

Minha casa

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso

Torres de Bonsucesso
Trilha para a Pedra do Sino
Trilha para a Pedra do Sino
Trilha para a Pedra do Sino




terça-feira, 19 de março de 2013

Expedição Guarapari - ES

Fala Galera!!!

Esse é o vídeo dos mergulhos que fizemos em Guarapari. Foram dois dias de muito mergulho e com uma galera nota 1000. Agradecimentos ao Leandro Pessoa - Corsários Divers Escola de Mergulho, que organizou a expedição. Os pontos foram Ilha Escalvada, Ilhas Rasas, e o maior naufrágio artificial da América Latina, o Victory 8B.

Vídeo disponível em HD. Para assistir o vídeo, basta clicar na imagem abaixo e assistir direto na página do youtube.

Relato do Primeiro dia de mergulho: http://pitbullaventura.blogspot.com.br/2013/04/mergulho-em-guarapari-es-ilha-escalvada.html

Expedição Guarapari
Local: Guarapari - ES
Data: 09 e 10 de março de 2013
Pontos: Ilha Escalvada, Ilhas Rasas e o naufrágio Victory 8B.


sábado, 16 de março de 2013

Pico do Frade - Macaé

Nossa próxima aventura...

Dia 24/03/2013

Um breve histórico...

Por Geraldo Barfknecht


Símbolo e cartão postal de toda região serrana de Macaé, o Pico do Frade é constituído de duas grandes rochas, sendo a maior, denominada Pedra do Frade e outra menor, localizada em seu lado norte, denominada por seus desbravadores como Pedra do Paulo (atualmente Pedra do Grito, sendo essa que faz as costas do frade). A região do pé do pico até o topo é coberta por densa floresta tropical (Floresta Ombrófila Densa-Mata Atlântica) com diversos estratos, conforme a variação da altitude, apresentando em seu interior variada flora e um grande número de animais selvagens, todavia de rara aparição, frente a diversas causas, sendo a caça clandestina algo que não é estranho na região.

A parte mais elevada do Pico do Frade, é típica das mais elevadas porções dos cumes da "Serra do Mar", escarpa do Embasamento Cristalino (terrenos com cerca de 500-650 milhões de anos)com os monolitos, grande pedras isoladas, formando relevos do tipo "pão de açúcar" nos estados do RJ e ES e a vegetação constituída de diversas espécies, onde predominam as gramíneas,alguns arbustos, em campos desprovidos de arvores e algo que aqui, de certo modo pode ser chamado, de pequeno campo de altitude, pela reduzida área de ocorrência, dado a inclinação do terreno e pouca espessura do solo.


Por causa de sua grande altitude, o Pico do Frade é avistado em vários pontos da região norte do Estado fluminense, de Barra de São João até Campos, assim como desde as maiores elevações da região de Nova Friburgo a Oeste ( que próximo a última cela, paredão do Frade, na trilha de acesso, são avistados a Oeste 2-3 picos incríveis) e de todos os municípios vizinhos.Com certeza, precisamos frisar que o Pico do Frade, também deve ter sido referencia para os navegantes portugueses, que inicialmente "descobriram" o Brasil e depois, "tomaram um pouco", do Pau-brasil, para fazer corantes para a nobreza.

De sua parte mais alta, no Norte tem-se uma visão ampla de toda a Região Serrana de Macaé, assim como todos os povoados desde a BR-101 (Córrego do Ouro, Trapiche, Glicério, Óleo, Frade e parte do Sana). A Leste, avista-se a sede de Macaé e à Oeste, parte dos municípios de Conceição de Macabu e Trajano de Moraes, cuja elevação está próxima dos limites entre esses municípios.










sábado, 9 de março de 2013

História do Montanhismo Fluminense, um fenômeno recente?

Por Alex Figueiredo

Quando da fundação do Clube Niteroiense de Montanhismo, em 2003, se debateu sobre este tema, se o CNM seria “inovador” ao ser criado na região leste da Baia da Guanabara.

Logo depois de sua criação, a surpresa! O sexto clube de montanhismo do Brasil era de Niterói! O extinto Clube Excursionista Icaraí (CEI), fundado em 03 de maio de 1939, com o lema; “Sois brasileiros? Quereis conhecer de perto a vossa pátria? Inscrevei-vos no Clube Excursionista Icaraí.” Com atividades de caminhadas tando em Niterói quanto no Distrito Federal (a atual cidade do Rio de Janeiro).

Mas, entre o CEI e o CNM temos um hiato de tempo de 63 anos ..., o que houve nesse periodo? Existia a prática de montanhismo em Niterói e arredores?

Em Niterói sempre houve atividade de tropas escoteiras em diversos bairros, o que sem dúvida, permitiu que a prática do montanhismo continuasse em nosso berço, sendo algo um pouco “naturalizado”, mas não com a alcunha de montanhismo, era simplesmente o hábito de frequentar nossas florestas e montanhas, mas infelizmente não como a ideia de um clube excursionista como conhecemos hoje me dia.

Os excursionistas da Capital vinham frequentar nossas montanhas que, de certa forma, eram pouco frequentadas, sendo que a primeira conquista de uma via de escalada em Niterói foi, parece, em 1956, batizada de “Artificial da Conquista”, na Agulha Guarish, na Serra da Tiririca. Tivemos também a “Chaminé Campelo” em 1956 no morro do Cantagalo, na Reserva Darcy Ribeiro (acho que agora, deve ser conhecida como Setor Darcy Ribeiro, do Parque Estadual da Serra da Tiririca) e o “Paredão Surpresa” em 1978, no Morro do Santo Inácio.

Na década de 70, houve cerca de 8 conquistas de vias, 13 conquistas na década de 80 e 10 até fins dos anos 90. Após este período, as rochas niteroienses testemunharam uma verdadeira febre de novas de vias de escaladas!

Mas voltando a idéia de Clubes de Montanhismo, em junho de 1989 houve a fundação do Grupo Caminhante Independente, por Gerhard  Sardo que, originalmente, almejava a ideia de um clube excursionista, tanto que em suas programações de atividades, o informativo do GCI constava um item curioso, que era “Influência Ideológica” onde elencava os nomes dos clubes de montanhismo cariocas. Houve também o Grupo Terra, mas de curta duração.

Em 1992 o GCI executou um projeto que foi, a seu modo, um marco na História das Montanhas de Niterói, a campanha SOS Montanhas de Niterói, quando foram realizados mutirões de limpeza em todos os topos e trilhas do município. Nesse momento, as pessoas que frequentavam as trilhas se deram conta de duas informações importantes: SIM, nós temos montanhas! E do quanto estavam degradadas nossas montanhas.

Infelizmente também em 1992 o GCI começou a enveredar o caminho do movimento de defesa ambiental, perdendo de forma irreversível sua ideia original, que era o de um clube de montanhismo. Mas essa iniciativa acabou rendendo frutos, e membros deste grupo fundaram: o Grupo Cauã de caminhadas; Grupo Sussuarana, de Jorge Antônio Lourenço Pontes e Flávio Siqueira, ambos de curta existencia no território fluminense; e o Projeto Ecoando, em 1994, de Cássio Garcez, que é um misto de empresa de ecoturismo e de um Clube Excursionista, que existe até hoje.

O ano de 1994 também foi marcado pela tragédia no montanhismo fluminense. Em 25 de setembro de 1994 um grupo do Clube Excursionista Brasileiro, em uma atividade de caminhada ao Morro do Cantagalo, foi atacado por um enxame de abelhas africanizadas, gerando o óbito de Herald Zerfas (guia) e Joaquim Afonso Braga. Herald era um montanhista apaixonado pelas montanhas de Niterói, onde realizava diversas caminhadas e escaladas, sempre com bom humor e um chapéu estilo tirolês.

Ao iniciarmos o novo milênio, o montanhismo em Niterói ressurgiu em sua forma mais organizada e, com o apoio da FEMERJ montanhistas organizaram, finalmente, o segundo clube de montanhismo de Niterói, o Clube Niteroiense de Montanhismo, que teve em sua primeira diretoria Gustavo Muniz (presidente), Alan Marra (vice-presidente), Nise Caldas (tesoureira), Jerônimo dos Santos (diretoria técnica) e Alex Figueiredo (diretoria de meio-ambiente).

Agora, nove anos se passaram desde a primeira reunião organizada por essas pessoas e, dessa forma, tivemos um período de diversas atividades, explorações e conquistas, mas principalmente, 9 anos se passaram de risos, aventuras e camaradagem, que nos deram muitas alegrias e histórias para contar.

domingo, 3 de março de 2013

Pracinha de Itacoatiara

Vias diversas

Data: 17/02/2013

PARTICIPANTES

Do CNM: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Eny Hertz, Alexandre Valadão, Alessandra Neves, Marcos Soares;

Da Companhia da Escalada: Vitor Pimenta, Bia Pimenta, Victor Ferreira e outros.

DICAS: Boulders, esportivas e muita sombra o dia inteiro

RELATO

A pracinha ficou lotada!!! Do Clube Niteroiense de Montanhismo foram 6, mais 4 da Companhia da Escalada, mais 4 amigos de amigos... Tinham +/- umas 22 pessoas lá!!!! Top rope para tudo que é lado. Era sair de um e entrar na fila do próximo. Todo mundo revezando nas cordas, na segurança, nos boulers. Uma tarde excelente.

Cheguei às 14:00h e a Eny, Alexandre e a Alessandra já estavam lá se arrumando. Depois chegou o Victor Ferreira e o Marcos Soares, esse último, do Clube. Fiz um aquecimento na fendinha, bem a direita do bloco da esquerda. Segui depois para a travessia, que fica no bloco da direita.

Foi montado top na fendinha, no grampo torto do bloco da esquerda, nas vias Tô na Merda, Pescoço de Ganso e em um grampo à direita do bloco da direita.

O Marcos havia me perguntado sobre a possibilidade de fazer a avaliação nesse final de semana, mas como já estava com duas atividades abertas, falei para ele que seria melhor marcarmos outro dia e aproveitei e o convidei ir à Pracinha. Apesar dele ainda não ter feito a avaliação, considerei que essa atividade não teria exposição a algum tipo de risco.

No mais, todos se divertiram e treinaram. Uns pela primeira vez, outros na enésima...




segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Escalada no Costão de Itacoatiara - Via do Tetinho


Morro do Tucum - Costão de Itacoatiara

Via Tetando Ramirez - VI E2 D1
Via do Tetinho - V E2 40m

Data: 16/02/2013
Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém e Bruno Santos

DICAS: No verão, faz sombra até as 12:30; para a via Tetando Ramirez, é necessário móveis, exposta nos lances iniciais; na via do Tetinho, o crux está no pequeno teto, bem protegido (E1), o primeiro grampo é bem baixo, os outros um pouco mais difícil de visualizar, mas os lances iniciais são bem tranquilos.

Relato

Ou chovia, ou fazia sol de mais. Foi assim o mês de janeiro. Devido à essas condições climáticas, fiquei praticamente o mês inteiro sem fazer uma via longa, exceto pela Agulha Guarischi. Não dava para esperar mais.... Mas escalar nesse sol.... também não dava!!!! Podem até achar que é bobeira, mas faz uma diferença ficar semanas sem escalar... queria entrar numa via mais tranquila. Decidi em fazer a Via do Tetinho, uma via curta, 40 metros, apenas uma enfiada e crux em 5º. Aproveitei para abrir essa atividade no Clube Niteroiense de Montanhismo e como já havia conversado com o Bruno Santos, fiz o convite e ele aceitou.

Como o calor estava forte, marcamos às 06:30 no gramado, em frente ao Costão. Saí de casa ainda meio escuro, era o último dia do horário de verão. Quando cheguei em Itacoatiara, o Bruno e o Guilherme já estavam lá me esperando. Foi só pegar a mochila e caminhar até a base. Contornamos o grande platô pela direta até o início das vias.

Na base, nos arrumamos e o Guilherme decidiu que ele iria guiar. Enquanto ele se arrumava, fui procurar um local mais acima para ir filmando e tirar algumas fotos. O Guilherme foi subindo, costurou o primeiro grampo e não viu o segundo. De onde eu estava, dava para ver um grampo bem no alto, mas deveria de ter um outro mais em baixo, talvez escondido por alguma vegetação. Pelo que tinha visto, a via não era tão exposta assim. Falei para o Guilherme: “Cara, o grampo deve estar aí na sua frente!” Ele me respondeu que não e eu falei que estava vendo um mais em cima. Ele foi subindo e chegou a esse grampo. Foi seguindo e os grampos continuaram espaçados. Até que ele chegou numa para dupla em baixo do teto.

Não podia ser. Pelo croqui não tinha parada dupla e ele não via nenhum grampo no teto, continuar para cima não dava. Foi aí que eu lembrei da via Tetando Ramirez, que chega numa linha reta até o teto e faz uma horizontal para a esquerda, protegendo em móvel até o final dele. Entramos na via errada!!!! Ele ficou dentro de um buraco, um pouco desconfortável por causa do cheiro de urina (impressionante como uma pessoa teve a idéia de urinar dentro daquele buraco!), ele montou a parada enquanto eu procurava a via correta.

E não é que eu estava acima do primeiro grampo! Olhei mais acima e consegui achar os outros. Vi a linha até o teto e os grampos no meio dele. Pronto, problema resolvido. Nisso, falei com o Bruno e ele resolveu escalar até onde o Gruilherme estava e depois descer, pois não tínhamos móvel para proteger a próxima enfiada dessa via. Ele subiu com a corda do Guilherme para fazerem um único rapel.

Quando eles desceram, foi a minha vez de entrar na via, mas agora na correta! Os primeiros lances foram bem tranquilos, na verdade, até o 3º grampo, se não me engano. Dali para cima, vai ficando mais vertical. Batia na pedra e tudo oco. Foi acreditar e tocar para cima... rs. Ali, minha camisa já estava encharcada. Não corria nem uma brisazinha que pudesse refrescar. Apesar de não ter sol, às 08:30 da manhã, já parecia ser 11!!!!! Depois de algumas passadas, cheguei no grampo bem abaixo do teto. Realmente os lances acima são bem protegidas. Numa esticada de braço, costurei o primeiro grampo do teto. Dei uma descansada e tentei prosseguir. O suor já estava escorrendo pelo braço e o magnésio já não adiantava mais. Resolvi abortar e descer.

Não daria para eu descer de baldinho, então tive que retirar a última costura que coloquei, a primeira do teto. Com um pouco de dificuldade, retirei-a e a coloquei invertida com uma que já estava lá para fazer um top rope. Desci e o Guilherme subiu até embaixo do teto. Depois foi a vez do Bruno. Quando o Bruno já estava descendo, lembrei a ele que era para tirar a costura e descer de rapel... Tarde de mais... rs. Teve que escalar novamente para preparar o rapel!!! Mas por que não me avisaram antes??? Disse ele. Pegadinha do Mallandro..... rs! Volta lá agora.... falei rindo. Não teve escolha...

Na base, ficamos ainda trocando uma idéia e fizemos um lanche. Aí, foi só voltar e dar um mergulho. Afinal de contas, ninguém é de ferro!!!!






terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ao Topo


Um excelente  texto enviado pelo meu amigo Paulo Guerra, à lista de discussão da Companhia da Escalada.

AO TOPO
Por Eduardo Manhães

Experiências são insubstituíveis. Nenhum vídeo, texto ou foto pode dar a exata dimensão das nossas sensações. Mesmo tendo a certeza disso, quero tentar reviver com palavras a emoção de uma escalada.
            Tudo começa bem antes, quando marco o dia de subir na rocha, na verdade quando marco o dia em que irei desafiar a mim mesmo, meus medos, minha determinação, meu desejo de superação. Sim, escalar não é apenas um esporte para mim, é uma viagem ao meu interior, uma maneira de encontrar minhas convicções, enfrentar minhas dúvidas, é um questionamento sobre o que sou capaz de realizar.
            Nos dias que antecedem a aventura fico ansioso, o planejamento torna-se o alvo prioritário, busco informações sobre a via, verifico o equipamento, procuro visualizar as etapas da ascensão, me pergunto sobre a descida, se por trilha ou rapel, enfim, esquadrinho na cabeça como será estar na pedra, e sair dela.
            Um dia antes, deixo tudo preparado, cadeirinha, mosquetões, sapatilha, solteira, costuras, freios, capacete, tudo na mochila. Coloco para gelar a água e os isotônicos, separo alguns materiais de primeiros-socorros, a câmera. E o coração já esta a mil. Durmo sonhando com o dia seguinte e quando ele chega não perco tempo, levanto me preparo e parto para a rocha.
            Dependendo da via tenho que caminhar por alguma trilha de acesso. Começa aí um contato delicioso com a natureza. Quando vivemos numa cidade, mesmo naquelas privilegiadas por um entorno verde, perdemos por completo o entendimento do que é o silêncio das matas. Longe de ser opressor, o silêncio da floresta é libertador, porque não significa ausência de sons, mas sim o som harmonioso do vento, do canto dos pássaros, do arrastar de um lagarto nas folhas secas que crepitam sob o seu peso. O silêncio da floresta é o calar repentino do barulho da urbe, do som de motores desregulados, das ordens do nosso chefe, das urgências falaciosas do dia-a-dia. E isso é bom. Na mata posso ouvir a mim mesmo, minha respiração, a dos meus colegas de escalada, posso ouvir com mais clareza minhas divagações.
            Chego a base. Vislumbro a via, anoto mentalmente os grampos que consigo enxergar, realizo uma primeira leitura da via, busco apoios, pequenas fendas, apoios mínimos que possam garantir minha ascensão. O equipamento é descarregado da mochila e visto-me com minha armadura de segurança. O guia dá início a escalada.
            Entre o guia e o participante se estabelece uma necessária e imprescindível relação de confiança, de um depende a segurança do outro e vice-versa. Aqui uma primeira lição desse esporte. Para se alcançar um objetivo mútuo devemos primeiro pensar no outro, em garantir a integridade do seu companheiro, para que em seguida ele faça o mesmo por você. No mundo de hoje muita gente pensa em subir pisando na cabeça dos companheiros, dos colegas, esquecendo-se que no caso de queda, não vai existir ninguém que a freie.
            A rocha quase nunca é fria, geralmente esta quente, como um ser vivo. E para mim ela esta viva, faz parte desse organismo maior chamado Terra. Por isso devo respeitá-la, não devo agredi-la. No primeiro contato das mãos com a pedra já sinto uma energia diferente fluir, não é nada místico, não é uma experiência religiosa, é sensorial, físico, concreto. A aspereza, a porosidade, o limo. Nos pés a sapatilha aperta, como deve ser, meus dedos e solas chapam para conseguir aderência, meu abdômen se retesa em busca de equilíbrio para o corpo. ESCALANDO. Essa é a palavra que nos conduz para cima.
            Passo a passo, uma mão após a outra. A subida deve ser cautelosa. Nesse momento todo o entorno de problemas desaparece, só consigo pensar na via, nos apoios, em retirar as costuras, em não escorregar. O ponto de parada montado pelo guia é o objetivo primário. Outra lição da rocha para a vida. Se quer chegar ao cume, ao último grampo, trace metas curtas. Uma após a outra os obstáculos vão ficando para trás. Se pensar apenas no topo, vai desprezar o caminho, vai se esquecer de ler a via e vai cair.
            A parada é um momento ímpar. De descanso, de recuperação e de apreciação da vista. Ah, a vista! Fotos podem retratar o que eu vi, mas não como eu vi ou como me emocionei. A cada parada, quanto mais alto, a vista vai se tornando mais bela, mas intangível e ao mesmo tempo mais real. É uma ambiguidade que não posso explicar, só vivenciar. É o momento de se alegrar com seu companheiro, de trocar impressões, sorrir e compartilhar a emoção. É também um recomeço para se chegar a próxima parada, a próxima meta.
            Finalmente o topo, o cume ou o último grampo. O corpo exausto, o suor lavou meu corpo, os dedos das mãos esfolados pelo carinho intenso da rocha, os dedos dos pés com bolhas, mas o sentimento de ter alcançado o fim, de ter superado seus medos mais primordiais, isso anula os efeitos físicos da escalada. Olhar de cima o mundo, não com o ar de falsa superioridade dos vaidosos, mas com o orgulho dos conquistadores.
            O verdadeiro conquistador não vence a natureza. O verdadeiro conquistador sabe que ela não pode ser vencida, ela é absoluta, não se verga a nada nem a ninguém, por isso o conquistador se reintegra a natureza, cônscio de que é parte do todo. Dessa forma, pode apreciar de maneira plena o cume, o último grampo, pode se sentir completo, vivo. Aí esta a beleza da escalada.