Data: 19/06/2021 Local: Parque Nacional da Tijuca Participantes: Leandro Carmo, Susana Selles, Gustavo
Chicayban e Clara
Curiosidades:
O pico da Tijuca está localizado na Floresta da Tijuca, que
é parte do Parque Estadual da
Tijuca. Este é o ponto mais alto do Parque, com 1.022 metros de altitude, e
o segundo ponto mais alto da cidade do Rio de Janeiro, sendo o primeiro lugar o
Pico da Pedra Branca, com seus 1.024 metros de atitude.
Inicialmente acredita-se que a primeira pessoa a abrir uma
trilha até o Pico da Tijuca foi o biólogo alemão Hermann Burmeister em
1853. Ele estava fazendo pesquisas sobre a fauna e flora em nossa Mata
Atlântica. Somente em 1885 o então administrador da floresta, o Barão
D’Escragnolle resolveu sinalizar esta trilha para auxiliar os próximos
montanhistas.
Com relação à escadaria do Pico da Tijuca, há algumas controversas
em relação a construção que leva ao cume. A versão mais aceita é que foi
realizada pelo Presidente da República Epitácio Pessoa. O presidente estava na
expectativa de facilitar a subida de um ilustre convidado. A importante visita
seria o Rei Alberto I da Bélgica, que veio visitar o local em 1920, a convite
do presidente.
Mas essa história tem um detalhe: apesar da
homenagem, o rei era um experiente montanhista e achou um absurdo fazer a
escadaria na pedra. Ele preferiu subir pela rocha e descer pelo costão, que é
uma trilha com alto nível de dificuldade.
Então naquela ocasião, a escadaria não teve muita serventia.
Depois de alcançar o topo do Pico da Tijuca e observando a paisagem ali, o rei
ficou maravilhado com a beleza do nosso Brasil. O rei ainda afirmou que a nossa
natureza é a mais bela e empolgante do mundo!
Vídeo
Relato
O dia amanheceu meio nublado. Um friozinho gostoso. Tínhamos
que chegar cedo à Praça Afonso Viseu para conseguir lugar para estacionar,
visto que durante a pandemia, estava proibida a entrada de carros no Parque
Nacional da Tijuca. Combinei de encontrar a Susana a 6:50h e de lá seguimos
para o nosso destino. Levamos cerca de 40 até lá e conseguimos uma vaga bem
localizada, sem maiores problemas. Já havia bastante gente no entorno, todos
esperando a hora de abertura do parque.
Às 8 horas, entramos e iniciamos nossa caminhada pela estradinha
que leva ao Bom Retiro, são cerca de 4,5 km até lá. A caminhada foi bem
agradável e fomos bem rápidos. Já no Bom Retiro, aproveitamos para dar uma
parada. Quem precisou, foi ao banheiro. Aproveitei para deixar os nomes junto
ao guarda. Dali em diante, iniciaríamos a trilha, propriamente dita, pois até
agora, havíamos só caminhado pela estradinha.
A trilha segue muito bem cuidada e seu início serve de acesso
para diversas outras da região. Seguimos andando num ritmo bem tranquilo. O dia
continuava bem agradável, porém com muitas nuvens. Minha preocupação agora era
já não ter vista lá de cima. Fomos subindo e em alguns trechos conseguia ver
alguma coisa bem ao fundo. Estávamos contornando o Pico da Tijuca e logo
chegamos num largo, onde a trilha se dividia: para a esquerda, seguia para o
Tijuca Mirim, par a direita, o Pico da Tijuca.
Seguimos para a direita e em pouco tempo chegávamos ao
início das escadas. Seus grandes degraus chegam a impressionar. Fomos subindo
bem devagar para apreciar a vista. As nuvens estavam bem altas e dali já tínhamos
uma visão privilegiada. Num trecho mais confortável, parei para fazer algumas
filmagens com o drone. Depois de uns 15 minutos parados, continuamos a subida e
mais alguns degraus, estávamos no cume!
Uma caminhada bem rápida, mas muito bonita. A vista era a
grande recompensa. Uma pena não estar naquele dia de céu azul... Mas isso pouco
importava. Como havíamos entrado cedo, não tinha quase ninguém lá em cima. Mas
aos poucos, foi chegando mais gente. Já era hora de ir embora! Começamos a
descida e foi muito mais rápido do que a subida. Como diz o ditado: “pra baixo
todo santo ajuda”.
Já no Bom Retiro, mais uma parada rápida, e seguimos descendo até a portaria. Tudo conforme
programado. Foram cerca de 13 km de uma caminhada muito agradável.
Local: Rio de Janeiro – Parque Nacional da Tijuca Data: 07/09/2017 Participantes: Leandro do Carmo, Ricardo Bemvindo, Daniel Carvalho, Tatiana Freitas, Marcelo Kohatsu e José Lisboa.
Relato da Trilha da Pedra da Gávea
Quando fui a primeira vez na Pedra da Gávea, havia sido para
escalar. Na ocasião, fiz a Travessia dos Olhos. Dessa vez subiria pela trilha
normal. Uns amigos do trabalho queriam fazer uma trilha, eu sugeri a Pedra da
Gávea. Apesar das dificuldades e obstáculos e de não ser nada aconselhável para
pessoas inexperientes, resolvemos encarar o desafio. A semana havia sido de
forte calor, com isso, marcamos bem cedo. Às 6 da manhã já estava passando pela
Glória. Às 7 horas, chegávamos à Barrinha, onde encontramos o último que viria
direto da Tijuca. Dali seguimos de carro até a Praça Professor Velho da Silva,
onde estacionamos o carro. Dali, seguiríamos à pé. Existia a possibilidade de
seguir subindo pela Estrada Sorimã, mas como poderia não ter mais vaga para estacionar,
achei melhor estacionar um pouco mais distante. Afinal de contas, seriam apenas
500m a mais.
Começamos a subida e logo chegamos à portaria do parque. Mas
antes de entrarmos literalmente na trilha, fizemos a tradicional foto. Dali
fomos subindo, sempre num papo bem agradável. O início é bem bacana e passamos
por vestígios de antigas construções. Mais acima, vimos a entrada para a
pequena cachoeira. Por enquanto a subida estava suave, mas veio um trecho bem
íngreme. Eu estava bem tranquilo, mas os que não estavam muito acostumados,
começaram a sentir. Apesar do calor, não estava sol. Haviam muitas nuvens, mas
por enquanto, isso não seria o problema. Passamos por vários trechos mais
técnicos até chegarmos ao local conhecido como Praça da Bandeira.
Aproveitamos para descansar e fazer um lanche, além de beber
bastante água. Ainda tínhamos um
boa subida pela frente, além do trecho mais
difícil da subida, a famosa “Carrasqueira”. Depois de recarregadas as baterias,
voltamos a caminhar. Aproveitamos para fazer uma foto num mirante bem bonito,
onde temos uma vista impressionante para o “rosto do imperador”. Ali, podemos
ver claramente o formato de rosto, parecendo ter sido esculpido. Daí, as
inúmeras teorias de que a Pedra da Gávea é a prova de que os fenícios haviam
passado por aqui há milhares de anos. Bom, a única verdade garantida, era que
tínhamos que continuar a subida. Ainda bem que haviam nuvens. Senão, já
teríamos problemas com o calor.
Como não chovia há muito tempo, estava bastante seco e o
caminho a partir dali escorregava muito. Mais um pouco de subida e chegamos à
Carrasqueira. Estava cheio. Ou melhor dizendo, extremamente cheio. Uma
confusão. Gente subindo, gente descendo, gente vendendo rapel, gente chorando,
um caos! Havia conversado com amigos que falaram: “Você é louco de ir na Pedra
da Gávea em um feriado!”. Achei que fosse exagero, mas não, eles estavam
certos. A galera ficou um pouco preocupada. Subimos até onde dava. Uma hora,
parou tudo. Ninguém mais se entendia... Uns querendo descer, outros, subir.
Como estava com uma corda, subi pelo lado e fixei-a num grampo, o que ajudou a
galera subir. Acabei deixando a corda lá para pegar na volta, assim acho que
ajudaria a diminuir a confusão.
A vista que tínhamos da Barra da Tijuca era fantástica.
Claro que paramos para uma foto! Continuamos a subida e passamos pelo portal, uma curiosa formação rochosa em uma forma perfeita de uma grande porta. O
trecho ali está bem erodido. Com cuidado vencemos mais esse obstáculo. Andamos
mais um pouco até a subida final. Subimos por um amontoado de raízes expostas,
até alcançar o cume. Fomos caminhando até o mirante voltado para a Zona Sul do
Rio. Descansamos bem. Bebemos água, lanchamos e tiramos diversas fotos. O dia
estava perfeito. O sol chegou meio tímido e foi ganhando força. A hora foi
avançando e resolvemos voltar, afinal de contas havíamos concluído apenas
metade do caminho.
Começamos a descida e os sinais de cansaço começaram a
aparecer para os que não estavam tão acostumados. Mas mesmo assim, seguimos descendo,
não tinha jeito. De volta à Carrasqueira, o que eu achava que estava ruim,
havia piorado. Muito mais gente aguardava para subir e muitas, ainda para
descer. Devagar, fui passando pelo lado e alguns desceram com o auxílio da
corda. Montei um rapel assistido para um amigo e descemos juntos até a base.
Não queríamos perder tempo. Subi novamente para retirar a minha corda e fiquei
até com pena das pessoas que estavam ali. Um cara me implorou para deixa-lo
usar a corda e descer com a namorada dele. Não tinha como recusar... Mas também
não poderia ficar ali o dia inteiro. Assim que ele chegou até embaixo, desfiz o
nó e desci.
Ainda bem que começamos bem cedo a caminhada. Quanto mais o
tempo passa, mais gente vai chegando e se aglomerando. Seguimos descendo até
chegar à portaria, onde batemos a foto do final da atividade. Todos cansados, porém felizes! Fomos direto até a padaria e fizemos um lanche reforçado. Pegamos
o carro e enfrentamos o pesado trânsito de um dia de sol no Rio de Janeiro.
Acho que demorei mais tempo para chegar em casa, do que para subir e descer.
Mas depois de um dia como esse, não havia motivo para aborrecimento.... Era só
curtir as lembranças!
Local: Rio de Janeiro
Data: 20/12/2017 Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P. Blanco, Marcos Velhinho e Alexandre Xavier
Vista da base da via
Dicas para escalar a Via K2
Uma das clássicas do Rio de Janeiro, com diversas
técnicas como fendas, diedros, agarras e aderências. É relativamente curta,
com cinco enfiadas e um visual fantástico.
A primeira enfiada segue por um grande diedro protegido por
proteções fixas. A segunda enfiada segue numa horizontal para a esquerda com
agarras. A vista nesse ponto chegar a dar calafrios. Chega a uma parada dupla,
antes do lance do “Crucifixo”, muitos param ali. Existe a opção de fazer a K3, uma variante que
segue o diedro da primeira enfiada, após a primeira dupla de grampos, graduada
em 6ºsup e protegida em móvel, com cerca de 20 metros. A terceira enfiada é bem
tranquila e segue até o platô antes do lance do “Palavrão”. Na quarta enfiada,
saímos para o lance do “Plavrão”. O lance é relativamente tranquilo, mas bem
exposto. Como não tem proteção, muitos acidentes já aconteceram no local. Uma queda, leva o guia direto à base. Após o
lance do “Palavrão”, segue-se numa diagonal para a esquerda, até entrar um
grande laca e subir num lance meio exposto até um grampo logo acima, seguindo,
novamente numa horizontal para a esquerda, até um confortável platô. A última enfiada
é uma retinha, até a esquerda da estrutura de contenção, onde pegamos um
pequena trilha até os pés do Cristo Redentor.
Levar pelo menos umas 7 a 8 costuras e peças ajudam a
diminuir a exposição em alguns lances.
Há um estacionamento lá no alto, próximo ao centro de
visitantes, mas pode acontecer de não ter mais vaga, pois é pequeno. Lembre-se
que finais de semana costuma ficar muito cheio. Depois que o acesso ao Cristo
fecha, as vans somem e fica tudo deserto. O melhor horário é na parte da tarde.
A partir das 14h já tem sombra. Evite deixar coisas de valor no carro,
principalmente se começar a escalar muito tarde e for
descer a noite.
Vídeo
Como chegar à base da via K2
Subir a Estrada das Paineiras, até o ponto onde param as
vans. Há um estacionamento no local, mas nem sempre há vaga. Dali pegar a estra
que continua subindo até o Cristo e numa curva acentuada para a direita, pegar
a trilha na margem esquerda, na cerca de cimento. Seguir contornando a parede
até a base.
Relato da escalada na Via K2
Essa foi uma via que estava há anos para eu fazer. Cheguei a
marcar diversas vezes, mas sempre acontecia alguma coisa que não podia ir. Mas
dessa vez foi diferente. Estava de férias e topando qualquer coisa. Achar
alguém para escalar no meio da semana não é uma das tarefas mais fáceis. O
Blanco havia ido lá alguns dias antes e estava na pilha de voltar para mandar a
variante K3. Quando ele fez o convite, logo topei. Se juntaram a nós o Velhinho
e o Alexandre.
No caminho...
Marcamos de nos encontrar as 13:00 lá em cima, no ponto
final das vans. O Velhinho passou na minha casa e de lá seguimos. O trânsito
estava bom e rapidamente chegamos em Laranjeiras. Eu, nem o velhinho
lembrávamos muito bem do caminho, mas fomos seguindo o aplicativo. Na subida,
já em Cosme Velho, quase fomos literalmente parados por algumas pessoas que
diziam não poder subir de carro, provavelmente querendo oferecer algum serviço
de transporte alternativo. Só não sabiam que não éramos turistas. Primeira má
impressão no, talvez, maior cartão postal do país...
Seguimos subindo até chegar à estação do trem do Corcovado.
Para quem vai de carro, é o ponto final. Entramos num estacionamento e fomos
recebidos por um guardador de carro que não era do Parque Nacional da Tijuca.
Haviam algumas pessoas estranhas no local, mas nada de mais, principalmente pra
gente que já conhece como funciona. Conversamos com ele e resolvemos deixar o
carro ali mesmo. O Blanco avisou que iria atrasar um pouco, então fomos fazer
um lanche.
Depois de um tempo, o Blanco chegou com o Alexandre e
seguimos para o início da trilha. Fomos subindo pela estrada, até que chegamos
ao ponto de uma curva bem acentuada para a direita. O início da trilha fica na
margem esquerda da estrada, numa mureta de concreto. Entramos na trilha e fomos
andando com parede do Corcovado bem a direita. A trilha foi bem tranquila e
está bem marcada. Há alguns pequenos trechos com erosão, mas nada que atrapalhe
muito.
Mais alguns minutos estávamos na base. O dia estava quente e
aberto. Mas faz sombra nessa face e a via fica totalmente sem sol. Ali na base,
nos arrumamos e dividimos a cordada. Não tínhamos costuras suficientes para
duas cordadas. Por uma falha de comunicação, não sabíamos que faríamos duas
cordadas. Dividimos o material que tínhamos e optamos por deixar as costuras
nos grampos para a segunda cordada. Assim não teríamos problemas. A vista da
base já impressionava, o prenúncio do que iria encontrar pela frente.
Primeira enfiada
Me preparei primeiro e saí para guiar a primeira enfiada,
com a segurança do Blanco. O primeiro lance segue no domínio de uma grande
laca, logo na base, costurando bem acima. Dali até o segundo grampo tem um
lance bem delicado, onde temos que usar uma fissura para colocar o pé, até
progredir e chegar ao segundo grampo. Uma queda ali, me levaria quase na base.
Passei o lance e dei uma descansada até seguir subindo. Foi o aquecimento
necessário. Ora em oposição, ora em agarras, fui subindo num bom ritmo. O
diedro é bem bonito e são poucos os pontos onde não conseguimos encaixar a mão.
Parei na primeira dupla de grampos, pois dali, o Blanco seguiria guiando na
variante K3. A vista era coisa de louco!
Como já começamos a escalar bem alto, dá a impressão que fazemos um verdadeiro
BigWall. O Alexandre veio subindo em seguida e teve um pouco de dificuldade
para passar o lance inicial. Chegaram mais duas pessoas para escalar, mas
acabaram desistindo, visto que, além do Alexandre, faltava ainda o Velhinho e o
Blanco a subirem.
Depois que o Alexandre chegou na parada. O Velhinho começou
a subir. Passou por mim e foi direto para a próxima parada dupla. Logo em
seguida, subiu o Blanco e parou onde eu estava. Agora, o Alexandre seguiu para
a parada onde o Velhinho montou a parada, logo abaixo do lance do “Crucifixo”..
Havíamos mudado de parceiros. O Blanco se preparou para guiar a variante e
separou as peças, visto que esse trecho não possui grampos, devendo ser todo
protegido em móvel. É a continuação natural do diedro inicial, um pouco mais
difícil, com crux de 6ºsup.
Blanco na variante K3
O Blanco saiu da parada e subiu bem, antes de colocar o
primeiro camalot. Tentou seguir, mas voltou
um pouco e melhorou a proteção.
Seguiu subindo, colocou mais algumas peças e voltou para a parada. Descansou um
pouco e daí, tocou direto até o grampo onde montou a parada. Era a minha vez de
subir. Como estava com corda de cima, não me preocupei muito. Tinha a chance de
arriscar mais. Segui subindo. Fui sacando as peças e progredindo lentamente.
Até passar pelo crux. É preciso esticar a mão e encaixar na fissura, num bico
quebrado. Olhando de baixo, nem parece, mas a pega é excelente. Tem que encaixar
bem a mão, senão, ela pode escapar. Colocada a mão e certificado que estava
firme, foi só correr para o abraço, ou melhor, para a parada.
Quando cheguei à parada, peguei mais algumas costuras e
continuei a escalada. Saí da parada meio estranho e dei um passo abaixo,
voltando a subir certo, pegando uma boa agarra na direita. Foi dominar e subir.
Não deixa de olhar para baixo nem um minuto. A altura impressionava cada vez
mais. A vista, fantástica como sempre, dava um choque de adrenalina que
precisava. Continuei subindo, agora em lances mais fáceis e com boas agarras,
até chegar ao platô, antes do lance do Palavrão. De lá, dei segurança para o
Blanco. O Velhinho chegou logo em seguida e o Blanco veio dando uma ajuda para
o Alexandre.
Leandro no lance do
"Palavrão"
O platô é bem confortável e nos acomodamos bem. Para o
conhecido lance do “Palavrão”, peguei algumas peças com Blanco, pois é uma
subida sem proteção fixa e uma queda ali, leva direto ao platô. Esse ponto já
fez algumas vítimas... Foram alguns tornozelos e pés quebrados e alguns resgates... Não queria
fazer parte da estatística! Segui subindo e com boas agarras. Coloquei um
camalot, não me recordo o número, e segui tranquilo. Passei o temido lance sem
dificuldades... Segui numa horizontal para a esquerda, até chegar numa grande
laca, onde coloquei mais uma peça e subi até o platô, abaixo da estrutura de
contenção. Montei a parada. O Velhinho veio guiando e em seguida o Blanco e o
Alexandre. Só depois de todos no platô que o Velhinho me disse que caíra antes
de costurar a proteção colocada no “Palavrão”. Sorte que nada aconteceu.
Dali, subi a retinha final, num lance com pequenas agarras.
Montei a parada numa árvore e esperei a galera subir. O lance final não é de
graça... Quem vai achando que já terminou a via, se engana... O dia estava
chegando ao fim e depois de todo o calor, um vento forte até ameaçou fazer um
friozinho, mas ficou só na ameaça. Depois de todos na parada, seguimos subindo
até o Cristo Redentor, que ainda não estava iluminado. É uma trilha curta que
chega, literalmente aos seus pés. O local estava completamente vazio, salvo por
algumas pessoas que estavam fazendo uma filmagem no local com um drone. O
horário de visitação já havia acabado.
Chegada ao Cristo Redentor
Nunca havia ido ao Cristo. A vista é realmente fantástica.
Impossível não se encantar com a Cidade Maravilhosa... Apesar de todos os
problemas, olhando lá de cima parecia que estávamos num paraíso. Fomos
apressados a descer pelo responsável do local. Descemos ainda equipados até o
ponto onde param as vans. Achávamos que ganharíamos uma carona, mas ficamos na
saudade. Assim que cruzamos o portão, paramos para nos desequipar e arrumar as
mochilas. Descemos a estrada até pegarmos a linha do trem e descer reto até a
estação, onde o carro estava estacionado. Daí, foi enfrentar o crux da
escalada: o trânsito de volta para Niterói! Mas depois desse dia, nada podia
mudar o meu humor. Missão cumprida!!!
Escalada na Pedra da Gávea - Via Travessia dos Olhos
Local: Pedra da Gávea Data: 29/09/2012 Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém, Ary Carlos, Bruno Silva e Vitor Pimenta
Dicas: Caminhada forte até a base. No verão o sol é forte durante todo o dia, no inverno, o frio e o vento podem atrapalhar. Estejam preparados. Lances de cabo de aço. Por ser a maior parte em horizontal, a sensação de guiar é a mesma para o guia e participante. Não esqueçam a máquina fotográfica, a vista é fantástica!!!
Um pouco de história
Uma vista espetacular em uma escalada na mais enigmática montanha do Brasil, a Pedra da Gávea! Com seus 842 metros, ela é o maior bloco de pedra a beira mar do planeta. É um dos pontos extremos do Parque Nacional da Tijuca.
O que não falta à Pedra da Gávea são lendas e mistérios. A começar pela sua estranha forma e seu rosto enigmático. Existem histórias para todos os gostos; portal para outra dimensão, base de discos voadores, esfinge Fenícia, túmulo de reis. Algumas partes realmente despertam mais perguntas do que respostas. No topo, existem algumas formas que dizem serem inscrições fenícias. O livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica (1920), de Bernardo Ramos, apresenta a tradução das inscrições, que seria: "Tyro Fenícia Badezir, primogênito de Jethbaal". O filho do rei Jethbaal teria sido enterrado em algum ponto da Pedra da Gávea, mas seu túmulo nunca foi encontrado.
Além da forma do rosto da esfinge e o portal, este no lado que dá para a barra, também existem sítios arqueológicos, como caminhos de pedras e senzalas do tempo colonial, isso no início da trilha.
"Reinaldo Behnken, na década de 40, traçou um objetivo: “atravessar a mítica Cabeça do Imperador numa horizontal, passando pelos seus olhos". O olho esquerdo foi atingido às 14h15min do dia seis de maio de 1945, como marcam os registros do CERJ (Centro Excursionista Rio de Janeiro) , já deixando o primeiro prego, como eles diziam, para seguir em direção ao outro olho, logo concluída.
Posteriormente, na década de 60, o CER (Centro Excursionista Ramos), conquistou a "Passagem CER", toda em cabos de aço, atingindo a orelha e chegando até o cume.Hoje, esta passagem é chamada de Travessia dos Olhos, uma horizontal em III grau e crux em 4º.
Mas deixarei a história um pouco de lado, para contar como foi essa aventura!
A escalada
Há um bom tempo que queria fazer esta via. Não foi nada difícil arrumar companhia. Depois de já termos adiado a escalada por conta do tempo, enfim, tínhamos certeza que dessa vez sairia. Monitoramos o tempo durante a semana e marcamos eu, Guilherme, Ary, Bruno e Vitor, às 07 da manhã, lá na entrada da trilha. Já na chegada, o Vitor nos apresentou o novo capacete... Não sabia se o cara iria escalar ou fazer a manutenção da trilha...rs
Tudo bem, pelo menos teríamos assunto para a trilha que não é nada curta. Fomos subindo pelo caminho de pedra e passamos por algumas ruínas e tocamos para cima. A subida é bem exigente, ainda mais com o peso das mochilas. A trilha é bem íngreme e passamos vários locais bonitos como: a Pedra do Navio, um excelente mirante; a Geladeira, onde pudemos nos refrescar com a água gelada. Levamos mais ou menos e uma hora até o local conhecido como Praça da Bandeira. Paramos para um pequeno descanso. O corpo foi esfriando e o frio aumentando, apesar da camisa suada. Saquei o anorak da mochila e o coloquei.
Recomeçamos a subida e paramos já na base, antes um pouco do ponto chamado de “carrasqueira”, um trepa pedra que assusta os inexperientes. Já na base, o vento aumentava a sensação térmica. Estava tudo encoberto pelas nuvens. Não conseguíamos nem ver a pedra. Por vezes, as nuvens se dissipavam, mas era tão rápido que nem dava tempo de sacar a máquina! Aí a primeira dúvida: será que conseguiríamos subir? Fazer essa via encoberta e perder a melhor parte... Vale a pena? E o frio? Então aguardamos um pouco até que as condições melhorassem.
Passados alguns minutos, vimos que o tempo afirmou um pouco. O Bruno e o Vítor já se arrumavam, enquanto eu e o Ary estávamos mais embaixo conversando sobre o que faríamos. O Ary só não havia trazido anorak, nem casaco. Com o vento forte, poderia ser que abortássemos a escalada. Não gostaríamos de ver ninguém com hiportemia!!! Conversei com o Guilherme e decidimos subir.
Nos arrumamos na base e o Guilherme guiou a primeira enfiada, a única vertical da via. Essa sem problemas. Com o crux quase chegando à base, numa fenda a esquerda. A primeira parada é bem confortável, em cima de um grande platô. O Ary subiu também sem problemas. Nessa hora, tomei um susto! Um barulho... Quando olhei para o alto, vi um cara fazendo “base jump”... Isso sim é coragem! Só vi a hora que o paraquedas armou.
A segunda enfiada começa com uma trilha bem pequena e uma descida até o primeiro grampo, onde começamos efetivamente a horizontal. O Guilherme foi guiando, mas em horizontal não tem muito essa de guia... Na verdade todo mundo guia, inclusive o participante. Pois numa eventual queda, todos pendulam!!! Só que o guia vai pendular para trás e participante, para frente. A sensação é a mesma.
Na segunda enfiada, o lance mais difícil é numa barriga. Nos outros lances, as agarras são grandes e há bons apoios para os pés. Na segunda parada o frio estava maior. O vento nem se fala. O Ary deveria estar sofrendo!!! O Guilherme saiu em direção à terceira parada, no olho esquerdo (direito de quem olha). Enquanto ele escalava, combinava com o Ary que quando eu chegasse na terceira parada, mandaria o Guilherme seguir direto à quarta, para que ele ficasse menos tempo exposto ao frio. Naquele ponto, ainda dava para rapelar... Mas dali para frente, não seria possível. Porém, o tempo abriu um pouco, e resolvemos continuar.
Na terceira enfiada, mais um lance difícil. Ameaçou uma câimbra na perna esquerda, mas dei uma balançadinha e ficou tudo tranqüilo. A mão gelada estava começando a doer. Passei por uma laca grande, dei uma batida e estava oca. Segui por ali mesmo. Pelo rádio, o Guilherme mandou adiantar. Onde ele estava era o crux do vento! O vento estava cada vez mais forte. Cheguei à terceira parada, já no olho esquerdo (direito para quem olha de baixo), e falei com o Guilherme para continuar, mas não tinha costura suficiente. Não tinha jeito, o Ary teria que vir e passar um pouco mais de frio.
O Ary chegou rápido e assim que se prendeu, o Guilherme saiu para a quarta enfiada. O Bruno e o Vítor já estavam bem a frente. Guilherme sempre encontrava com eles, pois quando ele chegava, o Vítor saía. Comecei a escalar e já estava bem próximo da parada quando começou uma câimbra forte na batata da perda esquerda. Não podia demorar muito, pois o Ary deveria estar num perrengue maior! Respirei fundo e toquei para cima até a parada. Nem acreditei quando cheguei lá. Parecia uma parada cinco estrelas!Um buraco abrigado do vento. Entrei rapidamente para aquecer. O Ary veio logo depois, na coragem! O Bruno já estava chegando ao final, na orelha direita. O Vitor já estava nos cabos dando segurança.
Estava muito agradável. Não batia sol, mas não ventava e isso já era o suficiente. Ali cabem umas quatro pessoas bem acomodadas num pernoite. Batemos algumas fotos e vi que os cabos de aço começavam ali. Era mais uma enfiada e pronto. Cabos de aço... Agora é mole! Pensei.
Alguns minutos depois do Vitor saiu da parada nos cabos, o Guilherme fez o pequeno rapel e começou a escalar. Foi indo bem. E depois de algum tempo perdi o contato mesmo com rádio. Acho que foi pelo forte vento. O tempo foi passando. Por vezes conseguíamos sinal com o rádio, pedia para ele puxar a corda e nada. A corda só poderia estar presa em algum lugar. Resolvi escalar e verificar o que estava acontecendo. O Ary travou a corda do Guilherme e começou a me dar segurança.
Esses lances do cabo são meio chatos. As emendas dele não são tão boas e está muito enferrujado. Passei por onde a corda estava presa, ela passou por baixo de um grampo e com o arrasto de uma aresta, não corria de maneira nenhuma. Já depois da aresta, vi o Guilherme, já na orelha direita. Fiquei mais tranqüilo. Eu achava que o vento estava forte... Engano meu! Ele estava forte pra caralho!!! O frio triplicou!
Resolvi parar ali na aresta, apesar do frio, queria evitar que a corada se prendesse novamente. Pedi para o Ary liberar a corda do Guilherme e começar a escalar. Onde eu estava, o frio era tanto que minha mão começou a ficar dura e meus pés começaram a doer. O Ary apareceu e assim que ele se prendeu, comecei a escalar. Subi o final dos cabos igual a um foguete. rs !!! Mais acima, fiz segurança de corpo e mandei o Ary subir. O dedão do pé ficou dormente e demorou uns 30 minutos para voltar ao normal... Foi um perrengue. Pensei que fosse moleza... Mas nem sempre o que parece ser fácil, será fácil... Porém, fomos recompensados pela excelente vista!
Aí, foram mais uma hora de descida até o carro. Sem dúvida uma grande aventura.
Vista da base, nos poucos momentos de céu aberto
Barra da Tijuca
Céu encoberto
Vítor iniciando os cabos
Ary chegando ao olho direito
Ary e Guilherme no olho direito
Placa de Homenagem
Analisando a próxima enfiada
Pedra Bonita
Guilherme nos cabos
Placa de homenagem a conquista
Na gruta, perto da orelha direita
Vitor apreciando a vista
Leandro na pose para foto
Barra da Tijuca
Leandro, Guilherme, Vitor, Bruno, Ary e o Imperador