quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Serra Fina, a difícil decisão de voltar!

Por Leandro do Carmo

Serra Fina, a difícil decisão de voltar!

Local: Serra Fina
Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P Blanco, Vander Silva, Marcelo Correia, Guilherme Gregory, Rafael Faria e Gleisson Santos.

Serra Fina
Depois de dois anos retornaria à Serra Fina. Muitos consideram como a mais difícil do Brasil. Mas convenhamos que isso faz mais parte do folclore do que da realidade. Não estou querendo dizer que é fácil, mas também dizer que é a mais difícil... Para alguém afirmar isso, deve, pelo menos, ter feito todas as travessias possíveis... Não há parâmetro.

Com perfil altimétrico forte, pouca água, lugares inóspitos, apesar de já pegar celular em diversos pontos, passar boa parte do percurso acima dos 2.000 m, opção de acampar na Pedra da Mina, 4º ponto mais alto do Brasil, com 2.798 m, todos esses fatores dão um charme especial à travessia. Bom, mas vamos ao que interessa, afinal de contas, não adianta falar muito sobre ela se tivemos que abortar...

Havia feito a travessia em 4 dias, mas dessa vez o desafio seria completar em 3 dias. Mas para isso tínhamos que mudar um pouco o planejamento, optamos por fazer o primeiro pernoite na base da Pedra da Mina e o segundo pernoite, na base dos Três Estados. Isso impediria que acampássemos nos cumes, mas pelo menos dividiríamos melhor o percurso. Outra coisa que alteramos no nosso planejamento, foi ao invés de ir para Passa Quatro e, ao final, contratar o resgate e retornar, optamos por deixar o carro no Abrigo Picus e contratar o transfer até o início da travessia, assim terminaríamos junto ao abrigo.

Com o planejamento feito, fomos monitorando as condições do tempo. Foram, praticamente, duas semanas de tempo ótimo. Nada de chuva ou nuvens. Mas a medida que ia se aproximando da data, foi dando alguns sinais de piora. A previsão era de uma passagem rápida de uma frente fria, ocasionando ventos e chuvas isoladas.  A princípio nada que assustasse. Mas uma coisa me deixou preocupado. Apesar de prever tempo bom, os sites mostram a previsão para as cidades. Lá no alto, as condições são bem diferentes.

Nossa programação era sair na quinta feira, às 20:00h. Marcamos de nos encontrar na sede do Clube Niteroiense de Montanhismo.  Já chegando em casa, a Thaiana, do Abrigo Picus, me passou uma mensagem avisando que havia chovido na região. Recado dado...  Durante o dia, como a previsão havia informado, ventou bastante e o tempo virou. Avisei a galera do recado que havia recebido e falei que estava inclinado a desistir. Resolvemos decidir todos juntos.

Com todos na sede do clube, foi hora de avaliar o que tínhamos: previsão razoável para os próximos dias com baixa probabilidade de chuva; apesar da rápida chuva, o tempo estava aberto na região de Itatiaia; tempo fechado em Niterói; além disso, tínhamos a opinião da Thaiana, que conhece bem a região. Apesar de tudo, após muita conversa, resolvemos manter a programação. Seguimos para a Serra Fina.

Assim que saímos de Niterói, pegamos uma chuva. Mas o irmão do Marcelo, que estava em Itatiaia, avisou que o tempo estava firme e aberto. Então, tínhamos certeza do acerto da decisão. Seguimos direto até o Graal de Itatiaia, onde fizemos uma rápida parada. Dali fomos direto para o Abrigo Picus, onde fomos muito bem recebidos pelo Felipe. Jantamos uma excelente comida e seguimos direto para o início da trilha. A cochilada nas quase 2 horas até o caminho para a Toca do Lobo foi importante, afinal de contas, iríamos começar a caminhar “virados”.

A noite estava fria. O céu aberto e com bastante estrelas. Dois amigos meus haviam feito a travessia na semana anterior, a Li-Chang e o Roberto Mohamed, e eu só pensava nas a belas fotos que eles haviam postado. Iniciamos a caminhada às 5h da manhã. Ainda estava escuro, quando iniciamos o caminho até a Toca do Lobo, uns 1.200 m de caminhada. Ali, alguns pegaram água, outros deixaram para o Quartzito. Como já estava com uma garrafinha, deixei para pegar mais acima. Atravessamos o rio e, enfim, iniciamos a verdadeira caminhada.

Nessa primeira parte do dia, seria uma subida forte ou melhor: só subida forte! Até o cume do Capim Amarelo, teríamos um desnível de aproximadamente 1.000 metros. Fomos subindo e a medida que ganhávamos altitude, podíamos ver as luzes das cidades ao fundo. Porém, quando olhávamos para cima, em direção ao cume, percebíamos que estava fechado. Mas continuamos. Aos poucos foi clareando e dei uma parada no Quartzito para abastecer meus cantis. Dessa vez não precisaria de tanta água, pois nosso objetivo era acampar no próximo ponto de água, na base da Pera da Mina.

Com o tempo claro, já tinha certeza que o tempo estaria bem fechado, mas não tinha noção do que nos esperava. Passamos por duas barracas onde um cara falou que no dia anterior, havia pego um vento fortíssimo, por volta do meio dia, que os fizeram desistir. Esse mesmo vento chegou ao centro do Rio, por volta das 15h. As condições nesse ponto já não eram as melhores, mas como estava cedo, achamos que poderia melhorar e seguimos subindo.

Serra Fina
Fomos ganhando altitude e o tempo fechou de vez. Já não tínhamos visual. As nuvens estavam concentradas na região do maciço e a intensidade do vento foi aumentando.  Estávamos num bom ritmo. Até que começou a chover.  Uma chuva fina que por vezes aumentava. Como estávamos caminhando na linha de cumeada e só que foi sabe como é estreita, o vento vinha subindo pela escarpa da montanha, fazendo com que chuva literalmente “caía” de baixo para cima! O vento forte e a chuva potencializavam o frio e isso foi minando as minhas esperanças de concluir a travessia.

Como já havia feito, sabia do trecho bem escorregadio que havia acima, onde tem vários lances com corda fixa. Além disso, fica muita lama e com a chuva o perigo aumentaria. A subida foi dura. Minha mão já doía com o frio. Num dos pontos de acampamento, avisei que se não melhorasse, seria melhor desistirmos. Optamos por chegar ao cume do Capim Amarelo e de lá, avaliarmos. Mais acima chegaríamos no trecho mais forte do dia. Continuamos a subida e começamos a passar por trechos bem escorregadios.  A lama preta, característica daquele local, tornava a subida perigosa. Havia algumas cordas fixas. Algumas com degraus. Assim, subimos com atenção redobrada.

Serra FinaComo tínhamos que usar bastante as mãos, minha luva ficou encharcada e com isso o frio foi aumentando. Fui perdendo a sensibilidade nas mãos. Minha mão doía quando precisava segurar a corda para subir. Acelerei para tentar esquentar um pouco, mas o terreno íngreme e a mochila pesada me fazia diminuir o ritmo. Sem olhar muito pra cima, avançávamos lentamente.

Depois de muito penar nesse trecho, chegávamos ao cume do Capim Amarelo. Ao contrário da última vez que estive lá, dessa vez não havia ninguém no cume. O que não faltava era espaço. A chuva fina deu uma trégua, mas o vento ainda estava forte. Procuramos um lugar mais abrigado do vento. Minha mão estava dormente e não conseguia abrir o engate da mochila. Foi preciso pedir ajuda ao Vander para conseguir tirar a mochila. Tirei a luva molhada e comecei a aquecer as mãos. Aos poucos, a dor foi diminuindo e já conseguia manusear as coisas. Aproveitei para preparar um café e fazer um lanche.

Nos reunimos e foi e hora de decidir se continuávamos ou não. A decisão foi unânime. Devido as condições, era hora de voltar. É duro desistir, mas como sempre digo: a montanha sempre estará lá! Haveria possibilidade de voltar quando quisermos...  E começamos a descida... Passamos por aquele trecho delicado das cordas e descemos num ritmo bom. Já sem luva, minha mão não doía. Foi ficando mais fácil. Abaixo da linha das nuvens podíamos ver alguma coisa. Até dava a impressão de que o tempo estava melhorando, mas era só olhar para cima que tínhamos a certeza de nada havia mudado. Ao fundo, dava para ver uma forte chuva se aproximando, mas ela ainda estava longe.

Serra FinaEnfim havíamos chegado de volta à Toca do Lobo. Colocamos as mochilas no chão e descansamos um pouco. Agora teríamos a missão de conseguir voltar para o Abrigo Picus, afinal de contas, nossa logística era ter completado a travessia. Não tínhamos contato para voltar. Caminhamos até o Abrigo Serra Fina e tentamos um carro para nos levar, pelo menos até a rodoviária de Passa Quatro. Mas o que conseguimos foi um telefone de um cara que tem uma Kombi em Passa Quatro. Ligamos para ele, mas estava ocupado e passou o contato de um amigo. Conversando, ele até sabia em qual curva estávamos, pois era o único lugar onde pegava sinal de celular.

Serra Fina
Esperamos por mais um tempo. Preparei um café e fizemos um lanche rápido até que a Kombi chegou para nos levar de volta ao Abrigos Picus. O tempo estava aberto, mas no alto da serra, havia uma concentração de nuvens pesadas, daquelas com sinal de temporal. Aquelas nuvens diminuíram a minha sensação de derrota... Mas fui entendo que não havia sido derrotado. Ou melhor, não existe competição na montanha. Apenas adiamos nossa missão. Descer, foi mais a escolha mais prudente. A melhor escolha. Não se pode ir contra a força da natureza. Poderemos voltar em outra oportunidade, afinal de contas, a montanha sempre estará lá!


Serra Fina
Preparando um lanche no cume do Capim Amarelo

Serra Fina
Tempo bastante fechado

Na hora do resgate

Serra Fina
Na esperança do tempo melhorar

Serra Fina
O tempo ainda estava bom

Serra Fina
Rafael Faria

Serra Fina
Descansando...

Serra Fina
Voltando...

Serra Fina
Na Toca do Lobo

Serra Fina
Lanchando à beira da estrada

Serra Fina
Na hora da descida

Serra Fina
Descendo...

Serra Fina
Tempo ruim, mas nada de mau humor!

Serra Fina
Torcendo para melhorar

Marcelo Correia e Leandro do Carmo

Serra Fina

Serra Fina
Na crista, já voltado...

Serra Fina

Serra Fina
Chegada ao cume do Capim Amarelo

Serra Fina
Na Toca do Lobo

Serra Fina
Marcelo Correia e Blanco P. Blanco

Serra Fina
Pausa para o lanche

Serra Fina
Gleisson Santos

Serra Fina
Vista geral com as pesadas nuvens acima

domingo, 19 de novembro de 2017

Vídeo do VIII° Encontro dos Amigos da Canoagem - ACAI

Por Leandro do Carmo

Esse é o vídeo do VIII° Encontro do Amigos da Canoagem de Itaocara, promovido pela ACAI - Associação de Canoagem de Itaocara. É o segundo ano que participo. Um evento muito bem organizado num dos trechos mais belos do Paraíba do Sul. Confira...

Pedra do Papudo e Morro da Cruz

Por Leandro do Carmo

Pedra do Papudo e Morro da Cruz

Abertura da Temporada de Montanhismo
Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Para a ATM desse ano, havia me programado para fazer a Travessia da Neblina. Já havia marcado algumas vezes e sempre o tempo pregava uma peça. E dessa vez não foi diferente... Desmarquei novamente a Travessia da Neblina. Como iria estar no Parque para a Abertura da Temporada de Montanhismo, escolhi um cume na qual ainda não havia feito e que, mesmo sob chuva, daria para fazer. A pedida do dia seria o Papudo.

O Papudo é uma das mais lindas montanhas de toda Serra dos Órgãos possuindo uma incrível crista de amontoadas pedras pontiagudas parecendo uma coroa. Com seus 2.218 metros de altitude o Papudo, localizado na bem divisa dos municípios de Teresópolis e Petrópolis, é a sexta montanha mais alta de todo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Por estar inclinado praticamente debruçado encima da cidade de Teresópolis, muita gente a confunde com a Pedra do Sino, por que aparenta ser a mais alta quando vista do centro da cidade.

Chegamos cedo ao Parque e cada grupo foi indo para seu destino. Seguimos subindo pela molhada trilha do Sino. No caminho, fomos passando por vários grupos. O tempo estava fechado, mas sem chuva. O PARNASO é um parque fantástico. Mesmo com tempo ruim, ele estava belo. A neblina entre as árvores, contrastando com a claridade que passavam entre as folhas da densa floresta, davam um toque especial ao dia.

O dia anterior havia sido de forte chuva. Havia um grupo do CNM na Pedra do Sino. Não via a hora de encontrar com eles para saber como havia sido a subida. Passamos pelo local do antigo Abrigo 1, Cachoeira Véu da Noiva, local do antigo Abrigo 2, Cachoeira do Papel, local do antigo Abrigo 3, até que chegamos à Cota 2000. Lá fiquei esperando a galera chegar. Já estávamos próximo à entrada da trilha. Assim que todos chegaram, seguimos para o nosso destino. Dali até a entrada da trilha, são uns 10 minutos. Mas antes, parei para pegar um pouco de água.

A entrada da trilha fica a direita, pode estar meio escondida, se estiver com baixa frequência, mas vc vai perceber nitidamente o caminho batido. O caminho a partir daí, muda completamente. Se antes você estava acostumado com a larga e suave trilha do Sino, agora terá que suar em alguns trechos. Fui subindo. O caminho estava bem escorregadio. Pensei na volta... Mas pra que sofrer por antecedência? Continuei a subida e ela foi ficando cada vez mais íngreme até termos que fazer uns lances segurando em algumas raízes. Era um bom trepa mato misturado com pedra...

Após esse lance, chegamos a um falso cume, isso porque não enxergávamos dois metros à frente... Dava a impressão que tínhamos chegado, mas havia um pouco mais. Continuamos subindo e logo passamos por algumas grutas, até que estávamos no nosso destino. O dia continuava totalmente encoberto. Não dava para ver absolutamente nada. Para completar, o local era bem exposto ao vento. Coloquei o anorak e procure um local menos exposto. Aproveitei para fazer um café. Ficamos batendo um papo e fui dar uma explorada pelo local. Mas como não conseguia enxergar nada, não tinha muita referência. Dali onde estávamos, podíamos ouvir algumas pessoas passando pelo trecho final, antes da chegada ao Abrigo 4.

Após um tempo ali em cima, resolvemos descer. O caminho para baixo não seria dos mais fáceis, apesar de toda ajuda da gravidade... Num terreno íngreme e escorregadio, parece ser até mais difícil descer. E foi assim até o final. Com alguns escorregões e muitas risadas, todos chegaram ao final. De volta à Cota 2000, o tempo dava sinais de melhoras e resolvemos ir até o Morro da Cruz. Era nossa única oportunidade de ver alguma coisa. Descemos o trecho inicial do Caminho das Orquídeas e na primeira bifurcação, pegamos a da esquerda, pois a da direita, segue para o Mirante do Inferno.

Mais alguns minutos e estávamos no cume da Pedra da Cruz com um visual bem diferente de onde estávamos... A vista para parte da cidade de Teresópolis estava boa e a imponente Agulha do Diabo roubava a cena. O sol apareceu durante pouco tempo, o suficiente para dar uma aquecida. As nuvens iam e vinham ao sabor do vento, formando um impressionante ballet. Após um lanche, foi hora de descer.

Na descida, optamos por seguir pelo caminho do Paredão Paraguaio, cortando um pedaço do caminho. Dali em diante, foi descer e descer... Aproveitei para tomar um banho na área de camping do parque, o que deu um gás para curtir a parte final do evento. Um grande dia.


Missão cumprida e até a próxima.
















terça-feira, 24 de outubro de 2017

Grande abraço para salvar a Laguna de Itaipu!

SOS LAGOA E PARQUE: Em Defesa do Patrimônio Ambiental, Cultural, Social e Cênico de Itaipu e seu entorno no Plano Diretor de Niterói – RJ

Por proposição da Prefeitura Municipal de Niterói, o atual Projeto de Lei do Plano Diretor, em trâmite na Câmara de Vereadores, NÃO considera no seu Mapa extensa área do entorno da Lagoa de Itaipu e de sua Frente Marítima; NÃO contempla os Sítios Arqueológicos da Duna Grande, Duna Pequena e Sambaqui Camboinhas; bem como o secular Cemitério São Lázaro; NÃO delimita as Áreas de Proteção Cultural, Social e Turística de Itaipu e NÃO preserva o atual padrão de construção do bairro. 

Sabemos que a Transoceância reacendeu a voracidade da especulação imobiliária, que insiste em querer ocupar as áreas alagadas do entorno da lagoa de Itaipu e toda sua frente marítima. O projeto mais evidente é o que planeja a construção de 210 prédios em suas margens. Já vimos esse filme, em 1979 quando a empresa Veplan ocupou a área, destruiu Sambaquis de 8 mil anos, abriu o Canal e fez diminuir o espelho d`água em cerca de 50? (por cento), aterrando áreas de brejo e desabrigando dezenas de pescadores tradicionais que viviam em suas margens.

Razão pelo qual os movimentos ambientalistas, comunitários, culturais e esportivos da região, juntamente com os moradores indignados com esse vergonhoso projeto; se unem para PETICIONAR à Prefeitura de Niterói e à Câmara de Vereadores a DEMARCAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL, CULTURAL, SOCIAL E CÊNICO DA REGIÃO DE ITAIPU E SEU ENTORNO NO PROJETO DE LEI DO PLANO DIRETOR que entrará em primeira votação no dia 26 de Outubro.

Um grande ABRAÇO À LAGOA DE ITAIPU foi realizado no DOMINGO DIA 22 DE OUTUBRO. e reuniu cerca de 1000 pessoas. Um grande sucesso! Seguem as belas imagens!



terça-feira, 10 de outubro de 2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Guia de Trilhas na Bienal do Livro!

Por Leandro do Carmo

Olá Pessoal, no dia 09/09, estarei na Bienal do Livro apresentando o Guia de Trilhas de Niterói e Maricá. Somente entre 12 e 13h. Conto com sua presença!!!!!!!


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Serra do Cipó - Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves



Serra do Cipó
Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves
3 dias, 2 noites e 45 km de pura aventura

14, 15, 16 e 17/06/2017

Participantes: Leonardo Carmo & Carina Melazzi


O Parque Nacional da Serra do Cipó está situado na área central do Estado de Minas Gerais, entre as coordenadas 19º 12` e 19º 34` latitude Sul e 43º 27` e 43º 38` longitude Oeste, na parte Sul da Cadeia do Espinhaço.

A área total do PARNA Serra do Cipó é de aproximadamente 34.000 hectares. O acesso pode ser realizado pelas rodovias MG-10 e MG-424. A rodovia MG-10 está asfaltada até o km 100. A entrada para a sede do Parque Nacional da Serra do Cipó é feita no Km 94 da rodovia MG-10.

Planejamento:

A organização da viagem começou com aproximadamente um mês de antecedência. Foi necessário entrar em contato com a administração do parque para fazer a reserva e receber o tracklog, pois o trecho que iríamos percorrer ainda era um projeto em andamento, ou seja, uma trilha inacabada com marcações limitadas. Precisamos enviar também o termo de responsabilidade para liberarem a nossa entrada no parque.

Em relação à logística da travessia, fechamos o transfer do carro com o Chiquinho, da Pousada Serra dos Alves. Optamos pelo transfer em nosso próprio carro, o que custou R$ 200. Teríamos a opção de irmos com o carro dele, mas custaria R$ 400.

Da Serra dos Alves até Alto Palácio são aproximadamente 188 km, sendo que 20 km em estrada de terra. Em condições normais, esse trajeto é feito entre 2h/2h30, mas por conta do trânsito caótico de BH e da entrada que dá acesso à Serra do Cipó, demoramos o dobro do tempo previsto.

Sobre a hospedagem, optamos por ter um pouco mais de conforto após o término da travessia. Depois de várias tentativas, conseguimos uma vaga na Casa de Cultura, na Serra dos Alves. Foi difícil encontrar vaga nas pousadas, pois teria festa junina no vilarejo.

1º dia – Alto Palácio x Casa de Tábuas (16 km)

Como entramos na triha atrasados devido aos imprevistos, precisaríamos percorrer os 16 km em apenas 4 horas para chegarmos ao primeiro ponto de acampamento ainda com luz do sol. Em condições normais, isso seria fácil. Com cargueiras pesando mais de 20 kg, fica difícil rsrs.

O início da trilha é bem marcado e bem óbvio até a parte das pinturas rupestres. Logo em seguida, vem o trecho do Travessão. A partir desse ponto, o bicho começou a pegar. Não conseguimos encontrar o local certo para passar e para não perder tempo, resolvemos descer reto passando por um trecho superexposto. Depois de vencermos a descida, atravessamos o rio e subimos por uma encosta íngreme com pedras soltas até entrarmos na trilha novamente.

Até então, estávamos navegando com o auxílio de um mapa impresso. Quando começou a escurecer, resolvemos usar o GPS do celular.

Andar à noite foi complicado. Justamente quando escureceu, pegamos um trecho bem complicado onde não tinha trilha definida e raríssimas marcações. Depois de andarmos um bom tempo no escuro e com campo de visão reduzido, o GPS do celular nos abandonou e não tínhamos a menor condição de continuar. Em meio à situação crítica, resolvemos acampar antes do primeiro ponto.

2º dia – Meio do nada x Casa de Tábuas x Casa dos Currais (11 km)

Acordamos bem cedo na expectativa de visualizarmos a trilha, mas o intenso nevoeiro nos surpreendeu. Começamos então a explorar um pouco a área até que encontramos um rastro. Ligamos o GPS do celular e assustadoramente ele indicou que estávamos na trilha... e nela seguimos.

Tudo parecia ir bem até que o rastro desapareceu e o GPS resolveu nos abandonar mais uma vez. Um pouco antes disso acontecer, a gente já estava achando estranho, pois não havia marcação no caminho. Depois de andarmos vários quilômetros, decidimos voltar para onde havíamos acampado e explorar o outro lado.

Por sorte ou coisas do destino, encontramos com um ser solitário e igualmente “perdido” que surgiu em nosso caminho. Ele estava vindo do lugar para onde queríamos ir, e a gente estava voltando da trilha que ele queria seguir. Paramos por alguns minutos, trocamos informações e cada um seguiu seu rumo.

Seguimos confiantes até que achamos algumas estacas amarelas marcando o caminho. Mais adiante, as marcações desapareceram novamente, juntamente com o rastro. Do nada, novamente por sorte ou coisas do destino, começamos a ouvir assovios. Prontamente respondemos e assim estabelecemos uma comunicação. Era um grupo de MG, Sabará, que estava esperando um casal de amigos que, assim como a gente, tinha entrado na trilha com atraso.

Dali partimos e pegamos uma carona num verdadeiro GPS que eles estavam utilizando. Mais na frente, encontramos outro grupo, também de MG, e resolvemos seguir com eles. Esse grupo também usava GPS de verdade.

Nesse segundo trecho é praticamente impossível navegar sem GPS. O curioso é que a maioria das marcações estavam em pontos óbvios.

Rumamos então para o nosso segundo ponto de acampamento: Casa dos Currais.

Por volta das 15h chegamos à Casa dos Currais. A estrutura é bem melhor do que a da Casa de Tábuas. Esse ponto é base dos guarda-parques. É possível tomar banho quente esquentando a água no fogão à lenha improvisado. Outra opção é tomar banho gelado no rio que passa pertinho da casa.

3º dia – Casa dos Currais x Serra dos Alves (8 km)

Esse terceiro trecho também é praticamente impossível fazer sem GPS. Não vimos nenhuma marcação e raramente a trilha seguia uma linha óbvia. Após percorremos a metade do último trecho, chegamos à pousada da Lucy. A pousada está desativada e a área agora pertence ao parque. Ali paramos para almoçar. Nesse ponto existe um cânion espetacular. Mais para o final da trilha, passamos por outra casa que também foi desapropriada e uns 500 m depois paramos para tomar um gostoso e merecido banho de rio. Dali pra frente foi só mirar o vilarejo, atravessar um rio, subir um morro e pronto rsrsrs.

A missão estava concluída.

Curtimos a festa junina local para dar aquela relaxada. Afinal, no outro dia teríamos que pegar a estrada de volta pra casa.

PS.: Não sabemos se o projeto da travessia evoluiu desde junho, por isso, quem quiser se aventurar por lá, mas sem passar muitos perrengues, vale a pena dar uma pesquisada e, com certeza, levar um GPS.

Contato do parque: http://www.icmbio.gov.br/parnaserradocipo/

Contato do Chiquinho: http://pousadaportaldaserra.com/

Contato da Casa de Cultura: https://www.facebook.com/casadeculturaserradosalves/

Mapa para chegar à Serra dos Alves:


Até a próxima...