Por Leandro do Carmo
Cânion da Bandeirinhas, Cachoeira da Farofa e Encontro dos
Rios
Dia: 27/03/2023
Local: Serra do Cipó
Participantes: Leandro do Carmo e Ricardo Bemvindo
Relato
Depois de chegarmos da travessia Lapinha x Tabuleiro,
paramos na Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho que fica na borda da
Serra do Cipó, região sul da Serra do Espinhaço. Aproveitamos para descansar um
pouco e ver o que podíamos fazer no dia seguinte. Há muitas opções pela região.
A Serra do Cipó é um dos grandes locais de escalada esportiva, mas como não
havia levado equipamento, estava fora de cogitação. Optamos por visitar algumas
cachoeiras dentro do Parque Nacional. No dia 27, terça feita, acordamos cedo e
fomos até uma loja que aluga bicicletas. Nossa ideia era chegar até o parque e
pedalar por lá, visto que a distância entre os atrativos é grande.
Alugamos as bicicletas na Casa dos Ciclistas, por sinal
excelentes, e seguimos até a portaria do parque. Foram cerca de 4 km de estrada
de chão. A sorte foi que quase não passou carro, pois a poeira que subia quando
passava um, era enorme. Já na portaria, nos identificamos e veio uma pessoa nos
passar algumas informações sobre o parque. Recebemos um mapa e moça deu a
recomendação de que a qualquer sinal de chuva, que a gente se afastasse do
cânion ou de qualquer cachoeira. Na mesma hora eu olhei para o céu e não quis
falar nada, mas estava tão azul que achei desnecessário ter feito aquele
alerta. Eu estava errado e vocês verão mais a frente.
Pegamos as bicicletas e começamos a pedalar por uma
estradinha. Tudo muito bem cuidado e sinalizado. O pedal estava bem agradável.
Cruzamos alguns riachos. Estávamos numa grande planície, cercados por serras
que se perdiam de vista. Mais a frente chegamos ao ponto onde deixamos as bikes.
Ao fundo, dava para ver um trecho que parecia ser a entrada do cânion. Descemos
caminhando até cruzar as águas cristalinas do Ribeirão Mascates. Já na outra
margem, continuamos a caminhada, passando por um trecho mais abrigado do sol.
As grandes árvores com troncos retorcidos impressionavam. O solo era bem
arenoso e em alguns pontos lembravam praias.
Mais alguns minutos de caminhada, estávamos novamente no
Ribeirão Mascates. Agora estávamos de frente para a entrada do Cânion. Um lugar
fantástico. Fomos seguindo a margem da esquerda, procurando algum caminho que
nos fizesse entrar no cânion. Fomos de pedra em pedra, até que não tinha mais
como passar pela margem, só entrando na água. Era um trecho mais fundo e foi preciso
ir nadando e segurando a mochila até um uma pedra à frente. Dali, voltamos a
andar pulando de pedra em pedra. Na beira de um grande poço, paramos para um
mergulho. A água estava numa ótima temperatura. O sol batia em alguns pontos, o
que tornava o clima ali bem agradável.
A verticalidade das paredes laterais impressionava em alguns
pontos, bem como a formação rochosa. O poço era tão grande que era possível
nadar. Passei para a outra margem e fomos andando para dentro do cânion. Cada
vez que avançávamos, um novo lugar se mostrava. Um mais bonito que o outro.
Aquele som das águas correndo, junto com o canto das aves traziam uma paz
imensa. Não conseguíamos ver o fim do cânion e resolvemos parar por ali. Já
estávamos bem distantes do ponto de onde saímos. O sol foi batendo com mais
força e fui procurando a sombra para ficar. Já estava pensando na volta.
De volta ao grande poço, começamos a preparar a volta. Seguimos
descendo e voltei para a água carregando a mochila. Encontramos algumas pessoas
que estavam chegando. Continuamos a volta e logo estávamos cruzando o Ribeirão
Mascates mais uma vez. Pegamos as bicicletas e começamos a pedalar. Enquanto
estávamos voltando, percebi várias nuvens se acumulando e num determinado
momento, comecei a ouvir algumas trovoadas. A medida que fomos nos aproximando
da entrada do caminho para a cachoeira, as trovoadas foram se intensificando e
ao fundo, quase na direção do cânion, um a chuva começou a cair. E olha que
quando chegamos ao parque eu achei desnecessário o comentário sobre chuva num
dia tão lindo como o de hoje.
Deixamos a bicicleta num ponto e continuamos andando.
Atravessamos o rio numa precária ponte de madeira e seguimos andando. A chuva
foi se aproximando. A cachoeira estava bem próxima também. Quando estávamos bem
próximos de cruzar o rio novamente para acessar o poço da cachoeira a chuva
estava na iminência de cair. Optamos por não passar por ali, visto que a chuva
poderia se intensificar e ficar perigoso a volta. Um pouco antes, havia um
caminho subindo. Seguimos por ele, na intenção de fazer uma foto da cachoeira.
Do alto, conseguimos fazer a foto. Como estávamos com a visão bem aberta,
conseguíamos ver a chuva ao fundo.
Durante a volta, a chuva que parecia que ia cair forte, foi
se afastando. Quando chegamos às bicicletas, a sensação era de que nada havia
acontecido. Mas todo cuidado é pouco, valeu a prudência. Pegamos as bicicletas
e voltamos a pedalar. Já estava bem cansado e a chuva foi dando lugar novamente
ao sol. Aí, toda vez que passava por uma árvore, diminuía a velocidade para
aproveitar um pouco mais a sombra. Mais frente, pegamos uma saída e seguimos
até um mirante, depois de prender as bicicletas numa placa e subir um morro. A
subida foi curta, mas foi dura. Lá, ficamos um tempo apreciando a vista e
descansando. O mirante estava caindo, acho que foi afetado por algum incêndio,
pois haviam várias marcas de incêndio na vegetação ao redor. Como estávamos bem
alto, podíamos ver a planície que se estendia até o cânion das bandeirinhas,
além de algumas outras cachoeiras na mesma face na qual ficava a da Farofa.
A chuva foi realmente embora e podia vê-la se encaminhando
na direção oposta. Ali, nem sinal de água. Descemos e pegamos o caminho de
volta, mas quando estávamos na entrada do caminho que indicava o Mirante das
Lagoas, resolvemos entrar. Já estava ali cansado, o que seria mais alguns
metros? Resolvemos entrar. Logo chegamos a uma construção e subimos pedalando
numa rampa em forma de espiral. Não era um mirante tão mirante assim. Descemos e
fomos até o encontro dos rios Mascates e Cipó, também nada de especial. Dali
seguimos de volta e logo chegamos à portaria, onde demos uma pausa para
descansar e beber uma água gelada.
Seguimos pelos quase 4 km de estrada de chão até à Casa dos
Ciclistas, onde devolvemos as bicicletas e seguimos caminhando até a pousada.
Um dia bem aproveitado, pena que foi só um... Estava encerrada a viagem por
Minas Gerais.