segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Chapada Diamantina

Por Leonardo Carmo / Carina Melazzi

Chapada Diamantina: Mucugê/Igatu/Andaraí/Ibicoara

20 a 29/12/2019

A Chapada Diamantina sempre fez parte dos meus planos até que a hora chegou. A Carina já tinha ido pra lá e feito algumas outras coisas, mas era a minha primeira vez. 

Nosso planejamento foi feito meio que sem pensar muito, pois não tínhamos muita escolha. Era partir pra dentro ou deixar a folga de apenas uma semana passar e o arrependimento bater. 

1º dia 20/12: Saímos de casa por volta das 17h e tudo parecia bem até que nos deparamos com um engarrafamento monstruoso logo na Linha Vermelha. Consultamos o GPS e teríamos mais de 3h de engarrafamento. Como a viagem seria muito longa, resolvemos voltar pra casa e esperar o trânsito fluir. A sorte foi que a gente ficou agarrado perto de um retorno. 

Depois de ter passado o engarrafamento, por volta das 23h50, metemos o pé na estrada novamente. A missão seria puxada, 1.533 km até o nosso destino sem ter muito tempo para descanso.

2º dia 21/12: Já na madruga, paramos para comer alguma coisa e dar aquela esticada no corpo. Depois, já em território mineiro, por volta das 4h30 da madrugada, paramos em um posto de gasolina pra tirar uma soneca rápida de 40 minutos. Depois de um breve descanso, metemos o pé na estrada de novo e só pararíamos para almoçar na hora do jogo do Mengão (final do Mundial). Até que meu planejamento deu certo: conseguimos um restaurante de beira de estrada e paramos por volta das 14h. Esse foi o momento que descansamos mais. Ficamos ali até acabar o jogo. A partir daí foi o trecho mais cansativo da viagem. Faltava a metade do caminho e a pior parte da estrada. 

Depois de umas boas horas, cruzamos a divisa MG/BA e a situação só piorou. Quanto mais a gente andava, mais a estrada piorava.

3º dia 22/12: Foi muito cansativo dirigir de madrugada naquelas estradas esburacadas. Cada buraco cabia a metade do carro. Depois de várias pequenas paradas pra esticar o corpo, chegamos em Mucugê por volta das 5h da manhã. Ficamos na Hospedaria da Lia. Um lugar simples, porém muito acolhedor e com um café da manhã excelente. A gente já tinha avisado que não tinha hora pra chegar, e a Lia super gentil ficou nos aguardando. Depois de literalmente desmaiar na cama, levantamos por volta das 7h pra tomar o café e partir pra missão do dia. Afinal, não fomos pra lá pra dormir rsrs. 

Pegamos a estrada novamente e partimos pra Ibicoara, na Cachoeira do Buracão, que fica dentro do Parque Municipal do Espalhado. Lá só pode entrar com condutor cadastrado pelo parque. A gente teve que ir pra Associação de Guias de Ibicoara pra contratar um. Pra quem tem experiência, não há necessidade de guia, mas é uma imposição do parque. O condutor que foi com a gente foi o Tico. Cara super gente boa.

A Cachoeira do Buracão é bem bacana. A trilha é tranquila, super leve pra quem está preparado. Eles disponibilizam coletes para que você possa ir nadando até debaixo da queda. Mesmo você sabendo nadar, é preciso usar o colete. Até o Buracão, tem um rio com alguns poços e algumas outras cachoeirinhas. Da pra ver o Buracão por cima também. Uma curiosidade, pra quem conhece a escada da casa de Santos Dumont em Petrópolis: lá tem uma réplica. 

Depois de visitar o Buracão, voltamos pra Mucugê e descansamos um pouco. 

Sei que seria mais fácil logisticamente ficar em Ibicoara no primeiro dia, mas mudamos os planos em cima da hora rsrs.

4º dia 23/12: Depois de alterar os planos, resolvemos fazer a travessia das Sete Quedas, em Mucugê.
O calor estava forte e a possibilidade de tomar uma banho em um dos poços da circuito nos deixou animados. A trilha também é tranquila pra quem tá preparado. A navegação fica difícil na parte que segue pelo leito do rio, mas não é difícil encontrar grupos nas trilhas da Chapada. Diria que 99% das pessoas fazem as trilhas com guia local. Então a gente se valeu dessa estatística pra poder pegar uma carona e seguir pelo caminho mais tranquilo. Dependendo do volume de água do rio, esse trecho pode ficar complicado, por isso nem sempre somente o GPS é suficiente. O faro tem que estar aguçado. Depois de chegarmos na Cachoeira dos Funis, foi só desfrutar de um belo banho e continuar a trilha pra fechar o circuito. No trecho final o calor tava mais intenso. 

Depois da travessia feita, voltamos pra cidade para tomar um banho, almoçar e descansar um pouco. Afinal, a nossa última noite de sono tinha sido no dia 19.

5º dia 24/12: Véspera de Natal e a gente precisava decidir o próximo destino. A essa altura, o roteiro inicial já tinha ido pro espaço. Decidimos então partir pra Igatu. Sábia decisão. Antes, passamos no mercadinho e fizemos umas comprinhas. A gente precisava fazer a nossa ceia de Natal. 

Pegamos estrada e 25 km depois estávamos na encantadora Igatu, uma vila super pacata e acolhedora. Ficamos acampados no Xique Xique. Depois de montar acampamento, saímos pelo vilarejo atrás de uma cerveja gelada. Paramos num boteco chamado Bar Igatu “do Guina”. Fomos super bem recebidos. A cerveja estava no ponto. Ficamos ali sentados na calçada bebendo uma e apreciando o lugar. Conhecemos o Guina, dono do bar. Um coroinha muito simpático. Ele tinha sido garimpeiro e em muitas prosas que tivemos, nos contou muitos causos. Histórias essas que não se encontram em livros e nem na internet. Conhecemos também um de seus filhos, o Natal. Eles foram tão gente boa que nos convidaram para passar na casa deles na hora da ceia. Isso você só encontra no interior. 

A nossa ceia de Natal foi no camping mesmo. Fizemos uma gororoba das boas. Tava gostoso pra caceta. Tinha macarrão, linguiça, pimentão, tomate, cebola e muita satisfação de poder mais uma vez fazer a ceia na simplicidade e perceber a riqueza explícita nisso.

6º dia 25/12: Já era Natal e resolvemos encarar uma trilha. Fizemos a Rampa do Caim, uma trilha bem exposta ao sol e por isso fica mais exigente. Foram aproximadamente 16 km embrenhados no cerrado baiano. O caminho segue pela antiga trilha do garimpo. A navegação em alguns trechos pode ser uma armadilha. O visual do final é sinistro. Vistas para o Vale do Rio Paraguaçu e pro Vale do Pati. Passamos por leitos de rios secos e algumas antigas tocas de garimpeiros. Na época do garimpo devia ser foda. 
O trecho de volta foi sinistro. Um calor que nunca tinha sentido antes em trilhas. A gente só conseguia sombra quando passava nas antigas tocas. Tudo isso valeu a pena. Estar no meio do cerrado baiano no verão e no Natal não tem como explicar. 

Depois de concluir a trilha, paramos no bar do Guina e bebemos uma. Depois fomos pro camping fazer nosso almoço. Ainda deu tempo de aproveitar o fim da tarde com um banho de rio no poço da Madalena. Mais tarde, voltamos pro bar do Guina onde proseamos com ele e bebemos mais umas geladas.

7º dia 26/12: Acordamos cedo, e fiquei com a missão de comprar pão pro nosso café. Encontrei uma casa que vendia pão caseiro. R$ 0,80 cada pão. Uma delícia. Essa casa fica perto do bar do Guina. Depois de tomar café da manhã, levantamos acampamento e partimos pra Andaraí. A ideia era pernoitar por lá, mas como não nos identificamos muito com a cidade, metemos o pé pra Ibicoara novamente. Chegando na cidade, procuramos uma hospedagem e partimos pra cachoeira de Licuri. Pra acessar a cachoeira tem que pagar R$ 6,00. A trilha até a base é curta, porém bem íngreme. O dono da propriedade é um senhor chamado Nilson. Ele é uma pessoa super animada e comunicativa. Ele vende refrigerante, pastel de jaca etc. Da pra acampar por lá também. Se eu não me engano, o valor tava R$ 25,00. Depois de prosear bastante com o Sr Nilson, metemos o pé pra cidade. Já de noite, saímos pra beber uma e lanchar. Como de costume, fizemos amizade com um cachorro, ou melhor, uma cachorra vira-lata super simpática.

8º dia 27/12: Na noite anterior, descobrimos que havia uma cachoeira perto do centro, a uns 4 km
aproximadamente de onde a gente estava. A cachoeira do Rio Preto não é muito frequentada. A galera turistona quer fazer só o que todo mundo faz, mas a gente procura fazer tudo, mesmo o que não tem “apelo turístico”. Andar pela Chapada é meio complicado, mesmo com GPS. Tudo parece ser meio confuso, mas é só calibrar bem o faro antes de sair. A trilha pra essa cachoeira é gostosa. Um pouco puxada, mas gostosa. O calor tava forte também. Na parte final, é preciso cruzar o rio. Pra nossa surpresa, o rio estava praticamente seco. A água corria por baixo do leito e brotava lá na frente, quase no ponto onde é feita a captação que abastece a cidade. A cachoeira estava praticamente seca, só corria um filetinho de água. O poço estava com água, mas com o nível bem baixo. Deu pra gente tomar um banho e ficar ali curtindo o lugar. Só tinha a gente. Uma beleza. 

De volta à cidade, arrumamos nossas coisas, catamos um lugar pra almoçar e partimos para o alto da chapada, um povoado chamado Mundo Novo. A gente já tinha passado por lá quando foi fazer o Buracão. A nossa ideia era ter ficado no povoado chamado Baixão, mas não deu. 

Chegando no povoado, encontramos um cara muito bem vestido. Ele estava com a camisa do Mengão. Por sinal, naquela região, assim como no resto do país, a maioria é flamenguista. Estava me sentindo em casa rsrs. Perguntamos pra ele onde ficava o alambique do Toninho. Esse alambiquei foi indicado pelo Sr Nilson, da cachoeira do Licuri. Depois de deixar as coisas na hospedagem, partimos pro alambique. Aí foi só alegria. Depois de boas prosas, fomos conhecer o Lagão, que fica no final do povoado do Baixão. Lá tem um sujeito chamado Marão. O cara é de uma espontaneidade absurda. A propriedade dele da acesso à trilha da Cachoeira da Fumacinha/Véu da Noiva e Lagão. Ele vende cerveja, caldo de cana, água, cachaça etc. Também é possível deixar o carro lá. 

Depois de conhecer o Lagão voltamos até a propriedade do Marão e lá conhecemos a filha do Toninho, dono do Alambique. Ela é guia local e se chama Siara Prado. Nem preciso falar que a conversa rendeu, né?

9º dia 28/12: No nosso último dia na Chapada resolvemos fazer a trilha da Cachoeira da Fumacinha. Segundo relatos, essa é a trilha mais difícil em termos de navegação da Chapada. Dependendo do nível de água o caminho fica muito complicado. Em alguns trechos dá pra ir margeando por uma trilha, mas a maior parte é feita por dentro do rio. 

A gente levou um GPS. Ir navegando com Wikiloc é praticamente impossível. Da metade pro final, o GPS do celular não funciona. 

Seguimos então pela trilha farejando os rastros. Ora a gente tava na terra, ora a gente tava andando
pelo leito do rio. Cada vez que a gente avançava, complicava mais a navegação. Mesmo com GPS estava foda, pois toda hora a gente tinha que cruzar o rio e a gente só conseguia saber se tava na linha da trilha andando. Parado não dá pra se orientar usando GPS. 

Quando a gente chegou na metade da trilha, a gente resolveu pegar uma carona com um casal que estava com um guia local. Assim a gente conseguiu andar mais rápido sem ter que ficar fuçando o caminho. 

Depois de umas horas de caminhada, chegamos até a Cachoeira da Fumacinha. Não tem como descrever. Só indo lá pra saber como é maneiro. No caminho, encontramos duas cobras que estavam passeando pelo leito do seco do rio. 

Na cachoeira tem um poço bem grande com água gelada. A gente não resistiu e foi pra dentro dar um mergulho. Banho gostoso e merecido. Como eu sou intolerante à água fria rsrs, entrei e saí rápido. A Carina ficou nadando por mais tempo e foi debaixo da queda curtir o visual. 

Depois de curtir aquele fantástico lugar, voltamos até a propriedade do Marão e nos despedimos proseando e bebendo um caldo de cana bem gelado. 

Na volta, passamos na casa do Sr Joel, onde almoçamos. Já tínhamos encomendado a comida. Voltando pra onde a gente estava hospedado, curtimos uma cerveja que havíamos comprado lá na cidade e nos preparamos para a nossa viagem de volta.

10º dia 29/12: Acordamos cedo e fomos até a cidade tomar um café da manhã e abastecer o carro. Daí foi meter o pé na estrada. No caminho, passamos por uma cidade chamada Ituaçu. Tava tendo feira de rua e parecia que a cidade toda estava lá. A gente deu uma parada e foi comer pastel com suco da fruta. Bebi suco de maracujá do mato por R$ 1,00. Estava no paraíso rsrs. 

Depois de curtir a feira, continuamos viagem e aí foi dirigir, dirigir, dirigir...

11º dia 30/12: Já em MG, perto de Leopoldina, paramos num posto de gasolina pra tirar uma sonequinha. Isso por volta das 2h da madruga. Ficamos ali até umas 4h e continuamos viagem. Sei que chegamos em casa por volta das 11h30 da manhã. 

Fiquei zumbizando o resto do dia inteiro rsrs. Foi sofrido, mas foi bom. Faria tudo novamente rsrs. 

+ de 3.500 km percorridos. Em estrada de terra, acho que percorremos uns 200 km aproximadamente. 

Abrigo de Montanha Xique Xique (Igatu): (75) 98148-5070 

Hospedaria da Lia (Mucugê): (75) 98217-1639 

Guia que contratamos para o Buracão: Guia Turistico Gercilio Caires (Tico) https://www.facebook.com/gercilio.caires.1

Guia para a Cachoeira da Fumacinha que conhecemos lá no Marão: Instagram @siaraprado https://www.instagram.com/siaraprado/?hl=pt-br

Alambique: chegando no povoado Mundo Novo, é só procurar pelo Alambique do Toninho. 























































terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Conquista da Via Aposentado e de Folga - Jurujuba

Por Leandro do Carmo

Via Aposentado e de Folga - V E1 30m

Local: Jurujuba

Como chegar: Seguindo em direção  à Fortaleza de Santa Cruz, a via fica bem em frente à descida da praia de Adão. Os grampos são bem visíveis.

Link da localização da base da via: https://goo.gl/maps/zy9AMQN747dVWAa1A

A via: É uma via curta com o crux bem na saída, entre o primeiro e o segundo grampo. A partir daí, segue bem tranquila até uma parada dupla. Não é tão alto, mas o visual é fantástico. Como estava de folga no trabalho e o Velhinho aposentado.... Acabou ficando Aposentado e de Folga!

OBS: Possibilidade de novas conquistas no local.




Vídeo do dia da Conquista da Via Aposentado e de Folga





Croqui da Via Aposentado e de Folga


Via Aposentado e de Folga

Mais fotos da conquista da Via Aposentado e de Folga


Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga

Via Aposentado e de Folga





segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Conquista da Via Não Tem Nome - Santo Inácio

Por Leandro do Carmo

Conquista da Via Não Tem Nome - IV 5º E2/E1 90m

Mais uma conquista em Niterói. A via Não tem Nome, fica localizada num cume secundário do Santo Inácio. Foram três investidas para conquistar seus quase 90 metros. A via começa numa canaleta bem vertical, com a primeira proteção relativamente alta, onde temos o crux da via. Os lances iniciais são bem verticais bem delicados. Muitas agarras ainda por quebrar. A via segue bem protegida até a primeira parada. A partir daí, vai ficando mais positiva até chegar ao cume.

Acesso: o acesso à via fica na trilha do Santo Inácio. Seguindo pela trilha do Santo Inácio, já perto do ataque final ao cume, você chegará a uma cerca que fica a sua direita, mais a frente, pegue a primeira saída à esquerda e siga por ela. Mais a frente, chegará a uma curva bem acentuada. A saída para trilha fica nesse ponto. Segue descendo até cruzar um talvegue e começar a subir novamente. Seguir para a esquerda até uma grande rocha, onde descerá encostado até contorná-la por baixo para a direita, voltando a subir novamente. Nesse ponto já poderá ver a parede a sua esquerda. Seguir até ela e descer contornando com a rocha a sua direita até a base da via.



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Croqui da Via Não tem Nome



Relato da Conquista da Via Não tem Nome

1ª Investida

Data: 23/04/2014
Participantes: Leandro do Carmo, Alex Figueiredo, Vinícius Araújo e Ary Carlos

O Alex Figueiredo havia descoberto o local há muito tempo atrás e havia falado sobre ele. Isso ficou guardado durante um tempo, até que decidimos conferir. Marcamos cedo. A ideia era chegar até a base e ver o que daria para fazer. Chegar até a base foi difícil. Não havíamos conseguido achar as fitas que havíamos colocado em outra oportunidade, mas como sabia para onde ir, seguimos assim mesmo. Até que chegamos mais rápido do que imaginávamos.

Na base, começamos a olhar e prestar atenção se não haveria alguma conquista no local. Eu jurava que havia um grampo mais acima. Mas quando o Ary chegou lá e passou a mão, tivemos a certeza que não era um grampo e sim um galho retorcido. Com a certeza de que não havia nada no local, fomos ver o melhor caminho a ser feito. A primeira opção seria pelo diedro, mas tinha muita vegetação na base dele. Resolvemos segui por outra linha, seguindo para direita dele.

O Ary e o Vinícius bateram o primeiro grampo logo acima da canaleta. Não ficou muito bem batido, mas o suficiente para darmos continuidade à conquista. Subiram e colocaram o segundo que entrou na força. Optamos por não continuar. Parece que a broca estava mais fina que o de costume. Como era de uma marca que ainda não havia usado, pode ter dado alguma diferença. Tentaremos numa outra oportunidade.

2ª Investida

Data: 02/11/2016
Participantes: Leandro do Carmo e Vinícius Araújo

Já havia bastante tempo desde a primeira investida. O Vinícius me mandou uma mensagem perguntando o que eu achava de continuar aquela conquista no Parque da Cidade. Como o local foi encontrado pelo Alex, dei uma ligada pra ele antes. Como ele não podia ir, fomos eu e Vinícius.

O dia estava quente. Mas era calor de verdade, próximo dos 40°C. Marcamos numa hora nada convencional... 11:00h. Bom, o lado positivo era que não precisávamos acordar cedo e que todo o acesso, apesar de difícil, seria feito sem a incidência do sol. Marcamos de nos encontrar no Posto da Guarda Ambiental do Parque da Cidade e de lá seguimos para a trilha do Santo Inácio. O início do caminho eu lembrava bem, mas o resto. E assim seguimos andando. O terreno vai ficando bastante instável em alguns trechos e numa dessas passagens delicadas, o Vinícius escorregou e cortou o dedo e o joelho. Sangrou bastante. Pensamos em voltar, mas depois de lavar, o sangramento estancou, o que nos fez seguir caminho.

Depois de algumas voltas, consegui avistar o local, o que facilitou um pouco achar a base da via. Chegando lá, demos uma parada para descansar e nos refrescar, antes de iniciar a conquista. O calor estava forte. Comecei a subida e fazer o lance inicial não foi fácil... A saída ficou bem forte e com o primeiro grampo um pouco alto. Chegando nele, parti para o segundo, agora mais fácil. O suor já começava a escorrer. Reboquei o equipamento de conquista e dali comecei a subir com o peso.

Fazer esse lance foi difícil. Tentei algumas vezes e voltava. Algumas agarras quebraram o que deu uma baixada no psicológico. Mas firmei e subi até ficar numa boa posição, onde bati o terceiro grampo da via. Dei uma rápida descansada e parti para o próximo. Mais um lance delicado. O calor estava ficando insuportável. O peso do equipamento dificultava bastante. Aquela rocha quebradiça aumentava a tensão. Tentei algumas vezes e já quase desistindo, resolvi chegar um pouco mais para a direita e subir. Prendi a respiração e subi. Na primeira oportunidade, me equilibrei e coloquei o quarto grampo...

A partir daí a parede perdia um pouco da inclinação, mas ainda estava bem vertical. Com boas agarras, subi e bati mais um grampo. Exausto, resolvi descer e dar por encerrado o dia. Na hora de voltar, já estava sem água e para tentar ganhar tempo, resolvi subir por uma calha bem íngreme. No começo até que foi tranquilo, mas ela foi ficando íngreme e com o terreno bem instável. Chegou num ponto que não conseguia mais subir nem descer. Fiquei apoiado num arbusto bem pequeno, torcendo para que ele não quebrasse.

A mochila estava muito pesada. A corda atrapalhava, o facão atrapalhava. Estava com sede e não conseguia mais subir nem descer. A essa altura, o Vinícius já havia chegado ao cume. E eu ali, preso... Chamei umas duas vezes, mas ele não me respondeu. Esperei mais um pouco. Consegui tirar a mochila e colocar a corda mais acima de onde eu estava. Tive que abandonar o facão. Com muito esforço, consegui subir. Foi duro, mas havia chegado ao cume do Santo Inácio. Com uma sede insuportável, tomei um pouco de fôlego e comecei a descida. No meio do caminho, uma senhora que ficou esperando o grupo ofereceu um pouco de água. Foi a salvação!!!!! Aí, deu para continuar e chegar até o caldo de cana...

3ª Investida

Data: 15/07/2017
Participantes: Leandro do Carmo e Ary Carlos

Só mesmo deixando passar um tempo para poder esquecer o perrengue da última vez... Nesse dia, fomos eu e o Ary. Descemos pelo caminho bem precário. Talvez esse seja o maior problema dessa via. Teremos que melhorar esse acesso. Mas esse problema deixaremos para depois. O objetivo de hoje é terminar a conquista.

Depois de percorrer todo o trecho de aproximação, chegamos à base da via. O Ary seguiu na frente. Já não queria subir de novo. Passou pelos lances iniciais e  já no alto, eu subi até o último grampo que havia batido na última vez e passei o equipamento de conquista para ele. Dali, ele subiu e bateu mais um grampo. Bateu outro. O visual estava fantástico. Já deixamos a primeira parada duplicada. Parar nesse ponto, aos 25 metros aproximadamente, diminui o arrasto desse trecho inicial. Dali, ele foi subindo sem muitas dificuldades até o cume. Foram 7 grampos, sendo uma parada dupla, dando exatos 60 metros até o cume.

Subi logo em seguida e ainda tirei duas grandes lacas que estavam bem perigosas. Enfim havíamos finalizado a conquista. Essa via deu trabalho!

Outras Investidas


Para melhorar o acesso à base ainda fizemos dois mutirões. O último, onde consolidamos o caminho, foi realizado pela turma do CBM 2019. No dia 20/11/2019, fui com o Marcos Velhinho trocar o primeiro grampo que ficou mal batido e fazer o croqui, deixando a via pronta para escalar.



Por que o nome “Não tem Nome”? Sempre conversávamos sobre essa conquista... E sempre perguntavam qual o nome da via. De tanto falar que a via não tinha nome...

Vídeo da Conquista da Via Não tem Nome

Mais algumas fotos


Ary fazendo o primeiro lance 


Ary conquistando na terceira investida

Cume no dia que finalizamos a conquista da via


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Todas as Trilhas de Maricá

Por Leandro do Carmo

Trilhas de Maricá

Lista com todas as trilhas de Maricá. Todas elas estão detalhadas no Guia de Trilhas de Niterói e Maricá, disponível para venda no em https://www.niteroiense.org.br/produto/guia-de-trilhas-de-niteroi-e-marica/



O Guia conta com aproximadamente 250 km de trilhas mapeadas e distribuídas em 13 setores nos municípios de Niterói e Maricá. São 57 roteiros com informações de como chegar, fotos do início da trilha e de pontos importantes, gráfico altimétrico, mapas topográficos e dados formatados de acordo com a nova classificação de trilhas da FEMERJ. Conta ainda com dados históricos e curiosidades sobre os locais das trilhas.
São 330 páginas no tamanho 16x23cm, com aproximadamente 450 fotos coloridas.

Autor: Leandro do Carmo
Editora Kimera

Além das trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói possui muitas outras, que estavam esquecidas e sem frequência há muitos anos, como por exemplo algumas trilhas do PARNIT. Já em Maricá, tivemos a oportunidade de detalhar e disponibilizar roteiros fantásticos. São cachoeiras, grutas, travessias, córregos, restingas, e muito mais.

Para comprar, acesse a loja do clube: https://www.niteroiense.org.br/produto/guia-de-trilhas-de-niteroi-e-marica/

Setor Calaboca

  • Grutas do Spar
  • Morro do Catumbi
  • Travessia da Serra de Itaitindiba
  • Travessia da Serra do Calaboca

Setor Centro

  • Alto Camburi
  • Morro do Buriche
  • Morro do Caju
  • Morro do Camburi - Rampa de Voo de Maricá

Inoã


  • Monte de São José de Imbassaí
  • Pedra de Inoã
  • Pedra do Macaco

Itaipuaçu


  • Circuito APA da Restinga
  • Morro da Peça
  • Pedra de Itaocaia

Ponta Negra


  • Circuito Ponta Negra

Silvado


  • Circuito do Silvado
  • Pedra do Silvado
  • Travessia Silvado x Espraiado

Espraiado

  • Circuito Alto Espraiado
  • Circuito do Pico Lagoinha
  • Circuito Serra Chuva x Alto Espraiado
  • Espraiado x Rampa de Sampaio Correa
  • Serra da Chuva
  • Travessia Espraiado x Tomascar


Todas as Trilhas de Niterói

Por Leandro do Carmo

Trilhas de Niterói

Lista com todas as trilhas de Niterói. Todas elas estão detalhadas no Guia de Trilhas de Niterói e Maricá, disponível para venda no em https://www.niteroiense.org.br/produto/guia-de-trilhas-de-niteroi-e-marica/



O Guia conta com aproximadamente 250 km de trilhas mapeadas e distribuídas em 13 setores nos municípios de Niterói e Maricá. São 57 roteiros com informações de como chegar, fotos do início da trilha e de pontos importantes, gráfico altimétrico, mapas topográficos e dados formatados de acordo com a nova classificação de trilhas da FEMERJ. Conta ainda com dados históricos e curiosidades sobre os locais das trilhas.
São 330 páginas no tamanho 16x23cm, com aproximadamente 450 fotos coloridas.

Autor: Leandro do Carmo
Editora Kimera

Além das trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói possui muitas outras, que estavam esquecidas e sem frequência há muitos anos, como por exemplo algumas trilhas do PARNIT. Já em Maricá, tivemos a oportunidade de detalhar e disponibilizar roteiros fantásticos. São cachoeiras, grutas, travessias, córregos, restingas, e muito mais.

Trilhas do Parque da Cidade

Trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca - Darcy Ribeiro

  • Pedra do Cantagalo via Esmeraldas
  • Pedra do Cantagalo via Jacaré
  • Pedra do Cantagalo via Vila Progresso
  • Travessia Vila Progresso x Av. Central

Parque Estadual da Serra da Tiririca - Engenho do Mato

  • Caminho de Darwin 
  • Córrego dos Colibris
  • Falésia do Peixoto
  • Mirante do Bairro Peixoto
  • Trilha do Mirante do Alto Colibri

Parque Estadual da Serra da Tiririca - Itacoatiara

  • Alto Mourão - Relato - Drone
  • Bananal
  • Costão e Pata do Gato
  • Platô do Camaleão

Parque Estadual da Serra da Tiririca - Itaipu

Parque Estadual da Serra da Tiririca - Várzea das Moças

  • Circuito Várzea das Moças
  • Trilha do Ouro
  • Várzea das Moças x Itaocaia Valley
  • Várzea das Moças x Engenho do Mato



quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Pedra do Picu - Escalada na Via do Naval

Por Leandro do Carmo

Via do Naval – Pedra do Picu

Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P. Blanco, Gustavo Chicayban, Sandro Costa, Vander Silva e Suzana Heiksher


Como Chegar a Pedra do Picu

Existem dois acessos para chegar à Pedra do Picu. Um, fica Fazenda Velha, distante uns 18 km do centro de Itamonte. O outro, na qual utilizamos, fica no bairro Engenho da Serra, onde fica a fábrica de água mineral Engenho da Serra.

Curiosidades sobre a Pedra do Picu


A Pedra do Picu foi um marco de referência para os colonizadores da região, que a descreveram como uma barbatana de tubarão, que é visualizada desde a BR 354. É a responsável pelo nome de Itamonte que em tupi significa ITA= pedra , ou seja, Pedra no Monte. Não se encontra dentro dos limites do Parque Nacional do Itatiaia, mas é protegido por lei através da APA da Mantiqueira.

Hospedagem na Região: http://www.picus.com.br/

Vídeo da Escalada na Via do Naval - Pedra do Picu


Relato da Escalada na Via do Naval - Pedra do Picu


Ainda lembro a primeira vez que vi a Pedra Picu. Passando pela BR 354, avistei aquela curiosa formação rochosa. Seu formarto, parecendo uma barbatana de tubarão, é um espetáculo a parte. Mas foi quando fiz a Serra Fina pela primeira vez em 2013 que realmente me despertou o interesse em poder escala-la. A partir daí, toda vez que frequentava a região, surgia o assunto da escalada na Pedra do Picu. Mas como fica bem distante, precisaria de um final de semana para realizar essa ascensão.

Enfim, havia chegado a oportunidade. O Blanco havia proposto a escalada para o final de setembro. Não hesitei. Faltava apenas acertar a logística da viagem. Quem pode foi antes. Eu saí por volta das 20:30h. A viagem foi rápida e tranquila. Ainda encontrei o Sandro e a Suzana no Graal de Itatiaia. Chegamos ao Hostel Picus por volta das 24h. Armei minha barraca e dei uma organizada rápida nas coisas e fui dormir.

No sábado de manhã, acordei cedo. Fui tomar o café da manhã e arrumar o equipamento para a escalada. O dia estava ótimo. Firme e aberto. Não fazia frio nem calor, enfim, perfeito. Aos poucos, todos foram chegando. Acertamos os últimos detalhes e seguimos para o início da trilha, que fica próximo a fábrica de água mineral Engenho da Serra. Lá, estacionamos o carro e seguimos para a caminhada.

A localidade onde fica o início da trilha é bem legal. Um conjunto de casas bem aconchegantes e com aquele clima de interior. Pegamos informação a respeito do início da trilha com um senhor que passava na hora. Ele nos indicou para onde deveríamos ir e deu ainda algumas importantes informações sobre a trilha. E dali, começamos a caminhada. Subimos e num determinado ponto, antes de um sistema de capitação de água, pegamos uma discreta saída para direita, onde chegamos a uma cerca. Passamos por ela e seguimos subindo num pasto.

Já conseguíamos ver a Pedra do Picu bem no alto, se destacando de maneira imponente. Impossível não parar e tirar uma foto. Fomos até o final onde o pasto vira um caminho mais largo que vai estreitando até chegar a uma cerca. Nesse ponto, viramos à direita e seguimos andando num caminho bem tranquilo. A subida estava bem suave. Mais acima alguns trechos mais fortes até que chegamos a um ponto de água e mais acima uma placa indicando 700m. Pensamos: “Agora vai ser moleza, são só 700 metros.”  Mas estávamos enganados. E esses 700 metros pareceram uma eternidade...

Foi um trecho forte, mas havíamos chegado. Demos uma pausa e fomos contornando a pedra no sentido anti horário, como indicado no Guia de Itatiaia. Mais algumas subidas e descidas e chegamos à base da via. Pela descrição que continha no guia, era ali. Nos equipamos e dividimos as cordadas. Numa, estava o Blanco, Vander e Gustavo; na outra, eu, Suzana e Sandro. A cordada do Blanco saiu à frente. Eu comecei logo depois.

Subi reto num lance de pequenas agarras e sem proteções, mas bem tranquilo. Protegi num buraco, passando uma fita numa coluna de pedra. Dali, segui numa horizontal para a esquerda, já passando por algumas proteções até chegar ao lance do primeiro crux. Uma passada bem bonita, onde desce um pouco e atravessa uma calha. As agarras são boas, mas precisa entrar bem. Passei rápido e cheguei à parada, onde ainda estava o Gustavo. Logo em seguida veio o Sandro. Nesse lance ele deu uma bobeada e caiu, mas voltou logo e completou. A Suzana veio em seguida e no mesmo lance do Sandro ela também teve uma queda, só que como ela já havia tirado a costura da frente, a queda foi um pouco maior. Isso fez a adrenalina subir...

Depois de passado o susto, ela se posicionou e chegou à parada. Subi até a próxima, fazendo um esticão curto para parar antes do artificial. O Sandro veio logo atrás e em seguida, a Suzana. Ela resolveu não continuar. A queda havia abalado o psicológico e como a parada era bem confortável, resolveu nos esperar ali. Faltava pouco para finalizarmos. O dia continuava perfeito com um céu azul e pouco vento. O Vander se enrolou um pouco no artificial, o que nos fez atrasar, mas nada que comprometesse a escalada. Assim que o Gustavo subiu o artificial, eu iniciei minha subida. Subi até chegar a sequência de chapeletas. É um artificial AO, um 5° feito em livre. Apesar da verticalidade do trecho, existem boas agarras. Vencido o lance, saí para a esquerda numa pequena horizontal, mas bem interessante, seguindo para cima até a parada dupla. O Blanco já havia subido.

Dei segurança ao Sandro que subiu rápido. A última enfiada foi muito tranquila, quase uma caminhada. No cume, o visual era fantástico. Com dia aberto, o limite era o horizonte. Fizemos um lanche e preparamos nosso tradicional café no cume. Batemos várias fotos, afinal de contas queríamos registrar cada momento, cada vista....

Era hora de descer. Nos arrumamos, dividimos as cordas e seguimos para os dois rapeis de quase 60 metros. Já na base, foi pegar o caminho de volta, mas pra baixo... Todo santo ajuda...