Por Paulo Guerra
Não sei explicar o fascínio que o Pico das Agulhas Negras sempre exerceu sobre mim. Muito antes de praticar o montanhismo, “diga-se de passagem”, fazia trilhas e nem havia me dado conta do que se tratava, vivia repetindo que um dia queria chegar ao seu cume.
Deixei que a vida me levasse e ela me levou. “Tome cuidado com o que pede, pois vai que acontece, aconteceu!”.
Um dia um conhecido me mostrou fotos da Pedra do Sino, fiquei encantado e ele me disse que estava montando um grupo para ir ao Pico da Bandeira, claro que me pilhei e fui. Foi o start de um processo que tem enriquecido os meus dias. Daí para o Curso Básico de Escalada e o Curso de Guia de Cordada foi um pulo e não parei e não consigo parar de subir montanhas, pedras, paredes e etc...
Bem, alguns dias atrás um amigo convidou-me para escalarmos a Pedra do Picús em Itamonte, MG , aceitei o convite. Liguei para um parceiro em comum e estendi o convite.
No dia 20/04/13 partimos. No carro meu parceiro de aventura mandou o veneno: “cara o que você acha de pilharmos a galera para irmos ao Pico das Agulhas Negras”? Claro, achei a idéia ótima.
Chegamos à Itamonte, passamos o papo, a galera resistiu. Todos já haviam feito o Pico. Decidimos não
recuar, o dono do abrigo nos deu o bizu das vias de escaladas que poderíamos fazer.
Escolhemos a Oba-Oba 5º VIIa.
Na manhã do dia 21/04/13 acordamos cedo, Rodrigo comeu tudo que pode e ainda separou um pouco do macarrão com salsicha para levar, “isso mesmo o doido levou marmita!” Às 9:00h, estávamos no Parque, indo em direção ao nosso objetivo. Eu com o coração pulsando a todo gás, olhando aquelas tão almejadas agulhas.
Caminhada forte, para ganharmos tempo na estradinha que vai até o abrigo Rebouças.
Entramos na trilha com toda a sede, passamos pelo reservatório de água, que é belíssimo. “Valeria um banho se não estivesse tão frio”. Caminho que segue até uma pequena ponte, fotos e trilha que segue o caminho meio alagadiço. “Pra variar esqueci as botas e tive que encarar de tênis mesmo”. Depois disso, começou um trepa pedra e as pedras vão no Toddynho, ganhando tamanho.
Bem, esse trepa pedra parecia que não acabaria nunca, o ar rarefeito mostrando quem manda. De tempo em tempo, parávamos para recobrar o fôlego. Eis que ao meio dia encontramos a base da via no meio de um cânion, uma parede bem vertical com poucos pés e quase nenhuma mão. “Vale ressaltar que Rodrigo está escalando como gente grande”. O cara guiou a via toda. A segunda enfiada parecia fácil, só que aparecia no final dela um lance em diagonal, tipo meio corpo dentro da fenda e enfim estávamos.... não, não era o cume, Rodrigo saiu trepando pedra de novo e não deu em nada. Então resolvi que daria a volta neste bloco, à beira do abismo, e começou uma escalaminhada de 2º grau e eis que de repente estávamos no ápice da empreitada, com um céu azul e toda a imensidão a nossa volta.
Fotos, lanchinho. “Ah! Claro, Rodrigo atacou a marmita com direito a ovo cozido e tudo no macarrão”.
De repente umas nuvens chegaram não sei de onde “ou melhor de todos os lugares”, preparamos as coisas e começamos a descer, chegamos em dois grampos, montamos o rapel deste trepa pedra, e tome pedra pra descer, só que agora elas diminuíam, ao longo do caminho e logo estávamos na trilha, depois na ponte, depois na estrada de volta ao abrigo, rodovias.
Que a vida continue a me levar, que as missões sejam cumpridas.
E que os sonhos se transformem em objetivos de liberdade e conquistas.