Data: 26/08/2025 Local: Jurujuba - Niterói - RJ Participantes: Leandro do Carmo e Marcos Lima
Relato
Depois da frustração com a tentativa de conquista, decidimos mudar os planos e encarar aquele projeto que já tínhamos visto de longe. De baixo, dava para ver as marcas de furo subindo bem alto. E a lógica era simples: se tem furo, tem proteção; se tem proteção, dá para escalar. Bom... até deu para escalar, mas o Velhinho penou um pouco. Bora para mais essa história.
Mais uma vez, consegui — com muito esforço e um pouco de heroísmo — convencer o Velhinho a entrar na via. A gente nem sabia onde ela terminava (ou se terminava), só sabíamos onde começava. Combinamos cedo: 7h40. Caminhamos até a base e vimos que o Leandro Conrado e a Bárbara já estavam na Mari do Metrô. Seguimos para a nossa linha e o Velhinho começou a guiar. Logo percebemos que nem todos os furos tinham grampos. Parece que o conquistador só deixou os furos prontos.
A via seguiu bem interessante, cruzando perto da Moby Dick na altura da terceira cordada. Foi aí que os grampos simplesmente acabaram, e o Velhinho teve que migrar para a Moby Dick para continuarmos subindo. Enquanto isso, Leandro e Bárbara já estavam no crux da Mari do Metrô. Como eu nunca tinha feito essa via, aproveitei e terminei por lá também.
Cheguei até a base do último lance, estilo boulder. Me posicionei, mandei o movimento — bem legal, por sinal — e montei a parada lá em cima. Dei segurança para o Velhinho, que chegou logo depois. Dali, foi só descer e seguir para o carro.
Data: 22/08/2025 Local: Jurujuba - Niterói - RJ Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P. Blanco e Marcos Lima
Relato
Quando escalei a via Moby Dick com o Ziki, há uns dias, tive
certeza que daria para conquistar uma linha que fica à direita da Moby Dick.
Inclusive, essa era uma linha que havia visto pela primeira vez que fui ao
Morro do Morcego de caiaque (PitBull
Aventura: Remada na Praia de Adão e Eva - Jurujuba, Niterói), lá em 2012,
junto com meu irmão Leonardo Carmo e o Guilherme Belém. Decidido que iria
conquistar a via, convidei o Velhinho para ir comigo. Foi difícil convencê-lo,
mas deu certo. Chamamos o Blanco também. Combinamos às 14h em Jurujuba.
Estacionei o carro e o Velhinho chegou logo em seguida. Seguimos
para a base. Passamos pela base da Moby Dick assim que cheguei próximo ao mar,
já deu para ver as marcas de furo na rocha. Quando cheguei mais perto, já dava
para ver alguns grampos. Não era possível que alguém conquistou ali nesse meio
tempo, depois de tantos anos! Achamos até engraçado e ficou um olhando para a
cara do outro, coisa do tipo: E agora? O que vamos fazer? Olhando de baixo,
dava para ver o projeto ia bem alto.
Ficamos ali durante um tempo tentando entender e voltamos
até o gramado onde nos sentamos e ficamos pensando no que fazer. Aí surgiu a
ideia de continuar um projeto antigo do Leandro Pestana. O Velhinho fez contato
com ele, que ficou de responder, pois estava numa reunião no momento. Certo de
que não daria tempo, entramos em contato com Blanco que estava a caminho. Assim
que o Blanco chegou ficamos ali conversando, até que o Pestana ligou para o
Velhinho e autorizou que a gente continuasse a conquista. Já estávamos achando
que voltaríamos para casa sem ter feito nada e agora a esperança voltou.
Nos arrumamos e comecei a subir. Costurei o primeiro grampo,
e subi mais um pouco. O segundo grampo já está bem oxidado e ficou num local
com bastante vegetação. Passei por uma laca e mais acima costurei o terceiro. Segui
subindo e achava que não tinha mais proteção, até que encontrei quarto grampo.
Dali para cima não via mais nada. Montei a parada ali e o Blanco e o Velhinho
subiram.
Daríamos continuidade a conquista a partir daquele ponto. A
parede é bem suja, toda ela coberta por uma crosta preta, mas sai facilmente.
Fui subindo e achei um bom local para colocar a primeira proteção. Comecei a
furar e percebi alguma coisa diferente. Parecia que a furadeira estava meio
fraca. Mas fazia um bom tempo que não conquistava, achei que eu é que tivesse
esquecido como eram as coisas. Terminei de furar e limpei o furo. Ao começar a
bater o parabolt, percebi que ele entrou com um pouco de dificuldade e tive que
bater com um pouco mais de força que o normal. Apertei a porca, costurei e
comecei a subir novamente. Subi com mais cuidado, pois havia passado por um
trecho mais íngreme. Já estava numa distância boa da última proteção e resolvi
colocar mais uma chapeleta. Me posicionei bem e comecei a furar. Novamente, fiz
o furo com dificuldade. Só que agora, na hora de bater o parabolt e ele não
entrava de jeito nenhum. Vi que a jaqueta do parabolt estava arrebentada. Ele entrou
tão pressionado que apertei um pouco a porca, costurei e continuei a conquista.
Mas antes de subir, troquei a bateria da furadeira. Subi e
passei por mais alguns lances mais verticais e dei uma esticada boa e parei num
bom loca que havia visto lá de baixo. Comecei a furar e senti um baque. Forcei
mais e vi que não saía mais pó. Quando saquei a furadeira, vi que a ponta da
broca estava quebrada. A sorte é que eu estava numa posição bem confortável.
Procurei a broca na bolsa e lembrei que havia deixado na mochila. Não tinha
jeito, era desescalar. E tinha que ser um bom pedaço.
Fui descendo devagar e para ser sincero, achei até mais
fácil descer do que subir. Pelo menos as agarras já estavam limpas. Quando
cheguei na chapeleta que ficou mal colocada, me desencordei e passeia a corda
por ela, descendo de baldinho, mas sem fazer muito peso. Logo estava na parada
novamente. Montamos o rapel e seguimos até a base. Fui logo procurar a broca e
ela estava mesmo na mochila.
Definitivamente hoje não era o dia! Começou ruim, melhorou e
voltou a piorar! Mas faz parte, nem tudo acontece como previsto. Arrumamos tudo
e ficamos de voltar algum outro dia para dar continuidade a conquista.
Marcas dos furos do projeto à direita da Moby
Visão geral do possível linha
Blanco, Velhinho e eu esperando o Velhinho conversar com o Pestana
Praia
Leandro costurando o primeiro grampo
Leandro passando pela laca
Leandro parado no quarto grampo
Leandro no alto
Leandro se preparando para colocar a primeira chapa
Parindo para o terceiro grampo
Leandro próximo de onde teve que desescalar
Leandro desescalando
Leandro próximo de chegar a chapa, já desescalando
Data: 21/08/2025 Local: Jurujuba - Niterói - RJ Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e Jorge Pereira
Havíamos ido no dia anterior fazer uma exploração e hoje voltamos para conquistar a via. Eu não estava com a perna muito boa e preferi não forçar. Levei uma corda e fiquei na base dando segurança para o Luis enquanto ele subia, já testando os lances na qual o Jorge foi conquistando. Nem fiquei até o final. Mais uma via no Morro do Morcego. Ela fica exatamente na linha do rapel, virada para face Sudoeste. do Morcego.
Data: 20/08/2025 Local: Jurujuba - Niterói - RJ Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e Jorge Pereira
Fomos ao Morro do Morcego dar uma explorada no potencial. Achamos uma sequencia de grampos que, aparentemente, contorna a borda da esquerda da pedreira. Vi um grampo novo que não deve ter sido batido há muito tempo. Dali continuamos subindo e passamos pelo projeto da Renata e Letícia. Passamos pelas bases da Paredão Sangue Bão e Visão Oposta e Bat Caverna, até chegar a uma linha na qual o Luis havia visto há um tempo. Deixamos combinado de voltar amanhã para começar a conquista. Na volta, paramos e conversamos o pessoal do voluntariado que faz um excelente trabalho de supressão do capim colonião e reflorestamento na área sudoeste do Morcego.
Data: 16/08/2025 Local: Morro do Morcego - Niterói - RJ Participantes: Leandro do Carmo e Ezequiel "Ziki"
Vídeo da Escalada na Moby Dick
Relato da Escalada na via Moby Dick
Eu e o Ziki já estávamos há algum tempo tentando marcar uma
escalada. Havíamos tentado há alguns dias, mas choveu e não conseguimos
escalar. Era uma sexta-feira quando recebi uma mensagem do Ziki, perguntando se
eu poderia escalar no sábado. Topei, e marcamos de fazer a Moby Dick, pois era
uma via que ele havia feito há aproximadamente 20 anos. Eu também já havia ido
à Moby Dick há bastante tempo. Inclusive, cheguei à base contornando o Morro do
Morcego a partir da praia de Adão, pois era dificílimo acessar pela Guarderya.
Agora, como a prefeitura desapropriou a área e a transformou em uma Unidade de
Conservação, não precisaríamos repetir essa epopeia! Combinamos de nos
encontrar no sábado, às 7 horas, em frente à igrejinha de Jurujuba.
Cheguei cedo, e o Ziki já estava lá me esperando. Dali,
seguimos para a base da via. Lá, nos arrumamos e perguntei se ele queria guiar.
Ele disse que não, pois já fazia muito tempo que havia escalado essa via. Eu
também. Não lembrava dos detalhes da via, mas sabia a linha que ela seguia —
bem diferente de quando fui pela primeira vez. Saí para a primeira enfiada e
subi rápido. Joguei para baixo a boca de um pequeno balão que estava preso
entre uns cactos. Subi mais um pouco e montei a parada, já com quase 60 metros
de via. O Ziki subiu em seguida. Saí para a segunda enfiada, contornei um
grande platô de vegetação, pulei algumas proteções para diminuir o arrasto e
parei na próxima dupla de grampos que encontrei.
Já não tinha mais contato visual com o Ziki, mas ele
conseguia me ouvir bem. Gritei para ele subir. Novamente, ele subiu rápido.
Nesse ritmo, acabaríamos bem cedo. A terceira enfiada foi um pouco mais difícil
que as anteriores. Parei num grampo simples, e o Ziki chegou em seguida. Dali,
optei por seguir direto até o cume.
Saí para a nossa quarta enfiada. Subi um pouco, passei por
uma dupla e segui em diagonal para a esquerda, até a base da sequência do crux.
Lembro que não havia guiado esse trecho antes, e agora estaria comigo. Já saí
protegido e subi um pouco, costurando o próximo grampo. Fiz mais um lance,
ganhando altura, e optei por não ir ao grampo que estava à esquerda, pois ele
havia ficado um pouco baixo e fora da linha que eu estava seguindo. Achei que
daria mais trabalho ir até lá do que seguir direto para o próximo. Então,
continuei subindo, mesmo deixando o lance mais exposto. Subi, costurei o
próximo grampo e montei a parada na última proteção da via.
O Ziki subiu em seguida, fez o crux e chegou até mim. Avisei
que já estávamos próximos do fim e que faltava apenas um trechinho acima.
Então, ele resolveu seguir direto. Subiu, fez o último lance e montou a
segurança numa pequena árvore. Subi em seguida e, dali, fui direto ao cume. Lá,
fizemos algumas fotos, assinamos o livro de cume e pegamos o caminho de volta
pela trilha do Morro do Morcego. Fizemos a via em um bom tempo.
Aproveitei para conhecer a área de reflorestamento e manejo
do capim colonião, que está sendo executada pelo voluntariado. Um excelente e
duro trabalho. Dessa vez, não foi uma escalada no estilo aventura, como da
última vez, mas valeu demais a volta ao Morro do Morcego!
Na ponta do Bairro Jurujuba, do cume do Morro do Morcego se
tem uma vista privilegiada da Fortaleza de Santa Cruz, entrada da Baía de
Guanabara, Charitas, Icaraí, Mac, Ponte Rio-Niterói, Aterro do Flamengo,
Pão-de-Açúcar, etc. É alvo constante da especulação imobiliária, o que tornaria esse paraíso ainda mais inacessível!!! O lugar é fantástico. Possui 4 vias tradicionais e 1
projeto, além de 3 esportivas. Tem algumas pequenas chaminés que dão um bom treino. O cume do Morro do Morcego pode ser acessado também por caminhada.
Para se acessar a face norte pode-se costear o morro, a partir da praia de Adão. É uma caminhada
chata. Pode-se chegar por mar, mas o desembarque só se dá com o mar calmo. Já
tentei desembarcar na praia do Morcego, mas como é propriedade particular, tive
que ir embora. Na época da conquista da Moby Dick, todo o acesso foi feito por um sítio no final de Jurujuba, perto da Igreja, porém algum tempo depois, o Leandro Pestana, antigo presidente do CNM, teve o acesso negado, fica aí a dúvida... Segue o acesso até a face norte, feita por caminhada Linha vermelha: Acesso à Face norte Linha verde: Caminhada de volta, após o rapel
Morcego Nervoso - 3º IV (A2/VI) E3/E4 D1 -------- +CROQUI
Face Sul do Morro do Morcego
Para acessar a Face Sul, pode-se passar por uma casa, a última da direita de quem vai para as praias de Adão e Eva, caso o morador permita a entrada, ou seguir um vara mato a partir da praia de Adão. Seguindo pela casa, pegar a rua de chão (as vezes o caminho está tomado por mato) até um ponto onde tem uns eucaliptos, dali seguir para a esquerda, costeando uma ruína de um muro, nunca o ultrapasse. Assim você chegará na rocha (nesse ponto costuma ter muito mato também). Moradores do local falam de abelhas, mas em todas as vezes que fui, não as encontramos, ou melhor, elas não nos encontraram! Segue o tracklog para acessar a base.
Linha das vias da Face Sul do Morro do Morcego
Vias da Face Sul do Morro do Morcego
Verdana Grill
Cristais em Colapso - VIsup E2 - Esportiva
Olho Grande - Vsup E2 - Esportiva
Via não identificada - Projeto iniciado pelo Curso de Guias do CEB
Conquistadores: Leandro do Carmo e Marcos Lima - 2019
Seguindo em direção à Fortaleza de Santa Cruz, a via fica bem em frente à descida da praia de Adão. Os grampos são bem visíveis. É uma via curta com o crux bem na saída, entre o primeiro e o segundo grampo. A partir daí, segue bem tranquila até uma parada dupla. Não é tão alto, mas o visual é fantástico. Acesso Negado - VIIa (top rope)
Conquistadores: Leandro Pestana
O nome da via deve-se ao fato que durante uma conquista no Morro do Morcego, o Leandro Pestana foi proibido de entrar para terminar a conquista e acabou indo até praia e conquistou essa via.
Chaminé Saí Ralado - V ------ + CROQUI / Relato da Conquista Conquistadores: Leandro do Carmo e Guilherme Belém - 2013
Não é uma chaminé com paredes paralelas, ela é em formato de V. O começo é um pouco alto, sendo difícil a saída. Tem uma agarra alta e para vencer o lance, tendo que usar o braço, pois fica sem apoio para os pés. Muitas agarras quebrando. Tem um dupla de grampos para rapelar até a base, caso esteja em maré alta.
Acesso: Pode ser acessado de duas maneiras: Uma, por um
sítio, no final da praia de Jurujuba, no ponto final do ônibus 33, próximo a
Igreja, mas essa é uma opção que não tentamos, pois há um tempo atrás, um amigo
meu teve problemas com o acesso por ali;
a outra, é contornando o morro do Morcego, a partir da praia de Adão,
seguindo pelo costão.
Dicas: A via é bem tranquila e bem protegida, porém muito
suja em alguns trechos, mas nada que prejudique. Na caminhada, em alguns
pontos, tem que abrir caminho no capim, principalmente num platô na Face Norte,
mais ou menos no ponto da via Morcego Nervoso.
Acesso à base:
Linha Vermelha: Acesso à base / Linha Verde: Caminho de volta após o rapel
Na primeira vez que marcamos o tempo não
ajudou, mas agora deu tudo certo. Depois de aproximadamente 3 horas, estávamos
terminando o rapel na face sul. Tínhamos cumprido nosso objetivo. A via Moby
Dick, no Morro do Morcego, em Jurujuba, sempre me despertou curiosidade. Na
verdade, qualquer via que eu não tenha nenhuma informação me desperta
curiosidade! Já havia feito duas vias lá, mas na face sul, a Paredão Sangue
“Bão” e Visão Oposta. Já havia, também ido até a base dela, porém, remando. E
essa era a minha idéia dessa vez, mas a logística não seria uma das tarefas
mais fáceis! Acabamos ficando com a mais simples: vamos seguir caminhando pelo
costão até chegar a base e ponto! Poderíamos pedir autorização a uma residência
no final de Jurujuba, mas por algumas pessoas terem tido problemas lá, preferi
ficar com a possibilidade de chegarmos por um caminho que não dependesse da boa
vontade de ninguém.
Ah, já tinha até esquecido de falar que o meu companheiro de
aventura, seria o Claudney, do Clube Excursionista Light. Trocamos vários
e-mails sobre a via e tínhamos um objetivo em comum: escalar e conhecer a via
Moby Dick. Tínhamos poucas informações. O Claudney me passou um relatório do
conquistador, o Theotônio da Silva, que na verdade não tinha muitos detalhes,
além de um esboço do croqui, mas, também, sem muita informação. Eu sabia onde
era a base e tinha a teoria de que dava para chegar passando por cima de um
grande platô com vegetação. Mas para saber se a teoria iria funcionar na
prática, tínhamos que ir conferir pessoalmente. Essa era única maneira.
Marcamos dia 07/06, sábado, às 07:30, em frente a Igreja de
Jurujuba. Fomos pontuais e nos dirigimos à praia de Adão, onde começaríamos
nossa caminhada. Uma foto para registrar o momento e seguimos. Caminhamos pela
areia e começamos a subir. Fomos contornando o pequeno costão e passamos por
alguns pescadores. Em alguns pontos a pedra estava úmida, o que nos fez
redobrar a atenção. Continuamos caminhando e logo pegamos nosso primeiro
capinzal. Felizmente curto, mas já dava para sentir o que
encontraríamos pela
frente. Contornamos uma grande fenda, próximo ao mar e seguimos caminho por uma
enseada. Havia bastante lixo trazido pela maré, e também, muita coisa deixada,
provavelmente, por pescadores que frequentam o local. Mais adiante, vi que o costão
ficava bem vertical, impossível de passar. Porém, havia uma saída para uma
pequena trilha, de início bem óbvio. Seguimos por ela e passamos por cima dessa
parte vertical, até chegarmos novamente num costão, onde deu para caminhar
tranquilamente.
Andamos mais um pouco e já dava para imaginar que para
acessar o cume do Morcego, deveríamos começar a subir, mas esse não era nosso
objetivo, pelo menos por esse caminho. Seguimos em frente. Já estávamos
entrando na face norte e fomos em uma diagonal para cima, com o intuito de
contornar o grande platô. Seguimos tranquilos e passamos por um ponto, onde
provavelmente começaria a via Morcego Nervoso. Dali para frente era um
incógnita, mas meu instinto me dizia que estávamos indo no caminho certo.
Por enquanto, dava para caminhar no costão, mas alguns
metros à frente, não seria assim tão fácil. Cogitei até continuar no costão,
mas estava tão sujo, que ficaria até perigoso. Na pior parte, o Claudney abriu
o capim, fazendo praticamente um túnel. Ainda o ouvi dizer que “não estava tão
ruim assim”... Acho que era para levantar a moral!!! Quando cheguei no final,
percebi que realmente, não estava tão ruim assim e que o pior já havia passado.
Descemos um pouco chegamos no ponto onde eu havia chegado de caiaque. Mais alguns
metros e estávamos na base. Primeira parte da missão foi cumprida!
Na base, dava para ver pelo menos uns 4 ou cinco grampos.
Combinamos que iríamos revezar a guiada. Nos equipamos e o Claudney guiou até a
primeira parada. A via nesse começo está bem suja, assim como, no meio e no
final, resumindo: toda suja! Mas os lances são bem tranquilos e rapidamente
também cheguei na parada. Como já estava com as costuras, peguei mas algumas e
parti para a segunda enfiada. Subi rápido e fui à esquerda de um grande platô
com vegetação. Quando já estava acima do platô, não via mais o próximo grampo,
olhava para um lado e para o outro e nada. Tinha certeza de que a via seguia
para a esquerda, mas nem sempre o óbvio é o caminho! (depois eu fui entender o
porquê dela não ir pela esquerda...) Sem querer olhei e vi o grampo bem a
direita, um pouquinho acima do platô e abaixo de mim. Segui para lá, o costurei
e fui subindo numa diagonal até chegar na parada dupla. Ainda bem que era
dupla! Esses grampos não estavam muito bem batidos...
Lá montei a parada e o Claudney veio escalando e de vez em
quando parava para atualizar o esboço do croqui que fazia. Na parada, passei o
resto do equipamento que estava comigo e ele seguiu guiando a via. Fez uma
enfiada mais curta, até a próxima parada dupla, uns trinta metros. Subi rápido
e me juntei a ele. Atualizamos o croqui. A via seguia sempre bem protegida, um
ou outro lance com os grampos um pouco mais espaçados, mas bem tranquila. A
vista dali era fantástica. O tempo estava ajudando, o sol típico de inverno não
era forte, mas o suficiente para deixar o as condições extremamente agradáveis.
Comecei a guiar a próxima enfiada, um pouco mais forte que
as anteriores, mas ainda sim, a via seguia tranquila, porém sempre suja. Mais
uma enfiada curta, uns 35 metros. Montei a parada e o Claudney chegou. Dali,
deu para perceber o porquê da via não ter seguido pela esquerda, como mencionei
anteriormente: ela chegaria a uma linha enorme de vegetação, com muito capim,
talvez fosse impossível passar... Talvez não fosse impossível, mas com certeza
não seria a melhor ideia. Como disse, nem sempre o óbvio é o caminho!
Faltava apenas uma enfiada. Pela verticalidade da parede,
parecia que o crux era ali. O Claudney seguiu guiando e foi subindo até que não
consegui mais vê-lo. Comecei a subir e passei pelo melhor lance da via,
justamente no final. Mais alguns metros e já estava no local onde também
terminam as vias Visão Oposta e Paredão Sangue “Bão”. A missão estava
cumprida!!!! Aproveitei para fazer um lanche e seguimos para o rapel. Ainda bem
que havia colocamos mais um grampo no meio da parede, pois o que estava lá,
está tão mal batido, que seria difícil parar nele!
Quando pensava que o capim já tinha acabado, lembrei que
faltava descer o caminho de acesso à face sul. Como da última vez que estive
ali, o capim havia tomado conta de tudo. Pouco restava do caminho que havíamos
feito. Mas passamos e quando chegávamos no final, o caseiro que toma conta do
local nos avisou que o dono não queria mais ninguém passando ali... Ele nos
deixou passar pelo portão. Agradecemos e fomos embora. Tomara que seja só mau
humor!!!!!