quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Travessia das Sete Quedas - Chapada dos Veadeiros

Por Leandro do Carmo




ICMBIO PN 116
Brasília (24/06/2013) – A chefia do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros elaborou o Guia de Bolso da Travessia das Sete Quedas. O folder traz informações importantes para as pessoas que quiserem fazer a trilha, como o roteiro, as distâncias de cada trecho, o mapa com os pontos estratégicos e os cuidados que se deve ter para se fazer o passeio de forma segura e sem danos ao meio ambiente. São disponibilizadas ainda informações sobre a unidade conservação e a fauna e flora da região.

A travessia completa, de 23 quilômetros, pode ser feita em uma dia por atletas, praticantes de esportes de aventura na natureza ou pessoas com bom condicionamento físico, mas a direção do parque recomenda que o roteiro seja cumprido, de preferência, em dois dias de caminhada, com pernoite na área de camping, conforme está no guia.

Assim, as pessoas podem curtir melhor o passeio, desfrutar de banhos no cânion, rio Preto e na cachoeira das Sete Quedas e contemplar as belas paisagens e a diversidade da fauna e flora da Chapada dos Veadeiros, um lugar paradisíaco, cheio de novidades a cada passo. Veja, a seguir, informações contidas no guia do bolso.

ROTEIRO

1º dia de caminhada

ICMBIO PN 176
1 -  CENTRO DE VISITANTES

O Termo de Responsabilidade e Conhecimento de Riscos deve ser entregue assinado no Centro de Visi­tantes, onde a trilha se inicia. Você receberá um cartão de identificação que deve ser colocado na caixinha de correio ao final da trilha. Esse procedimento nos informa que você concluiu a travessia.
SIGA AS SETAS VERMELHAS
O começo da caminhada é pela mesma trilha que leva para os cânions, portanto, siga as setas vermelhas até chegar ao Cânion 1. Do Centro de Visitantes até o próximo ponto, a bifurcação para o Cânion 1, são 3 quilômetros.

2 -  BIFURCAÇÃO PARA CÂNION 1
Pouco antes de chegar ao Cânion 2, existe a bifurcação para o Cânion 1. Muita atenção neste ponto, pois a travessia segue à direita nesta bifurcação, no sentido do Cânion 1, ainda em setas vermelhas. Não é recomendado seguir até o Cânion 2, lembrando que você tem uma longa caminhada pela frente. Da bifurcaçãoa até o próximo ponto, que é Cânion 1, é um quilômetro.

3 - CÂNION 1
A visita ao Cânion 1 é recomendada para quem faz a travessia, por ser um ótimo local para aproveitar a paisagem, se refrescar no Rio Preto e fazer uma pausa breve para lanche.
SIGA AS SETAS LARANJAS
Para continuar a travessia, siga a trilha à direita, pouco antes de chegar ao Cânion 1 e passe a seguir as setas laranjas – elas vão te acompanhar até o final da travessia! Neste percurso, você se depara com paisagens dife­ rentes do cerrado: campos rupestres e veredas, além do cerrado strictu sensu que o acompanhava até este momento, e seguirá até a primeira passagem do Rio Preto. Do Cânion 1 até o próximo ponto, a Travessia do Rio Preto (Fiandeiras), são 4 quilômetros.

4 - TRAVESSIA DO RIO PRETO (FIANDEIRAS)
DSC03035Já na margem do Rio Preto, observe a placa de advertência ali localizada, bem como o poste com a ponta laranja instalado no outro lado do rio. Eles estão em diagonal e orientam o local menos acidentado do rio para se fazer a passagem. Recarregue suas garrafas de água, pois o trecho a seguir é a trilha das fiandeiras: uma trilha histórica, da época do garimpo, e que não conta, durante a seca, com água disponível. Ao final desta trilha, seguindo as setas e postes laranjas em meio a campos e bosques, está o camping das Sete Quedas, novamente às margens do Rio Preto. Da Travessia do Rio Preto (Fiandeiras) até o próximo ponto, que é a área de camping, são 5 quilômetros. Siga adiante, mas lembre-se: encha a garrafinha porque este é o último ponto com água para consumo até o camping.


5 - ÁREA DE CAMPING DAS SETE QUEDAS

ICMBIO PN 228Ao chegar na área de camping, monte sua barraca somente em um dos pontos demarcados e aproveite os poços de banho no Rio Preto e as quedas d'água que formam as Sete Quedas. Atente para a área de banheiro rústico e leve embora todo o lixo que você produzir. Respeite os companheiros de camping com silêncio.  Lembre-se: não são permitidas fogueiras em hipó­tese alguma! O fogo se espalha facilmente pela vegetação. Recentemente, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu com grandes incêndios florestais. A maioria deles é provado pela ação humana. Portanto, obedeça fielmente essa regra de não fazer fogueiras.

2º dia de caminhada

DSC030136 - SEGUNDA PASSAGEM DO RIO PRETO
A apenas 150 metros acima das Sete Quedas existe a sinalização do ponto seguro de passagem do Rio Preto. Caso o nível do Rio Preto esteja baixo, e você prefira e tenha capacidade de passar por entre as pedras, de forma a não molhar os pés, observe o poste acima das Sete Quedas que demarca o começo do segundo dia de caminhada. A trilha segue por uma área de cerrado rupestre, outra fitofisionomia do cerrado. Atenção: este é o último ponto de recarga de água até o final da travessia. Aproveite para abastecer suas garragas de água. Da segunda passagem do Rio Preto até o próximo ponto, o posto da Mata Funda, são 3 quilômetros.

7 - POSTO DA MATA FUNDA
Depois de uma caminhada pelo cerrado rupestre se chega ao Posto da Mata Funda, uma torre de observação de incêndios, utilizada pela Brigada de Incêndios Florestais do ICMBio. Continue o caminho pela estrada de terra que levará à Rodovia GO-239. Do Posto da Mata Funda até o final da travessia são mais três quilômetros.

8 - RODOVIA GO-239  (FINAL DA TRAVESSIA)
Parabéns, você concluiu a trilha! Por favor, deixe seu cartão de identificação na caixinha de correio localizada próxima à saída. A estrada segue para Alto Paraíso à esquerda (24km) e São Jorge à direita (12 km). Agradecemos a ajuda por retornar com seu lixo e manter limpo o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Aproveite sua estadia para conhecer os demais atrativos e trilhas do PNCV.

DICAS DE COMO FAZER A TRAVESSIA DE FORMA SEGURA

• A Travessia das Sete Quedas deve ser feita em dois dias. O primeiro com uma caminhada de aproximadamente 17 km e o segun­do dia com mais 6 km, totalizando pouco mais de 23 km. Saiba, portanto, se você tem o preparo físico adequado para esta aventura;
• Percorra a trilha com calçados fechados, reforçados e confortáveis: chinelos, sandálias e saltos não combinam com trilhas
• Leve sempre com você protetor solar, chapéu, capa de chuva, água e lanche reserva;
• Beba muita água: a desidratação é uma causa comum de mal estar nas trilhas;
• Obedeça as normas do Parque Nacional: mantenha-se na trilha e não colete flores, animais ou pedras;
• Traga todo seu lixo de volta, inclusive restos de comida;
• Observe as condições climáticas dos dias da sua visita;
• Atividades em ambientes naturais apresentam riscos inerentes, tais como perder-se, machucar-se, afogar-se, entre outros;
• Atente-se para o risco de trombas d'água e, em caso de chuvas fortes ou aumento do nível do rio, saia da água imediatamente e procure se refugiar em lugar alto e seguro;
• Não monte sua barraca próxima ao rio: existem espaços delimitados para isso nas áreas de acampamento;
• Esteja preparado para as adversidades em caso de acidentes ou incidentes: leve sempre um celular em condições de funcionamento e acione o corpo de bombeiros (193) em caso de emergência;
• O Parque não possui serviço de resgate. Não se arrisque!
• Caso você não tenha experiência, não se arrisque sozinho: contrate um condutor de visitantes para auxiliá-lo e enriqueça sua experiência aprendendo mais sobre a biodiversidade, geografia e culturas regionais.

LEMBRE-SE, VOCÊ É RESPONSÁVEL PELA SUA SEGURANÇA!


DADOS SOBRE O PARQUE, A FLORA E A FAUNA DA REGIÃO


O parque

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma unidade de conservação federal de proteção integral. Foi criado por decreto presidencial em 1961 e possui uma área total de 64.795,37 hectares, abrigando as várias fitosionomias do cerrado.

Seu objetivo básico é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e desenvolvimento de ativi­da­des de educação e inter­pre­tação ambiental, de re­crea­ção em contato com a natureza e de ecoturismo.

A flora
ICMBIO PN 234Aproveite a travessia para conhecer as diversas fisionomias do cerrado, segunda maior formação vegetacional brasi­leira, menor apenas que a Floresta Amazônica. É possível conhecer o cerrado stricto sensu, caracterizado por uma cobertura arbórea entre 10% e 60%, com árvo­res lenhosas com altura variando entre 3 e 5 metros; matas de galeria, com árvores altas que acompanham os corpos d'água; áreas de veredas, com palmeiras como o buriti, cercadas pelo cam­po úmido; áreas de formações campestres do cerrado e cerrado rupestre, onde a vegetação se molda com as rochas expostas. O cerrado é um bioma moldado em condições severas, como seca prolongada, solo com pou­cos nutrientes e o fogo. De sua resistência a essas condições, impres­siona a beleza mini­ma­lista de suas flores. Fique atento aos detalhes.

A fauna
ICMBIO PN 162
O cerrado conta com 196 espécies de ma­mí­feros, 837 de aves, 184 de rép­teis e 113 de anfíbios, 1,2 mil de pei­xes e mais de 90 mil espécies de insetos. Um terço da biodiversidade brasileira está nesse bioma. Durante os passeios no parque, nas trilhas e nas regiões do entorno existe a possibilidade de se observar bi­­chos como o lobo-guará, o veado cam­­peiro, o tamanduá-ban­­deira, emas, seriemas, araras, papagaios e periquitos, todos livres na natureza.



Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280

terça-feira, 30 de julho de 2013

Travessia Caminhos da Serra do Mar

Por Leandro do Carmo

Uma ótima opção para quem quer ter contato intenso com a natureza! Segue matéria na íntegra, publicada do site do ICMBio. Segue abaixo na 

CAMINHOS DA SERRA DO MAR SERÁ ABERTO NO DIA 15 AGOSTO

Trilha passa pelo Parque da Serra dos Órgãos, no estado do Rio

Brasília (23/07/2013) – A travessia Caminhos da Serra do Mar, que cortará as cidades de Magé, Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, passando pelo interior do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no estado do Rio, será inaugurada no dia 15 de agosto. O projeto é do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que gere o parque.



A trilha já tem sinalização e cartilha para o andarilho. São, no total, 56 quilômetros que devem ser percorridos em seis dias. Durante o trajeto, os caminhantes terão contato com ambientes distintos como mata de encosta, campos de altitude, além de paredões rochosos, picos, poços e cachoeiras.



O chefe do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Leandro Goulart, disse que o principal objetivo da trilha é favorecer a conservação ambiental na Serra do Mar, integrar diversas unidades do mosaico da Mata Atlântica e assegurar assim uma estratégia de conservação por meio do uso público dos espaços. A ideia de fazer uma trilha de longo curso já era antiga, segundo ele, mas só em abril de 2012 começou a ser concretizada.

O início

Para quem quiser completar os seis dias de caminhada, a travessia tem início na Vila Inhomirim, em Magé. A recomendação é começar por volta das 8h. São 7 quilômetros pelo antigo caminho do ouro, uma subida considerada leve-superior, pois começa em uma altitude 20 metros e chega até 700 metros. A caminhada varia entre quatro e cinco horas.

O pernoite será feito no bairro Morin, em Petrópolis. Morin é uma comunidade urbana próxima ao parque e lá há opção de hospedagem em pousadas. Não é possível acampar ainda nesta área dentro do parque. Segundo Leandro, já há um projeto de ampliar as áreas de camping, mas ainda é preciso alterar o plano de manejo da unidade de conservação.

Segundo dia

O segundo dia começa bem cedo entre 6h e 7h e o ponto de partida é as Três Pedras para acessar a travessia Cobiçado Ventania – uma caminhada de nível pesado. "São 12 quilômetros com uma vista deslumbrante da cadeia montanhosa em que o visitante tem uma visão 360 graus. Em dias ensolarados, sem nuvem, é possível avistar a Baía de Guanabara, a cidade do Rio de Janeiro, a ponte Rio-Niterói, assim como a serra de Petrópolis", afirmou Leandro.

A altitude neste dia chega a 1.740 metros. A trilha é considerada difícil pelos poucos pontos de água (recomenda-se levar três litros), a subida é íngreme e há muito desnível de terreno, além de ter pouca sombra. Nesta noite, o visitante dormirá na comunidade rural de Caxambu, em Petrópolis, onde vivem cerca de cem habitantes. "A área tem poços de água, produção de flores e os moradores estão animados para abrir suas porteiras para montar barracas ou alugar camas", informou o chefe do parque.

Terceiro dia

No terceiro dia, é a vez da trilha do Uricanal, um caminho antigo usado por caçadores. A trilha liga o vale do Caxambu ao vale do Bonfim. No caminho, o visitante atravessa pequenos poços, cachoeiras de águas cristalinas e fria, assim como mirantes. São oito quilômetros que podem ser feitos em cerca de quatro horas de caminhada até chegar à comunidade rural do Bonfim. De lá, o visitante pode optar por subir o Pico da Alcobaça de 1.800 metros de altitude. A subida dura emtorno de uma hora. "A comunidade do Bonfim está dentro dos limites do parque e seus moradores são muito receptivos para acampar", garante Leandro.

Em Bonfim está localizada uma das sedes do parque nacional. Lá, é cobrado ingresso de R$ 22 por pessoa. O brasileiro tem desconto de 50% e paga R$ 11, enquanto moradores de Magé, Guapimirim, Petrópolis e Teresópolis pagam R$ 2,20. Menores de 12 anos e maiores de 60 anos são isentos.

Três dias finais

No quarto dia, são 8 quilômetros (cerca de seis horas) até o Morro do Açu de 2.200 metros. Para fazer a subida, é cobrada uma taxa de trilha no valor de R$ 16,50. Lá em cima, há estrutura de abrigo de montanha para acolher 30 visitantes e 70 dormindo em barracas. "É uma caminhada pesada e cansativa, e tem que levar água", recomenda o chefe do parque.

A dica é acordar bem cedo no quinto e penúltimo dia para ver o nascer do sol e depois seguir na travessia Açu-Pedra do Sino. São 9 quilômetros que podem ser feitos entre 7 e 8 horas. Esse será mais um dia pesado em que o visitante percorre sete vales. "Mas é a caminhada mais gratificante. O visitante avista toda a cadeia da Serra dos Órgãos", garante Leandro. Nesse dia, o principal atrativo são os Portões de Hércules, um mirante com um paredão de 700 metros. A última noite será no abrigo do Sino que fica na base da Pedra do Sino de 2.275 metros.

No sexto e último dia, o andarilho já realiza o caminho de descida até Teresópolis. São 12 quilômetros até alcançar a sede do parque. Recomenda-se chegar até 16h.

Mosaico da Mata Atlântica

A ideia é que a trilha não termine em Teresópolis. Os Caminhos da Serra do Mar é um projeto de criação de uma trilha de longa duração que tem como ambição percorrer algumas das unidades de conservação do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense.

"Estamos negociando com o Parque Estadual dos Três Picos gerido pelo Inea para expandir a travessia. Já estão em levantamento mais trilhas. Queremos ter uma travessia de 15 dias de aventura para inaugurar na temporada de montanhismo de 2014, entre abril e outubro", anunciou Leandro.

Nesta grande travessia, será possível chegar até a região de Salinas em Nova Friburgo, ao Sana e se estender até Casimiro de Abreu.

O parque

Criado em 30 de novembro de 1939, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos tem como objetivo a proteção da paisagem e da biodiversidade na Serra do Mar. A unidade de conservação abriga cerca de 2.800 espécies de plantas catalogadas e 130 animais ameaçados de extinção e espécies endêmicas que só existem lá.

O parque tem a maior rede de trilhas do Brasil com mais de 130 quilômetros para trekking em todos os níveis de dificuldade – como a trilha suspensa e a travessia Petrópolis-Teresópolis com 30 km de subidas e descidas pela parte alta das montanhas.

As escaladas também são algumas das atrações como o Dedo de Deus e a Agulha do Diabo. Todas essas trilhas e atrativos do parque podem ser visitados sem o acompanhamento de guias. Saiba mais, clicando aqui.

Comunicação ICMBio - (61) 3341-9280 - com informações do portal ((o)) ECO

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Chaminé CEI, a primeira via de escalada de Niterói?


Por Leandro do Carmo

Possível local da Chaminé CEI
A história nem sempre é clara. Muitos fatos não documentados se perdem no tempo. Por vezes, descobrimos relíquias que passam despercebidas durante anos... Por que no montanhismo seria diferente?

Voltando a história conhecida, é fato que os primeiros relatos de conquista de vias de escalada em Niterói se deram com a da Agulha Guarischi, que fora, primeiramente, batizada de Agulha Itacoatiara. Segundo informativo do Centro Excursionista Carioca*, a idéia de conquistar a Agulhinha nasceu de um acampamento que fizeram na praia de Itacoatiara, em 2 de setembro de 1951. Ao todo, foram 11 investidas e 37 grampos em cinco anos, sendo finalizada em 20 de outubro de 1956. Essa foi a 8ª conquista do Clube e a primeira em terras niteroienses.

Voltando um pouco mais no passado, podemos considerar a fundação do Centro Excursionista Brasileiro como um marco para montanhismo nacional, pois antes dele, as conquistas eram pontuais. O CEB organizou a atividade excursionista, promovendo o esporte e incentivando a criação de outros clubes. Porém, uma lacuna de quase 37 anos entre 1º de novembro de 1919, data de fundação do CEB, e 20 de outubro de 1956, finalização da conquista da Agulha Guarischi, se formou na história do montanhismo fluminense. Será que nesse período, tendo sido inaugurados dezenas de clubes, inclusive um em nossa cidade, e tendo vários pontos com potencial de escalada, as montanhas de Niterói não tiveram conquistas?

Essa foi uma pergunta que sempre me fiz e nunca havia lido nada que pudesse elucidar minhas dúvidas. Porém, como disse no primeiro parágrafo do texto: “muitos fatos não documentados se perdem no tempo...” Foi aí que me deparei com alguns informativos do extinto Centro Excursionista Icaraí. Apesar de poucos, já dava para se ter uma noção de como se organizava o esporte nas terras fluminenses. Várias atividades eram propostas e algumas em parceria com o próprio CEB.

Mas uma me chamou a atenção. Estava marcada para o dia 10 de março de 1940, conforme abaixo:

DIA 10 – MORRO DO CANTAGALLO
Niterói – Montanha com pequenos lances de escalada, sendo a principal pela CHAMINÉ C.E.I. Excursão que irá relembrar uma das primeiras feitas pelo nosso club. Novos caminhos serão traçados, assim como será feita a procura de um novo roteiro para Itaipú.

Mas o que é que isso tem de importante? Estamos falando de 10/03/1940, ou seja, 16 anos antes da conquista da Agulha Guarischi!!! O texto deixa bem claro que era uma via de escalada e que já era frequentada.

Já havia estado lá há alguns dias atrás e depois de ler o texto do informativo, tive a certeza que a Chaminé C.E.I. é onde o André Ilha, Rodolpho Pajuaba e Rosângela Gelly conquistaram, em 1987,  a Chaminé Almas Penadas. Cheguei a essa conclusão pois o CEI descreve o local com "pequenos lances de escalada" e o lá não tem outra chaminé com essas características, pois a outra chaminé existente no local, é a Campello, tendo sido conquistada em 1957, pelo próprio CEC, porém um pouco mais complexa, tendo sido graduada em 3º IIIsup A1.

Além de todas a evidências físicas quanto ao local, o CEI fez questão de dar nome a chaminé, o que não aconteceu nos pequenos lances de escalada na trilha para o Alto Mourão, conforme descrição da atividade nos dias 15 e 17/03/1940, ainda neste mesmo informativo. Outro fato é que a Chaminé C.E.I não é o único nem o mais fácil acesso ao cume, então, escalá-la, era uma opção, o que reforça a tese de primeira via de escalada.

Não temos informação da linha exata da via, graduação, etc., mas fica claro, até que a história mostre o contrário, que a Chaminé C.E.I., é a primeira via de escalada de Niterói!

*Ano 61 - No 3 - Maio / 2007

Segue o informativo do Clube Excursionista Icaraí. Fonte: www.niteroiense.org.br



sexta-feira, 19 de julho de 2013

Escalavrado - Serra dos Órgãos


A galera Born to Be Wild comparecendo outra vez!!!!

Born To Be Wild
Expedição BTBW ao Escalavrado – 01/06/2013
Serra dos Órgãos
Dia 1 de junho de 2013, a galera BTBW parte para mais aventura.

Depois da incerteza do tempo, acreditando na previsão meteorológica e principalmente que o Vinícios não traria chuva, partimos para Teresópolis rumo ao Escalavrado. Todos reunidos, fomos caminhando pelo acostamento para o início da trilha.
Muita subida, assim como trechos molhados. Os primeiros lances de escalada aparecendo e aos poucos fomos avançando, sempre observando as nuvens.  Às 12:20 o cume tinha sido alcançado! Bandeira BTBW estendida a 1.420m! Muitas fotos, comemoração e um lanche conjunto com direito a café preparado pelo Sandro.
Iniciamos a descida com uma sequencia de rapéis. O mais importante foi a segurança adotada pelo grupo, tanto na subida e principalmente na descida, pra que ninguém tivesse problemas. Por volta de 18:00 todos estavam de volta à estrada. Material guardado, caminhamos para buscar os carros, tendo o céu estrelado e o contorno das montanhas como visual.
Terminamos o dia com o tradicional lanche no Alemão. Parabéns a todos!

“Vejo você nas montanhas”
Relato por Marcelo Carrasqueira - BTBW

“Mais do que uma expedição, uma aventura. As montanhas são lugares lindos, cheios de vida e energia positiva. Estar rodeado de pessoas com o mesmo espírito torna a aventura ainda mais prazerosa. Momentos inesquecíveis. Parabéns a todos, pela superação e, principalmente, à Rana Montana, pela organização e pelo carinho em guiar o grupo.”
Sandro Montanha - BTBW

“Obrigada a todos os participantes pelo dia maravilhoso na montanha, e por ter me ajudado mais uma vez a atingir o cume dessa Pedra misteriosa que é o Escalavrado. A segunda vez no cume não foi menos bela que na primeira, a grandeza e beleza do lugar me tirou o fôlego como se fosse a primeira vez. E tenho certeza que na próxima não será diferente.”
Rana Montana – BTBW

Lista de Participantes
Rana Montana (Guia e organizadora)
Sandro Montanha (Organizador)
Marcelo Carrasqueira (Relator)
Gabriel Pacheco
Marcelo Konte
Brigitte Cunha
 Evelyn Kieliszek
Frederico RIP Cheetos
Vinicios Ex Manda-Chuva
Alexandre Rapel
Eduardo Prussik
Olavo Salgado
Leo Carvalho
Orlando Seixas
Camila Barroso

Dicas pra quem quiser conhecer o local
Duração: 4h (ida) e 4h (volta). Esse tempo varia com o numero de participantes. A volta demora, pois muitos lances exigem rapel.

Local de Encontro em Teresópolis: Paraíso das Plantas.

Equipamento: Sapatilha, baudrier, solteira, mosquetão, freio, cordeletes, anorak e headlamp

Alimentação: água (em abundância, pois a trilha é exposta ao sol o tempo todo), sanduiche, frutas, granola....

Extras: protetor solar, boné ou capacete com isolante (sol, muito sol!!).

Autorização: é necessário apresentar o Termo de Conhecimento preenchido na portaria do PARNASO, com o nome de todos os participantes do grupo.























Conquista de Vias em Laranjeiras - Próximo à Face Oeste do Dona Marta

Por Leandro do Carmo

E-mail encaminhado por Pedro Bugin à lista da FEMERJ, sobre a conquista de diversas vias em laranjeiras. Mais uma opção. Parabéns conquistadores!!!!


**********************************************
Bom dia pessoal!
Eu, Ernane "Tufo" Wermelinger e Alex Pinheiro (com colaboração de Eduardo Moreira na segunda investida e Luiz Vulcanis na terceira), conquistamos 11 vias e uma variante numa parede localizada na rua Couto Fernandes, Laranjeiras, bem próxima das vias da face Oeste do Dona Marta. A parede em si, por ficar parcialmente escondida por uma mureta de contenção e da vegetação de base, acaba passando despercebida... Mas fizemos uma exploração no local e nos impressionamos com o potencial do lugar, para vias relativamente curtas, formando um ótimo campo escola.
Em geral, são vias em aderência, mas algumas possuem boas passadas atléticas (bem verticais, em regletes e agarras) e até mesmo em móvel (tem uma via com sua metade inferior inteiramente protegida em friends, numa ótima fenda contínua). 
A maior via possui 90 metros, sendo a única com mais de uma enfiada. Todas as outras ficam entre 20 e 60 metros, sempre protegidas por grampos em aço carbono de 1/2 (exceto as passadas em móvel, claro) num padrão E1 / E2 (com apenas uma via E3) e suas graduações variam de 3° a 7°b.
Croquis das vias:
Traçado das vias da primeira investida, na parede:
Agradecimentos aos companheiros de conquista e ao CEB, clube que cedeu as proteções utilizadas e para o qual as vias foram doadas.
Forte abraço e ótimas escaladas!
Pedro Bugim



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Manutenção da Chaminé XIV de Julho - Parque Nacional do Itatiaia

Mensagem encaminhada por Igor Spaner à lista da FEMERJ,  que ora reproduzo na íntegra:
"Amigos e Amigas,
No último sábado, 06/07/2013, estivemos nas Agulhas Negras e realizamos a manutenção da Chaminé XIV de Julho, no Parque Nacional do Itatiaia. A via é uma bela conquista, de 1965, dos ilustres montanhistas Raimundo Luiz Minchetti e Eduardo Moreira Gomes, ambos membros do Centro Excursionista Rio de Janeiro - CERJ. Logicamente, o trabalho se deu após autorização do conquitador vivo (Eduardo Moreira Gomes) e do CERJ.
A Chaminé XIV de Julho, com cerca 200 metros, foi conquistada, em toda a sua extensão, com apenas duas proteções fixas (grampos do tipo “P” de 10 mm, caseiros, feitos de ferro dobrado) nos dois pontos mais expostos e difíceis da via. Visualmente, as proteções pareciam estar em boas condições, no entanto, após quase 50 anos, não era possível saber com precisão se essas proteções ofereciam a devida segurança aos montanhistas. Outro fator muito importante a ser destacado e que motivou a manutenção dessa via em específico é que a Chaminé XIV de Julho oferece a melhor, mais rápida, mais segura e mais utilizada opção de término de uma das vias mais clássicas de Itatiaia, a famosa Travessia Longitudinal das Agulhas Negras. A partir dos dois grampos da via, podem ser montados dois rapéis de 30 metros, que conduzem os escaladores praticamente diretamente à base da montanha.
As duas proteções originais foram substituídas por dois novos grampos do tipo “P” de ½”. É muito interessante comentar o seguinte:
a) Foi possível sacar os dois grampos da rocha integralmente, porém, foi muito trabalhoso. Constatou-se que os grampos estavam muito bem fixados. Ambos foram afixados com uma espécie de cunha fina de alumínio na lateral do furo.
b) Verificou-se que ambos os grampos estavam intactos, sem nenhuma deterioração devido à corrosão ou ferrugem. Diante da dificuldade de se retirá-los e do surpreendente bom estado de conservação, seria bem provável que os grampos aguentassem outros 50 anos na montanha.
c) Os grampos de 10 mm não foram substituídos por outros da mesma bitola dado o desuso dessa medida de proteções e a ampla utilização e facilidade de acesso aos grampos do tipo “P” de ½”. Os furos na rocha foram tapados e cobertos com pó de pedra, tornando-os imperceptíveis.
Após o trabalho de manutenção da Chaminé XIV de Julho, a mesma encontra-se muito mais segura tanto para quem a escala quanto para quem a utiliza como final da Travessia Longitudinal das Agulhas Negras. Frisa-se que as proteções não foram duplicadas porque não se trata de uma via de descida, mas sim uma via de subida bastante simples e bela que é normalmente utilizada como descida quando da realização da Travessia Longitudinal das Agulhas Negras, não sendo a única e obrigatória opção de término dessa Travessia
Fiz um relatório completo do trabalho de manutenção com fotos e descrição detalhada, mas como não sei se a lista aceita anexos, estou encaminhando também ao Waldecy, presidente do CERJ, e peço a ele para encaminhar aos moderadores da Lista.
Participaram do trabalho eu, Rogério Costa e Márcio Oliveira. Peço a todos ajuda para divulgar nas listas.
Saudações montanhísticas a todos!
Igor Spanner"

terça-feira, 16 de julho de 2013

Treino para Travessias

Como se preparar para uma travessia? 

Por Guilherme Belem

Nesse treinamento deixarei de lado a preparação de equipamentos e trabalharei as informações aprofundadas do desempenho físico. Mostrarei as fases do treino de caminhada, até que se alcance o topo da forma física, afim de executar sem muita dificuldade uma longa trilha.

De iniciante a atleta: Para iniciar esse trajeto é preciso treinar, mas treinar muito! Pois não é prudente a participação de aventureiros sedentários nesse tipo de atividade. Deve cuidar muito bem de seu corpo, pois o mesmo levará uma intensa carga até o longo destino e sofrerá impacto significativo nas articulações, músculos e tendões. Fortalecê-los de forma específica é a chave para o sucesso, e por conseguinte a prevenção de muitas dores durante o percurso e pós-atividade.


Guilherme Belem(Trilha inicial: 1:30 de caminhada
Passagem dos olhos, com trecho de escalada- Pedra da Gávea)

É necessário um tempo mínimo de preparação, pois, as adaptações musculares e cardiorrespiratórias costumam ser lentas. Atente ao princípio da “individualidade biológica”. Sendo assim: Cada indivíduo responderá de forma diferente ao estímulo. Persista no treino e o corpo se adaptará, não há fórmula moldada, mas sim treino base, descanso e novo treino. A “não progressão” da “performance” pode ser um indicativo de erro ao usar a planilha nos fatores intervalo e/ou intensidade. Teste o seu corpo, a resposta sempre será efetiva se conduzi-lo de forma prudente respeitando seus limites.

1ª Fase do treino: Preparação
Tenha todas as informações possíveis do percurso: Distância, altura, desnível, tipo de terreno e clima (temperatura). Tempo mínimo, máximo de duração da atividade e fase do dia (manhã , tarde ou noite) de início.

2ª Fase: Execução
Suponhamos que essa travessia seja a Petrópolis-Teresópolis. Teremos um percurso da seguinte forma:
Local
Distancia
Terreno
Desnível
Tempo de duração
Portaria do Bonfim - Açu
7 Km
Subida íngreme
1200m
6 horas
Açú - Sino
11 Km
Misto (subidas e descidas)
200m
9 horas
Sino-Portaria Teresópolis
12 km
Descida constante
1100m
5 horas
Total
30 Km
-
-
20 horas
Valores aproximdos

Tendo um planejamento minucioso o treino fica livre de possíveis erros.

Para iniciar um treino de caráter aeróbico ou de resistência muscular localizada, é necessário aplicar o princípio de especificidade, sendo assim: Faça exercícios localizados na musculação que simulem treino de pernas iguais a caminhada, e no aeróbico é caminhar, caminhar e caminhar! Não se esqueça do peso extra que terá no trajeto. Em alguma hora terá de treinar com o mesmo peso que carregará no dia. Use a mochila com todos os equipamentos (carga extra) e treine nos dias mais intensos.

Tenha como padrão a seguinte ordem de exercícios:
1
Aquecimento
Movimentação muito leve
2
Movimentação de cadência
Aumento de intensidade (inclinação e/ou velocidade)
3
Treino cansativo
Incremento de carga forte
4
Treino exaustivo
Incremento de carga muito forte
5
Desaceleração
Diminuir a intensidade
6
Volta à calma
Movimentação leve
7
Alongamento
Amplitude de movimentos articulares submáximos estáticos ou balísticos.

Trabalhemos uma porção de tempo formada por 12 semanas no mínimo:
Semana
Treinos semanais
Volume total da semana
Intensidade
1
3
12Km
Baixa
3
4
16Km
Média
6
4 a 6
24Km
Alta
9
5 a 7
32Km a 36km
Média
12
5
20Km
Média

Modelo de treinamento a ser executado:
Contínuo
Aplicação contínua de cargas e velocidade, sem nenhum tipo de alteração nos estímulos (intervalo, carga e número de contrações musculares)
Ex: Caminhada de 5km com velocidade de 6km/h o tempo inteiro.
Terreno: Plano
Intervalado
É aplicado esforço máximo ou submáximo, com o uso de descanço no meio do treino, podendo ser o mesmo passivo (parado) ou ativo(movimentação fraca).
Ex: Caminhada de 6km, o 1ºkm(e os demais ímpares) com velocidade de 6,5km/h

o 2ºkm ( e os demais pares)caminhada a 5km/h. Alternando os dois estímulos.
Terreno: Plano
Fartlek
Trabalhado também como terreno misto, é usado com variação extrema de velocidade, inclinação e tempo de intervalo ativo (ainda se movimentando).
Ex: Caminhada de 10km, sendo o 1ºkm – 6km/h (inclinação 6%) o 2,3 e 4ºKm-  6,5km/h (inclinação nenhuma) e o 5ºkm- executar caminhada 5km/h (inclinação 10%)  Sendo essa série repitida por duas vezes.
Terreno: Misto (Aclive, declive e plano)
Ganho de volume
É usado para que se alcance maiores distâncias. Treino moderado porém com longa distância.
Ex: Treino longo de 12km contínuos e velocidade moderada.
Terreno : Plano
Força
Diminuição do número de contrações com um emprego alto de carga.
Ex: 2km sendo eles percorridos a 5,5km/h em uma inclinação de 8% e com o peso dos equipamentos.
Terreno: Íngreme

Leandro do Carmo, Suzana Pastuk e Guilherme Belem
(Costão Pão de Açúcar -1 hora de caminhada e um pequeno trecho de escalada)















Tudo pronto? Agora a fase mais importante: Planilha de treino!

Semana
Método de Treinamento
quilometragem a percorrer por dia de treino
Tempo médio de duração
Número de treinos
1
CN
4+3+3=12km
40’
3
3
CN e FT
3+6+4+3=16km
40’ a 50’
4
6
CN, FT e F
4+5+6+5+4=24km
45’ a 55’
4 a 6(repetir treino leve)
9
CN, FT, F e GV
4+8+10+6+4=32km a
6+8+10+6+6=36km
50’ a 90’
5 a 7(repetir treino leve)
12
GV
4+4+4+4+4=20km
40’
5
Legendas: Contínuo = CN      Fartlek = FT       Força= F        Ganho de Volume: GV

*Esse treino foi desenvolvido exclusivamente a pessoas que visam melhorar o desempenho na trilha, podendo sofrer alterações na intensidade, aos que queiram fazer a travessia em um só dia. Se assim for, o treino deve ser alterado no volume diário, que deverá ser mais alto.

Obs: Faça o treino na ordem em que foi empregado. Use sempre o intervalo de 24h para cada treino no mínimo, e mantenha o corpo em movimento o maior tempo possível, sem fazer paradas. Não deixe de fazer musculação atrelada aos dias de caminhada.

Com essas dicas tenho certeza que a travessia será um sucesso, onde a preocupação não será o corpo, mas sim aproveitar o evento e todas a suas maravilhas que a natureza proporciona. Boa trilha! E até a próxima!

Guilherme Belem é Professor Especialista em Exercício aplicado à Reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais, Medicina do Exercício e Consultor PitbullAventura CREF: 028167-G/RJ.

Homenagem aos amigos da montanha.