Por Leandro do Carmo
Escalada na via Bohemia Gelada
Relato
Dia de finalizar o Curso Básico de Montanhismo do CNM. Na
maioria das vezes optamos por fazer a escalada no Pão-de-Açúcar, setor das
cervejas. São vias bonitas e relativamente fáceis. Talvez fácil não seja a
melhor palavra para descrever, mas se me permite o trocadilho, diria que são
vias viáveis. Estávamos num período de sol forte e a melhor opção para escalar
no setor é na parte da tarde, onde a sombra começa a aparecer por volta das
14h. Mas na programação, estávamos marcados para a parte da manhã. Então melhor
começar cedo!
E marcamos cedo. Era 5h 50 min quando cheguei à Urca e
consegui um bom lugar para estacionar na Praça General Tibúrcio, na Praia
Vermelha. Todos chegaram praticamente juntos. Seguimos em direção à Pista
Cláudio Coutinho num bate papo super agradável. Pegamos o caminho em direção à
Escadinha de Jacó, pois depois do desmoronamento no trecho inicial da trilha do
Costão, a recomendação e fazer por ali.
Já na base, nos equipamos e começamos a subida. A Escadinha
de Jacó é um dique de basalto que corta todo esse trecho e ainda vamos vê-lo na
base das cervejas. Para quem gosta de geologia é um espetáculo. Subimos e
descemos o precário caminho. Já na base nos dividimos e como já havia feito a
Heniken no curso anterior, fui para a base da Bohemia Gelada. Na verdade,
costumamos fazer as primeiras enfiadas da Bohemia Gelada e terminar pela
canaleta da Chaminé Pão-de-Açúcar, fazendo uma escalada bem bonita.
Saí para guiar a primeira enfiada e subi rápido até o
primeiro grampo que é bastante alto. O trecho é bem tranquilo, mas se estiver
úmido fica bem escorregadio. Mas hoje estava bem quente e nada de molhado pelo
caminho. No primeiro grampo, tem um lance onde gosto de colocar o pé bem alto
para subir. Deu certo e logo segui subindo até montar a primeira parada num
grampo simples.
Dali subi para a segunda enfiada, passando pela borda
direita do buraco e subi mais alguns metros até montar a parada e puxar os dois
participantes. Segui para mais uma, acompanhando as cordadas das outras vias. O
bom das vias ali é que sempre conseguimos nos ver e nos comunicar, durante
quase toda a escalada. Essa enfiada foi bem tranquila e parei mais acima, já na
via Chaminé Pão-de-Açúcar. Nesse ponto, dei segurança aos dois participantes e
aproveitamos para beber uma água. Era hora de descansar, pois entraríamos no
trecho mais bonito da nossa escalada.
Depois de descansar era hora de escalar, mas antes avisei
que não teríamos mais contato visual e nem eles me escutariam. Combinamos os
puxões de corda como forma de comunicação. Saí para a escalada e na medida que
subia, a parede foi ficando mais vertical. Esse trecho tem umas agarras
gigantes, se assemelhando a agarras de muro de escalada, de tão grandes.
Algumas delas parecem que estão coladas e que vão se soltar a qualquer momento.
Subi mais um pouco e o arrasto da corda foi aumentando. Mais acima, perdi
completamente o contato e estiquei o máximo de corda que pude, montando a
parada.
Como combinado, dei três puxões na corda para sinalizar que
já podiam subir. Aos poucos fui sentindo a corda aliviar, sinal de já subiam.
Em pouco tempo, estávamos todos no platô, já na entrada do caminho que nos leva
à trilha do Costão, bem no ponto onde termina o trecho de escalada. Resolvemos
esperar na sombra as outras cordadas chegarem, muito melhor do que ficar no sol
quente. Ali pudemos nos desequipar, arrumar a mochila e fazer um lanche
tranquilos. Era descansar, pois ainda faltava a trilha até o cume do
Pão-de-Açúcar.
Com todos reunidos, iniciamos a subida. Ainda paramos na
Pedra Filosofal para a tradicional foto. Só pensava na esfiha e no kibe do
restaurante Árabe Urca.
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