segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Invasão ao Morro do Tucum (Costão de Itacoatiara)

Por Leandro do Carmo

Invasão ao Costão de Itacoatiara

Local: Itacoatiara
Data: 16/09/2012



Dia perfeito: sol, nenhuma nuvem no céu. Praia com água transparente! Itacoatiara nos seus melhores dias. Há tempo que queria por esta idéia em prática: uma invasão de escalada no ponto que considero um dos melhores do Rio de Janeiro, o Parque Estadual da Serra da Tiririca. O local escolhido foi o Costão, pois possui a maior quantidade de vias.

Divulguei na lista da Companhia da Escalada e logo lista foi crescendo. Convidei, também, a galera do Clube Niteroiense de Montanhismo e a lista já tinha mais de 30 pessoas...

Nem a chuva de quinta-feira, foi capaz de desanimar a pessoal. Consegui contato com o jornal O Fluminense, que marcou presença na cobertura do evento.

Marcamos às oito horas no gramado em frente ao Costão. Cheguei cedo e já tinha gente esperando. Aos poucos a galera foi chegando. Começou a encher... Tinha gente que não acabava mais. Enquanto o pessoal organizava as cordadas, tive que dar uma entrevista ao jornal, para falar um pouco sobre o evento e o nosso esporte.

Aos poucos as cordadas foram formadas e o pessoal começou a subir. Do Clube Niteroiense de Montanhismo foram três cordadas: uma cordada de três foi na Paredão Itacoatiara, guiada pelo Ary; outra cordada de três foi para a Alan Marra, guiada pelo Leandro Pestana; e  mais cinco pessoas, fizeram um treinamento na horizontal da Entre 4 Paredes, guiada pela Eny.

Na Face Oeste do Costão, foi concentrada a maior parte dos escaladores. Ao total, foram 18. A vista da praia deve ter sido fantástica. Não lembro de ter visto tanta gente escalando o Costão ao mesmo tempo. Com certeza via ficar na história.

Para darmos oportunidade à todos, escalaria a via que sobrasse ou que tivesse menos gente fiquei, então com a Luiz Arnaud. Entrei participando na cordada do Guilherme e aproveitei para ir fotografando. É a via mais tranquila dessa face. Fomos em três cordadas. Subimos o costão e começamos a escalada.

O Emersom, já estava rapelando, ele bateria as fotos lá de cima. Foi descendo até o crux da via, onde se posicionou para dar alguns cliks. O sol apareceu sem piedade. Mas subimos sem problemas.

Fomos os primeiros a chegar ao cume. De lá, fotografei as outras cordadas da Luiz Arnaud. O tempo foi passando e não aparecia ninguém que vinha da Paredão Itacoatiara e Uma Mão Lava a Outra. Resolvi descer um pouco, para ver se via alguém. Parei no platô onde tem o último grampo da Via uma Mão Lava a Outra. De lá já via todas as cordadas. A cordada do Ary estava mais adiantada, ele já tinha começado a última enfiada. A cordada do Sandro estava chegando ao segundo ponto onde as vias se cruzam, na diagonal para a direita.

Vi que a cordada do Vítor Pimenta estava com uma corda só, ele veio subindo e faltou pouco para chegar ao grampo. Pensou em desescalar, mas dei a idéia de descer minha corda e ele usar as duas, assim ganharia mais tempo. E assim eles fizeram. Subi e esperei o Ary chegar. Quando o Sandro chegou, resolvemos descer e esperá-los lá na praia.

Quando chegamos no quiosque, a última cordada estava chegando ao cume. Missão cumprida!!!! Foi um sucesso!!! Todo mundo se amarrou na escalada, no visual, na praia, etc... O gostinho de quero mais ficou no ar... Qual será a próxima????

Estatísticas da invasão:

26 escaladores, distribuídos em 5 vias e 10 cordadas
Acompanhantes???? Perdi as contas
Nenhum incidente

Agradecimentos:

Primeiro agradecer ao Emerson que rapelou do cume só para fotografar, ao jornal “O Fluminense”, único que se propôs a cobrir o evento, aos guias, aos participantes, aos caminhantes, aos acompanhantes, ao Clube Niteroiense de Montanhismo, enfim... todos!!!!!

Nem quis citar os nomes para não correr o risco de esquecer de alguém!!!

Obrigado a todos!!!


Clique nas fotos para ampliar.

Jornal "O Fluminense"
Galera subindo o Costão
 


Suzana no Costão

Vista da Praia de Itacoatiara

Mais subida

Ary na Paredão Itacoatiara

Base da via Luiz Arnaud

Mardem guiando

Guilherme guiando


Na primeira parada

Segunda cordada na 1ª parada




Mardem guiando



Dia abençoado

Escalando...

Vista sensacional

O grande fotógrafo Emerson

Maurício escalando


Bruno no fim da diagonal

Mais visual

Parte da galera no cume

Aguentaram um sol quente!


Preparando para descer

Itacoatiara

Bruno chegando

Suzana chegando

Mais uma da Suzana


Ary, Andréia e Luiz na Paredão Itacoatiara

Ary guiando

Vitor Pimenta, Sandro, Paulo e o outro participante

Vitor na última enfiada da Uma Mão Lava a Outra



Luiz, Andrea e Ary mais embaixo

Mais visual

Outra parte da galera

Apreciando o Mourão

Mourão e um pedaço de Itaipuaçu

Agulha Guarischi

A cordada da Eny

Hora do descanso




domingo, 2 de setembro de 2012

A volta na Agulha Guarischi

Por Leandro do Carmo

A volta na Agulha Guarischi

Via Paredão Zézão – 3º V E2 D2 260 metros
Via Paredão Eldorado – 2º III E2 D1 100 metros

Local: Itacoatiara
Data: 19/08/2012
Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém, Leonardo Carmo e Bruno Silva






DICAS: Os melhores lances estão no começo onde tem aderência e pequenas agarras; primeiro grampo bem alto; na segunda enfiada, acima do platô, seguir a direita do grampo numa diagonal, assim evita o atrito da corda, apesar de aumentar a exposição; rapel em diagonal longa; possibilidade de segurança de corpo na terceira parada.



Relato

Depois de 5 meses, estava lá de volta: Agulha Guarischi!!! Tinha que voltar lá e comprovar que ela é boa mesmo! rs. Essa vai ser a primeira via que repito, depois de alguns meses de escalada. Uma coisa é certa: Uma escalada não é igual a outra, mesmo que você já tenha feito a via. E lá não poderia ser diferente. Era também uma oportunidade de guiar as enfiadas que foram feitas pelo Guilherme na outra vez.

Nessa empreitada, chamamos o Bruno e meu irmão, o Leonardo. Marcamos de nos encontrar as 08:00 h na entrada do Parque, em Itacoatiara. Não precisávamos nos preocupar muito com o sol, para escalar, o inverno é uma beleza. Quando nós chegamos, o Bruno já estava esperando. Preenchemos o termo de responsabilidade e iniciamos a trilha.

Parece que dessa vez foi bem mais rápido chegar a base da via. Já na base começamos a nos arrumar. Decidimos que o Bruno me guiaria na primeira enfiada e o Guilherme guiaria o Leonardo.  O Guilherme iniciou a subida. O primeiro grampo é bem alto, o que assusta um pouco. Mas nada muito complicado. Com calma dá para chegar tranquilo. Depois de alguns minutos, foi a vez do Leonardo. Assim que ele passou do segundo grampo, o Bruno começou a guiar.

Foi subindo e parou no quinto grampo. Montou a parada e eu iniciei a subida. Nem tomei conhecimento do lance. Participando, a gente vai sem medo. Percebi como é fácil. O que dificulta, às vezes é a exposição!!! rs. Cheguei ao Bruno e continuei subindo. Falei para ele de uma excelente agarra, na verdade um buraco, atrás da Bromélia, o facilita muito o lance. E assim fui até o platô, montei a parada e mandei o Bruno subir. O Guilherme já estava na segunda parada, depois do lance em diagonal. O Leonardo começava a sua subida.

Quando o Bruno chegou expliquei para ele a próxima enfiada. Falei que fazendo aquela variante, apesar da exposição, diminui muito o arrasto da corda. Comecei a subir. Essa variante torna o lance muito exposto, porém se dificuldade, a gente vai subindo acompanhando uma veia na pedra. Cheguei na segunda parada. O Guilherme já tinha iniciado a subida, deu tempo de bater algumas fotos dele. Enquanto o Leonardo subia, o Bruno também veio.

Dali para cima, para mim a enfiada mais bonita da via e sem muita dificuldade. Fui beirando a aresta até o último grampo. Por vezes olhava para baixo para apreciar o visual. Lá fiz segurança de corpo e mandei o Bruno subir. Guilherme e Leonardo já estavam se preparando para subir. Atravessei a pequena trilha e encontrei os dois. O Guilherme subiu até o platô e deu seg ao Leonardo. Foi minha vez. Subi tranquilo e o Bruno veio logo em seguida. Dali faltava apenas mais uma enfiada e uma subidinha tranquila.


E assim fizemos. Da última parada até o cume, o Leonardo guiou o lance. Bem tranquilo, mas para a primeira vez, já é uma grande experiência. Enfim estávamos lá!!! A vista lá de cima é fantástica. Sentado lá em cima, de frente você vê o Costão, à esquerda, o mar, à direita, O Telégrafo e atrás, o Mourão. Dali, fui até o topo, onde tem o grampo, se não me engano ainda da conquista. Mais algumas fotos e já estava na hora de descer.

Voltei até a parada e nos preparamos. Emendamos as cordas para fazer um rapel mais longo. Comecei a descida e passei pela parada dupla logo abaixo. Pensei: será que dá para descer em direção ao Telégrafo? Fui pendulando até mais em baixo e vi que a vegetação parecia rasteira, não teríamos problema...Então avisei ao pessoal que dava para descer por ali. Assumi a responsabilidade!!!

Montei a parada e eles vieram. Passamos a corda e fui o primeiro a rapelar. Foram sessenta metros de rapel, com pelo menos 30 metros na vertical. Faltando uns 10 metros, tive que atravessar uns arranha-gatos que deram trabalho. Cheguei na base e notei que não seria tão fácil assim. A vegetação era rasteira, com algumas árvores de pequeno porte, mas com muito, mas muito arranha-gato. Ouvi um barulho estranho que começou a aumentar. Dei uma abaixada e fiquei quieto tentando descobrir o que era. Quando olhei mais para cima, vi que era um urubu protegendo o ninho. Literalmente estava no ninho do Urubu.

Mandei logo o próximo descer, se o urubu fosse atacar, não queria ser o único a tomar bicada!!! rs. Veio o Guilherme, o Leonardo e por último, o Bruno. Enquanto eles se arrumavam dei uma descida para avaliar o caminho. Vi que não seria nada fácil. Voltei e ajudei o Bruno a puxar a corda. O Guilherme e o Leonardo continuaram descendo para tentar abrir caminho. Já tinha dado uns cinco arranhões na perda. Fiquei com medo da corda prender, porém ela desceu bem, a medida que puxávamos.

Coloquei todo o material na mochila para ajudar na descida. Era tanto cipó e arranha-gato que para descer dois metros, levava uns 10 minutos!!! E assim fomos, com muito sofrimento e arranhões!!!! Mais um pouco de descida penosa e me aproximei da parede do Morro do Telégrafo, de onde pude avistar o caminho de água da chuva. Cheguei lá. Vi que dali ficaria muito mais tranquilo. O que seria um atalho, tinha virado um problema!!!! Mas conseguimos superá-lo!!!! Acho que seria mais fácil ter feito um monte de rapel.

Fomos seguindo o caminho de água e encontramos, por vezes, rastros de que pessoas já haviam passado por ali. Fomos beirando o Morro do Telégrafo até trilha interditada para o Alto Mourão. Mais alguns minutos e já estávamos na trilha do Costão. Aí foi só ver os estragos nas pernas.

Moral da história: Nunca entre numa trilha se não tiver certeza de que ela exista!!!!

O pessoal deve estar me xingando até agora... Afinal de contas, a idéia foi minha... rs

Até a próxima.

Agulha Guarischi
Agulha Guarischi
Agulha Guarischi

Agulha Guarischi
Agulha Guarischi


Agulha Guarischi

Agulha Guarischi

Agulha Guarischi

Agulha Guarischi

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Guia de cordada e o participante

Por: Guilherme Belem- Personal Trainer e parceiro PitBull Aventura.

 Participante: 

  • Aventureiro e não menos corajoso do que um guia, porém inexperiente. Tem a função de dar toda assistência ao guia.
  • Corda? Contigo! Segurança com atc? Com muita atenção! Suporte e peso? Em suas costas!
  • Corda embolada, bolo, "sanduba"e cerveja pós esforço? Sua responsabilidade!
  • Quase um estagiário da montanha, que irá aprender muito até revesar uma guiada na parede.
Bom participante é aquele pró ativo, que não titubeia ao ajudar, pois sem guia não há conquista.

Guia de cordada:

  • Já foi e pode a qualquer momento ser um participante.
  • É um escalador licenciado, experiente, paciente, corajoso, frio, calculista, que deve conhecer a trilha, ou pelo menos ter estudado o croqui da via.
  • Levará em consideração suas limitações físicas e a do participante.
  • Tem autonomia suficiente para tomar decisões essenciais ao bem comum, sem ter dúvidas ao desistir de uma escalada perigosa. 
  • Tem também a sensibilidade com esforço alheio e não exita aconselhar um descanso ou lanche.
  • Tem equipamento de sobra (melhor sobrar e carregar peso, do que faltar no meio da parede).
  • Ajuda muito o participante, mas não é super herói, tem medo de queda, principalmente de fator 2.
  • Ama a natureza e tenta o máximo não impactá-la, preserva a vida, não é louco, mas cá para nós: O que você faria para ter a melhor vista do mundo?


Tal texto levanta uma polêmica sobre o que sugere obrigações do guia e participante. E vocês o que acham disto? A sincronia de ambos é essencial para o sucesso de uma escalada?





Um grande abraço a galera da parede. Até a próxima!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Consulta pública para ampliação do Parque Estadual da Serra da Tiririca

Mais uma conquista. A sua presença será muito importante!!!
 
 
AMPLIAÇÃO DO PARQUE DA SERRA DA TIRIRICA É TEMA DE CONSULTA PÚBLICA
 

Foto: Leandro do Carmo

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) fará no próximo dia 30, às 19h, no Colégio Itapuca (Avenida Ernani de Faria Alves, 124 – Piratininga), em Niterói, consulta pública sobre a proposta de ampliação do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset). Situado no limite entre Niterói e Maricá, a unidade será ampliada dos atuais 2.260 hectares para 3.520 hectares, incorporando cerca de 90% da Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro, além das Ilhas do Pai, da Mãe e da Menina.

A ampliação do parque vai proporcionar maior proteção à biodiversidade da região. As áreas da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro, situada a oeste do Peset, possuem relevo montanhoso, abrangendo os morros do Cantagalo e do Jacaré e as serras Grande e do Malheiro, com altitudes médias acima de 250 metros e ponto culminante na Pedra do Cantagalo (407 m). A incorporação vai resultar na adequação da área ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que não mais prevê a Reserva Ecológica entre as categorias de áreas protegidas.

As ilhas do Pai, da Mãe e da Menina, além de grande beleza cênica, são importante refúgio para as aves marinhas. As áreas rochosas submersas não serão incorporadas ao parque, o que garante a continuidade da sua utilização pela comunidade pesqueira de Itaipu.

A ampliação do Peset será fundamental para a preservação de um importante patrimônio natural, protegendo nascentes, encostas e uma importante biodiversidade, que prestam diversos serviços ambientais à região. Além disso, essa medida poderá incrementar o ICMS ecológico recebido pelo município, e agregará valor à Região Oceânica de Niterói, favorecendo a economia e o turismo local.

Para mais informações, os interessados podem entrar em contato com a Gerência de Unidades de Conservação de Proteção Integral do Inea, pelo telefone (21) 2334-6207, ou com a administração do Parque Estadual Serra da Tiririca, pelo telefone (21) 2638-4411, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

Fonte: http://www.inea.rj.gov.br/noticias/noticia_dinamica1.asp?id_noticia=1861

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Não obrigatoriedade de guias em Unidades de Conservação

Direto do site da CBME
www.cbme.org.br







Com certeza uma grande vitória!!!!!! Parabéns à todos os envolvidos.
Durante mais de 10 anos, a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) vem lutando contra a imposição da contratação de guias (condutor de visitantes) para acessar áreas naturais, em especial as Unidades de Conservação (UCs) - os “guias obrigatórios”.
Como fruto dessa luta (que inclui o 1o Encontro de Parques de Montanha, em 2006), em 2008, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou a Instrução Normativa no 8 (de 18 de setembro de 2008), onde se estabeleceu o seguinte:

CAPÍTULO II - DOS PRINCÍPIOS E DAS RECOMENDAÇÕES
Art. 3° São estabelecidos como princípios:
I - a não obrigatoriedade da contratação do condutor de visitantes;
II - que a contratação de condutores seja recomendada aos visitantes das unidades de conservação.
Em 27 DE MAIO DE 2010, foi publicado o decreto estadual Nº 42.483 (RJ), que estabelece diretrizes para o uso público nos parques estaduais administrados pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Neste decreto, ficou instituido que:
Art. 12 - A contratação de serviços de condução e guiagem nos parques estaduais, seja de pessoa física ou jurídica, será facultada ao visitante, exceto quando se tratar da visitação em áreas excepcionalmente frágeis ou vulneráveis apontadas no seu plano de manejo ou em norma editada pelo INEA, quando então será obrigatória.
Apesar da publicação da IN do ICMBio, algumas UCs federais ainda obrigam seus visitantes a contratarem guias, como é o caso destacado do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e outros parques menos emblemáticos, como por exemplo, os Parques Nacionais da Chapada dos Guimarães, dos Aparados da Serra e Serra Geral.
Ainda na luta para garantir o direito dos visitantes, a CBME promoveu novamente essa discussão durante o 2o Encontro de Parques de Montanha, onde estiveram presentes gestores e gestoras de Parques de Montanha Nacionais, Estaduais e Municipais, representantes do ICMBio, representantes de Organizações Estaduais de Meio Ambiente, representantes de órgãos municipais de meio ambiente, montanhistas e escaladores representados por associações, federações e Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, universidades, ONGs e organizações que atuam com uso público em áreas protegidas. Uma das principais recomendações do encontro foi: “Contratar serviços deve ser uma opção e não uma obrigação para o visitante”, garantindo assim o direito ao risco dos cidadãos e uma diversidade de experiências.

Com a recente divulgação do Ofício enviado pelo ICMBio à CBME informando que a obrigatoriedade da contratação de Guias no PN da Chapada dos Veadeiros será extinta em agosto de 2012, a CBME vem reafirmar seu apoio irrestrito à decisão do ICMBio de acabar com a obrigatoriedade de contratação de guias (condutores de visitantes) em Unidades de Conservação Federais, como foi anunciado nas mesas de abertura do 2o Encontro de Parques de Montanha e do 2o Congresso Brasileiro de Montanhismo e Escalada, ambos realizados durante a I Semana Brasileira de Montanhismo, em abril de 2012, no Rio de Janeiro.

O presente documento destaca o entendimento e a posição da CBME sobre o presente assunto:
  1. O que está em jogo é o fim da OBRIGATORIEDADE e não a eliminação dos serviços de condução de visitantes. Entendemos que a contratação de guias (condutores) deve ser facultada aos visitantes. Cada pessoa deve ter a liberdade de escolher se contrata um serviço ou não.
  2. Não existe nenhuma objeção ao serviço de condução de visitantes, ou mesmo ao incentivo à contratação de guias locais. Esses serviços geralmente são prestados por montanhistas profissionais e os Parques podem e devem manter um cadastro desses profissionais e recomendar sua contratação pelos visitantes menos experientes, a exemplo do que já ocorre no PN do Itatiaia e no PN da Serra dos Órgãos, entre outros.
  3. Os visitantes de uma UC possuem diferentes expectativas e necessidades, alguns buscam a solidão e o desafio, enquanto outros procuram a experiência de um contato mais próximo à natureza pela primeira vez. Todos devem ser respeitados, contribuindo para aumentar a relação afetiva entre a população e as áreas naturais, contribuindo para sua conservação. Uma gestão eficiente de visitação deve contemplar essas diferentes essas expectativas. Não se limitando a incluir todos os visitantes em um único pacote turístico, empobrecendo em demasia as oportunidades de visitação: tanto para o visitante que busca aventura e desafio, quanto para aqueles que buscam um contato mais solitário e intimo com o ambiente natural, sem a companhia compulsória de guias. A não obrigatoriedade da contratação de guias torna possível que as diversas de expectativas dos visitantes sejam atendidas.
  4. O 2o Encontro de Parques de Montanha recomenda que a gestão de UCs deve “Considerar a diversidade de necessidades da visitação e expectativas de visitantes, como por exemplo: solidão, desafio ou superação, aventura, educação, interpretação, contemplação, interação com a natureza, conhecimento, capacitação, espiritual, visitação de atrativos ícones, entre outros.
  5. As UCs devem informar quais são as atividades disponíveis e os graus de dificuldade envolvidos em cada uma delas. Também devem informar que o visitante que não se sentir preparado para realizar determinada atividade pode contratar um guia. Além disso, o visitante deve ser informado de que, caso resolva ir por conta própria, estará sujeito às conseqüências dessa decisão. Esse é o modelo que funciona muito bem na maioria dos países.
  6. A obrigatoriedade de contratar guias cria um mercado fácil para pessoas que não precisam ser bem treinadas nem possuir experiência suficiente para desempenhar essa função.  Nos locais onde não existe a obrigatoriedade cria-se uma saudável concorrência que obriga os profissionais a melhorar a qualidade de seus serviços.
  7. A segurança não é garantida, necessariamente, com a presença de um guia.
  8. A CBME acredita que a segurança do Montanhista se estabelece através da sua formação responsável e de suas atitudes no ambiente natural. Escolher o nível de risco adequado à sua capacidade e proficiência técnica é uma das principais competências de um bom Montanhista.
  9. Exemplos de diversas UCs pelo mundo demonstram que os visitantes podem atuar de maneira segura e responsável mesmo sem a presença forçada de um guia, condutor ou monitor.
  10. A liberdade e autonomia são dois dos princípios do montanhismo brasileiro, assim como a responsabilidade (CBME, 2012 – Princípios e Valores do Montanhismo Brasileiro).