Data: 31/05/2025 Local: Niterói - RJ Participantes: Leandro do Carmo e diversos
Relato
Esse foi o Primeiro Passeio Ecológico de Itaocara. Foi um
evento bem parecido com o Encontro dos Amigos da Canoagem, na qual participo
anualmente. O trecho de remada no Rio Paraíba do Sul para esse dia foi de
Itaocara até Portela. Já havia feito esse trecho quando fizemos nossa remada
entre Itaocara e São Fidélis, em 2024 (Remada no Rio Paraíba do Sul: De Itaocara à São Fidelis).
O dia amanheceu um pouco nublado. Dessa vez, dormi na casa
do Jefferson que está em construção, mas já havia uma parte pronta, o
suficiente para esticar um colchonete. Ainda tinha pia, fogão, banheiro e
chuveiro quente. E o melhor de tudo: em frente ao rio Paraíba do Sul. Melhor
impossível. Havia chegado no início da madrugada e meu pai e meu tio já estavam
lá, chegaram na sexta feira. Tomei um café da manhã dei uma organizada no material.
Aí, foi só esperar o Jefferson chegar, pois sairíamos dali com os caiaques.
Com tudo pronto, foi hora de colocar os caiaques na água e
seguir até a praça dos quiosques, no centro de Itaocara, local de onde se
iniciaria o evento. O dia estava um pouco nublado, mas firme. Saímos remando eu,
Jefferson e o Gabriel. Cruzamos a ponte e tivemos que voltar um trecho por um
dos braços do rio até chegar à Praça. Tinha bastante e aos poucos todo mundo
foi entrando na água. Fizemos o tradicional grito em defesa do Rio Paraíba do
Sul e iniciamos a remada. Nosso objetivo era chegar ao Distrito de Portela.
Já na saída, já tive que me esforçar bastante para remar
contra uma pequena corredeira, que só fui perceber que não precisa um pouco
mais abaixo, quando encontramos outro grupo num local onde o rio se encontrava.
De qualquer forma, já foi um aquecimento. Fomos remando tranquilamente e
passando por algumas corredeiras. No ano passado, na corredeira do Urubu,
praticamente destruí me caiaque na corredeira do Urubu e estava com isso na
cabeça. Mas aos poucos fui ficando mais confiante, ainda mais por estar remando
num creek, dando mais conforto nas corredeiras. Em compensação, perdia
rendimento nas águas paradas.
Fui passando bem pelas corredeiras. Acabei parando antes da
Peroba. Ficamos eu e o Gabriel esperando alguém chegar pra gente poder descer.
Como estava demorando bastante, resolvemos seguir sozinhos. Passamos bem e
continuamos a remada. Foram mais outras corredeiras e trechos de água parada,
até que chegamos à Portela. Colocamos os caiaques pra cima e quando fui pegar a
bolsa estanque onde estava o drone e meu telefone, vi que tinha água dentro. O
drone estava seco, mas o celular não.
Organizamos tudo e pegamos o caminho de volta até Itaocara.
Dia: 14/12/2024 Local: Ilha Grande - RJ Participantes: Leandro do Carmo e Jefferson Figueiredo
Vídeo
Relato
Ilha Grande é um verdadeiro paraíso localizado na Costa
Verde do Rio de Janeiro, no município de Angra dos Reis. Com uma área de 193
km², é a maior ilha do estado e a sexta maior ilha marítima do Brasil. Já fui à
Ilha Grande diversas vezes, conhecendo locais fantásticos. Mas chegar à ilha
remando, ainda não havia feito e estava na minha lista fazia tempo. Falta
arrumar companhia. Eu já havia conversado com o Jefferson sobre essa remada e
de vez em quando falávamos sobre. Em novembro, havia surgido, enfim, uma data
possível.
Remar de Conceição de Jacareí até Abraão não é uma tarefa
das mais complicadas. São aproximadamente 12 km. Na semana anterior, estávamos
preocupados com as condições do tempo, pois o Jefferson iria com a família e ficaria
alguns dias a mais. Mas a previsão melhorou e confirmamos nossa ida. Na sexta
feira a noite, amarramos os caiaques em cima do meu carro. No sábado cedo
pegamos a estrada e seguimos para Conceição de Jacareí. Ele chegou um pouco
mais cedo e nos encontramos numa padaria próximo à estrada. Dali seguimos para
o local onde estacionamos os carros.
Dali da praia, conseguia ver o Pico do Papagaio e com isso,
ficava fácil identificar a vila de Abraão, nosso destino. Arrumamos tudo e
levamos os caiaques para água. Era aproximadamente 9h 30min quando começamos a
remar. O dia estava nublado, mas firme. Aquela condição bem agradável.
Rapidamente, contornamos a Ilha da Sororoca, que fica em frente a Conceição de
Jacareí. O mar estava liso, com pequenas ondulações. Uma leve brisa soprava.
Remamos até chegar ao balizamento do canal entre o continente e a Ilha Grande.
Foi ali que fizemos nossa primeira parada rápida. Nem sinal de navio, então era
remar e cruzar logo o canal. Falo isso, pois já tive algumas experiências de
ver um grande navio e achar que dá para cruzar o canal antes dele chegar.
Engana bastante e num piscar de olhos ele já está em cima. Só que um grande
navio não tem freio como um carro e um caiaque na água é quase imperceptível.
Risco grande de um acidente.
Remamos e logo havíamos passado o outro balizamento,
indicando que já estávamos fora do canal. O silêncio de vez em quando era
quebrado pelas embarcações que faziam o transporte de passageiros para a Ilha
Grande. Em alguns momentos nos afastávamos, mas logo estávamos juntos
novamente. O ideal é estar sempre o mais próximo possível. Já próximos à
entrada da enseada do Abraão, uma corrente mais forte nos obrigava a corrigir o
rumo constantemente. Mais alguns minutos e estávamos em frente à praia do
Abraão.
Procuramos um melhor local para desembarcar e acabamos
saindo em frente ao largo onde fica à Igreja de São Sebastião. Foram cerca de
2h 30min de remada. Já na areia, descansei um pouco e levamos os caiaques para
guardar no Hostel onde eu me hospedaria. Carregar aquele peso foi a parte mais
difícil. Até tentamos carregar os dois juntos, mas não deu muito certo. O
hostel ficava logo após a ponte e demorei um pouco para encontrá-lo. Me
surpreendi com a quantidade de pessoas circulando pelas pequenas ruas e vielas
de Abraão. Até barulho de carro e máquinas eu estava ouvindo. Coisa que
pareceria impossível, se comparado à primeira vez que estive ali, em 2002. Esse
trecho que tive que caminhar carregando o caiaque me cobrou um preço. Senti um
pouco as costas, mas só sentiria mesmo no dia seguinte.
Com tudo arrumado, tomei um banho e arrumei as coisas. Dei
uma volta pela vila e nos encontramos para almoçar, bem próximos de onde
ficamos hospedados. Após o almoço, andei até a praia e descansei um pouco num
banco em frente à praia. À noite, ainda comemos uma pizza e fui dormir cedo,
pois voltaríamos no dia seguinte.
Amanheceu chovendo. Havíamos combinado de tomar café da
manhã numa padaria próxima, mas resolvemos esperar mais um pouco, até que a
chuva passasse. Isso atrasou um pouco nossa saída. A dor nas costas estava um
pouco mais forte e estava com um hematoma na lateral do quadril, justamente
onde o caiaque encostava na hora de carregar. Com isso, levamos um caiaque de
cada vez do hostel até a praia. Arrumamos tudo, fizemos algumas fotos e
iniciamos nosso retorno. Saímos um pouco mais pela esquerda, aproveitando um
pouco mais a remada.
Remamos bem e fui tentando encontrar o balizamento do canal.
Mas de longe, fica imperceptível. Mais um pouco remando e consegui avistar de
longe. Nas minhas contas, metade do caminho. Seguimos no rumo da Ilha da
Sororoca. As ondulações estavam um pouco maiores que no dia anterior, mas nada
que preocupasse. Estávamos um pouco mais distantes. As costas incomodavam um
pouco, mas estava próximo do fim.
Aos poucos a praia foi se aproximando e o fluxo de barcos
aumentou consideravelmente. De longe, vi o Jefferson parada já bem próximo da
ilha. Cheguei perto e parei também para dar uma descansada. Faltavam poucos
metros. Comemoramos o sucesso da remada e fizemos os últimos metros bem devagar.
Já na praia, levamos os caiaques para cima e arrumamos tudo. Deu um pouco de
trabalho, mas não tinha jeito. Tomei um banho para relaxar e aproveitamos para
almoçar um peixe frito num quiosque em frente ao estacionamento. Dali, o
Jefferson seguiu para o cais, retornando para Abraão, pois iria embora somente
na terça feira. Eu, peguei a estrada de volta para. Enfim, consegui chegar à
Ilha Grande remando.
Nem tudo são flores... Essa foi a minha sexta participação
no Encontro dos Amigos da Canoagem de Itaocara. Sempre deu tudo certo, mas
sempre tive a certeza de em algum momento alguma coisa poderia sair do
planejado. O importante é sempre avaliar e entender os riscos, afinal de
contas, no ambiente natural, as variáveis são muitas e nem sempre conseguimos
cuidar de todas, basta uma negligência e pronto...
Peguei o último ônibus para Itaocara na rodoviária de
Niterói. Dormi a viagem inteira e quase passei do ponto, acordei no susto.
Segui para a Pousada 20V, um pouco após o centro de Itaocara. Meus pais, meus
filhos, meu tio e meu irmão já estavam lá. Inclusive, eles haviam passado em
Além Paraíba para pegar um caiaque que eu havia comprado para remar o terceiro
trecho, entre São Fidélis e Atafona. Já havia remado em 2023, o trecho Porto
Velho do Cunha x Itaocara e em 2024, o trecho Itaocara x São Fidelis. O objetivo
era fechar 2025, remando os trechos São Fidélis x Campos e Campos x Atafona.
Mas para isso, precisaria de um caiaque adequado.
O dia estava clareando quando cheguei à pousada. Sentei-me
no banquinho ao lado de fora e aguardei um pouco. Assim que a dona abriu a
porta para ir comprar o pão para o café da manhã, eu entrei. Fui para a varanda
da pousada e percebi o quanto o rio estava seco. Aos poucos todos foram
acordando e logo tomei meu café da manhã. Eu e meu irmão fomos na frente,
direto para o Porto do Tuta, na Fazenda Paulo Gama. Diferentemente dos anos
anteriores, não pararíamos em Porto Marinho.
Aos poucos, os carros foram chegando e o local que estava
vazio ficou cheio de caiaques espalhados. Nos reunimos e fizemos o já
tradicional grito de guerra do evento: “Rio Paraíba do Sul, Vivo!”. Dali,
seguimos para os preparativos finais antes de ir para a água.
Ajustei tudo e fomos para água. Assim que entrei, lembrei
que estava sem capacete. Primeiro erro do dia. O Jefferson me lembrou disso um
pouco mais a frente, mas já era tarde. Como descemos por alguns trechos com
pedras, ter o equipamento de segurança é fundamental. Iniciamos a remada. Tinham
menos caiaques que o ano passado, mas estava bonito.
Estava bem com o caiaque novo e fui remando tranquilo. Na
primeira corredeira, fui atrás de um bote de rafting e ele atravessou bem na minha
frente e acabei virando. Consegui desvirar o caiaque e levar para a margem.
Tive um pouco de dificuldade para tirar a água dele, mas consegui ajuda. De
volta para a água, continuei a remada e logo chegamos à Corredeira do Urubu. Dei
uma parada antes e fiquei no aguardo da melhor oportunidade.
Assim que diminuiu a quantidade de caiaques, resolvi descer.
Remei forte para pegar velocidade. Venci o primeiro degrau e logo na primeira
onda, perdi o controle e acabei virando. Com a força da água, não consegui desvirar
o caiaque que acabou enchendo de água. Com isso a proa afundou, deixando só a
popa, que tem um compartimento estanque, para fora. Eu continuei descendo o rio
e fui parar só mais embaixo.
De longe, vi algumas pessoas ajudando a tirar o caiaque da
água e colocando em cima das pedras. Pensei: “só chegar lá, tirar a água e
continuar a remada”. Mas quando eu cheguei perto, vi o estrago. A proa estava
completamente destruída. Não tinha como continuar. Nem acreditava que tinha
destruído o caiaque nos primeiros 30 minutos de uso!
Dali, fui carregando o caiaque pela margem, com bastante dificuldade,
até chegar a uns carros que estavam parados. Ali descansei um pouco e fiquei
esperando, pois só iria ter resgate depois que todos terminassem a remanda e
voltassem para pegar os carros estacionados. Por sorte, os carros que estavam
parados eram de pessoas que estavam acompanhando o evento e consegui levar o
caiaque até Porto Marinho.
Avaliando depois, vi que tinha esquecido de colocar algumas
boias por dentro para evitar que ele afundasse de proa quando entrasse água. Meu
segundo erro. De qualquer forma, já estava feito o estrado. Cheguei à Porto
Marinho, quase junto com o pessoal. Ali, amarrei o caiaque no carro e seguimos para
o churrasco. Nesse ano, foi realizado no belíssimo sítio Cascata, em Aperibé.
Mais uma excelente festa, como música ao vivo da banda Beija Flor Noturno.
Foi uma participação curta, mas fica o aprendizado: nem tudo
são flores...
Foi em Junho de 2022 que remamos o trecho de "PortoVelho do Cunha x Itaocara", totalizando 56 km. Nossa idéia era fazer um
trecho por ano até chegar à barra do Rio Paraíba do Sul, em Atafona. Porém, em
2023, não conseguimos pôr em prática nosso objetivo, mas esse ano saiu. Até que
foi meio no susto, cosa do tipo: “Pode na outra semana?”, mas se não for assim,
acaba não saindo. Confirmando a data, compramos logo a passagem de ônibus para
Itaocara. Agora sim estava marcado!
Aproveitamos que estava uma janela de tempo extremamente
favorável, com tempo firme. Fazia calor e o único problema seria o sol forte
por volta das 12 horas. Mas dentro d’água podemos nos refrescar a qualquer
momento. Na noite de sexta feira, fizemos as compras para o lanche e preparamos
todo o equipamento. A logística foi diferente: sairíamos de Itaocara e dessa
vez não teria muita correria e nem ter que acordar na madrugada. Marcamos de
nos encontrar às 6 horas 30 minutos na sede do Kayak & Sup Club, em
Itaocara.
Chegamos lá e na hora de pegar os caiaques, o que iria usar
não estava no clube. A solução foi utilizar outro do Markley, não tão
apropriado para remadas longas. Mas era isso ou desistir. Como Desistir não
estava nos nossos planos, preparamos tudo e colocamos os caiaques na água, já
fazendo a foto de partida. Era uma manhã bonita e a Serra da Bolívia nos da um
excelente bom dia. A água do rio Paraíba estava exuberante e numa temperatura
extremamente agradável, difícil ter condições melhores.
Era 7 horas e 30 minutos quando iniciamos nossa remada. Aos
poucos fomos deslizando pelas águas do Rio Paraíba do Sul rumo ao nosso
destino... As águas que no extremo sul do país estão causando tanto desastre,
aqui nos proporcionam tanto prazer. É o contraste que a vida nos dá. Seguimos
descendo e logo estávamos cruzando a Ponte Ary Parreiras, que liga Itaocara à
Aperibé. Seguimos passando por pequenas corredeiras num bom ritmo. Já sentia
bastante o caiaque. Mantê-lo no rumo me obrigava a fazer um esforço extra e lá
na frente isso cobrou seu preço. Remava sempre um pouco mais atrás, isso para
mim até facilita, pois vejo sempre o caminho que eles fazem e sigo com mais
calma.
Logo deixamos o centro da cidade e voltamos a remar com
poucas construções nas margens, trazendo aquela sensação de estarmos
literalmente fora da civilização. Fizemos uma parada rápida e logo voltamos
para a água. Mais à frente, entramos num trecho bem fechado com pequenos
canais. Difícil para quem nunca passou ali identificar qual seria o melhor
caminho. Mesmo já conhecendo, o Markley errou o caminho e tivemos que voltar e
pegar um canal mais estreito, passando por diversos galhos que dificultavam um
pouco a progressão.
Seguimos descendo o rio por entre pequenas corredeiras num
silencia total, até que ele foi quebrado pelo som de alguns carros, cruzando as
estradas que seguem paralelas ao rio. Logo chegamos à Portela, Distrito de
Itaocara. As pessoas ainda dormiam e havia pouco movimento. Passamos
rapidamente pelo distrito de Portela e começamos a pegar muita água parada. Não
estava fácil remar naquele caiaque, mas fui seguindo. De um ponto, o Markley
falou: “Olha lá a ponte de Cambuci!”. Juro que fiquei procurando, mas como não
via nada, fiquei na minha. Só depois que ele disse que era brincadeira, fazendo
isso só para motivar. No alto de um morro, na margem esquerda, dava para ver
uma casinha e o Jefferson me disse que era a referência da ponte de Cambuci.
Agora sim estava perto.
Ia sempre remando num ritmo mais lento que os outros, mas
sempre antes de alguma corredeira alguém me esperava para dar um auxílio, caso
necessário, afinal de contas era o menos experiente do grupo. Passamos pela
ponte de Cambuci e remamos por trechos com bastante água parada. O calor foi
aumentando e a todo momento tinha que jogar uma água na cabeça. Passamos o
centro de Cambuci e já estava bem cansado quando fizemos uma parada rápida. O
local era bem bonito, assim como inúmeros pelo qual passamos. Aproveitamos para
comer algo rápido, nossa parada para almoço seria mais a frente. Aproveitei
para trocar caiaque com o Markley. Como o caiaque era dele, talvez ele
estivesse mais acostumado. Para mim ficou mais fácil, o caiaque era parecido
com o TS, na qual havia remado no trecho Porto Velho do Cunha x Itaocara.
Voltamos para a água e já nas primeiras remadas senti
bastante diferença. Foi um alívio. Mais à frente, comecei a ouvir um
barulho forte de água, chegávamos à Cachoeira do Romão. Uma corredeira forte,
com grandes ondas que segue numa curva. Jefferson e o Mateus desceram algumas
vezes, eu e o Markley optamos por fazer a portagem sobre as pedras e voltar a
remar uma pouco mais abaixo. Descemos o final da corredeira e num remanso
fizemos nossa parada para o almoço. O local era bem bonito e agradável. Demos
uma boa descansada, mas já era hora de voltar a remar. Estávamos mais ou menos
na metade do caminho, havíamos remado cerca de 28 km. Lá fundo conseguia ver
uma formação rochosa bem bonita. Não sabia exatamente se era naquela direção
que iríamos, mas minha intuição dizia que sim e acabei tomando-a como referência.
Depois de um bom lanche, voltamos para água, ainda tinha
muito rio para remar. Continuamos passando por lugares fantásticos. As
corredeiras diminuíram de intensidade. Para mim foi até melhor, visto que
precisava remar com mais força durante a descida e já estava cansado. Pegamos
um braço auxiliar e fizemos uma parada em Pureza, 3º Distrito do município de
São Fidelis. Fomos muito bem recebidos por um senhor que morava na beira do
rio. Quando perguntamos onde tinha um bar para comprarmos água, ele nos
ofereceu várias garrafas de água gelada. Sempre com aquela excelente
hospitalidade de cidade do interior. Aproveitei para descansar e confesso que
fiquei desanimado quando fiz as contas, pois ainda faltavam cerca de 20 km para
o nosso destino.
Continuamos nossa jornada e depois de um longo trecho de
água parada, num local paradisíaco, chamei o pessoal para darmos uma parada.
Aproveitamos para descansar e rir um pouco. O bom astral dava forças para
continuar. Dei uma caminhada até uma laje e fiz um lanche bem próximo água, só
sentindo a água bater nos meus pés. O sol estava forte e já estava incomodando.
Senti alguns calos na mão esquerda, mas não quis tirar a luva. Estava com medo
de que tivesse dado bolhas. Agora era recarregar as baterias e seguir até o
final.
Passamos por diversos pontos de água parada. Para mim era
bom, remava tranquilo sem ter que forçar muito nas corredeiras. Já estava bem
cansado quando numa corredeira sem grandes dificuldades, o caiaque foi virando
e não tive forças para me equilibrar e tombei. Fui para a margem um pouco mais
a frente e com ajuda do Mateus, tiramos a água e voltamos para a água. Voltei a
remar um pouco desanimado, mas tinha que continuar, estávamos no trecho final.
Aquela formação rochosa que havia tomado como referência já estava ficando para
trás.
Fomos acompanhando uma linha de trem desativada e isso
ajudou a fazer o tempo passar. De longe já era possível ver uma ponte, pelo
formato, provavelmente era da estrada de ferro na qual vinha acompanhando.
Sinal de que estávamos chegando. Isso me deu forças. Estávamos num trecho bem
largo do rio, na qual parecia uma lagoa. Fui remando e percebi que o barulho
das águas estava aumentando, sinal de estávamos próximos de uma corredeira.
Segui o Jefferson, que foi em direção à margem esquerda. Como sempre, esperei
todos descerem e fui em seguida. Fui com bastante cuidado, não podia dar
errado. Passamos a última corredeira da remada, conhecida como “Salto”. Passada
mais essa, o Markley seguiu com o Mateus para a esquerda e eu fui seguindo o
Jefferson que ainda aproveitou uma boa onda e ficou surfando por alguns
minutos. Nos reencontramos num areal, logo após a ponte, onde paramos pela
última vez. Já estávamos bem próximos. Já estávamos no final do dia e o sol
começou a se por. Estava bem bonito. Fizemos uma foto para e seguimos para o
ponto onde havíamos combinado o resgate.
Foram mais uns 2 km até chegar à CEDAE, onde arrumamos um
local para subir. Conseguimos colocar os para cima e levamos até o carro, onde
amarramos tudo e seguimos de volta à Itaocara.
No total, foram cerca de 52 km, em aproximadamente 10 horas
de remada num dia fantástico.