Conquista no Morro do Morcego – Projeto antigo do Leandro
Pestana – Segunda Investida
Data: 04/10/2025 Local: Jurujuba - Niterói – RJ Participantes: Leandro do Carmo e Marcos Lima
Vídeo da conquista
Relato da conquista
Depois que reiniciamos o projeto, fiquei pensando na linha
da conquista. Era hora de voltar. Estava fazendo muito calor, e minha ideia era
apenas acertar o que havíamos iniciado na investida anterior, quando a broca
quebrou e não consegui concluir o trecho. Perguntei ao Velhinho se ele queria
ir lá. Ele tinha um compromisso, então resolvemos nos encontrar às 6h da manhã.
Assim, ele ficaria livre cedo e, de quebra, evitaríamos o calor. Nos
encontramos em frente à Igreja de São Pedro de Jurujuba. Dali seguimos para a
base da via.
Nos arrumamos e eu segui guiando esse trecho, já preparado
para colocar uma chapeleta nos primeiros 30 metros, deixando pronto o ponto de
rapel. Dali, segui até a chapeleta que eu havia batido e que ficou para fora.
Nesse ponto, coloquei uma parada dupla. O Velhinho subiu e, já na parada,
resolveu continuar esse trecho. Pegou todo o equipamento de conquista e subiu
por um caminho diferente do que eu havia feito na investida anterior.
Lá no alto, colocou uma chapeleta e eu subi em seguida,
conferindo o caminho. Acabei indo para o local onde havia feito um furo na
investida passada, ponto onde a broca quebrou. Ali percebi que esse era o
melhor caminho. Foi difícil convencer o Velhinho, mas ele concordou. Peguei a
furadeira e o material de conquista, colocando mais uma chapeleta. Dali subi um
pouco e coloquei outra em um lance mais delicado. Me posicionei precariamente e
comecei a furar. A perna começou a tremer. Não havia colocado cliff e, se
caísse ali, iria em cima de um cacto e ainda pendularia, pois o Velhinho estava
bem mais à esquerda. Consegui aliviar um pouco o peso e dei descanso para a
perna. Antes mesmo de apertar a porca da chapeleta, já havia passado a
solteira. Cair, eu não cairia mais.
Nem eram 8h da manhã e o sol já estava forte. Ainda bem que
começamos cedo. Vi uma boa passada para cima e resolvi subir, colocando mais
uma chapeleta. Olhei um trecho claro da rocha e subi em sua direção. Achei um
bom pé e uma boa mão. Ali foi mais fácil e consegui colocar outra chapeleta.
Uma cordada formada pela Letícia e pelo Hebert estava na Paredão Juratan
Câmara, e desse ponto onde eu estava conseguia vê-los perfeitamente. Com a
facilidade dessa instalação, resolvi arriscar e subir mais um pouco. Fui em
direção a um buraco que ficava numa pequena diagonal para a esquerda. Com duas
passadas, cheguei nele por baixo e percebi uma grande agarra. Dali subi um
pouco e me posicionei no alto dele, colocando mais uma chapeleta.
Nesse ponto, fiquei na dúvida sobre o caminho a seguir.
Havia duas opções: seguir numa diagonal para a esquerda, chegando a um bom
platô e dali subir — mas eu não via boas agarras; ou seguir reto para cima de
onde estava. A segunda opção era a mais curta para chegar ao grande platô de
vegetação acima, mas talvez a mais difícil. Achei melhor descer e deixar para
uma próxima investida. Desci de baldinho até a parada e o Velhinho subiu para
repetir o lance recém-conquistado, rapelando em seguida. Tentamos tirar a porca
do parabolt que havia ficado mal batido, mas não conseguimos. Tentaremos na
próxima investida.
Na descida, aproveitei para duplicar o ponto de rapel. Já na
base, ficamos observando a cordada da Letícia e do Hebert repetindo a Paredão
Juratan Câmara. Conseguimos vê-los no crux. Ficamos ali vendo-os passar e só
fomos embora quando os dois estavam na parada dupla, antes do cume.
Para quem iria apenas colocar as chapeletas que faltavam,
até que avançamos bem na conquista.
Conquista da via Paredão Juratan Câmara - Terceira
Investida
Data: 20/09/2025 Local: Jurujuba - Niterói – RJ Participantes: Leandro do Carmo e Leandro Conrado
Croqui da Via Paredão Juratan Câmara - Clique para ampliar
Vídeo da escalada da via Paredão Juratan Câmara
Relato da escalada da via Paredão Juratan Câmara
Depois de termos conseguido conquistar a via, preparamos o croqui e aí ficamos pensando se deveríamos divulgar ou fazer mais uma investida para confirmar se havíamos feito o croqui corretamente? Na adrenalina de subir, principalmente no trecho final, acabei não lembrando bem do que havia feito e não estava muito convicto da qualidade do croqui. Então, resolvemos voltar lá e conferir o que já havíamos feito. A previsão para os próximos dias era de que chegasse uma onda de calor, com temperatura acima da média para essa época do ano. Uma condição bem diferente na qual havíamos pegado nas duas investidas anteriores.
Com a previsão nada fácil, combinamos de nos encontrar as 6h 30 min, em frente à Igreja de São Pedro de Jurujuba, ponto final do ônibus 33. De última hora resolvi levar a furadeira e pedi para o Leandro levar todo o material de guia, pois podíamos ter que fazer alguma alteração. Decisão acertada!
Seguimos para o início da trilha, pulando o muro na lateral do portão de entrada do Parque, visto que ainda não está aberto à visitação. Já na base, nos preparamos e segui para guiar a primeira enfiada. Subi rápido, aproveitando para limpara algumas agarras. A corda esticou no limite e foi preciso que o Leandro subisse um pouco para que eu chegasse à parada. Depois precisamos conferir essa distância, pois na minha corda, havia da perfeitamente. O Leandro chegou em seguida e graduamos o trecho em 3º.
Saí para a segunda enfiada e subi tranquilo. Parando na primeira dupla, com cerca de 30 metros, fazendo mais um lance bonito de 3º. O Leandro subiu e colocou para baixo uma laca que estava solta e bem perigosa. Optei por parar ali e avaliar o local onde deveria entrar no grande platô de vegetação. Na semana passada, havia entrado entre dois pequenos arbustos e olhando melhor, vi que deveria ter ido um pouco mais para a esquerda, numa linha óbvia e bem mais limpa. Até falei para o Leandro: “O que eu fui fazer ali?” Sem explicação! Na hora da conquista fica difícil conseguir explicar. Por isso que muitas vezes a gente pergunta: Por que que o conquistador não passou por esse outro lado?
Montei a parada numa árvore mais acima, ao lado de uma grande pedra e dali fomos andando e limpando o caminho até o início da terceira enfiada. Aproveitamos para colocar dois tótens para marcar o caminho. Subimos e no alto de uma laca, iniciei a terceira enfiada. O sol já estava forte e aproveitamos para beber uma água e descansar um pouco. Subi, costurei a primeira chapeleta sem problemas e continuei subindo. Fui subindo e senti bastante dificuldade nesse trecho. Como é que passei aqui na primeira vez? A chapeleta foi ficando longe e percebi que se caísse ali, deveria chegar lá na base. Aí, resolvi que deveria proteger esse lance. Subi mais até a outra chapeleta, após uma laca e desci de baldinho, onde coloquei mais uma chapeleta, intermediando esse lance. Mais um trecho de 3º. Já valeu carregar o peso do equipamento de conquista. Voltei para a escalada e subi, montando a parada, antes do trecho do crux.
Dali, guardei a furadeira na mochila e saí para escalar a parte final. Queria subir logo, pois já estávamos no limite do calor, era por volta das 9 horas e o sol estava queimando. Subi a canaleta que tem alguma vegetação no início até a altura da primeira chapeleta. Costurei e subi um pouco até conseguir costurara a segunda. Dali atravessei o trecho onde havia quebrado uma grande laca na conquista. O trecho ficou bem delicado. Abaixo de uma pequena vegetação, tem uma agarra chave que fica escondida. Foi ali que coloquei a mão para conseguir vencer o crux e subir um pouco, até conseguir subir e costurar a terceira chapeleta. Dali, passei para o outro lado de uma pequena aresta, deixando o lance bem aéreo. Subi um pouco e costurei a quarta chapeleta.
Dali, segui por uma horizontal, num estreito platô, até chegar a última proteção. Nesse ponto, resolvi duplicar e fazer uma parada, com intuito de proteger melhor o participante que faz o crux. O Leandro veio em seguida e da parada, subiu direto ao cume. Fui logo em seguida e já procurei uma pequena sombra para descansar. Bebi o último gole de água. No caminho de volta, parei no poço e molhei um pouco minha cabeça para me refrescar. De volta ao estacionamento, bebi um coca cola gelada. Agora sim estava satisfeito com a conquista. Quem fará a primeira repetição?
Conquista no Morro do Morcego – Paredão Juratan Câmara – Segunda Investida
Data: 13/09/2025 Local: Jurujuba - Niterói – RJ Participantes: Leandro do Carmo e Leandro Conrado
Via Paredão Juratan Câmara - Morro do Morcego
Relato
Depois que iniciei a conquista lá no Morcego com o Leandro e o Alan, passei a semana pensando na continuação da via. Fiquei bem animado com o início e com boas perspectivas para o trecho final. Eu e o Leandro vimos algumas fotos de satélite e comparei com o que havia visto na última vez que escalei lá. No final, havia uma canaleta com bom potencial, e nosso objetivo era chegar lá. Falei com o Leandro durante a semana e combinamos de chegar bem cedo. Dessa vez, o Leandro comprou uma broca nova, assim teríamos uma reserva. A previsão do tempo era de manhã nublada, condição perfeita para a escalada.
Chegamos às 6h30 e seguimos para a base da via. Nos arrumamos e o Leandro guiou a cordada que já havíamos feito. Subi logo em seguida, refazendo os lances que havia feito na conquista. Até que ficaram interessantes. Na parada, organizei todo o equipamento e segui para conquistar os próximos lances. De baixo, ficamos olhando, tentando ver onde ficaria melhor. Subi e dei uma esticada, colocando uma chapa para tirar o fator 2. Já estava próximo de um trecho mais vertical. Tinha esticado quase 30 metros e coloquei uma dupla de chapeletas. Dali, subi mais um pouco e entrei numa matinha. Procurei a maior árvore e montei uma parada nela.
O Leandro Conrado chegou em seguida. Dali, subimos caminhando e segui para a direita, procurando uma passagem para o andar superior. Pelas fotos que tínhamos, havia uma espécie de canaleta no trecho final, e nosso objetivo era chegar lá. Subi um pouco mais e consegui achar uma passagem mais aberta. Ali havia uma laca e, nesse ponto, reiniciamos a conquista. Subi e, na primeira oportunidade, coloquei mais uma chapa. Mais acima, cruzei outra vegetação. Aproveitei uma laca e continuei subindo, colocando mais uma chapa.
Lá de baixo, o trecho vertical parecia maior. Mas, mesmo assim, não seria tão fácil. Nada é fácil nessa vida! Vi um ponto legal para fazer uma parada; já estava quase na base da canaleta que havíamos visto. Subi um pouco e o Leandro avisou que faltavam 3 metros para chegar ao meio da corda. Quando saquei a marreta, ela bateu na pedra e, de longe, o Leandro percebeu que estava oca. O som é bem peculiar. Dei algumas batidas ao redor, procurando um bom lugar para colocar as proteções, e nada. Tudo oco. Tive que subir e mirei mais um pequeno degrau. Mais algumas passadas e, com a corda no limite, consegui me posicionar e bater as duas chapas da parada. O Leandro veio até mim e dali começamos a pensar qual seria a melhor opção. Tínhamos algumas opções, mas preferimos manter o que havíamos pensado e seguir pela canaleta, mesmo tendo outras alternativas.
Subi e caminhei pela canaleta até não ter mais opção e ter que subir. Nesse ponto, coloquei uma chapa. Dali, subi um pouco num lance mais delicado e consegui um pezinho esquerdo para me posicionar. Não estava bom, mas foi o que deu. Olhei para baixo só para me certificar onde eu aterrissaria caso caísse. Acho que não foi uma boa ideia: estava na direção de um cacto. Saquei logo a furadeira e comecei a furar. Minha perna começou a tremer. Dei uma respirada e continuei fazendo força. Terminei o furo e fui limpar. Tive que dar uma pausa para aliviar um pouco a perna. Peguei a chapeleta, coloquei no furo e dei umas batidas. Tratei logo de colocar a solteira; só assim consegui aliviar a perna e apertar a porca. Passado o primeiro sufoco!
Fiquei um pouco ali parado e juro que quase desisti, mas aí lembrei que teria que voltar e carregar tudo até ali novamente. Dali não dava para ver o cume, mas estava certo de que faltava pouco. De volta à conquista, tinha que atravessar uma laca e continuar subindo. Quando coloquei a mão e fiz força, ela quebrou e veio descendo lentamente. Havia uma cordada na Mari do Metrô e, se ela descesse, poderia ir na direção dela. Com jeitinho, fui deslizando-a pela parede até que consegui apoiá-la na vegetação da canaleta. De volta à escalada, tentei algumas vezes até que achei um bom pé e, com um pouquinho de força, consegui passar para o outro lado da laca. Aí subi mais um pouco e coloquei mais uma chapa. O trecho foi ficando bem interessante e, numa passada para a direita, consegui sair da canaleta e coloquei uma chapeleta um pouco mais acima. Assim fui ganhando altura.
Dali, consegui seguir por uma diagonal, num grande e estreito platô, até que bati mais uma chapa e dali subi direto ao cume, onde montei uma parada numa pequena árvore. Era cume! O Leandro subiu em seguida e comemoramos a conquista. Ficamos um tempo ali descansando até que pegamos a trilha de volta.
Durante a descida, ficamos conversando sobre o nome da via e veio o assunto das homenagens. Aí pensei em homenagear o Juratan, por tudo que ele já fez pelo montanhismo, por todas as vias que já conquistou. Sem contar que é um cara que admiro muito. Já tive o prazer de escalar algumas vias que ele conquistou, escalar algumas vias com ele, escalar junto com ele algumas vias que ele conquistou, conquistar vias juntos e ainda dele ter batizado uma via com meu nome! Nada mais justo que essa homenagem. Valeu, Juratan!
Conquista da via Paredão Jurantan Câmara - Morro do Morcego - Primeira Investida
Data: 06/09/2025 Local: Jurujuba - Niterói – RJ Participantes: Leandro do Carmo, Leandro Conrado e Alan Rangel
Relato
Depois que fui com o Velhinho para conquistar uma linha ao lado direito da Moby Dick e, chegando lá, vimos que já haviam iniciado — talvez no dia anterior ou no próprio dia, visto que o pó dos furos ainda estava lá — fiquei com receio de que conquistassem outra linha que eu havia visto, ao lado esquerdo da Mari do Metrô. Então, queria ir logo iniciar a conquista. Depois que machuquei meu olho, ainda não podia fazer muita coisa. Já haviam passado 10 dias e eu estava bem melhor. Minha ideia era ir lá e tentar bater algumas chapas.
Falei com o Velhinho, mas ele não podia ir. Ele me disse que o Leandro Conrado iria lá com o Alan, então mandei uma mensagem para o Leandro e eles aceitaram. Como havia quebrado uma broca na conquista anterior, fui procurar outra para comprar, mas a loja perto do meu trabalho não tinha. Passei mensagem para o Leandro, perguntando se ele conseguiria comprar. Ele chegou a ir a uma loja, mas também não tinha. Como eu tinha outra broca, fiquei mais tranquilo.
Quando cheguei em casa para arrumar o material, não achei a broca. Pensei que estivesse dentro de outra bolsa e deixei para separar de manhã cedo. Acordei cedo e fui procurar a broca, mas não achava de jeito nenhum. Como tudo estava dando errado nas conquistas no Morcego, quase desisti de levar o material, mas algo me dizia para levar. Coloquei tudo no carro e segui para Jurujuba. Combinamos às 7h, em frente à igrejinha. Como não conseguiria conquistar, iria fazer uma cordada de três em alguma via. No caminho, fui contando a história da broca que quebrou e que eu havia esquecido na bolsa. Disse que tinha certeza de que havia pegado as duas brocas na mão: a que quebrou e a que eu havia deixado na bolsa.
Quando acabei de falar isso e mostrei o local onde eu havia me arrumado após a escalada, o Alan olhou para o chão e vimos as duas brocas lá. Milagre! Estávamos novamente prontos para a conquista. Voltei ao carro, trouxe todo o material e fomos até a base da Mari do Metrô. Ali mostrei a eles a linha que eu havia imaginado e analisamos onde ficaria melhor iniciar. Voltamos um pouco e achamos um local bom para começar, pois havia um trecho mais limpo.
Arrumei tudo e comecei a subir. Num trecho mais limpo, coloquei a primeira chapeleta, mais para identificar a linha da via. Subi mais um pouco e coloquei a segunda. Depois dei uma boa subida, aproveitando um trecho mais positivo. Esse trecho seria intermediado na descida. Nesse ponto, onde vem um trecho mais vertical, coloquei a terceira chapa. Continuei subindo, aproveitando o bom rendimento, e coloquei a quarta. A parede seguia com uma camada grossa de sujeira, e eu tinha que ficar limpando para procurar as agarras mais sólidas. O bom desse trecho é que, apesar da verticalidade, ele segue por uma sequência de degraus. Aproveitando essa característica, subi e coloquei mais uma chapeleta, totalizando cinco até o momento.
Nessa hora, a Renata e a Letícia apareceram para fazer a Mari do Metrô. Vi que estava me aproximando demais da Mari e fiquei preocupado, mas depois percebi que ela vai saindo para a direita e a linha natural era seguir reto ou até para a esquerda. Peguei fôlego e subi mais um trecho, colocando a sexta chapeleta. Até cogitei parar ali e colocar uma dupla, mas perguntei ao Alan quanto tinha de corda e achei que chegaria ao próximo degrau, uns 4 metros acima. Subi num lance mais delicado e, confortavelmente, bati a sétima chapeleta, duplicando esse ponto. Estavam prontos 60 metros de via.
O Leandro já estava escalando enquanto eu subia e foi repetindo os lances simultaneamente à conquista. Ele gostou bastante, e isso animou para as próximas investidas. O Alan subiu em seguida e dali emendamos a corda e fizemos um rapel até a base. Aproveitei e intermediei um inicial, deixando uma parada dupla de rapel.
Havíamos avançado bem. Nada mal para quem saiu desacreditado de casa, sem broca para conquistar... Levamos a velha máxima ao limite: escalada só se desmarca na base!
Dia: 11/11/2023
Local: Tibau
Participantes: Leandro do Carmo e Diversos
Relato
Manhã de forte calor. Era dia de voltar ao Tibau para
continuar as conquistas que tinha por lá. Chegamos cedo e aproveitei para dar
uma explorada com o Luis e leva-lo nos projetos antigos que havia iniciado com
o Ary. Deixamos as pesadas mochilas na base e iniciamos a caminhada, reabrindo o
caminho. Seguimos até a extrema esquerda, de quem olha para a parede.
Demos continuidade ao projeto que havia iniciado com o Ary e
o Ivison, onde tem a grande jaqueira caída. O Zé Gabriel aproveitou a corda
fixa que deixaram lá na última investida e subiu, colocando algumas chapeletas.
Nem acreditei que ele estava conseguindo ficar lá naquele sol forte, já estava
difícil para mim na sombra... Por volta das 11h 30min, depois que o Zé Gabriel
desceu, nem quis continuar. Aproveitei para arrumar as coisas e ir embora. O
pessoal ainda ficou por lá.
Relato da Conquista da Via Bernardo Collares Arantes, por Michel Cipolatti
Há alguns anos eu carregava duas vontades que nunca havia
colocado em prática: conquistar uma via e dar o nome em homenagem ao Bernardo,
e; saber se alguém já tinha conquistado alguma via naquela aresta que me
chamava atenção toda vez que eu passava pela estrada em Inoã.
E foi escalando a CEB 60 com a Hélida, sempre muito motivada
para escalar, no dia 22 de fevereiro de 2020, que ao contar essa história eu
escuto: “Bora chegar na base amanhã!”. E fomos no dia seguinte mesmo.
Depois de muita subida abrindo trilha e muitos espinhos,
chegamos na base da aresta, e para nossa surpresa, não tinha nenhuma via!
Começou então a conquista, sem nenhum projeto ou preparação. Começamos do zero.
Compra de chapeletas… Juratan entrou para reforçar o time com a sua
experiência… contato com a prefeitura, pois o local é uma Unidade de
Conservação… equipamentos móveis e furadeira emprestados… parabolts do Miguel
Monteza… e tudo pronto.
No sábado, dia 7 de março, conseguimos iniciar a escalada
(desculpa pai, por não ter conseguido te dar um abraço no dia do seu
aniversário). A idéia foi, desde o início, conquistar uma via limpa explorando
ao máximo as proteções móveis, economizando nos furos e evitando a vegetação.
Mais uma vez, para a nossa surpresa, a parede se mostrou
muito generosa, oferecendo boas agarras e muitas fendas. A via já começa com
uma fenda, com boas proteções móveis. Lembro de ter chegado no primeiro platô,
aos 10m de via, e o Juratan dizer: “Cabe uma chapeleta aí, hein!” Mas eu estava
com um móvel perto do pé e “toquei para cima”. A primeira proteção fixa fica a
13m da base, e neste dia foram conquistados 30m de via, passando por um lance
talvez de 5° grau, após a segunda chapeleta.
Uma semana depois voltamos para mais uma investida. Saindo
do P1, encontramos uma sequência de pequenas fendas boas para colocação de
móveis. Foram instaladas mais duas chapeletas até o P2. Mais uma vez, tocando
para cima, mas desta vez com a Hélida fazendo a segue, que ficou orando kkk.
O traçado encontrado e indicado pela parede alterna entre
sair da aresta para aproveitar as fendas existentes e voltar para a aresta para
aproveitar o visual do diedro, com a vista para suas paredes negativas em toda
sua extensão. E que visual! A cada investida a parede superava nossas
expectativas.
Entraram para o time o Sérgio Magalhães, que foi em todas as
demais investidas com sua raça, e o Bruno Moretto, que fez imagens incríveis
com o drone. Na terceira investida foram conquistados mais 30m de via. Terceiro
esticão todo em proteções móveis. Optamos por fazer esticões curtos, para não
perdermos a comunicação entre guia e participante, e que coincidem com as
duplas de rapel com uma corda de 60m.
Definido o P3 e… Perrengue!!! Ao tentar puxar a mochila com
a furadeira, a mesma agarrou em um arbusto e não subia de jeito nenhum. Achei
que fosse arrebentar a retinida de tanto puxar do platozinho do P3. Não soltava
por nada! A solução foi descer a mochila de volta até o Magalhães, que soltou a
retinida para eu poder recolher, e consegui jogar de volta em uma linha reta
com a chave 14 de peso. Deu certo!
Passados mais cinco dias e estávamos nós de volta à parede
para conquistar um dos lances mais bonitos da via: o lance da aresta! Logo após
o P3, com ajuda do Magalhães que apontou um possível traçado passando pela
aresta (enquanto eu estava buscando um caminho com muita vegetação) consegui
vencer um trecho que alterna entre agarras e aresta, com a utilização de dois
móveis. Porém, o lance ficou um pouco exposto demais e não é facil (eu não ia
querer guiar aquele lance de novo rs) a ponto de colocamos uma chapeleta
intermediária para reduzir o risco. Mais 30m de via e definido o P4.
A última investida antes de interrompermos por causa da
pandemia foi a mais produtiva, com ascensão de 60m. O quinto esticão não
apresenta grandes dificuldades e é protegido todo por móveis. Em seguida vem
uma horizontal para a esquerda, que passa por cima do “grande negativo”. O
final da horizontal também ganhou uma chapeleta na última investida para diminuir
o grau de exposição. A chegada ao P6, talvez o crux da via, tem proteção fixa e
boas colocações móveis.
Passados alguns meses sem voltarmos na via, decidimos
terminar a conquista. O dia escolhido em que estávamos disponíveis eu e Sérgio
Magalhães, e que não choveu, foi o dia 20 de dezembro de 2020. Marcamos 5 horas
da manhã no início da trilha para não pegarmos muito sol, tendo em vista que a
via fica voltada para o noroeste e pega sol à tarde. O objetivo era recolher as
3 cordas fixadas na parede, instalar as duas citadas chapeletas para reduzir o
risco (pintadas de amarelo para diferenciar) e conquistar o trecho final, do P6
para cima, para acessar o mirante e descermos por trilha. Chama atenção a
presença de blocos soltos a partir do P6. Sendo assim, quem optar pela descida
por trilha deve escalar a chegada ao cume com bastante cautela, também em
móvel.
A descida, conforme indicado no croqui, pode ser feita por
rapel a partir do P6 com uma corda de 60m (todas as paradas são em chapeleta
dupla) sendo o primeiro rapel em diagonal, ou por trilha a partir do mirante
(cume). Não há proteção fixa no cume, para evitar que pessoas inexperientes
montem rapel. A segurança do participante pode ser feita em arbustos ou
palmeiras confiáveis.
Ao todo, a via tem cerca de 200m, foram instaladas 12
chapeletas durante a conquista (mais seis duplas), duas intermediárias para
reduzir a exposição, e foram utilizadas 21 colocações de móveis.
Agradeço muito aos demais conquistadores, Magalhães, Juratan
e Hélida, por me permitirem a realização deste trabalho, que acredito ser o
maior feito da minha vida (depois dos meus filhos). Sem o apoio e a
participação de vocês não seria possível. Não medimos esforços durante a
conquista, pegamos sol, sentimos sede, muitas dores musculares, mas como disse
o Juratan, a dedicação e o espírito de montanhista sempre prevaleceu.
Conseguimos superar esse desafio. Ainda segundo o Jura, que conhece
praticamente todas as vias da região, “é a mais bela conquista de Niterói e
Maricá”. Eu não discordo. A parede é realmente impressionante pela sua formação
e pelo visual.
Fico muito honrado em poder contribuir para o esporte,
oferecendo mais uma opção de escalada com um requinte de adrenalina. Ainda, em
conseguir homenagear meu amigo Bernardo, um grande escalador que deu sua vida
para as montanhas, e que tanto contribuiu para o desenvolvimento do esporte,
com suas conquistas, com a intensa participação na FEMERJ e nos Clubes, com a
sua contagiante paixão pelas montanhas que certamente influenciou e ainda influencia
muitos escaladores. Esta homenagem ainda é pouco para a grandeza do Bernardo e
para o que ele representa para o montanhismo.
Fico com o sentimento de missão cumprida. Valeu cada momento
de dificuldade e superação, cada esforço e dor sentida, cada minuto de
desânimo, cada gota de suor deixada na montanha, pois “As Montanhas são uma
espécie de Reino Mágico, onde por meio de algum encantamento, eu me sinto a
pessoa mais feliz do mundo”. Bernardo Collares Arantes. Obrigado meu amigo!
Via Paredão Rosângela Gelly - 3º IV E2 D2 380m Conquistadores: Juratan Câmara, Hélida Rodrigues, Leandro do Carmo, Michel Cipolatti e Luis Avelar Ano: 2021 Local: Pedra de Itaocaia - Face Sudeste
Linha aproximada da via Paredão Rosângela Gelly (amarelo) com a Paredão Itaocaia (vermelho) à sua direita:
Dicas
A via é bem bonita e qualidade da rocha ajuda bastante. Boas agarras e lances variados. A via segue bem protegida e é possível rapelar de qualquer ponto da via com uma corda de 60 metros.
Descrição das cordadas:
A via começa tranquila e com lances mais fáceis. Agarras sólidas. Depois a via ganha um pouco mais de inclinação. Passa por uma sequencia de cristais e vem o primeiro crux, numa saída bonita de um buraco raso para a direita. Continua com lances bem bonitos e mais delicados. A partir da P4, a via perde inclinação e vai ficando mais fácil e um pouco mais suja. As proteções mais espaçadas. Já é possível ver de longe algumas proteções da Paredão Itaocaia.
Bate sombra na parte da tarde.
Acesso
OBS: Por ser uma via recente que ainda não tem muita repetição, o traçado da trilha pode não estar muito bem definido, mas siga sempre paralelo a rocha.
Para acessar a via, deve-se entrar num terreno vazio, entre a loja de material de construção Pé da Pedra e uma loja de Colchões, onde há uma construção abandonada. Siga pelo lado direito dessa construção e vá andado. Depois que passar um bambuzal, deve-se cruzar uma talvegue em direção a umas bananeiras. Siga subindo em direção à pedra. Chegando nela, siga paralelo para a esquerda até encontrar a base da via.
Vídeo da 5º Investida
Relato por Juratan Câmara
Há algum tempo eu estava escalando com a Hélida Rodrigues, a quem
conhecera recentemente. Ela escalava muito bem e como ama o esporte, pensava
sempre em evoluir tecnicamente mais e mais. Foi aí que conversando com ela veio
a ideia de fazermos uma conquista, pois não existe nada melhor para se evoluir
nas escaladas. Conquistar tem toda uma técnica única, é desbravar o
desconhecido, aumentar o controle emocional e desenvolver uma visão até antes normal.
A leitura de um futuro lance pode levar a uma ótima conquista ou a uma daquelas
que ninguém gosta de ir ou quando vai não volta mais. O conquistador não pode
pensar em si, tem que lembrar que é mais uma via para o esporte, pelo menos é a
minha visão. E foi com esse impulso que a Hélida conquistou os primeiros lances
muito bem, com segurança e uma calma de veterana, cometeu pequenos erros
normais a quem começa, mas ficou muito acima da média dos iniciantes...
Escolhemos uma linha mais limpa possível, inclinação razoável e com boas
paradas. Neste dia, estava muito quente e descemos depois de algumas chapeletas
fixadas na parede. Fiquei pensando depois que nome daria a via e em nossa
segunda investida falei que gostaria de homenagear uma pessoa que sempre fez
algo pelo esporte, Rosângela Gelly, talvez Hélida tivesse um outro nome, mas
não fez resistência a minha proposta.
Depois de irmos duas vezes, convidei o Michel Cipolatti para nos ajudar,
visto que já sabia o tamanho da parede que iríamos encarar. Ao mesmo tempo,
chamamos o Leandro do Carmo e o Luiz Avellar, excelentes escaladores do Clube
Niteroiense de Montanhismo. Na terceira investida, tivemos que abrir uma outra
trilha, bem mais longa, vindo lá da direita, visto que o proprietário da casa
por onde passávamos não mais permitiu nossa entrada, neste dia estava um calor
absurdo e Cipolatti e Leandro abriram a caminhada cortando todo o mato pelo
caminho, os dois ficaram tão cansados que não tiveram forças pra mais nada, eu
fiquei pelo meio do caminho vendo Luís.
Ficamos um tempo sem voltar lá, porque o sol andava muito forte, quando
retornamos dividimos o grupo, Cipolatti e Leandro subiram para conquistar, eu,
Hélida e Luís fomos intermediando os lances longos. Nossa preocupação sempre
foi deixar a via bem protegida, e assim fizemos. Cipolatti e Leandro voavam na
pedra e avançaram bastante e quase terminaram a conquista.
Por fim Cipolatti e Leandro foram na última investida, colocaram as
paradas duplas que faltavam, fizeram as anotações das distâncias dos lances e
encerraram mais uma via linda, bem protegida, boas paradas, visual lindo. Comunicamos,
oficialmente a homenageada que sua via estava concluída, uma justa homenagem a
quem sempre trabalhou para o montanhismo, sempre deu palestras sobre riscos, fez
lives, convidando várias pessoas nos
mais diferentes assuntos ligados ao esporte e ainda é a autora do livro “Isto
Não é Coisa de Menina”. Para quem gosta de uma boa via, aconselho que vá
conhecer o paredão Rosângela Gelly
Relato por Leandro do Carmo
Sempre achei que aquela face da Pedra de Itaocaia tinha potencial de
novas vias. Eu e o Ary já havíamos olhado, mas nunca houve oportunidade de
irmos lá. Mas o destino fez com que começasse uma via ali. Já estava há um
tempo conversando com o Juratan sobre conquistas, mas ainda não havíamos tido a
oportunidade de conquistarmos uma via. Quando recebi o convite para poder
continuar com ele e a Hélida, uma via na Pedra de Itaocaia, não pensei duas
vezes. Além mim, o Luiz e o Michel também foram.
O Juratan e a Hélida já haviam ido lá duas vezes. Marcamos cedo a
terceira investida e seguimos para Itaipuaçú. Chamamos o caseiro que nos
autorizou a entrar. Enfrentamos um forte matagal até chegar à base da via. O calor
estava forte. Dali, subimos o trecho que já estava protegido e seguimos mais
para cima. O Michel conquistou os primeiros metros e acabei finalizando o dia
com um lance bem bacana, acho que o mais difícil até ali. O calor estava forte
e resolvemos ir embora, afinal de contas ainda tinha um mato pela frente... Na
descida, o dono da casa apareceu e reclamou que estávamos indo lá várias vezes
e dificultou a nossa entrada para as próximas investidas. Ainda precisaríamos
de algumas.
Ao mesmo tempo em que estávamos nessa conquista, o Cauê Zago dava
continuidade a uma via, mas o acesso era bem mais para frente. Aí, surgiu a
ideia de acessarmos pelo mesmo caminho dele e seguir paralelo a rocha até chegarmos
a base da via. E assim marcamos a quarta investida. Entramos ao lado de uma
loja de material de construção, num terreno onde tem uma construção abandonada.
Dali, seguimos até a rocha e passamos pela via do Cauê e continuamos paralelos
a rocha, abrindo caminho e deixando preparado para futuras investidas. Ao longo
caminho, pudemos observar diversas linhas e o grande potencial que a parede
tem. Fomos metro a metro até, finalmente, que chegamos exaustos à base da via. O
calor estava tão forte e estava tão cansado, que nem deu para pensar em
conquistar. Mas pelo menos havíamos conseguido uma alternativa viável para
acessar a base. Ao final, encontramos o Cauê Zago e o Alexandre Langer na
padaria, onde paramos para tomar uma cerveja gelada e conversar um pouco sobre
as conquistas.
Na quinta investida foi mais fácil. O caminho já estava pronto. Chegamos
bem mais rápido a base da via e avançamos bem na conquista. A rocha era de boa
qualidade e foi facilitando bem a subida. Se não me engano, ainda voltamos lá
pelo menos umas duas vezes até que encontramos a via Paredão Itaocaia num
trecho da rocha. Aí, tínhamos duas opções: ou parávamos ali, ou continuávamos mais
para a esquerda. Como avaliamos que ficaria um mais do mesmo, optamos por
encerrar a via ali mesmo. Já estávamos com aproximadamente 380 metros de via.
Os melhores lances já haviam passado. Intermediamos alguns lances mais expostos
e demos por encerrada a conquista. O Juratan havia sugerido homenagear a
Rosângela Gelly, uma acertada decisão. E assim ficou batizada a via...