Local: Teresópolis – Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Data: 25 e 26 de maço de 2017
Participantes: Leonardo Carmo, Taffarel Ramos, Denise, Deborah e Victor.
Atividade feita pelo PitBull Aventura - Turismo
Começamos a trilha rumo ao Abrigo 4 por volta das 9:30. O tempo estava com sol entre nuvens. Quando chegamos no Abrigo 3 o tempo começou a fechar e baixou a neblina. Quando faltavam uns 30 minutos pro final da trilha, caiu uma água das boas. Mas nada que tirasse o ânimo da galera.
Quando foi por volta das 15:30, já estávamos no Abrigo 4.
No domingo, tivemos as companhias da Carina e Mariana, meninas que conhecemos no Abrigo.
Pra quem for ver o nascer do sol do cume da Pedra do Sino, sugiro levantar as 4 da manhã e começar a subida as 4:30. Após uns 40 min de caminhada em ritmo leve da pra chegar no cume e acompanhar o início da transição das cores do nascer do sol.
Relato completo do pode ser encontrado em uma outra postagem:
Data: 13/11/2016 Participantes: Leandro do Carmo, Clever Félix, José Antônio, Rafael Faria e Patrícia Gregory
Quando conheci as cachoeiras do Espraiado, estava num
período grande de estiagem. Não chovia há muito tempo. Corria apenas um filete
de água. Fiquei imaginando como seria chegar ali depois de uns dias de chuva.
Mas para que isso fosse possível, tudo tinha que dar certo. Tinha que acertar o
dia!
Já estávamos no verão de 2016 e a previsão para o final de
semana era de chuva forte. Foi aí que tive a ideia de ir ao Espraiado. Mas não
tinha ideia de que tudo sairia perfeito: Muita chuva na noite anterior e também
no dia da atividade. E a maioria das pessoas acham que não dá para fazer nada
com chuva...
Nosso ponto de encontro foi a segunda entrada para Maricá.
Estávamos em cinco: Eu, Cléver, José Antônio, Rafael Faria e Patrícia Gregory.
Dali seguimos em direção ao Espraiado, já com o tempo bem fechado. Na madruga
choveu forte, o que aumentou a minha expectativa em ver a cachoeira pesada.
Quando chegamos na curva que antecede a descida, antes de cruzar o rio
Caragueijo pela primeira vez, ouvi o barulho do rio. Estava forte! Sinal de rio
cheio, mas não fazia noção de quanto... Assim que avistei o rio, vi que seria
impossível atravessar de carro. Nem mesmo o guerreiro jeguinho, seria capaz
transpor aquele trecho. Parei o carro e fui conferir. Não tinha jeito. Dali em
diante, só andando. Paramos os carros um pouco mais acima.
Fui o primeiro a atravessar e a medida que avançava, ia
ficando cada vez mais fundo, até que a água chegou quase na minha cintura. A
correnteza estava forte e qualquer descuido, poderia ser arrastado. Fomos
fazendo uma corrente humana para facilitar. Assim que atravessamos a chuva
apertou novamente. Continuamos e mais a frente atravessamos o rio novamente.
Esse trecho estava mais perigoso e redobramos o cuidado. Daí para cima foi um
espetáculo da natureza. Os filetes de água que cruzamos pelo caminho em dias
normais, se transformaram em grandes obstáculos para nossa caminhada, que davam
um prazer a mais em estar naquele belo local.
Assim que passamos pela última casa, já ao final da precária
estradinha, entramos na trilha que dá acesso ao nosso destino. Seguimos por ela
e numa saída discreta para a direita seguimos em direção a cachoeira. A chuva
havia diminuído e as nuvens permaneciam bastante carregadas, um prenúncio de que
o tempo não melhoraria tão cedo. Mais alguns metros de caminhada e barulho foi
ficando cada vez mais forte. Quando consegui enxerga-la, bem do alto, percebi a
grande força da natureza. A imagem que eu tinha daquela cachoeira era apenas um
filete de água... Agora estava numa força e num volume, que fica difícil de
acreditar que era ali que havia estado há alguns meses antes.
A força da queda d’água era tão forte que o deslocamento de
ar formava uma forte corrente de vento. Descemos e fomos até a base, onde
tiramos diversas fotos para registrar o grande momento. Avisei ao pessoal que
havia outra tão grande quanto essa, um pouco mais acima e foi para lá que
seguimos. Pegamos um caminho que eu não conhecia, mas que achava que iria até
lá, mas na pior das hipóteses, voltaríamos e seguiríamos por onde eu conhecia.
No caminho, passamos por duas pequenas pontes de madeira que estavam bem
podres. Tivemos cuidado redobrado e nem chegamos a utilizá-las, de tão ruim que
estavam.
Andamos por um longo trecho em meio a mata. Esse era um
caminho que claramente era menos frequentado. Em alguns pontos estava bem
fechado. Passamos por alguns trechos bem íngremes e escorregadios. Como tudo
estava molhado, foi inevitável os escorregões. Andamos mais alguns minutos, até
que chegamos ao nosso segundo destino. Mais uma bela cachoeira nos esperava.
Diferente da primeira, essa fica um pouco mais escondida, mas nem por isso,
menos interessante. Aproveitamos para tomar um banho, apesar da chuva. Já
estávamos molhados mesmo...
Ficamos por algum tempo até que pegamos o caminho de volta.
Porém optamos por estender a caminhada, indo até o Alto Espraiado. Devido ao
tempo bem fechado, não vimos nada, mas nem por isso ficamos tristes... Afinal
de contas, nosso objetivo foi cumprido! Tivemos o privilégio de ver dois
grandes espetáculos da natureza e bem perto de nós... A maioria das pessoas não
tem noção de que existem cachoeiras de mais de 20 metros em Maricá... Tá aí a
prova!
Na descida, já no caminho normal da Travessia Espraiado x
Tomascar, pegamos trechos muito escorregadios e mais tombos! Pelo menos tirou
gargalhadas de todos nós... Como a chuva havia diminuído as travessias dos rios
foram mais tranquilas. Ainda conhecemos um cara que nos disse haver um
cachoeira em outro ponto, tão grande quanto essas... Pegamos o contato e
marcamos de nos falar para frente... Será mais uma para o circuito das
Cachoeiras do Espraiado?
Dois anos depois, estava de volta para completar aquela
escalada que estava engasgada... Chegar a poucos metros e ter que voltar, nem
sempre é uma escolha fácil. Mas como sempre digo: A montanha sempre estará lá! Abortamos
a escalada naquela e ocasião e agora estou tendo a oportunidade de voltar e
assinar o livro de cume. Na primeira vez, não tínhamos nenhuma informação de
início da trilha, fator que foi determinante para abortarmos, pois perdemos
horas procurando a entrada da trilha. Mas dessa vez, apesar o imenso calor,
organizamos com cuidado nossa aventura. (Link para a primeira tentativa).
Como estaria em Rio das Ostras no período entre o Natal e o
Reveillon, nos organizamos para atacar o Frade. O calor estava absurdo. No Rio
de Janeiro, a sensação térmica estava beirando os 50 graus. Tínhamos um
problema: o calor. Mas também tínhamos a solução, que por sinal bem simples:
começaremos a caminhada bem cedo. Para isso, na noite anterior, deixamos tudo
pronto, assim poderíamos sair bem cedo. Acertamos de sair às 5h da manhã, mas
para isso acordamos as 4:30h. Saímos de casa conforme combinado e a viagem foi
bem tranquila. Na estrada pudemos ver o nosso destino bem ao fundo e tinha
certeza que hoje tudo daria certo. Estacionamos o carro e seguimos até o início
da trilha. Era 6:40 da manhã quando cruzamos a cerca e começamos a subir.
O início é por um trecho de pasto, bem íngreme. Dessa vez
optei por seguir paralelo a cerca, pelo seu lado esquerdo, sem atravessá-la. Os
primeiros 40 minutos da trilha sãos os mais fortes, principalmente por ser o
trecho inicial. Aos poucos o corpo vai acostumando e logo estávamos num ritmo
bem rápido. A trilha está bem definida e não há bifurcação no caminho. Fomos
subindo e a manhã estava bem agradável. Corria um vento bom, compensando o
grande calor. Fomos passando por trechos bem bonitos, até que chegamos a um
primeiro mirante. De lá, pudemos ver o belo vale a nossa frente. Continuamos a
caminhada e mais acima chegamos num trecho mais íngreme, onde uma corda fixa
nos auxiliou.
Dali em diante foi uma sequencia de sobe e desce até que
chegamos a um enorme bloco de pedra. Este antecede os lances de cabo de aço e
corda. A partir daí, só se deve continuar se tiver equipamento de segurança...
Como estávamos preparados, seguimos subindo.
Começamos a subida e fomos seguindo os cabos. Uns mais
finos, outros mais grossos, mas no geral, estão em condições razoáveis. Em
alguns pontos, o cabo está com algumas pontas que podem causar ferimentos,
fique atento. Mais acima, nos deparamos com um trecho bem íngreme. Fui o
primeiro a subir e fixei uma corda mais confiável para nos auxiliar. Passa esse
primeiro trecho, contornamos o caminho para a direita e seguimos até o topo de
um platô. Ali a escalada realmente começaria. Como o Caíque nunca havia
escalado, optamos por não leva-lo dessa vez. Quem sabe depois de um treinamento
adequado ele possa a vir a superar esse desafio? A Montanha sempre estará lá...
Como ele não subiria, meu irmão resolveu ficar também para fazer companhia.
Eu e o Alex seguimos... Num pequeno platô, paramos e dali o
Alex foi me dando segurança. Passei por um pequeno arbusto e fui subindo sem
muitas dificuldades. Mais acima, resolvi montar a parada e o Alex veio subindo.
Ainda estava sombra, apesar do sol estar bem no alto. Por sorte a escalada é
pela parte oeste. Assim que o Alex chegou, já comecei a subir. Apesar de ter
cabo de aço e cordas por todo esse trecho também, dá para escalar em livre
tranquilo. É até mais gostoso. Os lances são bem tranquilos e com boas agarras.
A manhã continuava agradável e continuei subindo até chegar
a próxima parada. A partir dali segui por um longo trecho de caminhada até
chegar a um ponto onde fiz segurança de corpo para o Alex subir. A partir dali,
seguimos andando até o cume. É bom ficar atento, pois qualquer escorregão, não
terá onde segurar... Lá de baixo, não dava para perceber como era esse trecho.
Tinha a impressão de que seria um costão rochoso, mas havia uma vegetação
rasteira por todo o percurso. Alguns metros acima, chegamos a uma parte com
pequenos arbustos. Segui por um caminho até uma área aberta, sendo um belo
local para acampamento. Olhando de longe, não percebemos que o cume tem essa
vegetação.
Fiquei alguns minutos procurando o livro de cume em meio a
vegetação, mas não achei por ali. Sabia que ele existia e não queria descer sem
poder assiná-lo. Voltei até uma laje de pedra, onde inicia o caminho e,enfim,
consegui achar a urna com o livro. Deixei meu nome escrito. Aproveitei para
fazer algumas fotos e um rápido lanche. Parei ainda para apreciar a bela vista.
Além de todo o litoral, pude ver ao fundo a Pedra do Peito de Pombo, a Represa
de Tepera e todas as montanhas da região. Um belo espetáculo!
Depois de dois anos da primeira tentativa, consegui vencer
mais esse desafio! Para muitos, apenas uma montanha... Mas existem coisas nessa
vida que são difíceis de explicar... Só quem está lá, consegue sentir.
Foi hora de preparar as coisas para partir. Começamos nossa
descida. Foram alguns rapeis até que entramos novamente na trilha. Como a volta
é mais descida que subida, chegamos bem mais rápido ao carro... Afinal de
contas, pra baixo, todo santo ajuda!
Um pouco da
história sobre o Parque Nacional do Caparaó
Por volta de 1859, o Imperador Dom Pedro II determinou
que fosse colocada uma bandeira do Império no Pico mais
alto da Serra do Caparaó. Acredita-se que a denominação Pico da
Bandeira se deva a este fato.
A Serra do Caparaó ainda foi palco da Guerrilha do
Caparaó, instabilidade política ocorrida em 1964, período da Ditadura
Militar vivida pelo Brasil. Em 1967, as forças armadas montaram um
esquema tático para capturar ex-militares que faziam parte do grupo
revolucionário e que estavam refugiados no Parque Nacional. O exército usou
como base de acampamento todos os municípios vizinhos.
Relato da Trilha do Pico da Bandeira
Já era hora de conhecer o Pico da Bandeira, o terceiro ponto
mais alto do Brasil. Localizado no Parque Nacional do Caparaó, na divisa entre
em Minas Gerais e Espírito Santo. Tinha pouco tempo disponível para a viagem e,
apesar da distância, resolvemos tentar fazer em um único final de semana. Abri
a atividade no clube e logo as vagas foram preenchidas, porém, um dia antes da
partida, um grupo desistiu por causa do tempo... Mas a previsão do tempo nem
era tão ruim assim... Bom, quem não foi perdeu...
Saímos de Niterói as 21:00, da sexta feira, dia 09 de
setembro. Viajamos durante toda a noite e chegamos ainda de madrugada na
portaria do Parque, no lado mineiro. Aliás, o mais fácil para subir de carro
até o acampamento. Como estava bem cedo, teríamos que esperar a hora do parque
abrir. Aproveitamos para tirar uma soneca e descansar um pouco da longa viagem.
Foram aproximadamente 8 horas de viagem. Depois de um cochilo, enfim, pudemos
entrar e continuamos de carro até o acampamento Tronqueira.
Lá, escolhemos os melhores locais, pois a área de camping
ainda estava bem vazia. Geralmente, os visitantes chegam mais tarde e sobem por
volta das 24:00h para ver o sol nascer. A gente optou por fazer diferente,
principalmente pela falta de tempo. Nossa ideia era percorrer os 4 cumes:
Bandeira, Calçado, Cristal e Cruz de Negro. Enquanto montávamos as barracas,
conversamos com um guarda parque que nos disse não poder subir o Cruz de Negro.
Bom, regras são regras... Diminuímos nosso roteiro para 3 cumes.
Depois de montado acampamento, começamos nossa caminhada.
Subimos o caminho que leva ao Terreirão, segundo e último ponto de acampamento
do lado mineiro. O caminho é bem definido e não há bifurcações
que possam causar dúvidas. Ele segue paralelo a um rio, que corre ao fundo de
um vale, à esquerda de quem sobe. Fomos subindo e logo chegamos ao Terreirão,
onde paramos para um lanche. O acampamento é bem amplo e ainda abriga uma
pequena casa de pedras. Há estrutura com água, banheiro e tratamento biológico
de esgoto.
Após a pequena pausa para o lanche e descanso, seguimos
subindo. Passamos por um trecho bem erodido até que chegamos a discreta saída
para o Cruz de Negro. Ainda pensei em dar um pulo lá, mas como falei no começo,
regras... Seguimos caminho e mais a frente, optamos por fazer um roteiro
diferente e pouco conhecido. Ao invés de seguir direto para o Bandeira, pegamos
uma discreta saída para a direita e fomos em direção ao Cristal, passando pela borda
direita do Calçado. Pegamos uma trilha pouco definida e marcada por totens ao longo do caminho. Um espetáculo! Havíamos deixado o trecho bem marcado para
entrar num local pouco frequentado. A partir daí, caminhamos por uma grande
laje, cortada por pontos de vegetação rasteira. Descemos um longo trecho, até
que voltamos a subir por uma das vertentes do Cristal.
A vista para o Cristal era fantástica. De longe já me
apaixonei pela montanha. Algo difícil de
explicar! Seguimos subindo até que chegamos ao pé da subida final. Dali,
seguimos até o cume. O dia não estava dos melhores, mas pudemos ver os pontos
de acampamento do Macieira e Casa Queimada, ambos em lado capixaba. O dia
estava muito agradável. No cume, preparei um almoço reforçado, já estávamos há
quase 4 horas caminhando, depois de uma noite de viagem... Tem que reforçar!
Depois do almoço, descansamos um pouco e iniciamos a descida, pois ainda
tínhamos um longo caminha a percorrer.
A descida do Cristal foi bem tranquila, e nem mal havia
deixado-o, já sentia saudades... Começamos uma forte subida, até chegar á
trilha que vem do lado capixaba. Algumas pessoas desciam do Bandeira, enquanto
outras subiam. Uma situação bem diferente do caminho que havíamos feito horas
mais cedo. O corpo já dava sinais de cansaço e o ritmo já não era mais o mesmo.
Começamos a caminhar mais lentamente e a dar paradas mais longas que o normal.
Mais alguns minutos e estávamos no Pico do Calçado. Pausa para uma foto e seguimos
para o Bandeira, nosso grande objetivo.
O caminho foi bem tranquilo e quando chegamos ao cume, já
havia muita gente. Mas como a hora avançava, aos poucos as pessoas começavam a
ir embora. Enfim o barulho cessou e éramos só nós quatro. Aos pés a cruz, paramos
para descansar e literalmente apaguei. Nesse momento já sentia um mal estar e
uma forte dor de cabeça. O corpo cobrava
o preço da noite não dormida e mais um dia inteiro de caminhada. Bom não tinha jeito... Era descansar um pouco
e ver se melhorava...
Ouvimos um barulho forte bem ao fundo e as nuvens correndo
forte. Sinal de chuva se aproximando... Já estava dado o aviso de retirada.
Antes ainda, deu tempo de retirar um pouco do lixo que alguns mal educados
haviam deixado... Dali, pegamos o caminho normal que segue para o Terreirão.
Descemos bem rápido e logo começamos a cruzar com alguns grupos que haviam
descido mais cedo, eles estavam bem lentos... mais abaixo passamos pelo ponto
onde deixamos a trilha principal e assim fechamos o belo circuito. Dali para baixo, foi meio que no piloto
automático. Descemos num bom ritmo, até que retornamos novamente para o
Terreirão.
Lá foi difícil... demos uma boa parada e um descanso
merecido. Ouvimos a notícia de que havia chovido forte na parte de baixo, onde ficava
o acampamento Tronqueira. Foi aí que lembrei que deixei a barraca aberta...
Minha esperança foi de que alguém tivesse fechado. Mas também, não deixei nada
dentro. Nesse caso seria só secar... Depois de um descanso merecido, foi fora
de continuar descendo. Acho que foi a parte mais sofrida do dia... Começamos a
caminhada e nada dela terminar... Tinha certeza que aumentaram alguns
quilômetros! Mais abaixo, uma bela e
curta visão do por do sol. O tempo necessário para uma foto e ver as nuvens
engolir a grande bola alaranjada.
Continuamos a descida até que finalmente chegamos! Fui
direto ver o estado da barraca. Ainda bem que fecharam... Molhou um pouco, mas
resolvi rápido o problema. Arrumei minhas coisas, tomei um remédio para dor de
cabeça e fui logo para o banho. A água estava gelada. Gelada era pouco, estava
congelante! O banho rápido deu uma revigorada e fomos preparar a janta. Ficamos
batendo um papo até que o cansaço bateu de vez e foi hora de entrar no saco de
dormir e literalmente apagar.... Afinal de contas, já estava a 36 horas sem
dormir...
Acordei bem no domingo. A maioria das pessoas que estavam no
acampamento haviam subido na madrugada para ver o sol nascer. Aproveitamos para
arrumar nossas coisas com calma e nos preparar para o longo retorno. Visitamos
ainda algumas cachoeiras e seguimos viagem. Uma final de semana intenso... É
claro que valeu, mas poderia ter sido melhor. Do jeito que fizemos fica muito
cansativo, mas era o tínhamos! Quem sabe no próximo ano não teremos um final de
semana prolongado no Parque Nacional do Caparaó...
Há tempos que eu vinha programando minha ida até Itaocara...
E olha que não foi por falta de convite... Mas sempre que marcava, acontecia
alguma coisa que me fazia mudar os planos, mas dessa vez, tudo conspirou para
que finalmente conseguisse realizar o meu desejo. Já remei muitas vezes em mar,
mas sabia que nas águas doce do Rio Paraíba, a coisa seria muito diferente.
Como me faltava experiência, o VII Encontro de amigos da ACAI seria o dia
perfeito. Apesar de não ter um caiaque apropriado (o que tenho é esse de
polietileno aberto), resolvi aceitar o desafio, depois do meu amigo Jefferson,
também da ACAI, me afirmar que seria viável remar com esse tipo de barco. Já que
aceitei o desafio, foi hora de acertar os detalhes da viagem...
Estava de férias e o evento seria 3 dias depois da minha
chegada do Monte Roraima. Tinha que deixar tudo acertado, pois não teria muito
tempo. Bom, a logística foi bem tranquila, pois a família da esposa do meu
irmão é de Portela, um distrito de Itaocara. Isso facilitou bastante, apesar de
ter opções de hotéis e pousadas na cidade.
Amarramos os caiaques em cima do carro e seguimos rumo ao
nosso destino...
A viagem foi bem tranquila e quando chegamos tive a noção de
como o rio Paraíba do Sul é imponente, apesar da grande estiagem que afetava
várias regiões. Só conhecia esse trecho do rio por fotos, ao vivo tudo é
diferente. Arrumamos nossas coisas e descansamos um pouco, pois o dia seguinte
seria pesado!
Acordamos cedo e eu, meu irmão Leonardo e Caíque seguimos
para o ponto de encontro, na Praça dos Quiosques, em Itaocara. Aos poucos a
galera foi chegando e o bate papo foi super agradável. Enquanto conversava com
o pessoal fui ficando mais aliviado, pois não seria o único novato. A praça foi
ficando bonita com tantos carros e caiaques. Deu a hora e seguimos em carreata para
a Cabana do Peixe Frito, local da confraternização e de onde o caminhão levaria
os caiaques para o ponto de início, na grande Alfarroba, na Fazenda Paulo Gama.
Na Cabana do Peixe Frito, colocamos os caiaques no caminhão e
nos arrumamos nos outros carros de apoio e seguimos para o ponto de partida. O
lugar é muito bonito e pudemos ir vendo de longe alguns trechos que iríamos
percorrer. Pena que a região desaparecerá em breve, após a construção da
represa de UHE Itaocara. Já no ponto de partida, tiramos os caiaques e os
colocamos lado a lado para a grande foto. Aos poucos todos foram indo para a
água, afinal de contas, era o que mais queríamos...
Já na água, começamos nossa aventura! Saímos de um trecho
bem tranquilo e água correndo suave e mais a frente a corredeira do Beco. Até
que me saí bem para a primeira vez. Para os mais experientes, brincadeira de
criança... Para mim, algo como um corredeira grau V! Alinhei o caiaque e fui
remando, tentando não perder o rumo. Pronto! Primeiro desafio concluído! Nem
sei quantos mais faltavam, mas estava no caminho certo! Fomos remando em um
contato intenso com a natureza. A água estava muito agradável. Aos poucos me
sentia mais seguro e a remada foi ficando cada vez mais leve.
Como não sabia os pontos onde teriam corredeiras mais
fortes, ia sempre do meio para trás, assim poderia acompanhar os mais
experientes. Mais a frente, vi que todos se reuniram antes de uma grande pedra,
estávamos na Cachoeira do Urubu. A corredeira mais difícil do percurso. Ali nem
pensei duas vezes, desci e fui levando o caiaque até a parte final da
corredeira. Dali, seguimos remando até a próxima cachoeira, a do Tobogan. Essa
bem mais tranquila. Passei sem dificuldades. Mais uma vez vou destacar a beleza
do local... O Jefferson me havia dito que era bonito, mas não imaginava o
quanto... Remávamos sem contato nenhum com a civilização. Não havia casas,
estradas, etc... nada que pudesse interferir na natureza!
Continuamos nossa jornada e passamos por mais uma corredeira,
a do Molha Saco. Confiante, já seguia remando pelas ondas que para mim, eram
gigantes. Chegamos à Corredeira do Porto Marinho. De longe olhei e pensei na
hora: “Essa não é para mim”. Deixei o caiaque em cima de uma pedra e fui
conferir mais de perto. Era um trecho longo, menos forte que a Corredeira do
Urubu, mas que impunha respeito. De longe fiquei observando as pessoas que
desciam... A vontade era grande, mas a princípio fiquei só observando. Aos
poucos fui vendo que dava para tentar. Depois que meu irmão desceu, não tive
dúvidas. Segui até meu caiaque.
Remei em direção à corredeira até ganhar velocidade e o
caiaque foi sugado corredeira a baixo. Não tinha mais volta. Agora era tentar
manter o caiaque alinhado e seguir o fluxo. Na primeira grande onda, o caiaque
foi lá em baixo e subiu com velocidade. A sequência seguinte foi na mesma
intensidade... Não acreditei que havia passado por tudo e ainda estava sentado
no caiaque... Foi aí que virei... Depois de ter passado por tudo, virei no
rebojo. Mas havia feito mais do que eu imaginava. Quando pensei em ir remar,
não pensava que faria um décimo do que havia feito. Minha ideia era remar nas
partes mais tranquilas, mas fui muito além disso... Para mim uma vitória! É
claro que se tivesse sozinho não conseguiria. A galera sempre dando apoios e
dicas importantes foi fundamental para concluir o trecho com segurança.
Dali, foram mais alguns minutos de remada até que chegamos
ao Porto Marinho, onde o caminhão nos esperava. Voltamos até a Cabana do Peixe
Frito, onde nos reunimos para o churrasco. Mais tarde, presenciei um bela
homenagem a um dos percursores do esporte na região, o Abel. O dia foi chegando ao fim e foi hora de
partir...