quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Subida ao Escalavrado - Parque Nacional da Serra dos Orgãos

Por Leandro do Carmo

Subida ao Escalavrado - Parque Nacional da Serra dos Orgãos

Local: Guapimirim / Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Data: 01/09/2013
Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém, Michael Rogers e Leonardo Carmo

Dicas: Apesar de muitos falarem que não precisa de equipamento de escalada, considero imprescindível levar, no mínimo, uma corda; alguns lances muito expostos, apesar da baixa graduação; se o tempo virar, a descida sem equipamento se torna muito perigosa; em dias de calor, o sol castiga; é necessário enviar o termo de conhecimento de riscos ao Parque, podendo ser encaminhado por e-mail:

Tempo: Total - 3h 55min / Subida - 1h 50min / No cume - 30 min / Descida - 1h 35min
Altura: 1.406 metros
Desnível: 606 metros

Localização:


Relato


O Escalavrado é uma imponente montanha que compõe a Serra dos Órgãos, sendo a primeira que desponta, ao lado esquerdo do Dedo de Deus. Sua conquista aconteceu em 30 de agosto de 1931, pelo Centro Excursionista Brasileiro, período em que outros cumes da região, também foram alcançados, como o Cabeça de Peixe, Dedo de Nossa Senhora, Santo Antônio, São João, etc.

Era a última montanha daquela área do Parque que me faltava subir. O Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora, Dedo de Deus, e o Cabeça de Peixe, formam os cumes que são acessados por trilha que ficam fora da sede do Parque, em Teresópolis. A princípio, estava marcado de subir novamente o Dedo de Deus, mas por um erro meu, tinha marcado, justamente no dia de um compromisso de família, não tinha como estar nos dois lugares ao mesmo tempo! Não teve jeito, desmarquei o Dedo de Deus e sugeri que fizéssemos o Escalavrado no dia seguinte. Missão aceita para aqueles que podiam...

Saímos às 06:30 lá de casa e seguimos caminho. Como o Guilherme dirigiu da última vez, quando fomos até o Dedo de Nossa Senhora, resolvi dar um descanso à ele e fui dirigindo. Chegamos no Paraíso das Plantas com o tempo já aberto e quente. Não tinha nenhum carro lá parado, para nossa surpresa... Pensei que fosse encontra um monte de gente lá... Nos preparamos e seguimos estrada abaixo até o corte na crista do Escalavrado, numa curva, onde, mais abaixo, na primeira rampa de concreto, começa a subida. Mas não foi mole assim... Não sei por que, mas fiquei na cabeça que ao invés de rampa, a trilha começava por uma escada de concreto! Depois da curva, vi que a primeira rampa não tinha escada, então segui descendo. Olhei a segunda, nada... Chegamos na terceira e tinha uma escada com degraus, que chegavam a quase dois metros! Falei: é aqui!!!!

Com muita dificuldade, subimos uns 15 degraus e no final era para ter uma trilha. A todo momento o pessoal falava: - Não pode ser aqui!!!!. E eu afirmava: - É aqui sim!!!! Mas no final dos degraus, para minha surpresa, nenhum sinal de trilha. Não podia ser tão difícil assim! Quando pedi para o meu irmão dar uma olhada no guia do PARNASO, do Waldyr Neto, vimos que não tinha nada de escada... ahaaaaaa! Pegadinha do Malandro!!!! Pelo menos rolou um aquecimento! Descemos a “escada de gigante”, como a chamamos, voltamos alguns metros da estrada e entramos no caminho certo.

Foi outra coisa! Logo no final da rampa de concreto, tem uma placa indicando o início da trilha. Seguimos subindo e logo percebi que, caso chovesse, nossa descida ficaria complicada. Mas como o tempo estava ótimo, nem me preocupei com isso. Seguimos subindo, ora pela laje de pedra, ora pela trilha e sempre vendo vários grampos. Chegamos numa parte mais vertical, onde tem um lance para a direita, que dependendo do grupo, pode-se fixar um corda, num grampo mais acima, para poder facilitar a subida. Seguimos sem proteção, até entrar de novo na trilha.

Mais subida e chegamos num outro ponto onde rola alguns lances de escalada, dependendo de onde se suba, rola até um 2º ou 2ºsup. Com todos encordados, fui um pouco mais para direita, sempre de tênis, até que encontrei um grampo, bem acima, quase com 50 metros de corda. Montei a parada e vi que o Leonardo vinha logo atrás. Com um pouco de dificuldade na comunicação, pois ventava muito, pedi para ele avisar ao Guilherme para subir pelo outro lado e assim ele fez. Depois que ele chegou na parada, vimos que tínhamos subido pelo lado mais complicado. Esperamos um pouco até que o Guilherme chegasse e tocamos pra cima.

Continuamos subindo, num misto de trilha e laje de pedra. Como achei que fosse moleza, nem me preocupei com o peso da mochila, que nessa altura, somado ao peso da corda, já incomodava. Mas não dava para reclamar! Mas reclamei assim mesmo... Porém sempre subindo! A vista já impressionava. Chegamos numa parte bem exposta, que pode causar calafrios até aos mais experientes de montanha! Literalmente na crista, olhava para o pé esquerdo, penhasco, para o direto, penhasco também! Nesse ponto subimos com bastante cuidado, principalmente por causa das rajadas de vento.

Dali dava para ver que ainda faltava muito, mas devagar também se chega. Mais subida e a panturrilha começou a reclamar. Teve uma hora que o Guilherme achou que tivesse chegando, quando contornou uma barriga, mas viu que ainda faltava um pedaço, mas muito menos do que faltava a uma hora atrás. Mais alguns metros e estávamos lá. Cume!!!! Havia subestimado o Escalavrado... Achava que era muito tranquilo... Não que seja difícil, mas tinha uma outra visão. É subida o tempo todo, em dias de sol forte, nem aconselho!

O sol de inverno tinha vindo com força. A vista do Dedo de Deus é fantástica. Decidimos ficar no cume por 30minutos, o suficiente para bater fotos, lanchar, assinar o livro de cume e contemplar a paisagem. Peguei o binóculo que tinha pedido para  meu irmão levar. Tinha certeza que veria alguém escalando o Dedo de Nossa Senhora ou alguém no cume do Dedo de Deus. Mas não tinha ninguém! Estávamos sozinhos contemplando a paisagem. Tive a impressão de ter visto alguém no cume da Agulha do Diabo, focalizei o binóculo, mas a distância fazia com que não conseguisse estabilizar as mãos direito, fazendo com que a imagem ficasse um pouco tremida. Ninguém mais conseguiu ver, acabei desistindo de afirmar que tinha alguém lá.

Finalizado o nosso tempo, começamos a descer. Pelo menos já sabíamos por onde passar. Fomos descendo bem devagar e com o cuidado redobrado. A descida pode ficar perigosa em caso de chuva. Nos lances mais expostos, fomos abaixados e sempre bem lento, um de cada vez. Fizemos apenas um rapel e fixamos a corda uma vez para auxiliar um lance. Nos demais descemos em livre. A descida pode não parecer, mas tem suas dificuldades. Se o joelho não estiver em dia...

Estávamos de volta na estrada e faltava ainda um pedaço até o carro. Começamos a subir demos uma parada na Santinha, onde aproveitei para tomar um banho. A água estava tão gelada que só deu para molhar o corpo rapidamente! Meus pés começaram a doer de frio... Rapidamente saí e me sequei. Parecia que a água tinha saído da geladeira!!! Mas a água fria deu sobrevida. Fiquei renovado. Caminhamos até o Paraíso das Plantas e aquela coxinha de galinha foi providencial! Lanchamos e seguimos de volta ao som de O Rappa, The Offspring, Charlie Brown,  etc...


Até a próxima!!!

Na crista do Escalavrado


No cume

Vista do Dedo de Deus

Dedo de Deus

Dedo de Deus

Agulha do Diabo

No cume

Serra dos Órgãos

Apreciando o visual

Voltando

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Relato da Conquista da Via Amigo É Pra Essas Coisas

Por Leandro do Carmo


Relato da Conquista da Via Amigo É Pra Essas Coisas


Croqui da via

Local: Morro das Andorinhas - Setor Casa de Pedra

Ver mais conquistas

Primeira Investida
Data: 28/07/2013

Participantes: Leandro do Carmo, Ary Carlos e Guilherme Belém


Depois de um feriado de chuva e frio, conseguir escalar no final de semana seria uma tarefa difícil. Havia chovido bastante e tudo estava muito molhado. Já estava até desanimado, mas no sábado o tempo deu uma firmada e a previsão para o domingo era de tempo bom, pelo menos não choveria. Tive a idéia de começar um projeto que havia pensado há um tempo atrás, lá no Morro das Andorinhas. A parede é bem limpa, seca rápido. Como é um setor verde, já havia comunicado ao PESET, a minha intenção de conquista. Falei com o Ary e com o Guilherme e eles toparam na hora.

Marcamos de sair por volta das oito da manhã. Acordei cedo e fui preparar o equipamento. Não queria esquecer nada, muito menos os grampos! Tomei um café e parti em direção à Itaipú. Nosso ponto de encontro foi na Igreja de São Sebastião. Começamos a agradável trilha até chegar ao setor Casa de Pedra. Lá, demos uma parada para organizar o equipamento e mostrei, mais ou menos a linha que havia pensado. Fomos até a base e decidimos por onde começar. Nos preparamos e comecei a subir. Segui uma leve diagonal para a direita e escolhi um local bem visível para o primeiro grampo, para que não houvesse dúvida quanto ao início da via. Quando saquei a furadeira, cadê a broca? Ficou na mochila! Avisei ao Guilherme e ao Ary do meu esquecimento eles amarraram um saquinho com as brocas. Puxei o saquinho e coloquei o primeiro grampo.

Mais uma diagonal para a direita e mais um grampo. Os lances iniciais são bem tranquilos, sem dificuldade. Muitas agarras ainda por quebrar. Segui mais em diagonal e avistei um pequeno platô e resolvi colocar o terceiro grampo. Mais a direita, dava para ver uma parte mais limpa e vertical da parede, mas a corda não chegava lá, resolvi então que faria ali a P1 da via. Montei a parada e o Guilherme de tênis, subiu, seguido pelo Ary.

Na parada, passei a vez para o  Ary, que conquistou a segunda enfiada, resumindo assim:

“Fiz a segunda parte da via depois que o Leandro colocou os 3 primeiros grampos, saí em horizontal até pegar uma linha limpa vertical e mais "emocionante" da via, coloquei o quarto grampo e toquei pra cima, mais ou menos na metade da corda coloquei o quinto grampo, para o caso de alguém querer descer a via de rapel e a corda alcançar a parada onde o Leandro e o Guilherme estavam. O sexto grampo, eu coloquei no meio de um lance mais vertical antes de chegar em uma parte que estava molhada, dali subi mais um pouco e cruzei para a direita da parte molhada e como a corda estava acabando coloquei o sétimo grampo e fiz a parada nele.”

Quando o Ary montou a parada, foi minha vez de subir. O Ary tinha razão, por enquanto a melhor parte via! Depois da horizontal, segue reto para cima, com pequenas agarras e muitas ainda por quebrar. Mais acima um lance de aderência bem interessante. Cheguei na parada e o Guilherme veio logo atrás, de tênis, aos trancos e barrancos... Com todos na parada. Era a vez do Guilherme conquistar... Mas ele estava de tênis... Emprestei minha sapatilha para ele. - Amigo é para essas coisas!!! - falamos na hora. Mas não seria assim tão mole! Ele seguiria pela parte mais suja e molhada da via. Tinha ficado com essa parte “boa”, mas amigo, também é para essas coisas!!!! Além disso, só tínhamos 4 grampos para terminar a via! Tinha que dar um jeito! Amigo é ... Ninguém estava a fim de voltar rapelando e subir a trilha de volta.

Assim foi o relato da conquista da terceira enfiada, feita pelo Guilherme:

“Mais uma via e mais uma conquista. A minha primeira com tecnologia! Pois o paredão que conquistara anteriormente levou 2 dias para bater 4 grampos! Furadeira de última geração super leve e fura muito rápido, cruzada com uma fita no peito e toca para cima. Antes disso estava ansioso para mostrar a minha sapatilha ao Leandro, TOP ( via de 7° vira 5° hehehe), trilha de 30 min e chegamos na praia. Base da bela linha no Morro das Andorinhas, em 1min Leandro equipadaço. Perguntei: - Nem preciso perguntar se quer guiar o primeiro lance? Não é? Leandro riu, e logo depois armei a segurança dele. Cadê a minha sapatilha? P... ferrou! Logo me antecipei. - Participo de tênis mesmo (com cara de choro). Ary riu e Leandro seguiu.

Toma- lhe diagonal, escalei com muita dificuldade e claro com a corda super justa. Óbvio que escorreguei e caí várias vezes, o que foi tema de divertimento dos outros dois guias (vídeo cassetadas). A segunda enfiada guiada por Ary então... escorreguei muito. Na terceira enfiada, lembrando que cada esticada tinha aproximadamente 55m, faltava mais uma ou duas enfiadas, e tínhamos só 4 grampos. Nosso amigo Leandro manda a letra: - E aí Reginaldo? Vai? Meu sobrenome é Reginaldo e é engraçado, sei disso! Respondi: - Agora! Kmon! Subi cheio de gana pois agora sim a pedra estava firme, porém...ah porém, deveria conquistar super exposto, lembrei dos 4 grampos no boudrier. Aí o coração acelerou! O primeiro foi bem perto da parada, escolha minha, para que o escalador não perdesse o grampo de vista. Ary e Leandro gritavam: sobe mais... E toma diagonal.

No segundo grampo, procurei me distanciar mais, porém ao passar no meio de muitas bromélias, estava molhado. Lance tenso demais. Escorreguei feio e caí de cara na pedra, ralei o braço, mas não desci nenhum centímetro. A tensão era tanta, que fiquei pendurado por uma mini agarra e bromélias prestes a soltar. Levantei trêmulo e irritado, olhei para trás e só via Leandro na atividade na segurança (rindo muito e esperto, o que nada adiantaria pois a exposição era tanta que acho que cairia na água rsrs). Ary alertou que eu deveria entrar bromélias e mato a dentro. Foi o que fiz, cansado de diagonal e só 2 grampos toquei verticalmente.

Achei um platô e coloquei o penúltimo grampo. Faltava uns 10m para o cume, e depois desse grampo o lance mais sinistro da via, um provável VIsup niteroiense, 7a do Rio. Escalei, ensaiei, desescalei e nada, vocês não estão entendendo, não tinha agarra! Cansado, ralado e por causa das bromélias molhado (sapatilha do Leandro também). Gritei para o Ary: - Tá f...! Ele disse: - Se prende aí que vou subir. O cara subiu, e comentou que tava difícil a via. Eu disse: Ah malandro, falou "para carai"! Quero ver subir esse lance aqui! Tensooo! Ary: - Deixa comigo, subo o Leandro (de tênis), depois venço isso aê! Esse foi o lance mais engraçado, ver o do Carmo sambando na rocha e chegou cansado na parada. Leandro: P... amigo é pra essas coisas. Feito o nome da via. Dito e feito, Ary com tecnique boa, venceu o lance e pôs o último grampo. Fez o cume e segurança na árvore. Subi, tentando não roubar no lance, venci, roubando! E fiz segurança do Leandro que subiu sambando com o meu tênis. Afinal amigo é para essas coisas!”

Enquanto o Guilherme conquistava, conforme o relato acima, ficamos preocupados se os grampos dariam. A cada parada e barulho de marretada, perguntava para o Ary: Será que vai dar para fazer cume? Tinha uma parte bonita e limpa, parecia bem íngreme, talvez o crux. Tentamos falar com o Guilherme para proteger numa árvore, mas ele não ouviu. Como a corda já estava quase no fim, o Guilherme colocou o 10º grampo e fez a parada ali. Subi por último e de tênis. Um perrengue... Mas cheguei, escorregando, mas cheguei!

Estávamos num platô, em uma parada bem confortável, de frente para um lance bem vertical, de uns 10 a 15 metros, sem agarras e com apenas um grampo para bater. Tinha uma barriga mais acima que não tínhamos idéia do encontraríamos depois. Foi arriscar! Como o Ary já estava pronto, resolveu seguir.

Esse foi o relato do Ary, na conquista da última enfiada:

“No final ainda fiz aquele restinho da via que deve ser um 6ºsup ou VIIa na saída dele e gastei o último grampo na parte mais vertical, depois fiz o resto naquela aderência e faltou colocar o grampo no final da via porque não tínhamos mais grampos para colocar. Tive que dar segurança numa árvore que encontrei no final, já no começo da mata.”

Depois que o Ary e o Guilherme subiram, foi minha vez. Novamente de tênis. Só que agora num lance bem mais difícil. Sem agarra, sem apoio, sem nada, ah! Tinha pelo menos uma coisa: a mochila pesada!!! A solução: fui igual ao Batman!!! Subi rapidinho e cheguei no meio de um capinzal. Pensei na hora: varar esse mato vai ser f.... Votar para rapelar, missão impossível! Não tinha mais como desistir. Guardei o último gole de água, liguei meu GPS natural e seguimos. Mas nem foi muito ruim assim. Só teve mato e arranha gato no começo. Depois ficou um pouco aberto e fácil de caminhar. Seguimos uma diagonal para esquerda, até encontrar a trilha principal, aquela que começa a descer até a enseada. Quem não conhece bem o local, pode complicar um pouco, mas nada que assuste.

Já na trilha, o Guilherme levou as duas cordas, afinal de contas ele está treinando para o Xterra!!! Fomos descendo e pensando no nome para a via. Depois de tantas “ajudas”, resolvemos batizá-la de “Amigo é pra essas coisas”.


Segunda Investida – 10/08/2013

Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Ary Carlos e Marcos Leonardo.

Depois de termos conquistado a via, faltava alguns ajustes: intermediar alguns lances, duplicar as paradas e achar o melhor caminho para voltar. Era uma boa missão. Afinal de contas repetir a via inteira guiando, seria um grande prazer. Dessa vez, o Guilherme não pôde ir, já tinha um compromisso. Eu e o Ary convidamos o Marcos e o Leonardo para nos acompanhar. Nos encontramos na entrada da trilha e seguimos até ao setor Casa de Pedra.

Na base, nos preparamos e olhei para o primeiro grampo e pensei: “Por que eu coloquei alto???” Mas não tinha jeito, era tocar para cima. O lance inicial é bem tranquilo. Sobe reto e depois segue numa diagonal até a primeira parada. Lá, dupliquei a parada e o Leonardo subiu. Veio rápido e assim que ele chegou, já me preparei para a segunda enfiada. Mais uma diagonal para a direita e cheguei o grampo que antecede um lance mais vertical. Um 3º, com algumas agarras quebrando, já para esquentar! Mais um grampo costurado e fui seguindo para cima. Subi e subi... Quando olhei o próximo grampo, bem acima, vi que já tinha subido bastante. Foi ficando difícil e uma queda ali, não seria nada agradável! Subi mais um pouco e decidi colocar um grampo. O lance estava muito exposto, um E3. Desescalei um pouco, meio no perrengue, quase escorregando e o bati um grampo. Deu um pouco mais de confiança e segui. Um 4sup na aderência, com aquelas pedrinhas que fazem escorregar... Foi prender a respiração e tocar pra cima.

Costurei mais um grampo e toquei numa diagonal para a direita. Cheguei na parada, a dupliquei e avisei ao Leonardo para subir. Essas três enfiadas já estavam completas! A mochila pesada já começava a incomodar. O calor estava forte e o sol não dava trégua! Lá de cima víamos a galera de caiaque e stand up curtindo um mar bem calmo e com águas claras... Pensei num mergulho... Mas a essa altura.... Só restava um mergulho no meio do mato!

Um minutinho de descanso e segui novamente. Essa é a parte mais suja da via. Além da sujeira, tem algumas bromélias que dificultam a visualização dos grampos, que por sinal são apenas 2 antes da parada. Para não perdê-los de vista, basta seguir numa diagonal para a direita, se guiando por um arbusto bem longe, abaixo de um platô, não tem erro! E assim fui escalando. Costurei o primeiro grampo, o segundo e tome diagonal. Um lance um pouco exposto, mas bem tranquilo, até chegar ao platô onde temos a terceira parada. Lá, também foi duplicada. Agora, esperaria o Ary subir, para que agente pensasse como intermediar o próximo lance, pois era o crux da via.

Com todos reunidos numa parada bem confortável, com exceção do sol que já incomodava, comentei com o Ary o motivo pelo qual coloquei um grampo antes do lance em aderência, ele concordou que estava exposto demais e lembrou de como foi para conquistar o lance... Decidi ir pouco mais para o lado direito para tentar um variante. Até fiz o lance, mas decidimos não grampear outro caminho. Resolvemos bater o grampo um pouco mais acima da parada, assim daria para fazer em artificial, caso não alguém não conseguisse fazer em livre.

A saída é bem técnica, poucas agarras de mão e poucas para pé. Talvez um VII. Dali, seguimos para cima até o próximo grampo, num platôzinho. A saída também técnica, mas não tão difícil, apesar de ter menos opção. Uma agarra abaixo do grampo e depois o pé bem na esquerda, completa uma passada em IVsup, seguido de um lance em total aderência, mas razoavelmente tranquilo... Cruzamos um matinho, até chegar a uma pequena laje de pedra onde bati o último grampo, montando a última parada. Estava concluída!!! Via Amigo é pra essas coisas, que graduamos em 3º VII(A0) E2 D1 175 m. Uma via interessante, com lances em agarras, aderência, lances mais técnicos e um belo visual! Superou minhas expectativas!

Agora faltava a segunda parte... Um vara mato! Como já havíamos feito duas semanas antes, o caminho já estava mais ou menos mentalizado. A saída fica a esquerda do grampo, é só seguir reto até uma pedra, passar por cima dela e seguir um pouco para a esquerda, desviando das pequenas árvores, até chegar numa pequena árvore cheia de espinhos. Dali, foi só pegar uma diagonal para a esquerda, até chegar uma grane calha. Descemos até o meio da calha e seguimos reto para cima, depois para viramos para esquerda e chegamos exatamente onde havíamos saída na primeira vez. Bem tranquilo!

Voltamos pela trilha e paramos para um refrigerante e cerveja numa casa de um morador que abriu, estrategicamente, um ponto de venda!!!


Valeu pessoal e até a próxima!!!!

Até a próxima!!!





quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pedra do Urubu - Urca RJ

Por Paulo Guerra


Ponto certo no desenvolvimento da escalada esportiva no Brasil, a Pedra do Urubu é ainda hoje um point de escaladores que buscam aperfeiçoar suas técnicas. Com um visual surreal e trilha sonora das ondas que banham quase todo o seu entorno, a Pedra do Urubu encanta também os transeuntes que caminhando se deparam com lagartixas humanas agarradas em suas paredes.

A quinze minutos de caminhada na pista Claudio Coutinho a Pedra do Urubu que tem em suas faces vias que vão do V ao X grau. É um marco no desenvolvimento da escalada no Rio de Janeiro. Nos anos 80 frequentada por feras como Paulo Macaco, André Ilha, Sérgio Tartari e outros. Também nessa época, a Pedra do Urubu foi equipada com a via Southern Comfort (Xa) a mais difícil da América do Sul por muito anos.

A Pedra do Urubu possui hoje vinte e quatro vias e chegou a ser equipada com agarras artificiais em resina que hoje já fazem parte do passado,  mantendo assim sua naturalidade.

Na quarta-feira Nereida sugeriu um treino sexta pela manhã e deu como opções o Platô da Lagoa ou a Pedra do Urubu, eu como venho esperando uma boa oportunidade para fazer uma matéria sobre este point não pensei duas vezes “Urubu” logo, logo os largatixas de plantão compraram a idéia e na sexta 8:00h em ponto encontro Nereida  já apressada, me cumprimentou, e partiu ao encontro do Rogério Bandeira que a esperava no caminho, eu fiquei na praça até meu parceiro de treino, Gui Machado, que por algum motivo estava atrasado, aparecer. Assim que Gui chegou partimos ao encontro do povo, alcançamos todos em frente a travessia Petrô-Têre “boulder da pista Cláudio Coutinho”. O grupo ganhou o reforço de Emily. 

Chegamos na base das vias Urubu-Capenga, Urubunda, Urubu Rei e Speed, vias mais acessíveis e começamos a nos equipar. Eu tinha a princípio o objetivo de guiar a Urubunda, VIIa, mas a Nereida acabou por entrar nela depois de constatar que a Speed, VIIb estava muito babada “o mar estava bem agitado”. 

Ficou assim, eu equipei a Urubu-Capenga, VIIa/b , logo depois chegaram Vitor e Bia e a turma estava completa . Rogério depois de dar seg para Nere entrou na Aresta do Urubu, VIIb (atlética) e enquanto Vitor subia pela Urubu-Capenga, Bia e Emily revezando na Urubunda depois Rogério, Nereida e Emily saíram. Eu, Vitor, Bia e Gui ficamos revezando na Urubu Rei, VIIb. Essa via, inclusive toda mapeada pelo Gui que sempre solta os betas. Tivemos tempo de fazermos uns vídeos.  E assim terminou uma ótima manhã de treino num lugar que no mínimo é mágico, todos cansados e leves a caminho de suas obrigações do dia a dia.


Participantes: Nereida, Gui Machado, Emily, Bia e Vitor Pimenta, Rogério Bandeira e Paulo Guerra


Vídeo do Pimenta, mandando a Urubu Rei 7b




Fotos

















sábado, 24 de agosto de 2013

Trailer do Filme A Travessia do Sonhos

Por Leandro do Carmo

Fala Pessoal!

Esse é o trailer de um curta que estou preparando, contando como foi a Travessia Petrópolis-Teresópolis, que fiz no mês de Julho. Sem dúvida, a travessia mais bonita do Brasil!!!!!

Vídeo em HD.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Conquista em Niterói: Via Amigo É Pra Essas Coisas

Por Leandro do Carmo

No último final de semana de julho, eu, Guilherme Belém e Ary Carlos, fomos até o Morro das Andorinhas, no setor Casa de Pedra, para iniciarmos um projeto que há algum tempo já tinha em mente. Uma via numa parede ainda sem conquistas, que olhando de longe parecia sem muita dificuldade. Mas por sorte nossa, nos enganamos!!!!! Voltamos duas semanas depois para poder duplicar as paradas e intermediar alguns lances que ficaram bem expostos.

A via ficou com lances bem variados, com aderência e lances mais técnicos. O visual é fantástico!!! Segue abaixo uma pequena descrição da via:

Via Amigo É Pra Essas Coisas – 3º VIIa (A0) E2 D1 175 metros (Graduação a confirmar)
Local: Morro das Andorinhas
Data da Conquista: 28/07/2013
Conquistadores: Leandro do Carmo, Ary Carlos e Guilherme Belém

Ver mais conquistas 

Croqui:












A primeira enfiada começa com um grampo bem alto, uma linha reta, sem muita dificuldade. A partir desse grampo, segue em diagonal para a direita, costura mais uma proteção e em seguida vem a primeira parada. Ela fica acima de um pequeno platô, que não foi usado para evitar o desgaste da vegetação.

A partir da segunda enfiada a via começa a melhorar. Saindo da parada, segue mais uma diagonal para a direita, até o grampo, no início de um trecho mais íngreme. O primeiro lance de III da via. Boas agarras, mas é preciso escolher a melhor, muitas ainda  por quebrar. Mais um grampo e segue para o lance em aderência. Um IVsup, algumas passadas numa parede esfarelando até o próximo grampo. A partir daí a dificuldade diminui até que se chega na segunda parada.

Aí começa o trecho mais sujo da via. Toda em diagonal. Para não se perder, mirar um pequeno arbusto, abaixo de um platô, na base de uma parede limpa, quase no topo e seguir em diagonal. Vem dois grampos e um lance exposto até a terceira parada.

A quarta enfiada é a mais técnica. Uma saída, num VIIa sem agarras, numa passada que dá para artificializar, utilizando o grampo da parada e costurando um grampo logo acima. Dali segue até um pequeno platô, onde tem um grampo e mais um lance técnico, um IVsup. Uma agarra abaixo do grampo para o pé direito e uma do lado esquerdo, mais acima, para o pé esquerdo. Depois segue uma aderência, onde chega num matinho, é cruzá-lo que se chega numa pequena laje de pedra, onde tem um grampo e se faz a quarta e última parada.

A trilha para chegar

Pegar a trilha principal do Morro das Andorinhas. Depois de passar o mirante de Itacoatiara, seguir a trilha e pegar a segunda saída à direita, depois de uma descida mais forte. A trilha de acesso é bem marcada.

A trilha para voltar

Na pequena laje, pegar uma saída um pouco para a esquerda e seguir reto até uma pedra. Subir nela e seguir mais acima, vai chegar numa árvore de espinho, daí é só seguir numa diagonal para a esquerda até chegar num pequeno vale. Desça e quando chegar no fundo do vale, suba até o alto e vire para a esquerda. É só seguir que chegará na trilha principal do Morro das Andorinhas. Procure sempre o caminho mais limpo.

Linha da Via


Na base da via

Leandro duplicando a primeira parada

Visual da primeira parada

Visual da última parada




terça-feira, 13 de agosto de 2013

Dedo de Nossa Senhora

Por Leandro do Carmo

Dedo de Nossa Senhora


Local: Guapimirim / Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Data: 05/08/2013
Participantes: Leandro do Carmo, Guilherme Belém, Marcos Oliveira, Ary Carlos, Paulo Guerra, Emerson Mondego, Sandro Damásio, Rana Santos e Vinícius Guilherme.



















Dicas: Caminha pesada até a base; artificial fixo em grampos e cabo de aço; água só no começo da trilha; bate sol no artificial; levar luva para os cabos de aço; grupos grandes podem demorar muito no artificial; levar lanterna e anorak.


Relato

Depois de e-mails e mensagens no Face e algumas tentativas de marcar alguma escalada com o Sandro, conseguimos uma data e uma aventura: o Dedo de Nossa Senhora!!! Foi difícil colocar o PitBull Aventura e o Born To Be Wild juntos... Mas dessa vez saiu!!!!!

O grupo estava grande e nem recomendaria subir com tanta gente assim, mas a galera é boa, todo mundo escala bem, com exceção do Emerson... Tinha certeza que não teríamos problemas com o tempo. Marcamos cedo, às 07 horas, no Paraíso das Plantas, ponto de encontro para quem vai escalar na região. Atrasamos um pouco e quando chegamos lá, o Sandro, Rana e o Vinícius já estavam nos esperando... Já peço até desculpas pelo atraso!!!!! O meu medo era chegar tarde e já ter outro grupo grande na frente, o que atrasaria muito! Não deu outra. Assim que chegamos, havia um outro de grupo de 10 pessoas que tinha acabado de chegar, também para fazer o Dedo de Nossa Senhora. Rapidamente pegamos nossas coisas e seguimos para o nosso destino.

Descemos a estrada até o início da trilha e começamos a subir. A subida começa forte. A trilha é bem íngreme e até o corpo acostumar, demora um pouco. Com o pessoal animado, o tempo foi passando que nem percebi. O caminho é bem legal, por vezes cruzamos o leito de um rio seco e passamos por um pequeno riacho, onde podemos pegar água. Mais acima, no colo entre o Dedo de Deus e o Dedo de Nossa Senhora, a trilha segue para a esquerda até o primeiro lance de artificial.

Quando chegamos na base, vimos os dois grampos e já pensamos em como fazê-lo. Colocamos um estribo no primeiro grampo e ainda utilizamos uma raiz à direita como apoio. Depois dali, seguimos uma trilha à direita até uma calha com alguns grampos, também para artificial. Aos poucos todos foram subindo. Segui na frente até essa calha. Pensei que fosse tranquilo subir sem as fitas. Tentei entalar o corpo, mas a mochila atrapalhou. Pedi então umas fitas para ir ajudando e fui subindo com um pouco de dificuldade. Mais acima, uma pequena trilha, até que chegamos a grande parede com o artificial em grampos.

Depois que todos estávamos reunidos, na base, o Guilherme logo resolveu que iria guiar. O alto astral e as histórias da galera até me fez esquecer do calor. Olhava para a parede acima e o sol batendo... coitado do cara que iria ficar fritando na parede... Enquanto o Guilherme se preparava para subir, começou a aparecer banana, tangerina, quase a feira inteira! O Guilherme começou a subir. No começo foi devagar, mas depois foi piorando!!! hahahehahehaha Com aquele sol, já estava ficando com pena dele, mas alguém tinha que sofrer!!! E ainda teve que ficar ouvindo o pessoal gritando: Esse guia é lento... Tá muito devagar... Lance fácil e o guia demorando... Só que quem estava falando, estava na sombra, bebendo água, lanchando...

Pouco a pouco, foi vencendo os quase trinta metros, até a base onde começam os cabos de aço. Lá montou a parada, fixou duas cordas e começamos a subir. Cada um com uma técnica diferente. Fiz um prussik e fui subindo igual ao Batman. Levei mais uma corda para adiantar, pois dali, depois que próximo viesse, o Guilherme já poderia subir os cabos. A parada ficou agitada. A todo momento, chegava um, passava por mim e já emendava no lance dos cabos. O Ary ficou acima dos cabos dando a segurança de cima. Tudo bem organizado!!!! Depois que todos subiram , comecei puxar as cordas. As recolhi enquanto o outro grupo iniciava o artificial. Ainda bem que chegamos na frente!!!!

A Rana subiu e levou uma corda, segui para cima e passei pelo Ary que dava segurança. Mais uma subida num lance meio escorregadio e estava no cume! Que vista!!!! Aos poucos todos estavam lá!!!! Não tinha ninguém sério, todos com sorriso de orelha a orelha. Ninguém mais lembrava do sol, da trilha, do artificial... só lembrávamos de bater fotos e mais fotos! Era cada coisa que eu ouvia... Coisas do tipo: Vem que tá piscando! Vai tirar foto com o dedo atrás! E muitas outras obscenidades... rs

Foi uma subida fantástica!!! BTBW e PitBull Aventura mandando ver!!!! Apesar de ter sido a primeira vez que fizemos uma atividade juntos, parecia que a galera já escalava junta há muito tempo, entrosamento perfeito. Fiz um lanche apara recarregar as baterias. Ouvi um papo de que o Sandro ia tomar café, mas nem entendi... Achei que fosse brincadeira.... Quando vi o cara sacar o fogareiro... nem acreditei!!! Ia tomar café no cume do Dedo de Nossa Senhora!!!!! O cafézinho caiu muito bem!!!

O papo estava ótimo, mas era hora de descer. Assim que a primeira pessoa do outro grupo chegou, iniciamos nossa descida. Quando cheguei no lance dos cabos, ainda faltavam 4 pessoas para subir. Ficamos aguardando na trilha até que fui até um grampo mais em baixo e comecei a preparar o primeiro rapel. Fui passando a corda devagar para que ela não atrapalhasse as pessoas que iam subindo. Depois que o último subiu, abri o primeiro rapel. Já no platô, no final do artificial fixo em grampos, iniciei o segundo rapel. A galera foi descendo um a um. E quando chegou mais uma corda, desci para fazer o terceiro. Passei a corda por uma árvore e deixei pronto o último rapel.

A essa altura, o tênis do Guilherme já havia se transformado em migalhas! Não sobrou nada! Descolou os dois solados! A sorte é que ele havia levado uma sapatilha velha, que usou para a descida da trilha. Aos poucos, várias duplas foram se formando na descida, uns na frente, outros mais atrás... Fui intermediário. Resolvi descer descalço, estava calor. Amarrei as botas na mochila e segui trilha a baixo. Pensei até em tomar um banho na cachoeirinha da santinha, mas o frio chegou e acabou com qualquer vontade minha!!!!

Na entrada da trilha, encontrei o Marcos e o Ary. Ficamos ali sentados esperando o resto do pessoal. O Emerson e o Guilherme tinham ido na frente, por motivo de força maior! Mas que força maior foi essa Emerson? Não via a hora de comer aquela maravilhosa coxinha de galinha do Paraíso das Plantas. Depois de todos reunidos, seguimos estrada acima. Foram alguns quilômetros que andamos, mas que pareciam uma eternidade. Porém, o tempo passou rápido. Também com tantas histórias!!!! Agora... se foram verídicas, até hoje é um mistério!!!! hahahhehahehaheha

No Paraíso das Plantas fizemos aquele lanche! Conversamos, rimos, brindamos, etc... Um final de aventura extremamente agradável, digno das maiores expedições. Certamente ficará gravado em nossa memória! PitBull Aventura e Born To Be Wild, uma parceria para ficar na história!!!!

E como sempre falo: Missão dada, é missão cumprida!!!!!

Até a próxima.