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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Dedo de Nossa Senhora

Por Leandro do Carmo

Dedo de Nossa Senhora

Dia: 17/05/2025
Local: Guapimirim - RJ
Participantes: Leandro do Carmo e diversos


Dedo de Nossa Senhora

Relato

De volta ao Dedo de Nossa Senhora. O Dedo de Nossa Senhora é um dos quatros cumes que são acessados por fora da sede de Teresópolis e são eles, na ordem de cima para baixo: Cabeça de Peixe, Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora e Escalavrado. Eu já estava para voltar lá fazia um bom tempo, mas nunca era prioridade. Enfim surgiu a oportunidade.

Depois que foi marcada a ATM (Abertura da Temporada de Montanhismo) do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, eu havia decido fazer a Verruga do Frade como parte do evento de invasão dos cumes. Mas como o CET – Centro Excursionista Teresopolitano tem a Verruga do Frade como símbolo e eles tinham a intenção de fazê-la, optei por escolher outro cume. Pensei: já tem um tempo que fui ao Dedo de Nossa Senhora, já é hora de voltar! Abri a atividade e logo fechamos o grupo.

Para fazer algum desses cumes no final de semana tem que chegar cedo e mesmo assim torcer para não ter muita gente na frente. E arriscamos. Marcamos de nos encontrar às 6h no estacionamento do Paraíso Café. Assim que chegamos lá já tinha bastante gente pronta para sair e vários carros estacionados. Não tínhamos muita noção de quantas estariam em cada cume. Descemos a estrada ainda noite.

Entramos na trilha e começamos a subida. Fomos conversando e o tempo passou rápido. Rimos bastante pois o Velhinho estava conosco e isso é garantia de boas risadas. Já quase ao final da subida, comecei a ouvir gente conversando. Não imaginava que tinha gente à frente. Falei para me acompanharem, pois se estivesses lentos, pediria licença e seguiria subindo. Mas nem precisou. Assim chegamos, eles estavam parados numa área mais aberta. O grupo era grande. Passamos e seguimos para os primeiros trechos de escalada.

Nos arrumamos rápidos e já saí, subindo os dois primeiros grampos, parando um pouco mais acima. Nem nos encordoamos, pois ainda teríamos que continuar a caminhada mais acima. Nesse ponto, o grande grupo chegou e meio que deu uma embolada. O trecho acima não foi muito fácil. Era uma sequência de fendas, na qual subíamos entalados. Um dos caras usou um cipó grosso que estava mais para o lado, argumentando que sempre usava. Eu avisei que mais acima esse grosso cipó ficava fino, na grossura de um dedo. Não adiantou e passei a não falar mais nada.

Vencido o lance, subimos mais um pouco até chegar à base do artificial. Lá sim nos equipamos. Juntei todos os estribos que tínhamos e mais algumas fitas e saí para guiar. Fui intercalando estribos e fitas para facilitar a subida. Fui subindo e montei a parada num confortável platô. A galera subiu em seguida. Assim que todos subiram, peguei o equipamento e segui para o segundo trecho de artificial, esse menor um pouco. Após a reforma, os cabos de aço que existiam ali foram trocados por proteções.

Foram lances bem bacanas, apesar de estar em artificial. Tem gente que não gosta, mas para mim tudo é divertido. Terminado o artificial, segui um pouco mais para cima, onde montei a parada. Dali para cima, era uma trilha. Mas não se engane achando que iria ser fácil. Havia um trecho acima que estava escorregando bastante. Conseguimos passar com tranquilidade, mas soubemos que teve gente que sofreu para conseguir passar.

Faltava pouco para chegarmos ao cume e fomos os primeiros a chegar. Ainda bem que tivemos um tempo sozinhos. Aos poucos a galera foi chegando. Fiz um lanche e descansei bastante. Conversamos e aproveitamos para assinar o livro de cume. Chegaram alguns amigos de Teresópolis. Foi lotando. Já era hora de começar a descer.

O Velhinho achou melhor fazermos o rapel do cume. Como eu nunca havia feito, não estava muito confiante. Mas ele me convenceu. Mas antes tive que tirar algumas dúvidas com o pessoal de Teresópolis e a informação era de que esse rapel terminava perto do final da escalada, assim não teríamos que descer naquela parte escorregadia. Montamos o rapel e fui o primeiro a descer. Chegando à base, percebi que foi uma boa opção. Dali, havia possibilidade de fazer um outro longo por fora, mas teríamos que parar no meio da parede. Achamos melhor descer por onde havíamos subido.

Voltamos para a trilha e ainda tivemos que aguardar mais algumas pessoas subindo. Ainda bem que começamos primeiro. Montamos mais um rapel até o platô e depois um até a base. Dali, seguimos descendo e ainda montamos outro no primeiro trecho de escalada. Aos poucos fomos descendo e pegamos a trilha de volta. Ainda fizemos uma parada para arrumar as coisas, antes de descer direto até o asfalto. Caminhamos e ainda paramos para um bom lanche no Paraíso Café, antes de pegar a estrada de volta para Niterói.



Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora

Dedo de Nossa Senhora



terça-feira, 13 de agosto de 2024

Alcobaça e Mãe D'Água

Por Leandro do Carmo

Alcobaça e Mãe D'Água

Dia: 22/06/2024
Local: Bomfim – Petrópolis - RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo e Marina

Vídeo da Trilha do Alcobaça e Mãe D'Água 

 

Relato da Trilha do Alcobaça e Mãe D'Água 

Havia marcado de fazer a Travessia Petrópolis x Teresópolis, mas por um problema no sistema de agendamento do Parque e mudança nas regras, acabei não conseguindo vaga. Como opção, pensei em fazer o Alcobaça e o Mãe D’Água na mesma tacada. São dois cumes bem bonitos que tem o acesso em comum, o que facilitaria a logística. Era muito melhor aproveitar a viagem e fazer os dois, que totalizando daria, aproximadamente 11 km de caminhada. Acabei não me preocupando muito com a altimetria. Ainda bem que só fui saber na hora e da pior maneira possível. É aquela velha história: “tá na chuva é para se molhar”.

Encontrei meu irmão em Magé e de lá seguimos para Petrópolis, subindo a serra velha, em Raiz da Serra, distritro de Magé. Eu ainda não conhecia e achei bem bonita a vista, apesar do calçamento em paralelepípedo. Chegamos em Correas e fomos direto para o Vale do Bomfim. Até o restaurando do Tourinho, nós conhecíamos o caminho, a partir dali, seria novidade. Entramos na estradinha e seguimos subindo até que ficamos na dúvida de qual caminho seguir e estacionamos o carro num bom local. Perguntamos a um morador se podíamos deixar o carro ali e ele disse que sim. Ele nos disse que a trilha era mais acima.

Como estávamos relativamente próximos e não sabíamos as condições para cima, resolvemos deixar o carro ali mesmo e seguimos andando pela estradinha. Mais acima, no local indicado como estacionamento, vimos que o local era bom, mas fica para uma próxima. Continuamos subindo passamos pelo local onde o meu GPS indicava o início da trilha do Mãe D’Água, mas havia uma casa com portões fechados e uma placa com uma seta, indicando o início da trilha. Como nosso primeiro objetivo era o Alcobaça, seguimos subindo.

Um pouco mais acima, numa curva, uma placa indicava o início da trilha do Mãe D’Água. Essa ficaria para a volta. Continuamos subindo e numa bifurcação, pegamos o caminho da direita. A estradinha foi diminuindo e logo estávamos numa trilha. Passamos por um ponto de água e continuei subindo até chegar a umas placas do parque. Nesse ponto, a trilha continuava reta, mas tinha uma para a esquerda e outra para a direita. Como o Alcobaça estava para a direita, não tive dúvidas de qual caminho pegar.

Esperei meu irmão e a Marina chegarem. Entramos na trilha e ela fomos subindo. Era uma subida forte, sem trégua. A vezes a gente reclama das curvas de nível que suavizam a subida, mas alongam o caminho, porém, ali preferia que tivesse alguma coisa que ajudasse. A subida foi dura. Fui subindo na frente cheguei a um bonito mirante, onde tinha vista para boa parte da Travessia Petrópolis x Teresópolis. Aproveitei para dar uma descansada. De volta a subida, vi uma saída para a esquerda e decidi dar uma olhada. O caminho estava bem batido, andei por cerca de 200 metros e quando a descida foi ficando mais forte, voltei.

De volta a trilha principal, os arbustos foram dando lugar a vegetação rasteira e logo estava tudo aberto. Estava ouvindo o barulho do vento nas árvores desde o início desse trecho da trilha, mas só agora, quando estava desabrigado, é que pude perceber o quanto o vento estava forte. Passei por alguns trechos íngremes e que foi necessário o uso das mãos para poder subir. Em pouco tempo, estava no cume. A vista era fantástica. O dia aberto ajudava. Ventava bastante e procurei um local mais abrigado para ficar. Dali de cima era possível ver o Mãe D’Água mais abaixo. Ainda tinha um chão pela frente. Aproveitei para dar uma volta pelo local e tentar achar o ponto que faz a ligação para o Mãe D’Água. Fui me orientando pelo GPS, mas o caminho foi ficando meio estranho e acabei desistindo. Fizemos um lanche e nos preparamos para a descida.

A descida foi rápida. Logo chegamos na estradinha novamente. Descemos mais um pouco e entramos na plaquinha que indicava o início da trilha do Mãe D’Água. No começo achava que seria tranquilo, mas foi só começar a subir que fui me dando conta de que não seria tão fácil assim. Nesse primeiro trecho, estávamos abrigados e foi bem tranquilo. Porém, depois que passamos um ponto de água, a trilha foi abrindo e ficando mais íngreme. Nesse trecho, víamos o Alcobaça numa visão diferente. Entramos numa laje e nos guiamos por alguns totens. Passamos por grandes bromélias, até entrar novamente na trilha, numa saída para a esquerda.

O caminho continuava íngreme e estava bem seco, com muita poeira. A terra seca fazia escorregar bastante. Segui num bom ritmo, me distanciando do meu irmão e da Marina. Já estava mais alto que o Mãe D’Água e isso me incomodava, pois teria que descer e depois subir novamente. E fiquei com isso na cabeça. Já no alto, bem próximo ao Alcobaça vi que subida havia terminado, mas o Mãe D’Água estava lá embaixo e teria que descer até um colo e depois subir. E ainda tinha a volta...

Não via mais o meu irmão. Peguei a descida. Bem íngreme, por sinal. Quase uma linha reta. Segui descendo e atravessei o colo e comecei a subir. Subi um barranco bem íngreme e escorregadio e entrei num trecho bem bonito, com várias bromélias e um tipo de gramínea de uma cor vende bem diferente do que tinha em volta. Dali, conseguia ver meu irmão e a Marina iniciando a descida. Acenei para eles, que responderam logo. Continuei subindo, chegando ao cume logo em seguida.

Uma vista bem bonita. Como estava mais na borda do Vale do Bomfim, deu para ver melhor diversos cumes, como o Alicate e Pico do Glória. O Alcobaça roubava a cena. Num grande totem, pegamos o livro de cume e deixamos nossos nomes. Ventava menos que no Alcobaça, o que nos fez aproveitar um pouco mais. Nos preparamos e reiniciamos a caminhada. Ainda faltava um longo caminho pela frente.

A volta foi mais rápida. A maior parte foi descida, o que facilitou um pouco para mim. Cheguei ao carro e fiquei conversando com um morador. Com todos no carro, seguimos para a Padaria da praça de Correas e fizemos um bom lanche. Um dia excelente, já risquei mais dois cumes da minha lista!

Alcobaça e Mãe D'Água

Alcobaça e Mãe D'Água


 


quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Morro São João - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Por Leandro do Carmo

São João - PARNASO


Dia: 08/06/2024
Local: Guapimirim/Teresópolis - RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Marina, Marcos Lima, Camila Chaves, Fernando Marques e Washington Portela

Vídeo da Trilha do São João


Vídeo de drone do cume do São João


Relato da trilha do Morro São João

Havia tentado fazer o São João em pelo menos 3 vezes. Todas elas, marcadas no evento que celebra a Abertura de Temporada de Montanhismo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Para quem não conhece, a Abertura da Temporada de Montanhismo ou simplesmente ATM, é um evento que ocorre anualmente em várias regiões, tendo como objetivo marcar o início da melhor época do ano para a prática do montanhismo, que aqui no Brasil é entre o outono e a primavera. Esse ano a previsão era ótima e seria a oportunidade de, enfim, conseguir chegar ao cume do Morro São João.

Marcamos de nos encontrar já na sede do Parque. Eu e o Velhinho passamos na casa do meu irmão, em Magé, para subirmos juntos. Finalmente conseguimos tomar um café na casa dele. Chegamos cedo, era por volta das 5h 40min. Fizemos tudo com tranquilidade e chegamos ao Parque as 7h, justamente quando os portões se abriram.

No controle de acesso, entregamos os termos e seguimos para a área de estacionamento, onde deixamos os carros e continuamos a pé, até a Barragem. Com todos reunidos, fizemos uma foto. Enchi minha garrafa na fonte, ao lado do início trilha. O início é em comum à diversos cumes da região, como o Sino, Mirante do Inferno, Pedra Cruz, Travessia Petrópolis x Teresópolis e etc. Estava uma manhã fria, mas o tempo estava firme. Subimos rápido, fazendo paradas bem curtas e logo estávamos no mirante, logo que iniciamos a descida do Caminho das Orquídeas.

Nesse ponto, a vista do São João era fantástica, assim como o Mirante do Inferno e do São Pedro. Dali, também conseguíamos ver a pontinha da Agulha do Diabo. Seguimos descendo e percebi o quanto o caminho está degradado. Pela dificuldade em descer as lajes que ficam molhadas, as pessoas acabam utilizando a borda da trilha e cada vez mais ela vai se alargando.

São João - PARNASO


Continuei descendo com bastante cuidado, visto que estava tudo molhado. Demos uma parada no Acampamento Paquequer para pegar mais água e aproveitar para fazer um lanche rápido. Continuamos a caminhada e começamos a subir novamente. Já próximos ao Mirante do Inferno, pegamos uma saída à esquerda e seguimos em direção ao colo entre o Mirante e o São João, mesmo caminho que utilizamos para escalar a Agulha do Diabo. O caminho começa bom, mas logo, pega uma descida bem íngreme, na qual fiz com bastante cuidado. Assim que chegamos ao colo, nos deparamos com aquela vista fantástica da Agulha.

A partir dali, já não conhecia mais o caminho. Olhando o São João, pegamos o caminho descendo para a esquerda, pois o da direita, segue para a Agulha do Diabo. Seguimos descendo até chegar à parede. Nesse ponto segui subindo por uma calha natural, subindo até um pequeno platô, fazendo um lance de escalada. Nesse ponto há possibilidade de fixar uma corda num pequeno arbusto, mas não foi necessário. Todos subiram direto.

São João - PARNASO


Seguimos por um caminho, numa diagonal para a esquerda, bordeando a rocha até ir ganhando altura por trechos mais abertos, subindo com cuidado, pois os pequenos platôs são bem frágeis. De longe parecia impossível acreditar que subiríamos andando por esse trecho, mas foi tranquilo, apesar de exposto. Já na crista, seguimos na direção do cume por mais um trecho de “escalaminhada”, onde pude notar a presença de alguns grampos. Ninguém precisou usar sapatilha, mas subimos com bastante cautela.

Assim que chegamos no alto, percebi que era um falso cume e tínhamos ainda um trecho pela frente. Continuei andando e cheguei de frente a uma rampa, onde vi mais alguns grampos, com certeza uma via de escalada com acesso direto ao cume. Procurei pela esquerda e não vi nada, pela direita, descia um caminho bem discreto que seguia colado na parede do cume. Fui andando com dificuldade pela quantidade de bambuzinhos que a todo momento se enroscavam na mochila e pernas. A frente, uma trepa pedra e já era possível ver o acesso ao cume.

Segui em direção a um grande bloco e optei por descer pela direita, mas o caminho estava bem fechado. Voltei e de frente para esse bloco, notei que havia uma passagem pela esquerda, mas seria necessário dominar um lance exposto. Fiz com bastante cuidado e cheguei ao topo do bloco, onde vi algumas pedras empilhadas, formando uma espécie de escalada. Subi nessas pedras, mas não havia mão que me ajudasse a vencer o lance. Mais acima um grampo, mas estava longe e não era possível alcançá-lo. Peguei uma fita longa e depois de algumas tentativas, consegui laçá-la. Segurando bem alto, consegui jogar minha perna para cima e aí ficou fácil subir. Segui caminhando até o cume onde pude apreciar a vista fantástica.

Ventava um pouco e o cume é bem exposto. Depois de ficar um tempo por ali, desci até a base do grande bloco e preparei um café. Ali estava abrigado e mais confortável de ficar. Depois de um tempo, pegamos o caminho de volta.

Esse cume estava engasgado, mas saiu! Qual será o próximo?

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO

São João - PARNASO




segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Garrafão

Por Leandro do Carmo

Garrafão - PARNASO

Dia: 12/08/2023
Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo, Michel Cipolatti, Luís Avelar, Nicolas Loukides, Ezequiel Gongora, Leonardo Farias, Higor Souza, Leonardo Carmo e Marina Fernandes

 
Trilha do Garrafão

Histórico da Conquista do Garrafão  

O Garrafão, à época conhecido como Fagundes, foi conquistado em 28/10/1934 por Émérico Hungar, Gilberto Ferrez, Geoffrey Edwards e W. George Andrews, todos eles membros do Centro Excursionista Brasileiro. Foi um período de grandes conquistas no montanhismo brasileiro e sua dificuldade técnica, bem como a distância, o tornam menos frequentado, se comparado a outros cumes da região.  

Horários e pontos de referência da Trilha do Garrafão  

5h – Saída de Niterói; 6h 30 min – Entrada do Parque; 7h 49 min – Início da trilha (Barragem); 8h 40 min – Abrigo 2; 9h 30 min – Bifurcação Paredão Paraguaio (Pausa 10 min); 9h 55 min – Trilha da Pedra da Cruz; 10h 02 min – Trilha do Sino; 10h 38 min – Abrigo 4 (Pausa 20 min); 11h 10 min – Início da subida da Pedra do Sino; 11h 20 min – Cume da Pedra do Sino (Pausa 10 min); 12h 10 min – Buraco; 12h 24 min – Cabo de Aço; 13h 15 min – Cume do Garrafão; 13h 45 min – Saída do Cume do Garrafão; 15h 30 min – Saída do Buraco; 16h 18 min – Cume do Sino; 16h 40 min – Abrigo 4; 17h 17min – Bifurcação Morro da Cruz; 17h 38 min – Abrigo 3; 17h 45 min – Bifurcação Paredão Paraguaio/Trilha do Sino; 19h 05 min – Véu da Noiva; 19h 55 min – Barragem; 20h 20 min – Carro.  

Dicas para chegar ao cume do Garrafão  

Para chegar ao Garrafão, primeiro é necessário chegar à Pedra do Sino. Do cume da Pedra do Sino, já é possível ver o Garrafão. Devemos ir em direção a ele num misto de laje e pequenos trechos de vegetação. Desce até um vale e depois sobe novamente até chegar à borda de frente ao Garrafão. Nesse ponto, vem o primeiro trecho técnico, onde deve-se procurar um buraco, dentro dele podemos descer desescalando um lance em chaminé ou fazendo um pequeno rapel, numa proteção que fica no alto. Convém deixar uma corda curta (10 metros) fixa no local para auxiliar a volta. Depois desse trecho, segue até o cabo de aço. Existe uma parada dupla onde dá para fazer um rapel. Com uma corda de 60 m meada, não dá para chegar ao final. Um pouco mais abaixo, há um grampo onde dá para rapelar com uma corda meada de 60 metros. A mesma pode ser usada para segurança na volta. Optamos por dar segurança de baixo, fazendo com que subíssemos de top rope, progredindo pelo cabo de aço. Facilitou e agilizou bastante. Após esse trecho, pega-se uma trilha subindo, até chegar a uma canaleta exposta. Há uma proteção no início e uma bem mais acima, onde é possível montar um corrimão para dar mais segurança. O trecho está bem erodido e está bem exposto. Há uma corda fixa numa raiz. Muito cuidado ao utilizá-la. Acima, pega-se um trecho exposto com lance fácil de escalada, onde tem um grampo para proteção. Dali para o cume são mais alguns metros.

Vídeo de toda subida ao Garrafão

Vídeo de drone no cume Garrafão

Wikiloc - Garrafão

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Relato da Trilha do Garrafão  

Três semanas depois de ter feito a Agulha do Diabo, estava de volta ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Agora para fazer o Garrafão. Mas a ideia surgiu na semana seguinte a Agulha do Diabo, quando perguntaram qual seria a próxima escalada? Como eu ainda não havia feito, sugeri o Garrafão. Todos aceitaram. Aproveitei para abrir a atividade no Clube Niteroiense de Montanhismo, dando oportunidade para outros amigos também conhecerem a montanha. Convidei, também o Ezequiel (Ziki), depois de o ter encontrado no CEB. Meu irmão e a Marina se juntaram a nós, confirmando somente na sexta-feira, véspera da escalada. Ao todo, éramos 9 montanhistas. Grupo relativamente grande, principalmente se levarmos em conta os trechos técnicos na qual passaríamos, sendo o principal, os 30 metros de ascensão obrigatórios, no colo entre o Garrafão e o Sino, no retorno do cume. Mas como todos eram escaladores experientes, com exceção da Marina, acho que não teríamos problema. E não tivemos!

Trilha do Garrafão


Saímos pontualmente as 5h da manhã de Niterói e chegamos ao PARNASO um pouco mais cedo do que a última vez, sendo o segundo carro da fila. Ficamos ali conversando até dar 7 horas e o parque abrir. Fomos direto para o Centro de Visitantes preencher os termos e de lá seguimos para a área de estacionamento, onde deixamos os carros e seguimos até a barragem, local de início da caminhada, propriamente dita. Estava uma manhã agradável e não fazia tanto frio, comecei a andar apenas com a segunda pele. Havia um grupo grande que também faria o Garrafão. Eles tinham programado de pernoitar no Sino e atacar o cume no dia seguinte, mas como a previsão do tempo era mudança para o dia seguinte, resolveram que iriam hoje mesmo. Mas como estavam com bastante peso para o pernoite, com certeza seriam mais lentos e chegaríamos bem à frente. Ainda encontramos mais um grupo de CNM, guiados pela Ana, que iriam para a Travessia da Neblina. Bom, era hora de começar a andar.

Entramos na trilha do Sino por volta das 7h 50 min. Foi uma subida tranquila. Passamos por alguns grupos que haviam subido primeiro e também encontramos com outros que já estavam descendo do Sino. Fomos num bom bate papo e logo passamos pela Cachoeira do Véu da Noiva. Continuamos a subida, já chegando aos pontos onde era possível ver a cidade de Teresópolis ao fundo. O dia estava firme, prenúncio de uma excelente caminhada. Paramos na entrada da trilha do Paredão Paraguaio, onde fizemos um rápido descanso. Dali seguimos subindo e as 10 horas entramos novamente na Trilha da Pedra do Sino. Até ali, nenhuma novidade. Já havia percorrido esse caminho inúmera vezes. No ritmo que estávamos, nem tinha muito tempo de aproveitar o caminho. Nosso objetivo era chegar logo ao Abrigo 4. A partir dali sim, poderíamos curtir o caminho. Passamos pela entrada da Trilha do Papudo e mais a frente, depois de nos afastarmos um pouco dessa vertente, conseguíamos ver o cume do Papudo ao fundo. Cruzamos um trecho bastante molhado e com 40 minutos de caminhada havíamos chegado ao Abrigo 4, eram 10 h 40 min da manhã. Fizemos o trecho em 2h e 50 minutos, um excelente ritmo. Só tinha uma barraca montada. Aproveitamos para fazer uma parada mais longa. Fiz um lanche reforçado e deixei uma garrafa de isotônico guardada num buraco próximo ao abrigo para a volta, não queria levar peso extra.

Trilha do Garrafão

Abasteci minha garrafa de água e fomos em direção ao cume da Pedra do Sino. Nem percebi a discreta saída e quase perdi a entrada da subida. Rapidamente estávamos aos pés do totem de cimento, que fora reconstruído após ser atingido por um raio alguns anos atrás. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone, o que nos fez ter que fazer mais uma parada rápida. Já podíamos ver o Garrafão ao fundo. Fomos descendo em sua direção e o caminho não muito bem definido. Andar em laje de pedra é muito complicado, mas o dia estava bem aberto e foi mais fácil ver os totens e algumas fitas amarradas nos arbustos. E assim, seguimos serpenteando. Passamos por alguns trechos mais fechados, porém, no geral foi tranquilo essa primeira parte. De longe não dá para perceber, mas assim que fomos nos aproximando do Garrafão, tivemos que atravessar um vale. Do outro lado desse vale, podia ver um grande totem. Deveríamos seguir em sua direção, mas alguns totens e fitas nos distanciavam, forçando-nos a contornar esse vale bem mais para a esquerda. Descemos um longo trecho e passamos por um trecho bem fechado e confuso. A sorte é que era curto. Assim que voltamos a subir, já próximos do totem que havia visto lá de cima, é que pude perceber o motivo de termos que nos distanciar tanto: um trecho bem íngreme e intransponível. Descer em linha reta era impossível. Continuamos a caminhada por esse labirinto, sempre guiados pelos totens.  

Estávamos cada vez mais próximos do Garrafão. A vista impressionava. Daquele ponto, parecia ser impossível alcançar o cume. Nosso objetivo agora era chegar a um buraco, onde desceríamos até chegar ao cabo de aço. Fomos procurando, sempre seguindo pelo caminho mais óbvio até que conseguimos achá-lo. E olha que não muito óbvio assim. Fica meio escondido, numa passagem entre a vegetação. Dali, descemos e entramos numa gruta. Fixamos uma corda e fomos descendo um a um, usando a técnica de chaminé. Rapidamente descemos e começamos a montar o rapel para iniciarmos nossa descida para o colo entre essa vertente do Sino e o Garrafão. Optamos por montar o rapel num grampo mais abaixo, dali conseguimos dobrar a corda e deixá-la meiada, dando exatos trinta metros. Se fossemos usar as chapeletas de cima, talvez precisássemos de uma corda de 70 metros, mas mesmo assim, não posso afirmar que chegaria. Fomos descendo um a um. O trecho estava bem molhado e a rocha é bem lisa. O cabo de aço está em boas condições. O rapel foi bem tranquilo, o maior problema seria para subir. Optamos por deixar duas cordas, assim poderíamos dar segurança de baixo para que pudéssemos subir pelo cabo mais rapidamente.  

Fui um pouco mais para cima, para poder ver de longe a descida. Era um trecho bem bonito. Comentamos sobre a audácia da conquista, pois ali era o caminho mais óbvio para essa descida, sem contar que achar aquele buraco não deve ter sido uma tarefa fácil. Era uma galera a frente do seu tempo. Uma conquista de 1934, que hoje em dia, mesmo com todo equipamento que temos disponível, ainda é um marco para os montanhistas. Assim que todos passaram, iniciamos a subida e o ataque final ao cume. Faltava pouco. Seguimos em direção a uma canaleta bem íngreme. Subimos um trepa pedra e na base desse trecho, uma corda meio velha amarada num arbusto serviria para nosso apoio. Ali era um trecho que merecia uma segurança melhor, mas começamos a subir usando a corda só como um apoio moral. Tem algumas agarras boas na lateral direita na qual davam um bom suporte. Fui subindo, sempre procurando os trechos mais sólidos, até que passei pelo arbusto onde a corda estava amarrada. Dali pra cima, fui caminhando e procurando o acesso ao cume. Vi uma laca apoiada e não tive dúvida de era por ali, era o único caminho possível. Segui subindo e o trecho foi tranquilo, apesar da exposição. Mais alguns metros e estava no cume.

A vista dali era algo impressionante. Como o dia estava aberto e firme, conseguíamos ver boa parte da Baía de Guanabara. Por todos os lados as montanhas despontavam de forma magnífica. De um lado era possível ver o São Pedro, Agulha do Diabo, São João, Santo Antônio, Três Marias, Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora, Escalavrado, entre muitas outras. Para o outro lado, conseguíamos ver boa parte do caminho da Travessia Petrópolis x Teresópolis. Geralmente estamos lá e a vista que temos para o Garrafão, chama a atenção e vira referência. Há uns meses atrás, tive o prazer de ver o Garrafão por esse ângulo e lembro que na época, a vontade de estar nesse cume fantástico foi grande. Pensei: “Vou subir nessa temporada.” E hoje estava ali vendo e relembrando o caminho que havia feito há uns dois meses atrás. Aproveitei para filmar com o drone e fazer algumas fotos. Assinei o livro de cume e descansei um pouco, o suficiente para o retorno. Dentro da nossa programação, ficaríamos no cume por 30 minutos. E assim que bateu o tempo, iniciamos nosso retorno.

Trilha do Garrafão


Iniciei a descida e cheguei naquele ponto do arbusto onde a corda está amarrada. Desci com bastante cuidado e logo estava na base, auxiliando a descida dos demais. Lentamente, passamos o trecho e seguimos descendo até a base do cabo de aço. Encordoei-me numa ponta de corda e subi utilizando os cabos, sob segurança do meu irmão. Estava bem molhado e o que eu pressenti na descida, se confirmou na subida. Como estava molhado, alguns trechos escorregavam bastante. Tinha que tentar me manter perpendicularmente a rocha, mas isso demandava um esforço maior nos braços. Até que subi bem rápido, pois quanto mais parado ficasse, mais esforço faria. Ao longo da subida, percebi que a corda da segurança estava com um arrasto grande e só fui ver o motivo quando cheguei à parada. As cordas haviam sido passadas em mosquetões que estavam paralelos e um acabava fazendo uma força sobre o outro, gerando um atrito extra e, além disso, a fita na qual esses mosquetões estavam presos ao grampo era curta. Assim que o Luis subiu, pedi para aguardarem e precisei de uns 5 minutos para reorganizar o nosso sistema e otimizar a subida. Com tudo certo, joguei a outra ponta de corda para baixo e aos poucos todos foram subindo. Faltando três subirem, chegou um grupo de Nova Friburgo. Eles aguardaram um pouco até que todos subiram. Dali, seguimos para a gruta, onde tínhamos que voltar por uma corda fixa que havíamos deixado. Fizemos o lance de chaminé e nos reunimos na laje ao lado do buraco. Ali, tiramos o equipamento e organizamos todo o material que não seria mais usado. Aproveitei para comer algo rápido, era 15 h 30 min. O astral do grupo era excelente, faz a diferença a boa companhia. Dali, pudemos acompanhar a entrada de nuvens pesadas. Parecia que a virada do tempo prevista para a noite havia se antecipado. Estava convicto de que choveria em pouco tempo. Com isso, iniciamos rapidamente nosso retorno, ainda passaríamos por alguns trechos de difícil orientação. Em pouco tempo o Garrafão foi tomado por nuvens que se movimentavam numa velocidade absurda.  

E seguimos caminhando. Senti alguns pingos, mas não quis colocar o anorak, na esperança de que não aumentasse. Cruzamos o capinzal e começamos a subir. Nos trechos mais íngremes estava escorregadio, mas ainda conseguíamos progredir com segurança. Se aumentasse a chuva, acho que ficaria mais complicado. Da mesma forma que as nuvens chegaram, elas se dissiparam e em pouco tempo, mais nenhum sinal de chuva e seguindo os totens, atingimos novamente o cume da Pedra do Sino. Eram 16h 18 min, havíamos completado cerca de 75% da nossa atividade. Apesar desse trecho final ser longo, a divisão leva em conta, também o grau de dificuldade. Agora era só descer. Ficamos pouco tempo no cume e seguimos direto para o Abrigo 4. Alguns decidiram descer direto. Eu aproveitei para lanchar e descansar um pouco mais para a descida. Num ritmo constante e automático, segui descendo, dando apenas duas paradas rápidas na bifurcação para entrada da trilha do Paredão Paraguaio e no Véu da Noiva. Assim que a noite caiu, peguei a lanterna e ela não funcionou. Ainda bem que o Ziki me emprestou uma reserva. Cheguei à barragem por volta das 19h 45min e dali, fui direto ao carro. Aos poucos todos foram chegando e aproveitei para pegar o carro e voltar até a Barragem para dar uma carona aos que chegaram por último. Pegamos os carros e seguimos, parando no primeiro Posto, para fazermos um lanche e seguir viagem. Missão cumprida!  

Trilha do Garrafão

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