Dia: 19/12/2024
Local: Campo Escola Ary Carlos – Niterói - RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Alice Carvalho
Vídeo
Relato
Fazia um tempo que a minha filha Alice estava me pedindo
para escalar. Aproveitei que tiraria uns dias de férias em dezembro e perguntei
se ela queria escalar. Ela ficou toda empolgada. Peguei uma sapatilha infantil no
Clube Niteroiense de Montanhismo, pois a que tinha em casa ainda não era o tamanho
do pé dela. Chamei o Velhinho para nos acompanhar. Assim ele poderia ir dando
um porte ao lado dela, caso precisasse. Tem uma via no Campo Escola Ary Carlos
que conquistei junto com o Marcelo e o Luis que é ideal para a primeira
escalada de alguém. É a Via Recuperação. São quase 90 metros e se emendar na
Via Didática, fica uma escalada bem interessante e com uma vista bem bonita,
para o grau da via.
Acordamos cedo e passei na casa do Velhinho e de lá seguimos
para início da trilha. A caminhada foi rápida e perto da base encontramos dois
filhotes de urubu que se afastaram logo assim que chegamos perto da base. Ali
no arrumamos e passei algumas orientações para a Alice. Subi puxando a corda e
parei logo na primeira dupla, com quase 30 metros. Não queria ficar muito
longe. A Alice veio subindo, passando o primeiro crux sem problemas. O velhinho
seguiu solando bem perto. Pensei que a Alice fosse se enrolar para tirar as
costuras, mas ela foi bem e não teve problemas.
Da primeira parada, segui para a segunda, passando por um
trecho bem mais sujo. Alice subiu em seguida e ainda falei para ela ter cuidado
com os espinhos de um cacto próximos. Vimos uma cordada na Golpe da Cartão.
Mostrei para ela a vista e como já estávamos alto. O negócio dela era saber o
quanto nós subiríamos. Ela estava tranquila e isso foi dando mais confiança.
Saí da segunda parada, e subi mais um pouco, passando pelo segundo crux. Um
trecho de aderência e um pouco mais técnico. Mas ela subiu rápido e logo estávamos
na terceira parada, já no final da via.
Dali, emendamos na via Didática e paramos um pouco mais
acima. Estávamos num excelente ritmo e seguimos subindo. Pulei uma parada e
parei numa proteção simples mais acima, um pouco mais confortável. Alice estava
bem feliz e nem sinal de cansaço. Saímos para o último trecho da escalada e o
mais bonito, com lances mais verticais. Ela veio rindo e brincando com o
Velhinho e logo chegou ao Mirante do Carmo. Batemos uma foto para deixar
registrado, a primeira escalada a gente nunca esquece! Será?
Dia: 20/11/2024
Local: Niterói - RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Ricardo Bemvindo
Relato
O Clube Niteroiense de Montanhismo organizou mais uma invasão
em comemoração ao aniversário do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Nos
encontramos as 7h 30min para a tradicional foto, no gramado em frente ao Costão
de Itacoatiara. Quando cheguei já tinham algumas pessoas e aos poucos fomos
organizando as cordadas. Algumas pessoas nem esperaram e já seguiram para a
base das vias. O dia estava aberto e a previsão era de forte calor.
Aos poucos, todos se organizaram e iria fazer cordada com
meu amigo de trabalho, o Ricardo. Já fazia uns três anos que ele não escalava e
sugeri seguir para a face leste, pois é o local com vias mais acessíveis e onde
tem menos procura, comparada com a faze oeste, a que sai da praia. Dali seguimos andando. Minha ideia era seguir
até a base e ver qual via tinha menos gente.
Já na base, vi que a Entre Quatro Paredes só tinha a cordada
do Leandro Conrado com a Amanda. Perguntei se daria para fazer também. Com tudo
acertado, nos equipamos aguardei o Leandro Conrado subir até a primeira parada
para começar a escalar. A Ideia era não atrapalhar muito. Assim que ele chegou,
iniciei minha subida. Segui rápido, passando pelo crux. Passei pelo Leandro,
fazendo a horizontal. Dá um arrasto na corda, mas optei por seguir para não
atrapalhar muito.
Na última vez que fiz essa via, havia feito a horizontal
mais por cima, dessa vez, resolvi fazer bem por baixo, próximo à vegetação.
Isso facilitou bastante. Do outro lado da horizontal, subi um pouco e montei a
parada no grampo acima. O Ricardo veio em seguida. Sentiu um pouco os quase 3
anos sem escalar. Já após a horizontal, parou um pouco e reclamou da panturrilha.
Avisei que o pior já havia passado.
Segui para a próxima enfiada, subindo tranquilo. Em alguns
trechos é possível subir andando pela positividade da parede. Montei a parada e
o Ricardo subiu em seguida. Dali podíamos ver várias outras cordadas, tanto na
Novos Horizontes, quanto na Mário Motta Jr e Alan Marra. A cordada do Leandro
veio em seguida. E optei por fazer uma variante que conecta a via Entre Quatro
Paredes com a Mário Motta Jr, também conhecida como Bombeiros. Essa variante eu
havia feito há alguns meses e achei uma ótima opção, pois faríamos mais uma
enfiada.
Subi, encontrando uma cordada na Mário Motta Jr. Passei
direto e dei segurança já no final da via. O Leandro fez a via normal, terminando
um pouco mais abaixo. Ali nos encontramos com várias outras cordadas que haviam
subido por outras vias e faces do Costão. Era hora de arrumar as coisas e
seguir para churrasco. Que venham mais eventos como esse.
Dia: 09/11/2024
Local: Itacoatiara – Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Luís Avellar
Vídeo
Relato
Eu doido para escalar final de semana, mas não parava de
chover. Havia falado com o Luis e ele tinha sugerido escalar em Itaocaia, pois
lá seca bem rápido. Mas não estava muito confiante e na sexta feira, perguntei
se daria para escalar em Itacoatiara. Pensei que se a chuva não desse trégua e
estivesse molhado ou começasse a chover, seria mais rápido voltar. O Luís topou
e ainda disse que não iria chover.
Pense num cara otimista. Esse é o Luís. Ele levou bem a
sério o mantra de que escalada só se desmarca na base. Amanheceu ruim e deu um
chuvisco. Falei com o Luís e ele confirmou. Bom, era ir e tentar a sorte. E que
bom que fomos! Cheguei em Itacoatiara e estava bem nublado, mas olhando para a
pedra já estava bem seco. Só tinha água escorrendo em alguns trechos com
vegetação, mas fora das vias. Só tinham dois surfistas na água, apesar das ondas.
Pra vocês verem o quanto estava ruim. Ninguém acreditava, só o Luís.
Caminhamos pelo costão até entrar no caminho de pescador,
atravessando a grande vegetação. Num determinado ponto, pegamos uma subida até
chegar à base das vias. O início fica ao lado esquerdo da via Par ou Ímpar!?.
Nos arrumamos e o Luís perguntou se eu queria guiar. Como já estava há um tempo
sem escalar, preferi não arriscar. O Luis guiou a primeira enfiada e eu fui
logo em seguida. O primeiro trecho é bem tranquilo, sem problemas.
Na parada, ele me disse para ficar ligado, pois entre o
primeiro e o segundo grampo, numa eventual queda, o guia pode chegar ao platô,
com isso deixei a corda bem justa. Ele subiu tranquilo. Comecei a escalar e já
percebi a diferença. Os lances seguiam bem verticais, com pequenas agarras,
algumas ainda quebrando. Os lances são bem técnicos e não há muito espaço para
descanso. Passei o primeiro crux e segui para a parada. Foram 35 metros bem
fortes. Na parada tivemos a certeza de ter acertado no dia. Estava muito
agradável. Nada de calor e nada de chuva. Condições perfeitas.
O Luís guiou a terceira enfiada. Subi em seguida. A parede
continua vertical. Senti mais dificuldade que na enfiada anterior. Fui ganhando
altura com lances mais delicados. Num trecho, ameacei ir para a direita e o Luís,
lá de cima, avisou que era melhor para a esquerda. Fui desescalar uma passada e
caí, voltando ao ponto de saída. Fui pela esquerda e consegui vencer o lance, o
que considerei o mais difícil da via. Dali para cima, subi rápido até a parada
da via Par ou Ímpar!?.
Já na parada, comentamos o quanto estava agradável o dia. A
via é forte, mas com lances bem suaves. Vale muito a pena e é uma excelente opção
de via mais curta. Ao fundo em direção da Pedra do Cantagalo, caía uma chuva e
ela se aproximava. Resolvemos rapelar dali, visto que a trilha do Costão estava
fechada, devido as condições do tempo. Fizemos 3 rapéis até a base, onde arrumamos
tudo e seguimos de volta até a praia.
Para quem não confia na previsão do tempo, faz uma consulta
ao cara mais otimista que conheço. Luís é o cara que só desmarca escalada na
base.
Dia: 02/11/2024
Local: Piratininga – Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Camila Chaves, Marcos Velhinho, Vanessa
Berton, Alberto Porto, Leandro Conrado, Amanda e Débora.
Relato
Estava há quase dois meses sem escalar. Em uma reunião
social do CNM, aproveitei que o Velhinho estava marcando uma escalada com o
pessoal do CBE 2024 e já me meti nas cordadas. A última vez que fui ao Tibau, fiz
a Mestre dos Pés (6º VI E1/E2 D1 90 m) e a Contextos Diferentes (5º Vsup A0 E1
D1 60 m) com o Luis Avelar.
Chegamos cedo e nos encontramos próximos à rua que dá acesso
à trilha. O local está sendo urbanizado e tudo está asfaltado. Está ficando bem
bonito o bairro. Dali, seguimos a estradinha de chão, até pegar a subida das
jaqueiras. Depois de andar um pouco, chegamos à base das vias. O bom é que fica
na sombra. Isso aliviou um pouco. Dividimos as cordadas e a Vanessa e o Alberto
foram com o Velhinho, Débora e Amanda, com o Leandro Conrado e a Camila foi
comigo.
Eu e a Camila entramos primeiro na Segue o Velhinho (4º E2
45 m). Primeira enfiada tranquila até a primeira dupla, onde dá para emendar na
Speedrun. A Camila subiu em seguida. Dali parti para a próxima enfiada. Passei
rápido pelo crux e toquei até ao final, onde montei a parada e puxei a Camila. O
dia estava bem bonito e pudemos acompanhar as cordadas ao lado e nos divertir
com o Velhinho. Rapelamos rápido até a base e seguimos para outra via. O bom de
escalar no Tibau é a possibilidade de poder fazer várias vias no mesmo dia.
Optamos por entrar na Nervos de Aço (IVsup E2 50 m). Passei
pela base da via Toda Forma de Amar e desci num trecho meio ruim para chegar à
base. A via segue bem protegida com boas agarras e passadas bem suaves. Optei
por fazer duas enfiadas, como havia feito na Segue o Velhinho. Fizemos rápidos
e lá no alto, pudemos apreciar a bela vista num dia maravilhoso. Aproveitei
para fazer alguns vídeos com o drone. Dali rapelamos até a base. Na descida, vi
uma pedra caindo e passando bem perto da Amanda e do Leandro que estavam na
base. Por isso a importância do capacete.
Já na base, nos preparamos para ir embora, hoje não podia
demorar muito. Descemos rápidos e logo estávamos novamente no carro.
Foi em 2019 que Leandro do Carmo e Ary Carlos começaram a explorar o local, procurando novas possibilidades de conquistas em Niterói. Essa face já era comentada, mas ninguém ainda tinha muita informação. Ela se tornou mais acessível depois que a Travessia Tupinambá foi consolidada, pois o acesso fica bem ao final da travessia. Alguns projetos foram conquistados, mas uma série de acontecimentos, como a pandemia e o falecimento do Ary, impediram a continuidade das vias. Em 2023, liderados pelo Luis Avellar, novas investidas foram feitas e novas vias foram conquistadas e novos setores foram descobertos. Atualmente, o local é bem completo e possui vias de variados graus e estilos, além de muito potencial para conquistas.
Setor de Baixo
Setor onde foram iniciados os primeiros projetos. São lances mais fortes que se destacam pela verticalidade e pequenas agarras. Um grande desafio. Há muito potencial para novas conquistas. Em alguns pontos há bastante vegetação e fica sombra na base o ano inteiro, devido à altura das árvores.
Acesso ao Setor de Baixo - Tibau
O acesso é bem rápido e não há trilha definida, mas a vegetação é bem aberta e não há problemas com a orientação. Deve-se entrar na trilha que leva ao Mirante da Taperam sendo o final da Travessia Tupinambá. Em poucos metros, entre num talvegue, à direta, e comece a subir. Quando diminuir a quantidade de pedras, saia para a direita, mirando uma diagonal. Passará por um grande pedra e já começará a ver a parede ao fundo. Dali é só subir.
Quando chegar à parede, siga para a direita para acessar a via Chapa Só Na Mente, última via desse Setor. Você verá uma enorme árvore caída com as raízes expostas, bem encostada na parede. Fica fácil a identificação. Nela, estão alguns projetos.
Virando à esquerda seguirá subindo para outros projetos. Atenção, pois esse trecho tem grande possibilidade de estar mais fechado, recomendado levar facão.
Vias do Setor de Baixo - Tibau
Projeto (Leandro do Carmo)
Projeto (Leandro do Carmo)
Projeto (Michel Cipolatti)
Projeto (Marcos Velhinho)
Projeto (Leandro do Carmo)
Projeto do Diedro Cego (Luis Avellar, João P. Neuhaus e Leandro do Carmo)
Diedro Chapa Só Na Mente - 6º VIIa E1 D1 25m ------ + Croqui
Setor do Meio
Setor com poucas vias devido as características da rocha. São inícios verticais e sem agarras. Em alguns trechos há bastante vegetação, o que torna inviável a abertura de novas vias.
Acesso ao Setor do Meio - Tibau
O acesso ao Setor do Meio é comum ao Setor do Luis. Com cerca de 5 minutos de caminhada já é possível acessar as primeiras vias. Começa em uma pequena rua transversal à rua dos Corais. Entrando nessa rua, vá até o final e verá a placa indicando a Travessia Tupinambá. Siga pela rua de terra à direita, subindo até um pouco antes de uma placa escrito "propriedade particular". Ali, vc entrará num caminho discretos e seguir subindo junto de uma linha de jaqueiras que sobe até perto da parede.
Chegando na parede, siga margeando pela direita. A trilha passa pela Via Mestre dos Pés, que é identificada por uma fenda frontal logo no começo. Seguindo mais, antes da vegetação começar a cobrir toda a parede, há a Via Alegria nas Pernas e Lágrimas nos Olhos.
Alegria nas Pernas e Lágrimas nos Olhos - 5º VI E2 D1 95m ----- + Croqui
Setor do Luis
Setor que foi conquistado todo em 2023. Pelas suas características tem grande potencial de se consolidar como um excelente Campo Escola. No inverno tem sombra na maior parte do dia e tem bastante sombra nas bases o ano inteiro.
Acesso ao Setor do Luis - Tibau
O acesso ao Setor do Meio é comum ao Setor do Luis. Com cerca de 5 minutos de caminhada já é possível acessar as primeiras vias. Começa em uma pequena rua transversal a rua dos Corais. Entrando nessa rua, vá até o final e verá a placa indicando a Travessia Tupinambá. Siga pela rua de terra à direita, subindo até um pouco antes de uma placa escrito "propriedade particular". Ali, vc entrará num caminho discretos e seguir subindo junto de uma linha de jaqueiras que sobe até perto da parede.
Chegando na parede você já estará no Setor do Meio. Siga margeando pela direita. A trilha passa pela Via Mestre dos Pés, que é identificada por uma fenda frontal logo no começo. Seguindo mais, antes da vegetação começar a cobrir toda a parede há a Via Alegria nas Pernas e Lágrimas nos Olhos.
A partir daí, siga paralelamente a parede, com alguns desvios e subindo e descendo. Fitas nas arvores e totens marcam o caminho. Próximo ao começo do Campo Escola a trilha sobe até junto da parede novamente. Indo bem para a esquerda e fazendo um trepa mato é possível acessar a via Formigas e Suas Máquinas Voadoras. As demais vias são acessadas por um grande platô mais alto. Para acessar o platô seguir por baixo até o canto direito da parede, onde logo é possível avistar as vias Segue O Velhinho e Speedrun. Seguindo esse platô pelo alto e para a esquerda, acessamos as outras vias. Seguindo para a direita, acessamos as vias Metamorfose e Velório de Urubu.
Localizada em Piratininga, em frente à prainha, a Ilha do Veado foi palco das primeiras vias de escalada em ilha de Niterói. São vias curtas e dá pra passar uma manhã escalando por lá. Para chegar à ilha tem que verificar as condições do mar, se estiver batendo, fica muito difícil e perigoso o desembarque na ilha.
Como chegar à Ilha do Veado
A prainha de Piratininga fica no ponto final do ônibus 39 e chegar lá de carro também não tem dificuldades. Tem bastante disponibilidade de vagas. Em dias de sol, costuma ficar extremamente cheio. Se não tiver caiaque ou stand up, dá para conseguir algum pescador que leve à ilha. Lá tem uma colônia e bastante barco disponível.
Face Norte - Ilha do Veado
Falésia dos Monstros
Visão geral das vias da Face Norte da Ilha do Veado
Megalodon - IIIsup
Homem das Cavernas - V
Cronos - IVsup
Kraken - VI
Leviatan - VIIa
Setor do Canal
Novas Auroras - Vsup
Escalada em Piratininga - Havaizinho
Setor de fendas e boulders. Em breve mais detalhes.
Participantes: Leandro do Carmo, Luis Avelar e João Pedro
Relato
Recebi o convite do Luis para escalar a via na qual ele o
João haviam acabado de conquistar. Não pensei duas vezes. Marcamos cedo em
Itacoatiara. Eu acabei atrasando um pouco, quando cheguei lá, eles já estavam
me esperando. Deixei o carro já na entrada do Parque, pois desceríamos por lá.
Já fazia sol há alguns dias, mas o outono é fantástico. O sol já não é tão
forte e cedo, chega a ficar um pouco de frio. Com tudo pronto, seguimos andando
pela areia e subimos o caminho já próximo da arrebentação. Dali, seguimos
paralelo à água até chegar à matinha e de lá seguimos pela trilha. Já fazia um
tempo que não escalava naquele setor. Já no meio do caminho, subimos por um
trecho recém-aberto até a base da via.
Já na base da via, nos arrumamos e como já estava um tempo
sem entrar numa via mais forte, preferi não guiar. Sem contar, que estava
levando a esmerilhadeira para retirar duas chapeletas que deram problemas na
instalação. Com isso, a guiada ficou para o Luis e o João. Essa seria a
primeira repetição completa depois da conquista. O Luis subiu e logo chegou à
parada. Subi em seguida. Essa primeira enfiada segue tranquila até quase no
final, onde ganha verticalidade, já fazendo um lance bem bacana para ganhar o
minúsculo platô, na primeira parada.
Já na primeira parada, aproveitei para retirar a
primeira chapeleta ruim e nos preparamos para a segunda enfiada. O João tocou
para cima, ou melhor, para o lado. Esse primeiro trecho é uma leve diagonal
para a direita, com alguns lances bem delicados. Assim que o João chegou à segunda
parada foi minha vez de subir. Saí da parada seguindo para a direita, passando
num trecho bem delicado. A mochila pesada deu uma dificultada, mas continuei na
diagonal e mais a frente, quando começa a subir novamente, posicionei bem a mão
numa agarra que parecia estar bem sólida. Quando coloquei o peso nela e tirei
um dos pés, a agarra soltou e dei uma pendulada grande, que foi aumentada pela
elasticidade da corda. Desci quase tudo que havia subido com dificuldade.
Voltei para a via e segui subindo, passei pelo trecho que havia caído e
continuei numa diagonal, agora para a esquerda.
Já mais acima, entrei num buraco raso, onde parei para tirar
a segunda chapeleta que havia dado problema na instalação. A outra chapeleta na
qual havia me prendido estava um pouco mais para a direita, o que dificultou um
pouco, mas deu tudo certo e logo continuei a subida, passando pelo crux da via.
A mochila estava pesada, mas aos poucos fui subindo até chegar a segunda
parada. Dali para cima, a parede perde inclinação e os lances seguem mais
tranquilos. O visual desse ponto surpreende. O dia aberto e as águas verdes e
claras da praia de Itacoatiara roubavam a cena. O sol começou a aparecer, mas
como estávamos no final e não me preocupei.
Seguimos subindo sem problemas e já no final da via, tiramos
o equipamento. Arrumei tudo novamente na mochila e de lá seguimos para o cume
do Costão, onde fizemos uma rápida parada para então seguir descendo até a
portaria do parque. De lá, fizemos uma parada para o Açaí. Mas antes de ir
embora, aproveitamos para dar um pulo no Tibau, em Piratininga, para que eu
pudesse mostrar uma falésia com alguns projetos antigos que havia começado com
o Ary e o Ivison. Queria dar continuidade. A visita rendeu! O Luis e o João
ficaram animados e já combinamos para a semana seguinte. Em breve, teremos
novidades!
Participantes: Leandro do Carmo, Gabriel e Marcos Lima “Velhinho”
Relato
A via “Paredão Atlântico” é uma daquelas vias lendárias que
sei que existe, mas nunca fiz. Quando comecei a escalar, sempre ouvi falar
dessa via, mas não tinha muita informação efetiva sobre ela. A única coisa que
sabia era que seguia pela “tromba do elefante”. Para quem não conhece o Alto
Mourão, ele também é conhecido como “Pedra do Elefante”, pois olhando de
Itaipuaçú, ela tem o formato de um elefante. Com certeza ela teria uma vista
fantástica. Foi uma conquista do final da década de 70 e cheguei até a conhecer
algumas pessoas que a repetiram nessa época. Em uma caminhada que fiz, descobri
que a partir do cume, dava para seguir descendo por um caminho. Fui seguindo e
descobri alguns grampos. Provavelmente era da via. O tempo foi passando e
sempre ouvia alguma história sobre ela, até que soube que havia sido feita uma
reforma. Era a notícia que eu precisava sobre a via. Ela realmente existia e
podia ser feita.
Depois de muito marcar e desmarcar, numa conversa com o
Velhinho no Clube Niteroiense de Montanhismo, perguntei se ele gostaria de
fazer a Paredão Atlântico. O Gabriel, ouviu e disse que morava lá no condomínio
que dá acesso. Inclusive, esse era o maior problema para repetição: o acesso.
Tinha resolvido todos os problemas. Agora era, combinar o horário, arrumar o
equipamento e seguir para a via. Combinamos bem cedo, pois o sol começa a bater
cedo. A ideia era acabar a via na hora que ele chegasse com força.
Chegamos cedo ao condomínio e o Gabriel veio nos encontrar
na portaria. Estacionamos o carro e seguimos caminhando. Passamos num mirante e
de lá, pegamos uma precária escada de madeira, até entrar numa trilha e seguir
até o costão, já na beira da água. Dali, seguimos paralelos ao mar, até chegar
numa rampa, que dá acesso à base da via. Como não sabia exatamente onde era o
início, seguimos subindo até um platô de vegetação, onde tinha uma pequena
fenda. Ali nos arrumamos para iniciar a escalada. O Velhinho até subiu um pouco
mais, indo até o primeiro grampo, mas voltou até onde estávamos.
Fizemos as duas primeiras cordadas em simultâneo. Fizemos
uma parada logo acima de um outro platô. Dali, saí para terceira. Começo
tranquilo, até chegar a um trecho mais vertical. Subi e segui em direção ao
grande diedro. Continuei subindo, agora paralelo ao diedro até um pouco mais
acima, onde montei a terceira parada. A vista impressionava. Achava que seria
bonita e até o momento estou confirmando minha impressão. As condições do dia
também ajudavam. Céu azul, uma leve brisa e um sol não muito forte,
características do outono.
O Velhinho saiu para guiar a próxima. Subiu e costurou um
grampo, e seguiu para a esquerda, passando ao final do grande diedro. Nesse
ponto, ele fecha e dá para fazer uma passagem em livre. O Velhinho costurou um
grampo logo na subida e seguiu subindo. A partir daí já não conseguíamos ter
contato visual. Só ouvia o Velhinho gritar: “Não tô vendo o grampo”. Seria
assim até o final da via. Mais acima, o Velhinho conseguiu chegar à parada e o
Gabriel subiu em seguida. Fui logo após, procurando o grampo que ele não viu.
Consegui achá-lo meio escondido. Como a grampeação é longa, nem sempre as
proteções estão no caminho que a gente considera óbvio.
Já na quarta parada, paramos para algumas fotos e enquanto
eu esboçava um croqui, o Velhinho aproveitou para seguir. Havia um caminho mais
aberto, e ele subiu em direção a uma laca, mas não achava nada. Já tinha
esticado bastante corda até que ele resolveu seguir para a direita, único
caminho a seguir naquele momento, porém o mais sujo. Decisão acertada, o grampo
estava lá. Ele montou a parada e o Gabriel subiu. Segui logo após, procurando o
grampo. Bem mais para a direita, entre uma vegetação, lá estava. Já na quinta
parada, foi minha vez de subir.
Subi um lance levemente mais vertical e achei um grampo mais
para a esquerda. Dali fui subindo e um pouco mais acima, uns 40 metros após a
parada, mais um grampo. Segui escalando e a frente uma vegetação que dividia o
caminho em dois. Procurei por ambos os lados e não vi nenhuma proteção. Escolhi
o caminho da direita e subi até esticar a corda. A próxima proteção estava há
uns 5 metros acima. Não chegaria lá. Pedi para o Gabriel subir e escalamos em
simultâneo até que eu conseguisse atingir o grampo. A medida que ele foi
subindo, pedi que ele parasse no grampo abaixo. O Velhinho foi até lá também.
Assim que ele chegou, seguiu guiando, passando por mim, até a próxima parada.
Subimos até ele e segui para mais uma.A parede foi perdendo inclinação e foi
ficando bem mais fácil localizar as proteções. Nesse ponto, já estávamos
próximos a borda direita da tromba. A vista para baixo impressionava. Subi até
mais uma proteção, onde montei mais uma parada. O Gabriel e o Velhinho vieram
em seguida. Pelos nossos cálculos, faltava apenas mais uma cordada, o restante,
seria uma caminhada. Já no final, paramos para um descanso e arrumamos as
coisas. Faltava ainda uma parte da subida e a trilha de volta. Aí que lembramos
que tínhamos que voltar até o Recanto... Iria ser demorado!
O Velhinho e o Gabriel subiram na frente. Aproveitei para
filmá-los com o drone. Fui logo em seguida. Quando estava um pouco mais acima,
lembrei da corda. Desci para pegá-la e ela não estava lá. Com certeza, o
Gabriel a levou. Voltei novamente a subida e depois de um tempo, estava no
cume. Paramos rápido para mais uma foto e seguimos descendo. No meio do
caminho, o Gabriel deu a boa notícia de que tinha arrumado uma carona do
Mirante da Serrinha até o Recanto.Que
sorte, assim não precisaríamos descer andando!
Uma via fantástica, com um visual alucinante. Enfim,
conseguir fazer a Paredão Atlântico.