Local:Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil.
Participantes: Leonardo Carmo e Marina Fernandes
Relato da Trilha Pico da Tijuca e Tijuca Mirim
Após curtir uma praia em Niterói no sábado e mesmo sabendo da previsão do tempo para o domingo, resolvemos nos programar pra fazer alguma atividade. Escalada seria praticamente impossível, porém uma trilha seria viável. A Escolhida foi o Pico da Tijuca, no Parque Nacional da Tijuca. Eu já tinha ido lá algumas vezes, mas a Marina ainda não.
Seria a nossa primeira trilha do ano. Partimos então a missão do dia. O tempo estava meio instável, mas eu confiava na minha intuição de que não iria chover durante a atividade e assim aconteceu.
Saímos um pouco tarde de casa, por volta das 8h30. Tarde para os nossos padrões, mas foi até bom, pois deu tempo da água escoar um pouco e a trilha não ficar muito enxarcada. Chegamos no Bom Retiro, início da trilha, por volta das 9h40. Enquanto preenchíamos o termo e comíamos uma banana, os quatis descerem e um deles começou a puxar a nossa mochila querendo comida. O bichinho era teimoso, mas depois de umas conversas ele saiu e se juntou ao grupo.
A partir daí começamos a trilha. Desse ponto até o cume são aproximadamente 2,5 km de uma subida relativamente tranquila pra quem está com o condicionamento físico em dia. Fizemos o percurso de ida em 45 minutos numa caminhada tranquila.
Chegando na escada cravada na própria pedra, paramos para as fotos/vídeos. Às vezes abria uma janela e o visual ficava incrível. Parecia até uma pintura. Depois de subir a escada, chegamos ao cume. O tempo estava bem fechado nesse momento, mas nada que tirasse a beleza. Tiramos mais algumas fotos e fizemos o nosso lanche com pão e carne da costela no bafo que tínhamos comido no dia anterior lá no "Guela Seca".
Hora de descer e tirar mais algumas fotos. De lá, fomos até o Tijuca Mirim. Descendo a trilha, é só seguir a placa. São 300 metros ida e volta até retornar à trilha principal.
Total do percurso incluindo o Tijuca Mirim, da aproximadamente 5,7 km. Essa trilha é muito tranquila pra quem está acostumado. Vale muito o "passeio".
De volta ao Bom Retiro, tiramos mais algumas fotos e finalizamos a nossa primeira atividade de 2024.
Horário de funcionamento do parque é das 8h às 17h
Estacionamento no Bom Retiro tem limitação de vagas. É bom chegar cedo.
Participantes: Leandro do Carmo, Mariana Abunahman, Ricardo Barros, Simone
Oliveira, Juliana, Angelo Verdan, Waldino, Diego, Carla Rosa e Márcio Mafra
Vídeo da Travessia Espraiado x Tomascar
Vídeo de Drone da Travessia Espraiado x Tomascar
Relato da Travessia Espraiado x Tomascar
Estava de volta à Travessia mais clássica de Maricá: A
Travessia Espraiado x Tomascar! Com um percurso de aproximadamente 8 km, a
travessia corta córregos, matas, áreas abertas e temos uma vista fantástica de
parte do litoral do município. Para fechar com chave de ouro, temos a opção de
almoçar no concorrido Restaurante da Marilene, com uma excelente comida
caseira, feita no fogão a lenha. Em todas as vezes que fiz a travessia, voltei
para o Espraiado, pois a logística ficaria muito pesada, caso optássemos por
voltar por Tanguá ou Rio Bonito.
Era uma aula do Curso Básico de Montanhismo do CNM e
faríamos novamente um bate e volta. Combinamos de nos encontrar as 08h30min lá
no Espraiado, em frente à sede das Unidades de Conservação. Chegamos cedo e de
lá seguimos para a cachoeira da represa. Os bares estavam fechados e foi fácil
conseguir um bom local para estacionar. Hoje, o local está pavimentado,
seguindo com paralelepípedo até o local onde ficava um portão. Arrumamo-nos e
iniciamos a caminhada.
Seguimos estradinha e logo cruzamos o primeiro córrego. A
estradinha segue bem abrigada, mas a essa hora da manhã, não seria um problema
pegar um sol. Mais acima, viramos à esquerda, saindo da estradinha. Cruzamos o
córrego novamente e iniciamos a subida, que fica próximo a uma casa. O trecho
inicial é bem complicado, devido ao alto estágio de erosão causado pela
passagem de motos. Inclusive, esse é um problema grande da região. Continuando
a subida, comecei a ouvir um barulho de moto bem ao fundo. Em pouco tempo, eles
estavam passando por nós.
Passamos a última porteira e mais acima, ficamos à direita
numa bifurcação, onde começa uma área aberta. Na volta, viríamos pelo caminho
de baixo. Pegar o caminho da esquerda nos livraria de pegar uma subida, mas a
vista que teríamos lá do mirante do Vale de São Francisco compensaria o esforço
extra. Esse caminho acabou virando o principal. Subi mais rápido para conseguir
filmar com o drone o pessoal chegando. Já próximo ao mirante, vi que tinha um
grande grupo lá em cima. Com todos no local, fizemos alguns exercícios de
orientação, lanchamos e seguimos descendo.
Tomascar estava bem ao fundo. Visível graças a igreja,
próxima ao restaurante da Marilene. Dali, pegaríamos uma descida mais forte e
seguiríamos pela estradinha até ao nosso destino. O grupo grande saiu à frente
e logo os ultrapassamos. Passamos por um trecho bem erodido, com vários
caminhos que se juntavam mais abaixo. Demos uma parada rápida num córrego para
nos refrescar e de lá seguimos andando. Passamos por diversas propriedades com
plantação de laranja. Algumas pareciam abandonadas. Fui lembrando das inúmeras
vezes que havia passado por ali.
Sem perceber, havia chegado à porteira que antecede o vilarejo.
Estávamos a poucos metros do nosso destino. As ruas já estavam cheias de carro.
O restaurante da Marilene é bem frequentado aos finais de semana, sendo o
“point” desde os praticantes de trekking até aos amantes do “off road” e
simplesmente dos que querem desfrutar de um local agradável com boa comida.
Arrumamos uma mesa e nos acomodamos. Cada um foi arrumando
seu prato e fomos contagiados pela boa conversa e o astral de todos, sem
exceção. Depois de um excelente almoço, a preguiça cobrou seu preço. Foram necessários
alguns bons minutos para nos recompormos. Com o avançar da hora, aproveitei
para apresentar conhecer a cachoeira de Tomascar a quem não conhecia e pegamos
o caminho de volta.
Começamos a caminhada bem lentamente e aos poucos fomos
deixando Tomascar para trás. Paramos novamente no córrego, só que agora numa
posição invertida. Uma parada estratégica para vencermos a subida. Não foi
fácil, mas havíamos passado toda a subida da caminhada do dia. Fizemos uma
parada num mirante e de lá percebemos fumaça bem no mirante do alto do Vale do
São Francisco, muito próximo ao ponto onde havíamos passado no início da
caminhada. A preocupação era o fogo se alastrar pela vegetação seca, pois
passaríamos num ponto bem crítico.
Adiantamos a caminhada e ao longo do caminho pude presenciar
um espetáculo promovido por pássaros que voavam e cantavam em meio a uma mata
exuberante. Dali, seguimos descendo e logo estávamos cruzando o córrego e
entrando novamente na estradinha que nos levaria de volta a cachoeira da Represa
do Espraiado.
Participantes: Leandro do Carmo, Michel Cipolatti, Luís Avelar, Nicolas
Loukides, Ezequiel Gongora, Leonardo Farias, Higor Souza, Leonardo Carmo e
Marina Fernandes
Histórico da Conquista do Garrafão
O Garrafão, à época conhecido como Fagundes, foi conquistado
em 28/10/1934 por Émérico Hungar, Gilberto Ferrez, Geoffrey Edwards e W. George
Andrews, todos eles membros do Centro Excursionista Brasileiro. Foi um período
de grandes conquistas no montanhismo brasileiro e sua dificuldade técnica, bem
como a distância, o tornam menos frequentado, se comparado a outros cumes da
região.
Horários e pontos de referência da Trilha do Garrafão
5h – Saída de Niterói; 6h 30 min – Entrada do Parque; 7h 49
min – Início da trilha (Barragem); 8h 40 min – Abrigo 2; 9h 30 min – Bifurcação
Paredão Paraguaio (Pausa 10 min); 9h 55 min – Trilha da Pedra da Cruz; 10h 02
min – Trilha do Sino; 10h 38 min – Abrigo 4 (Pausa 20 min); 11h 10 min – Início
da subida da Pedra do Sino; 11h 20 min – Cume da Pedra do Sino (Pausa 10 min);
12h 10 min – Buraco; 12h 24 min – Cabo de Aço; 13h 15 min – Cume do Garrafão;
13h 45 min – Saída do Cume do Garrafão; 15h 30 min – Saída do Buraco; 16h 18
min – Cume do Sino; 16h 40 min – Abrigo 4; 17h 17min – Bifurcação Morro da
Cruz; 17h 38 min – Abrigo 3; 17h 45 min – Bifurcação Paredão Paraguaio/Trilha
do Sino; 19h 05 min – Véu da Noiva; 19h 55 min – Barragem; 20h 20 min – Carro.
Dicas para chegar ao cume do Garrafão
Para chegar ao Garrafão, primeiro é necessário chegar à
Pedra do Sino. Do cume da Pedra do Sino, já é possível ver o Garrafão. Devemos
ir em direção a ele num misto de laje e pequenos trechos de vegetação. Desce
até um vale e depois sobe novamente até chegar à borda de frente ao Garrafão.
Nesse ponto, vem o primeiro trecho técnico, onde deve-se procurar um buraco,
dentro dele podemos descer desescalando um lance em chaminé ou fazendo um
pequeno rapel, numa proteção que fica no alto. Convém deixar uma corda curta
(10 metros) fixa no local para auxiliar a volta. Depois desse trecho, segue até
o cabo de aço. Existe uma parada dupla onde dá para fazer um rapel. Com uma
corda de 60 m meada, não dá para chegar ao final. Um pouco mais abaixo, há um
grampo onde dá para rapelar com uma corda meada de 60 metros. A mesma pode ser
usada para segurança na volta. Optamos por dar segurança de baixo, fazendo com
que subíssemos de top rope, progredindo pelo cabo de aço. Facilitou e agilizou
bastante. Após esse trecho, pega-se uma trilha subindo, até chegar a uma canaleta
exposta. Há uma proteção no início e uma bem mais acima, onde é possível montar
um corrimão para dar mais segurança. O trecho está bem erodido e está bem
exposto. Há uma corda fixa numa raiz. Muito cuidado ao utilizá-la. Acima,
pega-se um trecho exposto com lance fácil de escalada, onde tem um grampo para
proteção. Dali para o cume são mais alguns metros.
Três semanas depois de ter feito a Agulha do Diabo, estava
de volta ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Agora para fazer o Garrafão.
Mas a ideia surgiu na semana seguinte a Agulha do Diabo, quando perguntaram
qual seria a próxima escalada? Como eu ainda não havia feito, sugeri o
Garrafão. Todos aceitaram. Aproveitei para abrir a atividade no Clube Niteroiense
de Montanhismo, dando oportunidade para outros amigos também conhecerem a
montanha. Convidei, também o Ezequiel (Ziki), depois de o ter encontrado no
CEB. Meu irmão e a Marina se juntaram a nós, confirmando somente na
sexta-feira, véspera da escalada. Ao todo, éramos 9 montanhistas. Grupo
relativamente grande, principalmente se levarmos em conta os trechos técnicos
na qual passaríamos, sendo o principal, os 30 metros de ascensão obrigatórios,
no colo entre o Garrafão e o Sino, no retorno do cume. Mas como todos eram
escaladores experientes, com exceção da Marina, acho que não teríamos problema.
E não tivemos!
Saímos pontualmente as 5h da manhã de Niterói e chegamos ao
PARNASO um pouco mais cedo do que a última vez, sendo o segundo carro da fila.
Ficamos ali conversando até dar 7 horas e o parque abrir. Fomos direto para o
Centro de Visitantes preencher os termos e de lá seguimos para a área de
estacionamento, onde deixamos os carros e seguimos até a barragem, local de
início da caminhada, propriamente dita. Estava uma manhã agradável e não fazia
tanto frio, comecei a andar apenas com a segunda pele. Havia um grupo grande
que também faria o Garrafão. Eles tinham programado de pernoitar no Sino e
atacar o cume no dia seguinte, mas como a previsão do tempo era mudança para o
dia seguinte, resolveram que iriam hoje mesmo. Mas como estavam com bastante
peso para o pernoite, com certeza seriam mais lentos e chegaríamos bem à
frente. Ainda encontramos mais um grupo de CNM, guiados pela Ana, que iriam
para a Travessia da Neblina. Bom, era hora de começar a andar.
Entramos na trilha do Sino por volta das 7h 50 min. Foi uma
subida tranquila. Passamos por alguns grupos que haviam subido primeiro e
também encontramos com outros que já estavam descendo do Sino. Fomos num bom
bate papo e logo passamos pela Cachoeira do Véu da Noiva. Continuamos a subida,
já chegando aos pontos onde era possível ver a cidade de Teresópolis ao fundo.
O dia estava firme, prenúncio de uma excelente caminhada. Paramos na entrada da
trilha do Paredão Paraguaio, onde fizemos um rápido descanso. Dali seguimos
subindo e as 10 horas entramos novamente na Trilha da Pedra do Sino. Até ali,
nenhuma novidade. Já havia percorrido esse caminho inúmera vezes. No ritmo que
estávamos, nem tinha muito tempo de aproveitar o caminho. Nosso objetivo era
chegar logo ao Abrigo 4. A partir dali sim, poderíamos curtir o caminho.
Passamos pela entrada da Trilha do Papudo e mais a frente, depois de nos
afastarmos um pouco dessa vertente, conseguíamos ver o cume do Papudo ao fundo.
Cruzamos um trecho bastante molhado e com 40 minutos de caminhada havíamos
chegado ao Abrigo 4, eram 10 h 40 min da manhã. Fizemos o trecho em 2h e 50
minutos, um excelente ritmo. Só tinha uma barraca montada. Aproveitamos para
fazer uma parada mais longa. Fiz um lanche reforçado e deixei uma garrafa de
isotônico guardada num buraco próximo ao abrigo para a volta, não queria levar
peso extra.
Abasteci minha garrafa de água e fomos em direção ao cume da
Pedra do Sino. Nem percebi a discreta saída e quase perdi a entrada da subida.
Rapidamente estávamos aos pés do totem de cimento, que fora reconstruído após
ser atingido por um raio alguns anos atrás. Aproveitei para fazer algumas
imagens com o drone, o que nos fez ter que fazer mais uma parada rápida. Já
podíamos ver o Garrafão ao fundo. Fomos descendo em sua direção e o caminho não
muito bem definido. Andar em laje de pedra é muito complicado, mas o dia estava
bem aberto e foi mais fácil ver os totens e algumas fitas amarradas nos arbustos.
E assim, seguimos serpenteando. Passamos por alguns trechos mais fechados,
porém, no geral foi tranquilo essa primeira parte. De longe não dá para
perceber, mas assim que fomos nos aproximando do Garrafão, tivemos que
atravessar um vale. Do outro lado desse vale, podia ver um grande totem.
Deveríamos seguir em sua direção, mas alguns totens e fitas nos distanciavam,
forçando-nos a contornar esse vale bem mais para a esquerda. Descemos um longo
trecho e passamos por um trecho bem fechado e confuso. A sorte é que era curto.
Assim que voltamos a subir, já próximos do totem que havia visto lá de cima, é
que pude perceber o motivo de termos que nos distanciar tanto: um trecho bem
íngreme e intransponível. Descer em linha reta era impossível. Continuamos a caminhada
por esse labirinto, sempre guiados pelos totens.
Estávamos cada vez mais próximos do Garrafão. A vista
impressionava. Daquele ponto, parecia ser impossível alcançar o cume. Nosso
objetivo agora era chegar a um buraco, onde desceríamos até chegar ao cabo de
aço. Fomos procurando, sempre seguindo pelo caminho mais óbvio até que
conseguimos achá-lo. E olha que não muito óbvio assim. Fica meio escondido,
numa passagem entre a vegetação. Dali, descemos e entramos numa gruta. Fixamos
uma corda e fomos descendo um a um, usando a técnica de chaminé. Rapidamente
descemos e começamos a montar o rapel para iniciarmos nossa descida para o colo
entre essa vertente do Sino e o Garrafão. Optamos por montar o rapel num grampo
mais abaixo, dali conseguimos dobrar a corda e deixá-la meiada, dando exatos
trinta metros. Se fossemos usar as chapeletas de cima, talvez precisássemos de
uma corda de 70 metros, mas mesmo assim, não posso afirmar que chegaria. Fomos
descendo um a um. O trecho estava bem molhado e a rocha é bem lisa. O cabo de
aço está em boas condições. O rapel foi bem tranquilo, o maior problema seria
para subir. Optamos por deixar duas cordas, assim poderíamos dar segurança de
baixo para que pudéssemos subir pelo cabo mais rapidamente.
Fui um pouco mais para cima, para poder ver de longe a
descida. Era um trecho bem bonito. Comentamos sobre a audácia da conquista,
pois ali era o caminho mais óbvio para essa descida, sem contar que achar
aquele buraco não deve ter sido uma tarefa fácil. Era uma galera a frente do
seu tempo. Uma conquista de 1934, que hoje em dia, mesmo com todo equipamento
que temos disponível, ainda é um marco para os montanhistas. Assim que todos
passaram, iniciamos a subida e o ataque final ao cume. Faltava pouco. Seguimos
em direção a uma canaleta bem íngreme. Subimos um trepa pedra e na base desse
trecho, uma corda meio velha amarada num arbusto serviria para nosso apoio. Ali
era um trecho que merecia uma segurança melhor, mas começamos a subir usando a
corda só como um apoio moral. Tem algumas agarras boas na lateral direita na
qual davam um bom suporte. Fui subindo, sempre procurando os trechos mais
sólidos, até que passei pelo arbusto onde a corda estava amarrada. Dali pra
cima, fui caminhando e procurando o acesso ao cume. Vi uma laca apoiada e não
tive dúvida de era por ali, era o único caminho possível. Segui subindo e o
trecho foi tranquilo, apesar da exposição. Mais alguns metros e estava no cume.
A vista dali era algo impressionante. Como o dia estava
aberto e firme, conseguíamos ver boa parte da Baía de Guanabara. Por todos os
lados as montanhas despontavam de forma magnífica. De um lado era possível ver
o São Pedro, Agulha do Diabo, São João, Santo Antônio, Três Marias, Dedo de
Deus, Dedo de Nossa Senhora, Escalavrado, entre muitas outras. Para o outro
lado, conseguíamos ver boa parte do caminho da Travessia Petrópolis x
Teresópolis. Geralmente estamos lá e a vista que temos para o Garrafão, chama a
atenção e vira referência. Há uns meses atrás, tive o prazer de ver o Garrafão por
esse ângulo e lembro que na época, a vontade de estar nesse cume fantástico foi
grande. Pensei: “Vou subir nessa temporada.” E hoje estava ali vendo e
relembrando o caminho que havia feito há uns dois meses atrás. Aproveitei para
filmar com o drone e fazer algumas fotos. Assinei o livro de cume e descansei
um pouco, o suficiente para o retorno. Dentro da nossa programação, ficaríamos
no cume por 30 minutos. E assim que bateu o tempo, iniciamos nosso retorno.
Iniciei a descida e cheguei naquele ponto do arbusto onde a
corda está amarrada. Desci com bastante cuidado e logo estava na base,
auxiliando a descida dos demais. Lentamente, passamos o trecho e seguimos
descendo até a base do cabo de aço. Encordoei-me numa ponta de corda e subi
utilizando os cabos, sob segurança do meu irmão. Estava bem molhado e o que eu
pressenti na descida, se confirmou na subida. Como estava molhado, alguns
trechos escorregavam bastante. Tinha que tentar me manter perpendicularmente a
rocha, mas isso demandava um esforço maior nos braços. Até que subi bem rápido,
pois quanto mais parado ficasse, mais esforço faria. Ao longo da subida,
percebi que a corda da segurança estava com um arrasto grande e só fui ver o
motivo quando cheguei à parada. As cordas haviam sido passadas em mosquetões
que estavam paralelos e um acabava fazendo uma força sobre o outro, gerando um
atrito extra e, além disso, a fita na qual esses mosquetões estavam presos ao
grampo era curta. Assim que o Luis subiu, pedi para aguardarem e precisei de
uns 5 minutos para reorganizar o nosso sistema e otimizar a subida. Com tudo
certo, joguei a outra ponta de corda para baixo e aos poucos todos foram
subindo. Faltando três subirem, chegou um grupo de Nova Friburgo. Eles
aguardaram um pouco até que todos subiram. Dali, seguimos para a gruta, onde
tínhamos que voltar por uma corda fixa que havíamos deixado. Fizemos o lance de
chaminé e nos reunimos na laje ao lado do buraco. Ali, tiramos o equipamento e
organizamos todo o material que não seria mais usado. Aproveitei para comer
algo rápido, era 15 h 30 min. O astral do grupo era excelente, faz a diferença
a boa companhia. Dali, pudemos acompanhar a entrada de nuvens pesadas. Parecia
que a virada do tempo prevista para a noite havia se antecipado. Estava
convicto de que choveria em pouco tempo. Com isso, iniciamos rapidamente nosso
retorno, ainda passaríamos por alguns trechos de difícil orientação. Em pouco
tempo o Garrafão foi tomado por nuvens que se movimentavam numa velocidade
absurda.
E seguimos caminhando. Senti alguns pingos, mas não quis
colocar o anorak, na esperança de que não aumentasse. Cruzamos o capinzal e
começamos a subir. Nos trechos mais íngremes estava escorregadio, mas ainda
conseguíamos progredir com segurança. Se aumentasse a chuva, acho que ficaria
mais complicado. Da mesma forma que as nuvens chegaram, elas se dissiparam e em
pouco tempo, mais nenhum sinal de chuva e seguindo os totens, atingimos
novamente o cume da Pedra do Sino. Eram 16h 18 min, havíamos completado cerca
de 75% da nossa atividade. Apesar desse trecho final ser longo, a divisão leva
em conta, também o grau de dificuldade. Agora era só descer. Ficamos pouco
tempo no cume e seguimos direto para o Abrigo 4. Alguns decidiram descer
direto. Eu aproveitei para lanchar e descansar um pouco mais para a descida.
Num ritmo constante e automático, segui descendo, dando apenas duas paradas
rápidas na bifurcação para entrada da trilha do Paredão Paraguaio e no Véu da
Noiva. Assim que a noite caiu, peguei a lanterna e ela não funcionou. Ainda bem
que o Ziki me emprestou uma reserva. Cheguei à barragem por volta das 19h 45min
e dali, fui direto ao carro. Aos poucos todos foram chegando e aproveitei para
pegar o carro e voltar até a Barragem para dar uma carona aos que chegaram por
último. Pegamos os carros e seguimos, parando no primeiro Posto, para fazermos
um lanche e seguir viagem. Missão cumprida!
Participantes: Leandro do Carmo, Marcos Lima Velhinho e Sandro Monteiro
Relato
A Aurora Boreal é uma via nova no Costão de Itacoatiara,
fica ao lado direito da Luiz Arnaud. Na verdade, ela era a via solo Soluços e
Tremedeiras, que agora foi protegida. Resolvi entrar na via e aproveitei que o
Velhinho estava indo com o Sandro e perguntei se poderia ir também. Havia
marcado uma remada cedo com um amigo em Itaipu, mas acabou furando. Ainda bem
que a escalada estava confirmada, senão teria que voltar para casa na
saudade...
Depois de ficar esperando um pouco em Itaipu, pois havia
chegado as 5h 30 min, passei na casa do Velhinho e de lá, seguimos para
Itacoatiara. Deixamos o termo de risco na portaria e seguimos para a praia,
onde iniciamos a subida. Para muitos, a parte mais difícil das escaladas na
região. Como já estou acostumado, não tenho mais problemas. Já na base da via,
nos arrumamos e repassei as cordas.
Comecei guiando essa primeira enfiada. Optei por subir
puxando as duas cordas, um erro. Os trechos da primeira enfiada foram
tranquilos. Ouvi alguns relatos de que havia muita coisa quebrando, mas nem
achei tão ruim assim. A via segue com paradas duplas de 30 em 30 metros, mas
optei por seguir direto para a próxima dupla, segundo erro. O arrasto estava
grande e tive que dar uma esticada a mais na corda para poder chegar à parada.
A enfiada foi bem bacana, com lances mais verticais e um grau constante.
O Velhinho e o Sandro vieram em seguida. Na parada, mudamos
a cordada e seguimos em “i”, assim levaria apenas uma corda. Comecei subindo. A
via seguia com lances bem variados e constantes, diferentemente da Luiz Arnaud
que segue bem fácil na maioria dos lances. Mas segui subindo, parando mais
acima. O Velhinho tocou a última enfiada, seguindo até uma parada antes do cume.
Subi em seguida e fui direto ao cume, onde puxei os dois.
O mês passou rápido e já estávamos na semana de mais uma
regata. Para mim sempre tem alguma coisa nova e dessa vez não seria diferente.
A novidade era que nessa regata teria a participação de várias classes, cada
uma largando num horário. Como sempre, chegamos cedo ao PREVELA para arrumar os
barcos. Na semana anterior, já havia separado todo o material, ficando mais
fácil dessa vez. O dia estava meio nublado fazia um pouco de frio. A previsão
era um vento mais forte para o horário da Regata. Ajustamos tudo tivemos que
fazer alguns ajustes na distribuição das tripulações dos barcos. Com isso, o
João acabou indo com o Pepe e a Alice e o Lucas foram comigo. Programamos nossa
saída para as 11 horas e muito antes disso já estava com tudo pronto.
Aproveitei para fazer um lanche junto com as crianças.
Foi dando a hora e começamos a colocar os barcos na água. O
ventou entrou e conseguimos ir velejando até ao Praia Clube. Foi um velejo
gostoso. Alice foi timoneando até bem próximo. Como não iríamos atracar no
Praia Clube, ficamos dando uns bordos. Foi um espetáculo ver os grandes
veleiros em volta. Uma atmosfera diferente. Fiquei um pouco afastado, mas aos
poucos fui tomando coragem e me aproximei mais. Aos poucos, as largadas das
diferentes classes foram iniciadas. A classe dingue seria a última. O percurso
divulgado para essa regata foi o barla-sota, que consite de duas boias
alinhadas na direção do vento, além de uma boia de largada. A largada ocorre em
uma linha imaginária situada entre a boia de largada e o barco da comissão de
regatas. Cada trecho a ser percorrido entre duas boias é chamado de perna. O
barla-sota possui apenas pernas de contra-vento e de empopado. Eu não entendi
muito bem, então a minha estratégia foi acompanhar os barcos da frente, simples
assim.
Continuei dando uns bordos já perto da linha de largada e
assim que tocou o sinal, a bandeira foi levantada, dando o sinal de 1 minuto.
Foi hora de me preparar. Largamos um pouco atrás e na empopada seguimos. O
vento estava bom e seguimos em direção à primeira boia. Fui pedindo ao Lucas e
a Alice para irem ajudando nas tarefas e na organização do barco. As vezes
sentavam atrás, as vezes um pouco mais a frente, tudo isso para equilibrar o
peso do barco. A primeira boia foi montada e seguimos em direção a próxima.
Seguimos velejando com um vento um pouco mais forte até montar novamente a boia
perto do barco da Comissão de Regata. Dali, voltamos na empopada. Seguimos bem,
até que chegamos a boia e o barco do Pepe ficou atravessado, tive que desviar
um pouco para fora. Fazendo o contorno da boia, um outro barco me atrapalhou e
tive que manobrar para não ser atingido. Isso me fez perder 3 posições na
manobra. O vento havia aumentado e já estava numa direção um pouco diferente.
Cacei bem a retranca e a Alice e o Lucas começaram a ajudar a escorar o barco.
Foi muito bacana a agilidade dos dois.
Num determinado momento, o moitão da escota soltou, pois, a
argola que prendia o pino havia esgarçado. Fui perdendo velocidade e não tinha
muito o que fazer. O Lucas e Alice procuraram a peça no fundo do
barco e não acharam. Enrolei o cabo da escota nos pés e pedi para a Alice ir
timoneando. Finalmente consegui achar a peça e recoloquei o moitão no lugar.
Perdemos mais duas posições. Voltamos a velejar com uma velocidade considerável
e logo cruzamos a linha de chegada. As crianças adoraram a aventura. Dali,
seguimos direto para o PREVELA. Mas não foi fácil voltar. Fomos num contravento
até conseguir chegar à praia. Missão cumprida!