terça-feira, 4 de julho de 2023

Travessia Lapinha x Tabuleiro

Por Leandro do Carmo

Dia: 24 a 26/03/2023
Local: Lapinha da Serra – Santana do Riacho / Tabuleiro – Conceição do Mato Dentro- MG
Participantes: Leandro do Carmo, Leandro Conrado e Ricardo Bemvindo



Dicas

Vale muito a pena chegar antes em Lapinha da Serra e aproveitar o vilarejo. Tem muita cachoeira e trilhas pela localidade. Dá para alugar caiaque e remar na represa. Não deixar de conhecer as pinturas rupestres.

Não consegui conhecer a vila do Tabuleiro, mas tem muita coisa por lá também, cogite a possibilidade de ficar por lá.

Existem diversas maneiras de fazer a travessia Lapinha x Tabuleiro. Nós optamos por fazer em 3 dias, com dois pernoites na casa do Sr. Zé da Olinta. A logísitica foi a seguinte:

Dia 1: Lapinha da Serra x Zé da Olinta 

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Dia 2: Zé da Olinta x Parte alta da Cachoeira do Tabuleiro x Zé da Olinta

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Dia 3: Zé da Olinta x Portaria x Parte baixa da Cachoeira do Tabuleiro x Portaria

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Percurso completo:


Como fizemos para chegar saindo do Rio de Janeiro

Voo Santos Dumont x CONFINS
CONFINS X Lapinha da Serra – UBER (Acho que demos sorte, pois o primeiro aceitou a corrida e logo em seguida entrou em contato, falando que o valor teria que ser 400,00 Reias, como não aceitamos, ele cancelou). Do aeroporto, vc pode ir para Lagoa Santa (cidade ao lado do aeroporto) e depois pegar o ônibus para Santana do Riacho e de lá, seguir para Lapinha da Serra. De Santana do Riacho, dá para ir a pé. São cerca de 11 km de caminhada. Se tiver ido de ônibus para BH, pode pegar o ônibus direto para Santana do Riacho.

Como fizemos para voltar

Portaria do PNM do Tabuleiro x Conceição do Mato Dentro – Carro do Rafael (Guia local)
De Conceição do Mato Dentro, pode pegar ônibus direto para Lagoa Santa e depois, um UBER para o aeroporto. Pode ir direto para BH, se tiver indo de ônibus. Eu ainda parei na Serra do Cipó.

Contatos

Empresas de ônibus que operam o trajeto: SARITUR e SERRO
Zé da Olinta: 31 99652-9156
Transfer em Tabuleiro: Rafael – 31 7110-3989

Relato

Depois que fizemos o Pico da Lapinha no dia anterior, nos preparamos para começar a travessia. Foi muito bom ter feito essa caminhada de reconhecimento, assim, fomos nos aclimatando com o relevo e clima local. Nossa programação foi acordar cedo e sair cedo para podermos caminhar a maior parte do percurso sob o sol fraco. Minha estimativa era caminhar cerca de 18km no dia. Fizemos compra das provisões e preparamos tudo para a travessia.

Dia 1 – 24/03/2023: Lapinha da Serra x Casa do Zé da Olinta

Acordamos conforme programado. Eram 5 horas quando saí da cama. Foi uma noite bem tranquila, sem vento. O céu estava limpo, nem sinal das nuvens do dia a anterior, sinal de que não teríamos trégua do sol. Sair cedo foi a decisão mais acertada. Eu já havia deixado a mochila quase pronta. Fiz os últimos ajustes e preparei o lanche. Tomamos um café e partimos para iniciar a travessia. Eram 6 horas e 30 minutos, quando saímos da casa e nos dirigimos à praça onde fica a antiga Capela de São Sebastião. Lá fizemos uma foto e comecei a marcar o percurso com GPS. Caminhamos em direção à rua Serra do Breu e entramos na primeira à esquerda, indo em direção ao rio. Cruzamos uma pequena ponte e uma área que provavelmente fica alagada nos períodos de chuva. Dali, pegamos para a direita, num caminho bem aberto, até uma porteira que indica a direção de Tabuleiro.

Seguimos paralelos ao lago, até que entramos num caminho à esquerda. Quando chegamos a uma porteira, ficamos na dúvida, mas logo encontramos o caminho correto, que nos levou até um trecho que bem erodido, na qual podíamos ver bem de longe. É um trecho peculiar, facilmente percebido pela cor branca do solo. Já estávamos ganhando altura e era possível ver o Pico da Lapinha ao fundo, bem como o vilarejo. Já foi deixando saudades. Ao longo da subida, percebi o resquício de um caminho antigo. Havia cimento em alguns trechos, mas estava bem erodido. Achei metade de uma ferradura, até brinquei pois se achar uma ferradura era sinal de sorte, o que seria achar metade de uma? Meia sorte ou meio azar?

Estávamos num bom ritmo e por volta das 7 horas e 50 minutos chegamos a uma capelinha de pedra. Tinham várias homenagens e não deixamos de fazer algumas fotos. Passar ali foi como estar dando entrada em outro mundo. Um mundo de paz, cercado por um silêncio e uma natureza exuberante. Ao lado da capelinha tinha um caminho que subia, mas o tracklog que eu estava seguindo, mostrava outra direção. Segui caminhando, passando por trechos bem bonitos e 20 minutos depois estava cruzando a serra. Assim que cheguei na linha de cumeada, fiquei impressionado. Estava transpondo a linha para outro universo. Era um chapadão que perdia de vista. Do alto, podíamos ver um caminho em meio a vegetação rupestre. Pude perceber que o caminho que havia visto subindo ao lado da capelinha se encontrava maia baixo com o que eu estava.

Descemos um trecho misto de lajeado, pedras soltas e vegetação numa inclinação bem suave, até entrar num charco que pela falta de chuva, estava seco. Continuamos a caminhada e eram 8 horas e 30 minutos quando cruzamos um rio, mas a frente passamos por um cruzeiro.  Passamos por uma casa vazia mais abaixo e logo a frente, cruzamos mais um rio de águas cristalinas. Por volta das 10 horas, chegamos ao ponto conhecido como prainha. A prainha é o ponto onde o Rio Parauninha faz uma curva acentuada e as suas margens são de areia e pedras. Ali, aproveitamos para fazer nossa primeira parada longa. Já havíamos percorrido cerca de 9 km e seria a metade do caminho. Combinamos que ficaríamos ali por 30 minutos.

Depois de um lanche reforçado e bom descanso, voltamos a caminhar. Tive que tirar a bota para atravessar o rio. Já estávamos próximos ao ponto de apoio da Dona Benta. Seguimos por pasto, com vegetação rasteira. O sol começou implacável. Seguimos andando e deu para ver uma casa mais à esquerda, acreditava que seria a Ana Benta, mas quando olhei para o gps, ele mostrava para seguir mais para a direita. Só depois que fui entender que a Ana Benta era outro local. Do alto conseguimos ver a casa. Tivemos que descer um trecho e depois subir um trecho de estrada bem íngreme. A partir desse ponto, toda subida começou a ser sofrida. O sol forte esgota facilmente. Era hora de manter-se hidratado.

Mais acima, uma placa indicava o caminho numa passagem entre dois morros. Saímos da estrada que pouco tempo depois iríamos encontrar novamente. Descemos um trecho e num ponto de água, tivemos que parar, pois a subida a seguir seria dura. Ficamos ali durante alguns minutos até recarregar as baterias. Iniciamos a subida e vi ao longe uma pessoa à cavalo, com várias mochilas e isolantes. Ele passou pela gente e disse que estava seguindo para o Ponto de Apoio do Chico Niquinho. No alto, cruzamos novamente a estrada e seguimos por ela até avistar o ponto de apoio do IEEF e uma placa indicando a casa do Chico Lage, mais um ponto de apoio durante a travessia. Ali no alto e na sombra, fizemos uma parada rápida. Já era 11 horas e 35 minutos.

Devido as várias subidas que estávamos pegando, as paradas foram ficando mais constantes. O sol também ajudava no desgaste. Continuamos a estrada, agora num trecho de com árvores de porte maior, virando uma floresta. Alí, intercalávamos trechos de sol e sombra. Seguimos em direção a um descampado, provavelmente foi dali que tiraram o barro para a reforma da estrada, visto que haviam várias marcas de máquinas. Mais frente, fizemos uma outra parada numa sombra providencial. Dali, continuamos a caminhada e pegamos um trecho da estrada com uma descida bem íngreme. Estava escorrendo bastante. Com cuidado, cheguei perto de uma casa, provavelmente a do Chico Lages. Esperei o Ricardo chegar e passamos em frente. Perguntei se era por ali que continuava a travessia. Com o sinal de afirmativo, segui andando.

Passado a casa do Chico Lages, pegamos uma saída discreta e mal sinalizada, passando por um trecho curioso. Existiam várias pedras que afloravam do solo. Todas tinham a mesma inclinação e apontavam na mesma direção. Algo muito forte deve ter acontecido na região há milhares de anos. As 13 horas, passamos por mais um riacho. Era pequeno, mas esse riacho era o Ribeirão do Campo e formaria a Cachoeira do Tabuleiro, local que conheceríamos no dia seguinte. O Ricardo pediu para dar uma parada para dar uma refrescada. Era mesmo a hora de uma pausa. Pela minha marcação, faltava pouco para chegar à casa do Zé da Olinta.

Depois de mais um descanso, pegamos uma subida e caminhamos um pouco e logo começamos a descer. Avistei uma casa, que com certeza era a do nosso destino. Cruzei uma porteira, passando por algumas vacas e logo estava sentado em uns bancos, tomando um isotônico para hidratar. Havíamos completado o primeiro e mais importante dia da travessia. Tomei um banho e ficamos batendo um papo até a hora da janta. A vida é mais simples do que a gente imagina...

Dia 2 : Casa do Zé da Olinta x Parte da Alta da Cachoeira do Tabuleiro x Casa do Zé da Olinta

Ainda estava escuro quando o galo cantou. Fui dormir cedo e não tive problemas para levantar, ainda mais com uma boa noite de sono. Tomamos um delicioso café preparado pela Eva, filha do Zé da Olinta. Era um queijo feito lá mesmo, bolo de banana e pão de forma. Perguntei se o leite era de lá. A Eva me responder que não, pois as pessoas não gostavam muito por conta de ter um sabor mais forte e me perguntou se eu queria. Aceitei na hora. Depois de tudo pronto, preparei um lanche para a trilha e arrumei a mochila de ataque que havia levado. A caminhada de hoje era um bate-volta até a parte alta da Cachoeira do Tabuleiro. Esse foi o motivo de termos optado por pernoitar na casa do Zé da Olinta: teríamos um dia cheio para aproveitar, sem pressa de ter que andar.

Saímos para a caminhada seguindo o caminho indicado pelo Zé. Logo, estávamos num pequeno vale entre dois morros. Era um trecho com mais vegetação. Fomos andando e logo passamos pelo caminho que vem da portaria. Nesse ponto, já estávamos bem expostos ao sol, mas como ainda era cedo, não percebi o que me aguardava. Subimos, contornando um morro para a esquerda e quando achava que estava chegando, dava para ver que ainda faltava muito. A paisagem continuava a mesma, com vegetação rasteira, misturada ao amontoado de pedras. O caminho tinha que ser percorrido com bastante cuidado, pois o piso tinha muita pedra solta. Depois de uma leve subida, começamos uma descida forte. Já podíamos ver o cânion bem ao fundo.

Com relação à orientação, o caminho foi relativamente tranquilo, principalmente nessa parte final. Chegamos por volta das 9 horas as margens do o Ribeirão do Campo, numa entrada para o cânion. O dia estava lindo. Um céu azul sem nuvens. A água estava numa ótima temperatura. Depois de descansar um pouco, seguimos descendo o cânion para chegar bem no alto da Cachoeira do Tabuleiro. O local era fantástico. Fiquei impressionado com as paredes verticais. Várias quedas d´água ao longo do caminho davam um toque especial. Seguimos pela margem oposta, acompanhando algumas setas vermelhas pintadas. Cruzamos as margens em alguns momentos, passando por alguns poços incríveis, um chamado especial para o mergulho. Mas optamos por deixar o banho para a parte final. Depois de uma curva conseguíamos ver o final do cânion. Cruzamos novamente para a margem da direita e acessamos com cuidado o topo da cachoeira. Um local fantástico.

Ali fiz um lanche e ficamos contemplando a fantástica paisagem. Voltamos devagar, já procurando os melhores pontos para um banho. Uma linda águia pousou em uma das árvores próximas. O sol estava forte, mas conseguia me refrescar na agradável água. Eu acostumado com as águas geladas das cachoeiras daqui. Mais acima, quando já estávamos próximos ao ponto de onde chegamos, começou a chegar mais gente. Aproveitamos para ir até um mirante. Dali, tínhamos uma visão lá da portaria do parque. Após conseguir fazer algumas imagens com o drone, voltamos para o rio. Mais pessoas haviam chegado e podíamos ver outras se aproximando, tanto pelo caminho que fizemos, quanto pela descida do lado oposto. Por isso que gosto de sair cedo. Havíamos chegado sem ninguém. Muito melhor do que ter pego aquela quantidade de gente lá no topo de cachoeira.

Ainda tomamos mais um banho para refrescar e dar um gás extra para a volta. Pegamos o caminho de volta e logo começamos a subir. Passamos por vários grupos ainda chegando, essa é uma outra vantagem de chegar cedo. O sol rachando não dava trégua. Sem sombra para ajudar, o jeito foi para no sol mesmo. Procurei uma pedra mais confortável para sentar. Após a subida, vieram os trechos mais tranquilos. As poucas sombras que apareceram pelo caminho, davam um alívio no calor. Mais alguns minutos e já podíamos ver a casa do Zé da Olinta.

Já na varanda da casa. Tomei um isotônico gelado e descansei. A churrasqueira estava sendo preparada para o almoço. Fiz mais um lanche rápido e tomei logo um banho. Hoje teria lotação máxima na casa. Ficar esperando para usar o banheiro não seria uma boa ideia. Aos poucos outros grupos foram chegando e a casa ficou cheia. Ficamos conversando e foi um bom bate papo. Por volta das 19 horas, jantamos e deixamos tudo pronto para o dia seguinte, o derradeiro.

Dia 3: Casa do Zé da Olinta x Portaria x Parte baixa da Cachoeira do Tabuleiro x Portaria

Mais uma noite bem dormida. Com a casa cheia, achei que fosse ser ruim, mas o cansaço fez com que todos dormissem cedo, principalmente aqueles que chegaram mais tarde da travessia. O nascer do sol foi demais. O primeiro que peguei nesses dias. Tomamos café da manhã assim que ele ficou pronto e como já havia deixado tudo organizado, foi só guardar as coisas na mochila. Me despedi da Eva e deixei um abraço ao Zé da Olinta, já com um ar de nostalgia.

Coloquei a mochila nas costas e segui andando. Cruzei a porteira e fui andando, deixando pra trás a casa e um grande exemplo de que, definitivamente, as coisas boas da vida, estão nos exemplos mais simples...

Passamos pela área de camping, cruzamos o córrego e pegamos o caminho da esquerda, indo em direção à portaria. Tínhamos cerca de 5 km pela frente. Fomos o primeiro a sair e caminhamos tranquilos. A vista continuava linda e já podíamos ver algumas casas da Vila do Tabuleiro ao fundo. Passamos um trecho fantástico, num corredor como se fosse um cânion. Dali, continuamos descendo até começar a avistar a cachoeira do Tabuleiro ao fundo. Paramos num mirante bem de frente e aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. Quando nos preparávamos para continuar a caminhada, encontramos o grupo que conhecemos no dia anterior, na estavam na casa do Chico Lages. Fizemos algumas fotos e fomos até a portaria.

Da portaria do parque, pagamos o ingresso para visitar a parte baixa da Cachoeira do Tabuleiro. Pegamos o colete, item obrigatório para quem vai mergulhar no poço, ouvimos as orientações e seguimos andando. A ida foi tranquila, descemos os 700 degraus das inúmeras escadas, além de seguir pulando de pedra em pedra o leito do rio até a base da cachoeira. Como ainda não batia sol, não foi fácil mergulhar. Aproveitei para nadar um pouco na água gelada. Fiquei pouco tempo e voltei para tentar me aquecer na pontinha de sol que batia bem ao lado. Como o Leandro Conrado tinha hora para voltar, pois seu voo para o Rio era a noite, seguimos andando. Cruzar as pedras do rio foi tranquilo. Duro foi ter que subir os 700 degraus, debaixo de um sol forte, que resolveu aparecer. Nos distanciamos. Cada um foi no seu ritmo.

Já na portaria, aguardamos a chegado do carro que nos levaria até Conceição do Mato Dentro. De lá pegamos a estrada. Em Conceição do Mato Dentro, aguardamos o ônibus e aproveitamos para procurar um lugar para ficar. O Leandro iria direto para Lagoa Santa. Eu e o Ricardo, conseguimos um local para ficar no distrito de Serra do Cipó. O ônibus saiu as 13:30, mas essa vai ficar para outra postagem....


Fotos do dia 1







                                               

Fotos do dia 2






                                                   

Fotos do dia 3










quinta-feira, 15 de junho de 2023

Pico da Lapinha - Lapinha da Serra

Por Leandro do Carmo 

Dia: 23/03/2023
Local: Lapinha da Serra – Santana do Riacho - MG
Participantes: Leandro do Carmo, Leandro Conrado e Ricardo Bemvindo

Trilha do Pico da Lapinha


Ventou bastante a noite e só ouvia o barulho das árvores balançando. Ainda na cama, com tudo escuro, curti um pouco da preguiça. Ouvi um barulho na cozinha, sinal de que alguém já havia acordado. Antes da viagem, quando olhei a previsão do tempo, vi que havia um percentual maior de nebulosidade para a quinta feita. Mas não acreditava que fosse chover. Levantei ainda meio sonolento e fui logo conferir as condições do tempo ao lado de fora da casa. A casa onde ficamos hospedados tinha uma vista privilegiada para o Pico da Lapinha, que estava parcialmente encoberto. Ainda ventava bem, mas dava para perceber que eram nuvens baixas. Preparei um café e fiz alguns sanduíches para a caminhada. Estava tudo pronto.

Saímos de casa por volta das 7 horas e 15 minutos. Apesar do vento forte, estava uma manhã agradável. Seguimos em direção à Praça central do vilarejo e pegamos o caminho onde tem uns restaurantes e seguimos para o início da trilha. Fui seguindo o GPS e também algumas dicas que pegamos com moradores locais. Já no início, tinha um portão com alguns cartazes, mas não tinha ninguém. Começamos a caminhada e logo passamos por uma construção com banheiro, tudo bem organizado. Fomos subindo por um caminho bem peculiar e alguns trechos bem erodidos, talvez pela própria característica das rochas e topografia.

A medida que fui subindo, já percebia o tamanho do lago da represa. Já no alto, cruzamos um sistema de captação de água e percebi uma grande área plana que fica escondida para que olha do vilarejo. Desse ponto em diante, começamos a caminhar paralelos a serra. Cruzamos um córrego, até entrar num lajeado. O Pico da Lapinha ao fundo hipnotizava. Algumas pequenas flores amarelas, rochas e vermelhas davam um toque especial ao caminho. O vento ali não estava forte, mas olhado para o alto, dava para ver o movimento das nuvens. Após cruzarmos o lajeado, seguimos por um trecho plano até começar a subir novamente, já bem próximo à base do Pico da Lapinha.

Ao longo do caminho vários totens indicavam a direção. Tudo muito bem cuidado. Foi uma subida mais forte, porém recompensada com uma vista sensacional. Aos poucos, conseguíamos ver mais longe, apesar das nuvens. Fomos ganhando altura e distância até que começamos a contornar o Pico da Lapinha, entrando por vale. Passamos por uma cerca, onde indicava a Fazenda da Serra do Breu. Continuamos andando até chegar a uma construção bem organizada, que fomos saber na descida que há possibilidade de alugar para ataques aos cumes próximos. Uma excelente opção.

Ali, demos uma parada para descanso. Já estava bem mais frio e tempo fechado. Lembrei que não havia levado anorak e torci para não chover. Depois de descansar um pouco, voltamos a caminhar. O tracklog que tinha indicava um caminho que havia sido fechado, talvez por passar por uma nascente. Contornamos o caminho, seguindo a sinalização. A vegetação rasteira ajudava a visualizar o caminho e as opões que tínhamos. Passamos por uma placa onde indicava o Pico do Breu, esse ficaria para uma outra oportunidade. Dali, ficava bem visível um caminho para a direita, na qual pude acompanhar durante boa parte da subida após a casa na qual passamos. Apesar do tracklog apontar para o outro lado, segui por esse, sendo o mais óbvio. Começou a chuviscar. Nesse momento, me arrependi de não ter levado o anorak, mas por sorte parou logo em seguida.

O trecho foi bem bonito e valeu a pena. Depois de uma forte, porém, curta subida, atingimos o cume. A vista impressionava, mesmo o tempo não estando tão aberto. Estávamos aos pés do cruzeiro. O vento soprava forte e fui um pouco mais para baixo, num ponto abrigado do vento. Estava bem confortável e já não sentia mais frio. Ficamos ali durante um bom tempo, até que resolvemos pegar o caminho de volta. Optei por voltar pelo caminho que tinha no tracklog e depois de alguns minutos, entendi o motivo pela qual ele foi alterado. Tivemos que descer um trecho bem íngreme e exposto. Até o cachorro que estava nos acompanhado reclamou! Continuamos contornando o Pico da Lapinha e chegamos à bifurcação para o Pico do Breu.

Seguimos descendo, agora fazendo o mesmo caminho que pegamos na subida. Fizemos uma parada no alto da Cachoeira do Rapel e já de volta à entrada, tinham as duas pessoas responsáveis pelo local. Preenchemos uma ficha de identificação e pagamos a taxa de visitação, que pela organização, acredito que foi bem paga. Uma bela caminhada para se aclimatar para a travessia Lapinha x Tabuleiro, nosso objetivo para os três dias seguintes.

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha

Trilha do Pico da Lapinha




terça-feira, 13 de junho de 2023

Remando pela Represa de Lapinha da Serra

Por Leandro do Carmo

Local: Lapinha da Serra – Santana do Riacho MG
Dia: 22/03/2023
Participantes: Leandro do Carmo, Leandro Conrado e Ricardo Bemvindo

Represa de Lapinha da Serra


Há um tempo que estava querendo fazer a Travessia Lapinha x Tabuleiro. Minha programação inicial era fazer a Praia do Cassino de bicicleta, mas vi que precisaria de um pouco mais de preparação. Aí, aproveitei uns dias que tinha de folga e comecei a pesquisar sobre a travessia. Segundo meu planejamento, teria metade de um dia e um dia inteiro livre antes de começar. Então fomos procurar algo para fazer.

Chegamos cedo em Lapinha da Serra. Nosso voo chegou por volta das 8h 30 minutos no aeroporto de Confins. De lá, tivemos sorte de conseguir um UBER que nos levasse direto para Lapinha da Serra. O primeiro que aceitou a corrida, cancelou e queria cobrar o dobro por fora. Assim que chegamos no endereço fornecido, não achamos de primeira a casa onde ficaríamos hospedados por dois dias. Mas, fomos seguindo as orientações recebidas por mensagem, conseguimos achar. O distrito de Lapinha da Serra é bem pequeno, não tem rua asfaltada.  Um local bem aconchegante. Deixamos tudo na casa e como ainda era cedo, fomos dar uma volta.

Como meu irmão havia ido lá há umas semanas atrás, ele nos disse que tinha a opção de alugar uns caiaques para remar na represa que banha o distrito. O seu nome original é Represa da Usina Coronel Américo Teixeira, mais conhecida como Represa da Lapinha. Sua construção se iniciou na década de 1950 pela Companhia Industrial de Belo Horizonte. Hoje a represa é referência da Lapinha e o atrativo mais visitado pelos turistas. Possui duas grandes lagoas que são separadas por duas montanhas e unidas por um canal de água que passa entre elas.

A cidades estava vazia. Pegamos algumas informações e fomos tentar achar um local na qual conseguíssemos alugar. Andamos bem e fomos para no local chamado de Prainha. Assim que chegamos, vimos duas meninas sentadas e perguntamos sobre o aluguel do caiaque. Ela pediu para aguardar e foi lá falar com o responsável. Ela voltou com uma notícia desanimadora, falando que não estavam alugando. Difícil de acreditar que alguém não queria ganhar um dinheiro fácil como aquele! Era só receber a grana... O caiaque já estava ali! Com a negativa, caminhamos um pouco mais para frente e sentamos para descansar um pouco. Depois de um tempo, chegou o responsável, talvez depois de pensar bem, e perguntou se ainda queríamos remar. Negociamos um valor e fomos para a água.

O dia estava bem agradável. Ótimo para remar. Seguimos em direção ao canal que separa as duas lagoas. O vento estava a favor, mas na volta estaria contra. Algumas pessoas pescavam de tarrafa na margem. Seguimos conversando até avistar bem ao fundo o ponto onde parecia ser a represa. Mas estávamos já no final da tarde e optamos por não ir até lá. Durante a remada percebi que o vento mudava a todo momento de direção. Meu receio era pegar um vento contra na hora da volta. Mais à frente, vimos uma enseada e sugeri fôssemos até lá. De longe, achei que ali fosse o ponto onde poderíamos conhecer as pinturas rupestres. Quando cheguei perto, vi que estava certo. Existem duas placas que informam ser propriedade particular. Deixei o caiaque ali e segui andado. Vi que tinha um caminho bem batido fui andando até que cheguei numa cerca com um portão que estava fechado com um cadeado. De longe consegui ver algumas pinturas. Bati algumas fotos e retornei. Na volta, vi o Ricardo e o Leandro de longe. Chamei-os e indiquei o caminho correto. Dali, voltei até o caiaque e aproveitei para dar mais uma remada no entorno.

A remada de volta foi bem tranquila. No ponto do canal, fui procurando a sombra pois ainda estava quente, apesar de já estar no final do dia. Voltando, víamos o Pico da Lapinha bem de frente, fechando com chave de ouro o dia. De volta à prainha, deixamos o caiaque e seguimos andando até em casa. Uma recepção fantástica. No  dia seguinte, subiríamos o Pico da Lapinha.


Pinturas Rupestres - Lapinha da Serra


 

terça-feira, 6 de junho de 2023

Velejo de Dingue e Laser de manhã e Windsurf à tarde

Por Leandro do Carmo

Um domingo cheio: Velejo de Dingue e Laser de manhã e Windsurf à tarde

Dia: 05/03/2023
Local: Niterói
Participantes: Leandro do Carmo



Relato

Depois de um sábado com a remada até a Urca, tive um domingo cheio. Acordei cedo e um pouco cansado. Levei as crianças ao Prevela para a aula de vela. Eu, geralmente ajudo com aulas de canoagem, mas hoje não teria. Então, montamos 2 dingues e um laser. Como já havia feito isso no dia anterior, ficou mais fácil para mim, que ainda não tenho tanta experiência. Mas montei corretamente e fiz alguns ajustes, sob a supervisão do Marcelo.

Saímos rebocados até próximo ao Iate Clube Jurujuba. No barco estavam meus filhos João e Alice e mais uma menina. Alice quis ir no barco de apoio, talvez, porque chamasse a atenção pelo tamanho. O vento estava bem fraco, mas estava lá. Desatei o nó do cabo que nos prendia ao barco de apoio e seguimos velejando lentamente. Apesar de velejar bem lentamente, estava bem agradável. Até que já na altura do Clube Naval, o ventou diminuiu, quase parando. Lentamente, chegamos próximos ao catamarã de Charitas e por milagre o ventou começou a soprar mais forte. Aí sim a brincadeira começou.

Aos poucos todos cansaram e voltei para a areia. Aproveitei que meus pais levaram as crianças embora e fiquei mais um tempo por lá. Assim que todos foram embora, aproveitei para velejar no Laser, classe que sempre me chamou a atenção com o multicampeão Robert Scheidt. Essa seria minha primeira vez. É muito mais arisco que o Dingue e no começo senti um pouco de dificuldade, mas aos poucos fui acostumando. Quando estava ficando bom, o vento repentinamente parou e voltei lentamente para a areia, já bem cansado. Aproveitei para lanchar e descansar. O sol estava forte e fiquei na sombra. Aproveitando que o Marcelo foi dar aulas, como já estava ali, resolvi montar o Rig.

O Geomar até ofereceu o rig já montado dele, mas optei por montar o meu. Como o vento não estava muito forte, aproveitei para montar a minha vela 6.5. Há um tempo que só vinha usando a minha 5.7. O vento era o sul e fazia bastante calor. Depois de tudo montado, tomei um banho no chuveiro para refrescar. Fui para água com cuidado, pois tinha bastante gente. Tive que ir um pouco para o fundo para subir na prancha e começar a velejar.

Foi um velejo bom, sem muitas dificuldades. Avancei bem dessa vez, me afastando bastante. Era por volta das 15 horas e como já estava bem cansado, pois estava desde as 6 horas da manhã acordado, resolvi começar a preparar volta. Devido à direção do vento, voltar ao ponto de partida não é tão simples, tem que ir “ganhando” aos poucos. Assim que cheguei, até pensei em voltar e dar mais um velejo, mas estava realmente muito cansado e os braços já não estavam respondendo muito bem. Saí da água, lavei tudo. Ainda ajudei o Marcelo, que havia terminado a aula, a guardo os barcos, levando a última gosta de energia que ainda me restava. Guardei as coisas e voltei pra casa cansado, porém leve.