sábado, 28 de janeiro de 2023

Conquista da Via Paredão Inoã - Pedra de Inoã - Maricá

 Por Leandro do Carmo

Conquista da Via Paredão Inoã, Pedra de Inoã - Maricá



Vídeo de uma das investidas da Paredão Inoã


Croqui da via Paredão Inoã

Croqui da via Paredão Inoâ

Relato da Conquista da via Paredão Inoã, por Michel Cipolatti

Conquistar uma via no Monumento Natural Pedra de Inoã tem as suas dificuldades e recompensas. Por ter suas paredes irregulares, com muitas fendas, diedros, platôs, trechos negativos e muita vegetação, é difícil escolher uma linha. E foi durante a conquista da via Bernardo Collares Arantes, em meados de 2020, que surgiu o desafio de tentar conquistar uma via que atravessasse a maior extensão da parede voltada para Inoã, aquela que damos "de cara" quando chegamos em Maricá descendo a serrinha pela RJ vindo de Niterói.

Primeira dificuldade encontrada: não há trilha para a base! Foram três investidas de abertura de trilha, em junho de 2020, para se chegar na base, bem bonita por sinal.Só nesta etapa já temos muita história pra contar: espinhos, mosquitos, cobras, queda de bloco com pé preso... Se eu pudesse dar nome a esta trilha,a chamaria de “Trilha do Cipó”.

Ainda em junho, fomos eu, Michel Cipolatti, com Juratan Câmara e ZoéCaveari na primeira investida de parede. Conquistamos cerca de 90 metros de via, que variam entre 3° e 4° graus. Foram instaladas sete chapeletas Pingo e utilizadas três proteções móveis, já no 2° esticão.

No mês seguinte, conquistamos mais 60 metros de via, com a instalação de quatro chapeletas e um móvel, passando por uma barriga que sugerimos ser um 5° grau.

Na terceira investida, já em outubro de 2020, conquistamos mais cerca de 60 metros de via passando por um diedro com boas colocações de proteções móveis. Foram instaladas três chapeletas na ascensão e mais uma durante o rapel para reduzir a exposição de um lance que ficou "meio perrengue".

Neste trecho, a via se aproxima de uma “florestinha”,que fica no alto da parede, e ao redor, é repleta de bromélias. Na investida de novembro, com mais 60 metros de via e alguns lances em aderência, chegamos na misteriosa florestinha. Ela fica a cerca de 270 metros da base e tem árvores de grande porte. Impressionante!!!

Para acessar a primeiraárvore, que serve de ancoragem e ponto de rapel até a parada dupla (foto 4), foi necessário aprimorar a técnica de "transposição de bromélias", tentando não machucar a planta e não molhar os pés. Tentamos ao máximo contornar a vegetação, mas chegou uma hora que não conseguimos mais.

O ano de 2020 se foi e o projeto ficou adormecido por mais de um ano. Durante uma conversa com Leandro do Carmo e Luiz Avellar, numa reunião social no CNM, decidimos dar andamento à conquista. Quando contei a história do que já estava conquistado, eles caíram na armadilha.kkkk

Combinamos de ir no dia 16 de janeiro de 2022. Isso mesmo, no verão! Escalamos o trecho conquistado e chegamos naflorestinha exaustos. O objetivo era explorar em busca de uma nova base para dar sequência à via, que ganhou uma trilha no meio da parede. Não é só bater grampo que dá trabalho não. Abrir trilha também tem suas dificuldades: escolher o caminho, levando em conta a direção desejada e os obstáculos pela frente, como espinhos e cipós. Sem contar os marimbondos que nos atacaram.

Foi o maior perrengue. Para cima tem um grande buraco, com um teto que se vê da estrada, parecendo um olho. Tentei pela direita, mas achamos uma base de uma linha aparentemente muito difícil de conquistar em livre. Luis decidiu tentar pela esquerda e encontrou outra base, numa linha menos vertical. Batemos duas chapeletas até chegar em uma barriga e as forças acabaram. Rapel.

Tentamos combinar a próxima investida, mas perdemos algumas datas por causa das chuvas ou por outros compromissos, então tentei uma investida em solitário. Chegando mais uma vez na florestinha exausto, e dessa vez com câimbras, bati apenas uma chapeleta e a barriga estava muito difícil, o que causou a impressão de não ser uma boa linha, além de haver muita vegetação logo acima.Cheguei também à conclusão de que não dava para ir sozinho.

Combinamos eu e o Luis uma investida no dia 11 de dezembro de 2022. Entramos na trilha às 5:30, subimos na intenção de terminar a via e descer por trilha.

Escalamos rápido e às 9:15 já estávamos na florestinha, possível P6. Mais uma vez, ficamos incomodados com a base encontrada naquela investida, e resolvemos explorar mais para a esquerda. Fomos por caminhos diferentes e chegamos juntos a uma outra base, desta vez na direção do “blocão” do Mirante que tem no cume. Perfeito! Era a minha intenção terminar a via lá, por já ter trilha de descida e por desconfiar de que encontraríamos uma chaminé, o que deixaria a via mais “completa”.

Abandonamos então as três últimas chapeletas e partimos para essa nova linha. Parecia ser fácil, mas deu trabalho, com muito regletinho e sem descanso. Sugerimos outro quinto grau pela sequência. Batidas quatro chapeletas, a via vai um pouco mais para a esquerda e vai ficando mais fácil até chegar noblocão após passar por mais bromélias. Que lugar lindo! Sombra, um banquinho de pedra e uma caverninha. Perfeito para o descanso e para apreciar a paisagem. Já foram 50 metros de via conquistados nesta data. Para cima um grande negativo. Então, ao contornar pela esquerda, mais uma surpresa: uma fenda maravilhosa para ser escalada “em chaminé”.

A chaminé assusta, por ter blocos entalados que podem cair. Recomenda-se o participante fazer a segurança de fora da chaminé, preso em uma árvore, enquanto o guia avança por dentro da chaminé por cerca de 20 metros, com duas colocações de móveis, até encontrar uma boa saída, parecendo uma janela. A chaminé continua, mais estreita, mas a janela foi mais convidativa, onde preferi sair e instalar a última parada dupla da via.

Durante a subida, o Luis derrubou alguns blocos que estavam entalados na chaminé mas estavam soltos. Só não contava que ia soltar um monte de terra junto e ele ficou “empanado” de sujeira. A partir dali,a via vira uma escalaminhada de uns 50 metros com algumas bromélias no caminho até chegar no mirante. Chegamos no cume às 15 horas, exaustos e quase sem água, mas com o alívio de termos conseguido completar o desafio.

Descemos pela trilha, que é bem íngreme, leva cerca de 1 hora e meia descendo, e termina na estrada, porém, do outro lado da montanha. O resultado é uma nova via com uma grande diversidade de técnicas, como a escalada em agarras, em aderência, chaminé e o uso de equipamentos móveis. Fica, agora,a recompensa de entregar aos escaladores, no dia 11 de dezembro de 2022, mais uma bela e exigente via, toda conquistada em livre, e digna de receber o nome de "Paredão Inoã".

Juratan Câmara na trilha


Zoé Caveari escalando, vista da terceira parada dupla


Michel Cipolatti, Leandro do Carmo e Luis Avellar na “florestinha”



Luis Avellar escalando


Michel Cipolatti conquistando a chaminé


Michel Cipolatti e Luis Avellar no final da via




quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Conquista da Via Bernardo Collares Arantes

Por Leandro do Carmo


Vídeo da Via Bernardo Collares Arantes


Relato da Conquista da Via Bernardo Collares Arantes, por Michel Cipolatti

Há alguns anos eu carregava duas vontades que nunca havia colocado em prática: conquistar uma via e dar o nome em homenagem ao Bernardo, e; saber se alguém já tinha conquistado alguma via naquela aresta que me chamava atenção toda vez que eu passava pela estrada em Inoã.

E foi escalando a CEB 60 com a Hélida, sempre muito motivada para escalar, no dia 22 de fevereiro de 2020, que ao contar essa história eu escuto: “Bora chegar na base amanhã!”. E fomos no dia seguinte mesmo.

Depois de muita subida abrindo trilha e muitos espinhos, chegamos na base da aresta, e para nossa surpresa, não tinha nenhuma via! Começou então a conquista, sem nenhum projeto ou preparação. Começamos do zero. Compra de chapeletas… Juratan entrou para reforçar o time com a sua experiência… contato com a prefeitura, pois o local é uma Unidade de Conservação… equipamentos móveis e furadeira emprestados… parabolts do Miguel Monteza… e tudo pronto.

No sábado, dia 7 de março, conseguimos iniciar a escalada (desculpa pai, por não ter conseguido te dar um abraço no dia do seu aniversário). A idéia foi, desde o início, conquistar uma via limpa explorando ao máximo as proteções móveis, economizando nos furos e evitando a vegetação.

Mais uma vez, para a nossa surpresa, a parede se mostrou muito generosa, oferecendo boas agarras e muitas fendas. A via já começa com uma fenda, com boas proteções móveis. Lembro de ter chegado no primeiro platô, aos 10m de via, e o Juratan dizer: “Cabe uma chapeleta aí, hein!” Mas eu estava com um móvel perto do pé e “toquei para cima”. A primeira proteção fixa fica a 13m da base, e neste dia foram conquistados 30m de via, passando por um lance talvez de 5° grau, após a segunda chapeleta.

Uma semana depois voltamos para mais uma investida. Saindo do P1, encontramos uma sequência de pequenas fendas boas para colocação de móveis. Foram instaladas mais duas chapeletas até o P2. Mais uma vez, tocando para cima, mas desta vez com a Hélida fazendo a segue, que ficou orando kkk.

O traçado encontrado e indicado pela parede alterna entre sair da aresta para aproveitar as fendas existentes e voltar para a aresta para aproveitar o visual do diedro, com a vista para suas paredes negativas em toda sua extensão. E que visual! A cada investida a parede superava nossas expectativas.

Entraram para o time o Sérgio Magalhães, que foi em todas as demais investidas com sua raça, e o Bruno Moretto, que fez imagens incríveis com o drone. Na terceira investida foram conquistados mais 30m de via. Terceiro esticão todo em proteções móveis. Optamos por fazer esticões curtos, para não perdermos a comunicação entre guia e participante, e que coincidem com as duplas de rapel com uma corda de 60m.

Definido o P3 e… Perrengue!!! Ao tentar puxar a mochila com a furadeira, a mesma agarrou em um arbusto e não subia de jeito nenhum. Achei que fosse arrebentar a retinida de tanto puxar do platozinho do P3. Não soltava por nada! A solução foi descer a mochila de volta até o Magalhães, que soltou a retinida para eu poder recolher, e consegui jogar de volta em uma linha reta com a chave 14 de peso. Deu certo!

Passados mais cinco dias e estávamos nós de volta à parede para conquistar um dos lances mais bonitos da via: o lance da aresta! Logo após o P3, com ajuda do Magalhães que apontou um possível traçado passando pela aresta (enquanto eu estava buscando um caminho com muita vegetação) consegui vencer um trecho que alterna entre agarras e aresta, com a utilização de dois móveis. Porém, o lance ficou um pouco exposto demais e não é facil (eu não ia querer guiar aquele lance de novo rs) a ponto de colocamos uma chapeleta intermediária para reduzir o risco. Mais 30m de via e definido o P4.

A última investida antes de interrompermos por causa da pandemia foi a mais produtiva, com ascensão de 60m. O quinto esticão não apresenta grandes dificuldades e é protegido todo por móveis. Em seguida vem uma horizontal para a esquerda, que passa por cima do “grande negativo”. O final da horizontal também ganhou uma chapeleta na última investida para diminuir o grau de exposição. A chegada ao P6, talvez o crux da via, tem proteção fixa e boas colocações móveis.

Passados alguns meses sem voltarmos na via, decidimos terminar a conquista. O dia escolhido em que estávamos disponíveis eu e Sérgio Magalhães, e que não choveu, foi o dia 20 de dezembro de 2020. Marcamos 5 horas da manhã no início da trilha para não pegarmos muito sol, tendo em vista que a via fica voltada para o noroeste e pega sol à tarde. O objetivo era recolher as 3 cordas fixadas na parede, instalar as duas citadas chapeletas para reduzir o risco (pintadas de amarelo para diferenciar) e conquistar o trecho final, do P6 para cima, para acessar o mirante e descermos por trilha. Chama atenção a presença de blocos soltos a partir do P6. Sendo assim, quem optar pela descida por trilha deve escalar a chegada ao cume com bastante cautela, também em móvel.

A descida, conforme indicado no croqui, pode ser feita por rapel a partir do P6 com uma corda de 60m (todas as paradas são em chapeleta dupla) sendo o primeiro rapel em diagonal, ou por trilha a partir do mirante (cume). Não há proteção fixa no cume, para evitar que pessoas inexperientes montem rapel. A segurança do participante pode ser feita em arbustos ou palmeiras confiáveis.

Ao todo, a via tem cerca de 200m, foram instaladas 12 chapeletas durante a conquista (mais seis duplas), duas intermediárias para reduzir a exposição, e foram utilizadas 21 colocações de móveis.

Agradeço muito aos demais conquistadores, Magalhães, Juratan e Hélida, por me permitirem a realização deste trabalho, que acredito ser o maior feito da minha vida (depois dos meus filhos). Sem o apoio e a participação de vocês não seria possível. Não medimos esforços durante a conquista, pegamos sol, sentimos sede, muitas dores musculares, mas como disse o Juratan, a dedicação e o espírito de montanhista sempre prevaleceu. Conseguimos superar esse desafio. Ainda segundo o Jura, que conhece praticamente todas as vias da região, “é a mais bela conquista de Niterói e Maricá”. Eu não discordo. A parede é realmente impressionante pela sua formação e pelo visual.

Fico muito honrado em poder contribuir para o esporte, oferecendo mais uma opção de escalada com um requinte de adrenalina. Ainda, em conseguir homenagear meu amigo Bernardo, um grande escalador que deu sua vida para as montanhas, e que tanto contribuiu para o desenvolvimento do esporte, com suas conquistas, com a intensa participação na FEMERJ e nos Clubes, com a sua contagiante paixão pelas montanhas que certamente influenciou e ainda influencia muitos escaladores. Esta homenagem ainda é pouco para a grandeza do Bernardo e para o que ele representa para o montanhismo.

Fico com o sentimento de missão cumprida. Valeu cada momento de dificuldade e superação, cada esforço e dor sentida, cada minuto de desânimo, cada gota de suor deixada na montanha, pois “As Montanhas são uma espécie de Reino Mágico, onde por meio de algum encantamento, eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo”. Bernardo Collares Arantes. Obrigado meu amigo!


Croqui da via - Download



terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Regata Ratier, minha primeira regata

Por Leandro do Carmo 

Regata Ratier, minha primeira regata

Dia: 22/10/2022
Local: Charitas / Urca
Participantes: Leandro do Carmo, Jefferson Figueiredo e Guilherme






Trajeto remado


Relato

Vi um anúncio no Instagram sobre a realização da Regata Rattier, organizada pelo Clube Carioca de Canoagem. Não gosto muito de competição, mas resolvi participar. Me inscrevi na categoria máster de canoagem oceânica. Ainda faltava um tempo, mas não tinha ideia de como iria fazer para chegar lá. Levar meu caiaque é muito ruim, além de precisar de alguém para me ajudar a colocar em cima do carro. Conversando com o Jefferson, ele animou de ir e ainda convidou o Guilherme, amigo dele. Resolvemos sair de Niterói e ir a Urca. A princípio, eu não iria participar da regata, apesar de estar inscrito, queria ir só para participar do evento.

Passei na casa do Jefferson as 5:30h e de lá seguimos para Charitas. Assim que chegamos, o Guilherme já estava lá também. O Jefferson foi encontra-lo, pois iria usar um caiaque dele. Eu segui direto para onde o meu fica. Arrumei tudo e fui encontra-los já próximo ao Aero Clube. Começamos a remada. Era uma manhã bem agradável. Estava quente, sem vento.  Rapidamente cruzamos o Morro do Morcego e rumamos para o Forte da Lage. Cruzamos o canal e passamos pela parte de dentro do forte. Entramos na Enseada de Botafogo e paramos somente na praia da Urca. Nessa hora, já deu para perceber que o vento havia aumentado. Nem lembrei que ainda restava a volta... 



A praia da Urca Já estava cheia de caiaques e canoas. Tinha bastante gente por lá. Fui falar com alguns amigos e pegar o kit da regata. Ficamos conversando durante um tempo até que convocaram os participantes para passarem a instruções das regras e outras informações da prova. A minha bateria seria a terceira em largar. Com intervalo de 10 minutos entre elas. Aos poucos, todos foram indo para a água e se organizando no ponto de largada. Como largaria na terceira bateria, esperei um pouco para sair. Não sabia se faria a prova toda. Falei com o Jefferson e com o Guilherme que remaria até o Forte da Lage e de lá, resolveria se continuaria ou não.  

Segui até próximo ao ponto da largada. O vento tinha aumentado consideravelmente, nesse primeiro trecho iríamos remar com vento em popa. Como tinha bastante embarcação na água, não foi fácil se posicionar. O vento forte fez com que alguns caiaques e canoas se embolassem lá na água. Eu me distanciei um pouco para sair da “confusão”. Com a largada da segunda bateria, fui me posicionando melhor. Quando tocou o sinal da largada, comecei a remar. Tinha bastante gente dentro d’água. Fui tomando os que estavam à frente como referência. Alguns foram se distanciando rapidamente. Não dava para acompanhar. Fui mantendo meu ritmo sem me preocupar muito. Aos poucos, o Forte da Lage foi se aproximando. A maré foi jogando para dentro. Eu optei por uma linha bem próxima. Alguns chegaram a virar e foram ajudados pelos barcos de apoio.



Após iniciar o contorno do Forte da Lage, já deu para perceber que a remada de volta seria dura. Assim que passávamos no píer de atracação do Forte, tínhamos que gritar o nosso número de inscrição, o meu era o 49. Agora o vento estava contra. Estava tão forte que tive que tirar o boné. Foi só parar de remar alguns segundos que fui levado para o lado. Era manter o ritmo e seguir remando. Aos poucos, acho que a remada que fiz para chegar à Urca foi cobrando seu preço. Já não conseguia mais remar como antes. Pensei em desistir algumas vezes, mas se eu havia chegado até aqui, por que não ir até o fim? Isso me fez continuar e mesmo cansado fui me aproximando dos barcos atracados na Urca. Sinal de que estaria chegando ao fim.  

Já conseguia ver a praia da Urca ao fundo e deveria contornar uma pedra. Não sabia muito bem onde ficava e fiquei olhando quem estava à frente para eu me guiar. Assim que contornei a pedra, foi só dar as últimas remadas para, enfim, cruzar a linha de chegada. Cheguei bem cansado, mas feliz por ter terminado. Dei um, boa descansada e aproveitei para lanchar novamente. Encontrei o Jefferson e o Guilherme e falei que havia decido remar até o fim. Eles remaram também, mas nem os encontrei pelo caminho. Já era hora de voltar. Ainda havia o caminho de volta.  

Achei que com o vento ajudando, fosse ser bem tranquilo. Então, não me preocupei muito. Como eu queria estar certo. Não pude esperar a premiação por conta do avançar da hora, então e despedi do pessoal do CCC e começamos a remada de volta. Fomos remando o mesmo trecho até o Forte da Lage e já vendo as condições do mar, optei por seguir pela parte de dentro. O Guilherme e o Jefferson passaram por fora. Um navio apontou e esperei para que ele passasse. Enquanto isso, o Jefferson e Guilherme chegaram próximos. Assim que o navio passou, reiniciamos a remada.  

Desse ponto em diante, o mar estava bem mexido. No começo estávamos próximos um do outro, mas com o tempo, o vento e nosso ritmo diferente foi fazendo com que nos afastássemos. Eu já não conseguia remar no ritmo deles. Para aproveitar um pouco o vento e a ondulação, apontei a proa do caiaque para a Ilha da Boa Viagem e assim fui remado. Por vezes, as marolas quebravam por cima do caiaque. Estávamos cada vez mais distantes. Já na direção do Morro do Morcego, o mar ficou bem estranho e logo que estava mais ou menos piorou. O vento agora era contra e forte. O Guilherme já não via mais. O Jefferson estava bem longe, já na direção da ponta da Estrada Fróes. Eu, optei por mudar o rumo e seguir até a praia do Morcego, mesmo com vento contra, pois a distância era menor e eu estava bem cansado. Cometemos o erro de nos afastarmos e perdemos completamente o contato. Agora já era tarde.  

As rajadas aumentaram e foi difícil chegar. Nem acreditava que havia chegado. Puxei o caiaque para a areia e tentei olhar para ver se via alguém, mas nada. Como eu chegaria bem depois deles, mandei uma mensagem no whatsapp para avisar que estava tudo bem e que havia passado na praia do Morcego. Bebi uma água e esperei para ver se o vento daria uma trégua. Mas nada dele ajudar. Continuei por mais um tempo, até que decide voltar a remar.  

Voltei para água e fui remando em direção à estação do catamarã da praia de Charitas. Fiz esse trecho bem devagar. Ainda encontrei com a galera do Windsurf já próximo à estação. Enfim havia chegado. Na areia encontrei com o Jefferson que esperava há algum tempo. Guardamos as coisas e fomos embora. Um grande desafio numa manhã bem completa. Temos que estar preparados para revés. A natureza é forte! 



















terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Acampamento nos Castelos do Açú

Por Leandro do Carmo

Dia: 16 e 17/10/2022
Local: Castelos do Açu - Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo, Andréa Vivas, Hebert, Renata, Elizandra, André e Eduardo

Castelos do Açú


Como chegar

A portaria da Sede Petrópolis fica no Bairro do Bonfim, em Corrêas, Petrópolis. O acesso terrestre principal é feito pela BR 040, que liga o Rio de Janeiro (RJ) a Juiz de Fora (MG). Do centro de Petrópolis até a portaria, o acesso é através da Estrada União-Indústria, que margeia o Rio Quitandinha. Deve-se tomar o acesso do Distrito de Corrêas.

Para quem vem de Teresópolis o acesso é através da Rodovia BR-393 (Teresópolis-Itaipava). Chegando-se a Itaipava toma-se a direção do Centro de Petrópolis até o Distrito de Corrêas.

A partir de Corrêas, deve-se seguir as indicações do Bairro Bonfim. O acesso é feito por estrada de terra e trechos ruins de asfalto e paralelepípedo. A portaria do parque é a última construção na área mais alta do bairro.

De ônibus a melhor opção a partir do Centro de Petrópolis é tomar um ônibus para o Terminal de Corrêas. De lá existem duas linhas que atendem ao Bonfim - a linha 611 (Bonfim) que tem ponto final a cerca de 1 Km da portaria e a linha 616 (Pinheiral) que chega mais perto, até a Escola Rural do Bonfim.

Dicas

Dá para fazer a trilha em bate volta, porém é necessário consultar o limite de horário para entrada. Se optar por pernoitar no Açú, pode entrar até mais tarde. Existem 3 pontos de acampamento no local. O abrigo estava fechado e deve reabrir em breve, consulte a disponibilidade. Existe água e banheiro no local. 

Relato  

Já fazia um tempo que eu queria pernoitar nos Castelos do Açú novamente. Chegue a ir duas vezes nesse ano: uma fazendo um bate e volta e outra, na Travessia Petrópolis x Teresópolis. Aproveitei que teria que dar uma aula de camping selvagem no Curso Básico de Montanhismo do Clube Niteroiense de Montanhismo e cogitei a possibilidade de fazer lá. Todos gostaram da idéia e assim o fizemos. Combinamos os detalhes na semana. Para me ajudar nessa, convidei a Andréa Vivas, que prontamente aceitou. Além de nós dois, foram a Renata, Elizandra, André, Eduardo e o Hebert.  

Marcamos de sair às 5h. Estávamos em dois carros e combinamos de tomar café da manhã na padaria de Corrêas. A viagem foi bem tranquila. A previsão era de tempo bom, com alguma possibilidade de chuva ao final do dia. Os dias anteriores à viagem, não haviam sido tão bons, mas melhorou na hora certa. Tomamos um bom café da manhã e aproveitei para garantir um bom lanche para o almoço, pedindo um sanduíche de queijo, presunto e ovo frito para a viagem. Com o café da manhã tomado e almoço garantido, seguimos para a entrada do parque. Entramos no Vale do Bomfim e paramos o carro num estacionamento. Dali seguimos para a portaria.  

Preenchemos os termos e fizemos nossa tradicional foto de saída. Começamos a caminhada. Fomos num ritmo bem cadenciado para aquecer o corpo. Acabamos seguindo em dois grupos e a nossa primeira parada seria na bifurcação para o Véu da Noiva.  Andamos bem e logo chegamos no nosso primeiro ponto de encontro. Fizemos uma pausa conforme combinado e logo seguimos andando novamente. A subida para a Pedra do Queijo era o próximo desafio. Estava quente. Então, optamos por subir mais devagar. Passei pela entrada do Morro e Cachoeira do Alicate. No caminho, um belo Jacú nos acompanhou durante um tempo, até sumir completamente na mata. Demos uma parada rápida num belo mirante. A vista para o Vale do Bomfim estava bem bonita. Dali para a Pedra do Queijo foi rápido. Lá, fizemos mais uma parada. Descansamos e optamos por um lanche rápido.

Castelos do Açú

Os próximos metros seriam bem quentes. Esse trecho é bem exposto ao sol. Devagar subimos, até que começamos a descer novamente. Dali até o Ajax é uma boa pernada. Subimos novamente chegamos ao nosso terceiro ponto de parada. Ali, reabastecemos os cantis e fizemos nosso almoço. Olhando para cima, podíamos ver o alto da Izabeloca, nosso próximo objetivo. Antes que a preguiça aumentasse, dei o chamado para voltarmos a caminhar. Ajudei a Renata a melhorar a regulagem da mochila e iniciamos a subida da Izabeloca. Esse trecho já foi pior, mas depois de um manejo, há uns anos atrás, a subida ficou mais suave. Algumas nuvens aliviavam o sol. Até que a subida foi rápida. Nos reunimos no alto do chapadão. Ventava um pouco e não dava para ficar parado. Com todos reunidos, iniciamos nosso último trecho. Dali só pararíamos nos Castelos do Açú.

Castelos do Açú


O trecho do chapadão está bem marcado, mas em alguns pontos pode gerar um pouco de dúvida, principalmente se tiver com o visual comprometido. Mas como o tempo está bem aberto, foi bem tranquilo. Seguimos andando num sobe e desce bem mais suave que as subidas anteriores. Depois de alguns minutos andando, já era possível ver o cruzeiro no alto do Açú. Era o sinal de que estávamos bem próximos do fim. Após contorná-lo, já podia ver os Castelos do Açú ao fundo. Faltava pouco.  

Já quase chegando, o abrigueiro veio ao nosso encontro. Perguntei se podíamos acampar no Camping Sul dos Castelos. Ele disse que estava liberado. Apesar de estar mais longe do abrigo e, consequentemente, longe do banheiro e da água, lá é bem isolado, uma sensação maior de camping selvagem. Seguimos até lá. Procurei um bom local para armar a barraca e deixei minhas coisas lá. Fui direto ao banho para aproveitar o corpo quente. A água estava fria como sempre, mas suportável. Tomei um banho rápido, o que fez o ânimo melhorar rapidamente. Voltei ao camping e fui armar a barraca e descansar um pouco.

Ventava um pouco e fazia frio. Minha maior preocupação era o vento aumentar e ficarmos mais exposto. Fiz uma conferência nas barracas para ver se todas estavam bem montadas. Não podíamos ter surpresas durante a noite. Havia possibilidade de chuva. Arrumei algumas pedras e fiz um pequeno cercado para ajudar a abrigar o fogareiro e assim conseguir esquentar a água para preparar a janta. O tempo foi dando uma fechada e chegou a garoar. Fui para dentro da barraca e esperei um pouco. Ficamos conversando, mas logo o cansaço falou mais forte. Fui dormir cedo.  

Acordei cedo. Ainda dentro da barraca, fiquei torcendo para que o tempo estivesse bom. Durante a madrugada, ouvi alguns barulhos na barraca, parecendo chuva. Mas logo que saí, percebi que havia sido o vento. O dia estava ótimo. Ainda estava frio, mas os primeiros raios de sol deram uma esquentada. Tomei café. Aos poucos todos foram levantando. Tomamos café da manhã. Deixei as coisas organizadas e fomos dar uma caminhada no entorno. Fomos até uns belos mirantes bem de frente para a Baía da Guanabara. Fizemos várias fotos e voltamos para desarmar acampamento.

Com tudo arrumado, demos a última volta entorno dos Castelos do Açú e começamos nosso caminho de volta. Seguimos até o alto da Izabeloca e daí, descemos até o Ajax, onde fizemos uma parada. Descansamos bem e seguimos descendo. Já após a Pedra do Queijo, a Elizandra começou a sentir o joelho e foi com bastante dificuldade. Demos outra parada na bifurcação para a Cachoeira do Véu da Noiva e dali, fomos até a portaria. Como já estava na hora do almoço, aproveitamos para uma parada no Tourinho, um restaurante com comida a lenha. Excelente pedida para fechar a atividade.

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú

Castelos do Açú


terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Serra da Bolívia

Por Leandro do Carmo

Serra da Bolívia - Aperibé/Itaocara

Serra da Bolívia


Dia: 18/09/2022
Local: Itaocara / Aperibé
Participantes: Leandro do Carmo, João do Carmo e Ricardo Bemvindo  

Dicas

Existem alguns caminhos para iniciar, mas todos se encontram mais acima. Dependendo de onde se começa, pode passar por 4 trechos mais técnicos. A caminhada é bem exposta ao sol.

Como chegar: https://goo.gl/maps/UmCH11NWtKXuWP7VA
(Caminho a partir da ponte em Itaocara)

Trilha no Wikiloc: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/serra-da-bolivia-86730347

Traçado da trilha

Vídeo

Relato  

Depois do evento de canoagem, hoje seria o dia de montanha. Acordei cedo. O dia estava ótimo, bem diferente do dia anterior. Da varanda da pousada se tem uma vista privilegiada da Serra da Bolívia. Até cheguei a enviar o convite no grupo do evento, mas ninguém se animou de fazer a caminhada. Só confirmados, tinham eu, Ricardo e o João, meu filho. Tomamos café com calma e seguimos de carro até o início da caminhada, em Aperibé. A Serra da Bolívia fica no município vizinho, mas é só atravessar a ponte.  

Estacionamos o carro e começamos a caminhada. Seguimos por um caminho ao lado de uma porteira e seguimos num corredor entre duas cercas até após uma casa. Dali cruzamos a cerca e começamos a subir um pasto. Passamos com cuidado, pois no local há duas cercas elétricas. Nem conferi se estavam ligadas. Continuando a subida, passando agora por um trecho de sombra. O dia estava bem aberto e já fazia bastante calor. A vista estava impressionante e se não fosse uma leve névoa, daria para ver muito mais longe. Mais acima, fizemos uma pausa para beber uma água. O João já havia pedido para parar e eu sempre pedindo para esperar um pouco, até que não deu mais.  

Foi só subida até o momento e nem havíamos chegado à metade do caminho. Mais acima, o primeiro trecho técnico. Uma subida pequena. Subi à frente e esperei de cima o João subir. Ele veio rápido, falando bastante, mas subiu tranquilo. Dali para cima, era mais uma subida forte. Algumas vacas ficaram olhando mais para o lado. Ainda bem que eram mansas. Passamos por uma grande árvore e fizemos mais uma parada numa grande rocha, um belo mirante. Já estávamos bem altos e dava para ver umas cabras com filhotes bem no alto. Depois que fui saber que elas eram selvagens e viviam por ali há bastante tempo.  

Continuamos a subida e subimos até o próximo trecho, talvez o mais difícil do percurso. Foi justamente ali que havia colocado um grampo para auxiliar a subida. Agora, basta um subir e fixar uma corda. Mas eu não levei nenhuma. Para quem está acostumado nem é tão difícil assim, mas requer atenção. É quase uma fenda e o João subiu à frente. Fui orientando e assim que ele estava um pouco mais acima, fui atrás. Subimos mais um pouco e podíamos ver as cabras bem mais de perto que acabaram se afastando mais, assim que nos aproximamos.  

Entramos numa pequena mata até chegar a mais uma parede rochosa. Subimos mais um trecho e lá no alto, o Ricardo pediu para fazermos uma parada para descanso. A vista impressionava. Cruzamos alguns pequenos arbustos até chegar novamente numa picada. Dali, seguimos andando até um falso cume, onde descemos até estar completamente na face oposta na qual vemos de Itaocara. Podemos ver bastante pedras soltas nesse trecho. Dali, subimos por um “trepa pedras”, passando por uma árvore seca até subir em direção ao cume.  

O Rio Paraíba do Sul bem ao fundo rouba a cena. Só de pensar que no dia anterior estava descendo seu curso. Parecia um ponto impossível de chegar. Lá de cima temos a noção de como somos pequenos. Descansamos bem até iniciarmos a descida. Fizemos algumas fotos. A descida foi bem rápida e logo estávamos no carro novamente. Voltamos para a pousada e procuramos um lugar para almoçar. Aí, foi descansar e preparar a volta pra casa. Um final de semana fantástico no noroeste fluminense.

Serra da Bolívia

Serra da Bolívia

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