domingo, 23 de setembro de 2018

Escalada na Via Leila Diniz

Por Leandro do Carmo

Escalada na Via Leila Diniz

Local: Itaipu - Niterói
Data: 21/01/2018
Participantes: Leandro do Carmo e Vander Silva




Vídeo



Relato

Coincidentemente, estava de volta a via Leila Diniz, exatamente, 6 anos depois. A minha primeira e única investida nessa via, havia sido em 21 de janeiro de 2012. Nesse dia, havia escalado com o Guilherme Belém e meu irmão, Leonardo Carmo, sendo a primeira via dele. Mas hoje, meu parceiro foi o Vander Silva. Como o calor no sábado havia sido algo meio clima desértico, sugeri ao Vander que entrássemos bem cedo na via. Como ele topou, marcamos as 6:30 em Itaipu, assim não correríamos o risco de pegarmos esse calor. Como estávamos só eu e ele, com certeza, às 10 horas já deveríamos ter terminado a via.

Acordei bem cedo, ainda estava escuro. Me preparei e saí de casa. O tempo estava nublado e com cara que poderia chover. Mas com o tempo que fez ontem, não dava para acreditar... Assim que passei o túnel de Charitas, caíram uns pingos que marcaram o parabrisa, mas olhando para o alto, tinha certeza que essa chuva não iria para frente. Passei na casa do Vander e de lá seguimos para Itaipu. Chegamos e a praia estava vazia, também pudera, não era nem 7 da manhã. A movimentação ainda não havia começado. Somente o pessoal dos bares e os pescadores transitavam pela praia. Aquele clima agradável de colônia de pescadores logo se transformaria... Mas com certeza, nesse momento já estaria bem alto!

Escalada na via Leia Diniz, Morro das AndorinhasO Vander ficou preocupado com o tempo e eu falei para ele não se preocupar, não iria chover! Caminhamos pela areia e chegamos à base da via. Enquanto mostrava ao Vander os grampos, uma mulher que trabalhava num bar que fica ao lado da base, falou: “É por aqui mesmo que o pessoal sobe.” O local tá frequentado! Nos arrumamos no conforto das mesas e comecei a subir. Nessa primeira enfiada, é fácil ver as sequências dos grampos. O primeiro grampo ficou baixo, devido a um platô construído por um antigo bar, demolido há alguns anos atrás. Não adiantava costura-lo. Subi mais um pouco e protegi no segundo grampo. Dali, fui subindo. A via tinha muita areia. Tanta areia, que parecia calçada de casa em frente à praia. Mais alguns lances e estava na primeira parada. O Vander veio logo em seguida. O tempo estava bem agradável.

Dali segui para a segunda enfiada. Com certeza mais chata da via. Segue subindo até abaixo de um grande platô de vegetação e fazer uma diagonal para a direita entre em meio vegetação. Já não tinha mais contato visual com o Vander e a corda fazia um grande arrasto. Fui no limite da corda e parei num grampo, montando a parada. O Vander chegou logo em seguida. Já tínhamos feito quase a metade da via.

Dali toquei para a terceira enfiada e novamente haveria contato visual. A via sobe bem levemente para a direita e segue assim até a próxima parada.  Os grampos a partir daí ficam um pouco mais espaçados, mas nada que comprometa. A via vai seguindo com lances bem tranquilos. O visual vai ficando cada vez mais bonito. Já fazia tanto tempo que nem lembrava direito da via. Estava como se fosse a primeira vez... Na verdade, lembrava para onde eu tinha que ir, mas nada além de uma vaga lembrança. Como a via fica bem tranquila, não me preocupei muito. Havia olhado o croqui na base e na primeira parada, mas como não parei na indicação dele e ainda acabei pulando um grampo, abandonei-o definitivamente.

Escalada na via Leia Diniz, Morro das AndorinhasSubi mais alguns lances e parei antes de um grande platô de vegetação, que dá a impressão de que é o final da via, mas ela continua numa longa diagonal para a direita, até um diedro bem visível. O próximo grampo fica escondido entre umas bromélias e de onde eu estava não estava vendo. Quando estiquei o pescoço para o lado, foi que vi o grampo. Dei segurança para o Vander que veio logo em seguida.

Dali segui, segui para a penúltima enfiada da via. Fui subindo sem muita dificuldade e optei por parar logo abaixo de um lance mais vertical, meio estilo domínio. O Vander veio em seguida e pedi para ele montar a parada dois grampos abaixo, visto que eu poderia cair nesse lance e como estava num grampo, daria uma queda fator 2. Daria até para fazer num trecho mais fácil, mas optei pelo mais difícil... Passado o lance, segui até a parada dupla final, uns 10 metros de onde estava.

Já no final da via, arrumei os equipamentos e fomos tentar achar o caminho. Tinha bastante mato, tentei por um lado e nada. Voltei e aí sim conseguir achar a trilha. Ela estava quase na direção dos últimos grampos. Pegamos a trilha de volta e rapidamente chegamos ao estacionamento. Era por volta de 10:30 da manhã... Dentro do esperado. Além do tempo de escalada, acertamos na previsão do clima. Dia extremamente agradável, sem chuva. Missão cumprida.

Vídeo




Fotos


Escalada na via Leia Diniz, Morro das Andorinhas

Escalada na via Leia Diniz, Morro das Andorinhas

Escalada na via Leia Diniz, Morro das Andorinhas

Escalada na via Leia Diniz, Morro das Andorinhas

Escalada na via Leia Diniz, Morro das Andorinhas

Escalada na via Leia Diniz, Morro das Andorinhas

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

Por Leandro do Carmo

Data:10/12/2017

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

Dicas para Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

A trilha pode ser divindade em duas partes. Na primeira você caminha no leito de um trecho da antiga rodovia RJ116 e no outro, no leito da antiga Estrada de Ferro que ia até Cantagalo. No primeiro trecho, caminhamos literalmente sobre o asfalto, sendo possível ver olho de gato e até as faixas amarelas em alguns pontos. No segundo, passamos por pontes antigas e até trechos contam ainda com trilhos. Por todo o percurso, passamos por pontos de água e locais para banho.

Na logística, se tiverem em dois carros, vale a pena deixar um na rua que leva à Sede do Parque Estadual dos Três Picos, um pouco acima de onde terminará a caminhada. Se tiverem com apenas um carro, pode-se deixar o carro no mesmo local e pegar um ônibus ou van, até o posto da Polícia.

Vídeo

Como Chegar

O início fica na rua ao lado do Posto da Polícia na RJ 116, nos limites do município entre Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo.

Relato da Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Ponte que cruzamos durante a travessia
Nos dias de calor, nada melhor do que caminhar em meio a mata e com diversos pontos para banho. Mas será que existiria um lugar assim? A resposta é sim e é em Cachoeiras de Macacu. Caminhar pelas trilhas da região é garantia de poder se refrescar em dias quentes... O destino dessa vez foi a Travessia Theodoro x Boca do Mato. Uma bela e peculiar caminhada, pois caminhamos por cima de um trecho da antiga estrada que ligava Cachoeiras de Macacu à Friburgo e depois pelo leito da antiga Estrada de Ferro Cantagalo.

Saímos bem cedo de Niterói e seguimos viagem até Cachoeiras de Macacu. O dia não estava dos melhores e parecia que não teríamos sol. Chegamos à entrada da sede do Parque Estadual dos Três Picos em Cachoeiras de Macacu, deixamos um carro lá e seguimos para o início da trilha, 15km serra acima.

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Início da travessia
No início do caminho, logo após o posto policial, que fica no limite entre os municípios entre Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo, estacionamos os carros e nos preparamos para nossa caminhada. Como nem todos se conheciam, nos apresentamos antes de iniciar a caminhada. Dali, seguimos andando. Fomos andando pela estradinha até que tem uma saída discreta à esquerda, com uma barreira impedindo o acesso de carros. Passamos pelo canto e entramos definitivamente na trilha, ou melhor, no asfalto, ou seria trilha mesmo? Mas como assim asfalto? Pois é, essa parte da trilha segue pelo trecho desativado da antiga rodovia e literalmente caminhamos no asfalto. A vegetação tomou conta e ficou apenas um caminho limpo no centro da estrada.

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Caminho asfaltado
E fomos andando. Por hora, víamos as faixas amarelas pintadas na estrada e até olho de gato. Coisas bem inusitadas para uma trilha. Passamos por diversos pontos de água e por muitos deslizamentos, talvez um dos motivos pela desativação desse trecho. Mais a frente, uma bela cachoeira. Continuamos a descida, esse é um detalhe que não havia comentado, mas a trilha é uma suave e constante descida, o que a torna um passeio perfeito. Passamos por uma grande ponte, de onde podíamos ouvir e ver o rio bem ao fundo.

Passamos por diversos pontos de água. Em dias quentes, uma boa pedida para um banho. Como o piso é bem regular, rapidamente chegamos novamente ao asfalto. Nesse ponto, a trilha volta para o leito da rodovia. Paramos para fazer um lanche e seguimos descendo por cerca de 1km pelo acostamento até entrarmos novamente na trilha. A entrada é meio discreta.

Começamos a descida por um caminho bem definido até chegarmos a uma construção, tipo uma torre, que servia para abastecer de água as locomotivas à vapor. Uma pausa para as fotos. Percebi em meio a vegetação algumas vestígios de construções, talvez do tempo da Estrada de Ferro. A partir desse ponto, começávamos a caminhar no leito da rodovia. Em um trecho, é possível ainda ver um pedaço do trilho. Novamente passávamos por grandes pontes, o que proporcionava uma aventura a mais... Uma dessas pontes, impressionava pelo tamanho. O Rio corria pequeno ao fundo. Continuamos a descida até chegarmos à uma área bem aberta da antiga Estrada de Ferro. O local está bem cuidado. Ali paramos para um descanso e um lanche reforçado. Eu saquei meu fogareiro, preparando um rápido almoço e o tradicional café.

Ainda ficamos por mais algum tempo, até começarmos a caminhada de volta, onde pegamos uma estrada de chão, passando por diversas propriedades até estar de volta à rodovia. Dali, caminhamos até a entrada o Parque Estadual dos Três Picos, onde um grupo subiu para pegar o outro carro. Aprovei para conhecer a Trilha do Jequitibá, próximo a sede o Parque. Um refrescante banho fechou o dia! Ainda paramos na estrada para comermos algo. E de lá, seguimos viagem de volta. Missão cumprida.

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Posto policial

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Rio durante a caminhada
Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Início da trilha

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Trecho que caminhamos na rodovia

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato
Durante travessia, já no trecho da Estrada de Ferro

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato

Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do Mato



quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Travessia da Neblina

Por Leandro do Carmo

Travessia da Neblina - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Relato da Travessia da Neblina

Travessia da Neblina
A história era para ser outra... Mas foi o que deu para o dia! Havíamos marcado de fazer a Agulha do Diabo. Marcamos eu, Ary Carlos, Marcelo Correia e o filho dele, Lucas. Fomos na sexta feira e optamos por dormir no parque, assim poderíamos começar a trilha bem cedo. Saí do trabalho e fui direto para casa. O Ary já estava me esperando e seguimos direto para Teresópolis. Tínhamos que entrar até as 22 horas no parque pois é o horário máximo de entrada, permitido somente para que compra ingressos antecipadamente no site, caso contrário, o horário é até as 17:00. Saímos antes das 20 horas e seguimos viagem. Sexta feira, geralmente o trânsito fica enrolado, mas não contávamos com tanto... O caminho até Manilha, onde pegaríamos a estrada para Magé estava muito engarrafado e corríamos o risco de não chegar à tempo. O tempo foi passando e por sorte conseguimos chegar em cima do laço! Mas acabamos mudando os planos em cima da hora. O Marcelo deu a ideia de dormirmos na casa do filho dele, que fica bem próximo à entrada do parque, assim poderíamos ter uma noite mais agradável. Aceitamos prontamente.

A noite foi ótima e a expectativa para o dia seguinte era grande. Acordamos ainda no escuro e tomamos um café reforçado, afinal de contas o dia seria longo... Chegamos no parque e subimos a estrada até a Barragem. O céu estava estrelado. Garantia de tempo bom. Garantia? Bom, isso era o que eu achava... Seguimos subindo a trilha do Sino e após a Cachoeira do Véu da Noiva, percebi que o céu já não estava tá aberto assim, inclusive, muitas nuvens se aproximavam. Mais para cima um pouco, uma leve neblina encobria o caminho. Como estava cedo, pensei que pudesse ser passageira. Assim continuamos a subida. Entramos pelo acesso ao Paredão Paraguaiao e uma leve garoa foi caindo. Mais acima, próximo à bifurcação para a Pedra da Cruz, percebi que o chão já estava bem úmido. Fui desanimando... Olhei para o céu e perdi de vez as esperanças de fazer cume. Assim que chegamos na laje de pedra que fica no início da descida do Caminho das Orquídeas, paramos para avaliar a situação.

Travessia da NeblinaDali já poderíamos ver a ponta da Agulha do Diabo, mas não víamos nada. Estava tudo encoberto. A
garoa caía e as vezes aumentava. Até daria para fazer, mas subir e não curtir? Esse não era nosso objetivo. Poderíamos voltar quando quiséssemos. Voltamos a um lugar um pouco mais abrigado e ainda esperamos mais um pouco, afinal de contas, esperança é a última que morre! Três pessoas passaram e disseram que estariam indo para a Agulha. Bom, cada um tem seu objetivo... Depois de esperar algum tempo e nada das condições melhorarem, resolvemos abortar. Mas para não perder de zero, optamos por descer pela Travessia da Neblina. Dali, subimos para o cume da Pedra da Cruz.
Lá de cima, confirmamos a precariedade do tempo. Decisão acertada. Seguimos descendo e cruzamos para o Queixo do Frade, onde subimos mais um trecho e daí seguiríamos descendo até o ponto do antigo Abrigo 2. Na descida, paramos no ponto onde ficaríamos de frente apara a Verruga do Frade. Havia subido a Verruga há um tempo atrás, mas ainda não havia tido a oportunidade de vê-la por esse ângulo. Estava bastante encoberta, mas por um instante, as nuvem se dissiparam e pudemos vê-la perfeitamente. Aquela “pedrinha” no alto e aquele “rasgo” na pedra impressionam pela beleza. Paramos para várias fotos, afinal de contas, o local pedia!

Continuamos a descida e passamos por alguns grampos onde fixamos uma corda para ajudar. O Marcelo fez um caminho contornando um pouco mais para a esquerda e eu desci sem o auxilio da corda. Dali, passamos pela base do Nariz do Frade e sua Verruga. Apesar do tempo fechado, estava agradável. Ainda bem que não choveu. Dali, conseguíamos ver Teresópolis entre as nuvens. O tempo continuava fechado. Mais abaixo, passamos pelo Paredão Roi Roi e com mais um tempo de caminhada, chegamos ao ponto do antigo Abrigo 2. Dali, seguimos descendo até a Barragem.
Mesmo a noite estrelada da véspera não foi garantia de tempo bom. Atividade na Serra é assim! O que não deu hoje, dará em outra oportunidade. Em breve voltaremos, afinal de contas, a montanha sempre estará lá!

Travessia da Neblina

Travessia da Neblina

Travessia da Neblina

Travessia da Neblina

Travessia da Neblina

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Trilha do Alto Mourão

Por Leandro do Carmo

Dia: 15/11/2017

Trilha do Alto Mourão

Trilha do Alto Mourão - Pedra do ElefanteJá subi o Mourão inúmeras vezes, nem sei dizer quantas... Mas dessa vez foi diferente. E muito diferente... Foi a primeira vez que o João, meu filho, foi comigo. Faço questão de deixar aqui registrado! 

Como iria levar uns amigos do trabalho na trilha, vi que seria o dia perfeito para isso. A semana estava com tempo firme, sol e temperatura agradável, diferente de alguns dias atrás. A princípio, um dia perfeito. Marcamos de começar a subir as 7:30. Vinham pessoas do Rio e outras de Icaraí.  Como a distância é grande, tinha tudo para atrasar. Mas que nada! As 7:40 estávamos iniciando a subida. Nada mal para um grupo de 8 pessoas.

A manhã estava muito agradável. O João veio conversando no carro e não tinha dúvida de que ele se sairia bem. Chegamos ao ponto de encontro e de lá subimos até o mirante da Serrinha. Não tinha mais vaga e acabamos estacionando bem no canto da estrada. Iniciamos nossa caminhada as 7:40. O começo é o mais chato, principalmente para aqueles que não estão muito acostumados. O João foi subindo ora na frente, ora atrás. Eu sempre de olho, fui deixando-o bem à vontade. Meio que vai no seu ritmo....

Trilha do Alto Mourão - Pedra do ElefanteTudo era novidade para ele. Uma teia de aranha, um teiú correndo pela trilha, etc... Estávamos num ritmo bem tranquilo. Algumas paradas curtas nos faziam seguir sempre num ritmo constante. Passamos pela primeira laje de pedra e a subida forte havia ficado para trás. Continuamos subindo, agora num terreno mais suave. Mais alguns minutos e chegamos ao primeiro mirante, aquela laje voltada para Itacoatiara. Uma pequena pausa para recuperar o fôlego e um lanche rápido.

Dali andamos mais alguns minutos e chegamos ao grande desafio. Um trepa pedra que assusta os menos acostumados. Muitos desistem naquele ponto. Outros tentam subir e desiste... Outros são literalmente rebocados! O João subiu brincando... Orgulho do papai. Em alguns trechos, o piso está bem erodido. Mas nada que pudesse atrapalhar... A vista nesse ponto é fantástica. Impressiona. Mas o melhor ainda estava por vir, era melhor deixar para bater as fotos no cume.

Trilha do Alto Mourão - Pedra do Elefante
Mais uma subida e estávamos na “nuca do elefante”. Caminhamos mais um pouco até passar pela pedra onde fica o cume. 412 metros alcançados! Descemos mais um pouco até o tradicional ponto final. Dali podíamos ver toda a praia de Itaipuaçu e boa parte de Maricá. O dia estava lindo, bem aberto. Ficamos lá por algum tempo. Lanchamos, batemos diversas fotos e nos preparamos para a descida.

Na volta, demoramos um pouco, pois havia bastante gente subindo. O que deixava aquele trecho técnico bem engarrafado. Devagar conseguimos passar e logo entramos na trilha novamente. O calor foi aumentando, mas já estávamos descendo. Passamos por muita gente subindo. Havíamos chegado na hora certa.

O João desceu tranquilo, nem pediu colo! Já estava pronto para a próxima. Aproveitamos para comer um bolinho de peixe em Itacoatiara e apreciar a bela vista da praia. Missão cumprida!!!!

Trilha do Alto Mourão - Pedra do Elefante

Trilha do Alto Mourão - Pedra do Elefante

Trilha do Alto Mourão - Pedra do Elefante

Trilha do Alto Mourão - Pedra do Elefante

Trilha do Alto Mourão - Pedra do Elefante

sábado, 24 de março de 2018

A impressionante Agulha do Diabo

Por Leandro do Carmo

Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Local: Guapimirim
Data: 23/09/2017
Participantes: Leandro do Carmo, Marcelo Correa, Ary Carlos, Blanco Pinheiro e Guilherme Gregory

Dicas para escalar a Agulha do Diabo

É uma atividade pesada. Só de caminhada de aproximação, leva-se, em torno de 4 a 5 horas. A caminhada após o Mirante do Inferno é a mais crítica e costuma ficar bem úmido, dificultando bastante, por isso, avalie caso esteja em período chuvoso. Muita gente opta por acampar no Paquequer, numa pequena área antes do Mirante do Inferno (mas deve-se pedir autorização com o Parque), para sair bem cedo no dia seguinte. A escalada em si consiste em lances de entalamento e chaminés. O lance final é feito em cabo de aço. No cume, o espaço é limitado e cabem poucas pessoas. Não é muito comum encontrar grandes grupos escalando, mas há possibilidade. Se for fazer em um dia, comece bem cedo e tenha certeza de que voltará parte do caminho durante a noite.

Como chegar à Agulha do Diabo

Na trilha para a Pedra do Sino, logo após a Cota 2000, há uma saída para a esquerda. Essa trilha é conhecida como “Caminho das Orquídeas”. Siga descendo e vire à direita na bifurcação. Seguirá por um longo caminho até chegar ao acampamento Paquequer, um pequeno descampado, onde cabem poucas barracas. Dali, cruzará o rio Paquequer e subirá em direção ao Mirante do Inferno. Pegar uma saída à esquerda, que te levará ao colo entre o Mirante do Inferno e o São João. Descerá à direita, até a base da Agulha e subirá um trecho bem úmido.

Vídeo da Escalada na Agulha do Diabo



Relato da Escalada na Agulha do Diabo

Agulha do DiaboEnfim havia chegado o grande dia. Há alguns anos atrás, quando fiz o curso básico de escalada, ouvi alguém dizer sobre uma escalada na Agulha do Diabo. Como não conhecia, fui logo pesquisar. Na primeira pesquisa, eis que surge uma foto simplesmente fantástica! Numa primeira análise, parecia algo impossível... Mas era naquele momento. Porém, algo me dizia que um dia estaria lá...

O tempo foi passando e foram algumas tentativas... Ora o tempo não ajudava, ora compromissos pessoais... Sempre tinha alguma coisa que me fazia adiar. Mas não desisti e nem desanimava, toda vez que passava pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos, me certificava de que ela estava lá a me esperar. E passou tanto tempo, que ficava até com um pouco de vergonha, quando o assunto Agulha do Diabo vinha a tona e eu falava que ainda não havia ido. Estava na hora de passar isso a limpo!

Eu, Ary Carlos, Marcelo Correa e seu filho, Lucas, havíamos marcado de escalar a Agulha dois meses atrás. Pensa naquela noite estrelada... E foi assim. Entramos no parque às 6 da manhã com um dia aberto e firme. Foi só passar da altura do antigo Abrigo 2 que as nuvens estavam lá estacionadas, trazendo uma chuvinha rala... Ainda chegamos ao início da descida do Caminho das Orquídeas na esperança do tempo abrir, mas nada... Havia parado na garganta o grito de gol.

Dessa vez tinha tudo pra dar certo. Estávamos num período forte de estiagem. Tudo muito seco. Apesar das condições difíceis para a vegetação e animais, estar seco, facilitaria a muito a caminhada de aproximação. Dessa vez, eu, Ary Carlos, Marcelo Correa, Guilherme Gregory e o Blanco Pinheiro nos organizamos para, enfim, escalar a tão sonhada Agulha do Diabo. Saímos as 4:30 da manhã de sábado. O Marcelo Correa nos esperava em Teresópolis. A viagem foi tranquila e com a estrada livre chegamos cedo em Teresópolis. Já havia gente na portaria, prenúncio de um dia cheio no PARNASO.  Acertamos tudo e seguimos para a Barragem.  Lá nos preparamos e tivemos que descer para deixar o carro estacionado mais embaixo.
Agulha do Diabo
Enfim começamos a caminhada. Eram 6:30 da manha e nossa previsão de chegada à base, seria por volta das 10:30. Começamos a subida e fomos num ritmo bom. Cruzamos  o local do antigo Abrigo 1 e passamos pela Cachoeira do Véu da Noiva completamente seca. Isso mesmo, completamente seca. Ainda não havia visto algo parecido. Seguimos e mais acima, na Cachoeira do Papel, mais uma decepção, só existia um pequeno filete de água, que mal dava para encher as garrafas. Tratei logo de encher minha garrafa extra, não sabia se o Paquequer estaria com água.

Continuamos a subida e usamos a subida pela base do Paredão Paraguaio, na Pedra da Cruz para ganharmos um pouco mais tempo, apesar da subida mais forte. Quando chegamos na laje, já na descida para o Caminho das Orquídeas, onde havíamos voltado da última vez, nos deparamos com uma vista fantástica. O dia estava completamente limpo. Uma leve brisa balançava as folhas das árvores. Pequenas nuvens contrastavam com o céu azul. Um espetáculo.

Descemos com o piso seco e foi mais fácil que das últimas vezes que havia ido ao local. Descemos o grotão e logo chegamos no Abrigo Paquequer. Um pequeno local de acampamento muito utilizado para quem faz a Agulha do Diabo em dois dias. Muitos preferem pernoitar no local e acordar cedo para escalar. Existe o incômodo de subir com mais peso, mas cada um define sua estratégia. Ali a água era escassa, mas em maior quantidade. Enchemos novamente nossas garrafas. E seguimos subindo em direção ao Mirante do Inferno. No caminho pegamos o caminho da esquerda, em direção ao São João. Descemos um terreno instável e até que chegamos ao colo entre o Mirante e o São João. Dali, descemos à direita em direção ao Vale da Geladeira.

Agulha do Diabo
É uma descida técnica e difícil, apesar de seca. Muitas pedras soltas. Havia muito limo seco nas pedras. Fiquei imaginando como seria o local molhado... Ficou apenas na imaginação. Dali, a vista da Agulha era fantástica. Estávamos a uma distância razoável o que nos permitia ver com detalhes, alguns dos lances clássicos da escalada, como o Cavalinho. E continuamos a descida. Em um determinado ponto começamos a subir em direção à Agulha. O caminho era mais difícil. Mais uma vez agradeci a seca... Fomos ganhando altitude e chegamos a uma gruta, onde entramos e fizemos um lance de chaminé até chegar ao alto da pedra, na volta, faríamos um rapel num grampo que havia ali no alto. Dali chegamos a um pequeno largo e com mais uma subida, estávamos na base da escalada!
Fizemos um lanche e nos preparamos para a escalada. Deixamos nossas mochilas e levamos somente o necessário. No casa do Agulha, a mochila iria atrapalhar os vários lances de entalamento e chaminés estreitas. Dividimos em duas cordadas. Eu e o Macelo fomos na frente e o Blanco, Ary e Guilherme por último.

O Marcelo guiou a primeira enfiada. Fui observando o movimentos, pelo menos os primeiros, logo acima, já se perde o contato visual. Assim que ele chegou à parada, foi hora de seguir. O primeiro lance olhando de baixo parece simples, mas as fendas são cegas e é preciso posicionar bem o pé esquerdo para sair bem e dominar o lance. Logo acima vem um bloco, um pouco mais fácil que o de baixo.  Seguimos mais uns trepa pedras até pegar uma diagonal para cima. Primeira parte finalizada!

Chegou minha vez de guiar. Sai da primeira parada e a segunda enfiada começa com um lance de entalamento. Subi um pouco e protegi com um camalot, melhorando o psicológico do trecho. Tentei uma vez, mas não encaixei e na segunda tentativa, me posicionei melhor, usando as pernas e o lado do corpo até subir mais um pouco e chegar próximo ao grampo, quando pude passar a costura e ficar protegido. Um lance bem bacana. Daí pegar uma horizontal para a esquerda numa fendinha, seguindo na ponta dos pés. Uma boa agarra acima deixou o lance bem tranquilo. Depois foi seguir uma pequena e delicada trilha até a parada dupla utilizada para o rapel, onde montei a segunda parada. O Marcelo veio logo em seguida. Dali já pude ver a outra cordada chegando. Seguimos todos mais ou menos juntos.

Agulha do Diabo
Subi uma pequena trilha, num caminho já bem marcado. Alguns trechos estão bem instáveis e é preciso atenção. Passei por baixo de uns grandes blocos até a base de mais uma chaminé. Dali dava para ver o quanto vertical era o trecho. Já estávamos bem próximos do nosso destino. O Marcelo guiou esse lance. Segui até o final da chaminé e subi até um buraco, onde entrei até o lado de fora, passando com um pouco de dificuldade. Daí foi subir mais um pouco e ir andando pelas pedras suspensas até uma grande pedra entalada, bem acima de onde entramos. Deu um pouco de arrasto na corda. Chegou até a prender em alguns momentos. Em cima dessa grande pedra, dá para ver o grampo um pouco mais alto. Na técnica de oposição, dominei o lance, até chegar ao grampo onde o Marcelo já havia deixado uma fita, fazendo um artificial até um confortável platô.

Agulha do Diabo
Nesse ponto, podíamos ver toda a extensão da Chaminé da Unha. Estávamos de frente para o São João e podíamos ver um grupo lá no alto. Ali, a vista surpreendia... Enquanto a cordada de trás subia, fui me preparando para o famoso lance do Cavalinho. Já estava pronto e o Marcelo me passou algumas dicas. Dei uma olhada antes e respirei fundo e subi um pouco depois do grampo afim de pode encaixar primeiro o ombro para poder me equilibrar. Depois, foi chegar um pouco para frente e colocar a perna esquerda. Alguns escaladores até passam em pé, mas preferi fazer o lance da maneira mais comum e na qual achei mais fácil... Segui devagar, sempre me apoiando bem. Olhei para baixo e vi o quanto estava alto. Tratei logo de olhar para frente e me concentrar, faltavam apenas alguns metros para completar. O Marcelo me chamou e bateu uma foto. Segui até a ponta e optei por entrar completamente na fenda. Como sou magrinho, não tive dificuldades. Saí do lance entrei numa estreitíssima chaminé. Era tão estreita que foi fácil dar segurança dali para o Marcelo.

Assim que ele completou o lance, segui para o outro lado, já me preparando psicologicamente para a Chaminé da Unha. Vou aqui descrever um pouco esse trecho. Trata-se de uma gigantesca laca, que está equilibrada em uma das faces, já próxima ao cume, formando uma grande e regular chaminé.  Diz a lenda que ela até balança! Brincadeiras a parte, não seria eu o responsável por descobrir a verdade!!! Foi hora de me preparar para guiar mais esse trecho, talvez o melhor da escada. Talvez não, com certeza.

Agulha do DiaboDe onde estava, podia ver um grampo muito alto. Pensei que fosse o primeiro, mas chegando um pouco mais para frente, pude ver que era o segundo, mas mesmo assim, estava alto. As proteções são aquelas padrão chaminé que conhecemos bem: um grampo lá longe e outro muito lá longe...  Sem muito enrolar e aproveitar o corpo quente, toquei para cima. Como movimentos sincronizados, fui ganhando altura e mais altura. Já não tinha como voltar atrás... A parede é bem aderente e regular. Comecei o lance de frente para o São João, seguindo a dica do Marcelo. Protegi no primeiro grampo e segui para um degrau, onde pude descansar um pouco. Consegui fazer algumas fotos e nesse ponto, virei de costa para o São João, visto que unha fica convexa ao seu final, isso facilitaria terminar o lance.

Agulha do Diabo
Segui subindo e protegi num grande, antigo e torto grampo. Fui ganhando altura e olhando para cima, a alça do cabo de aço já se aproximava. Faltavam apenas alguns metros...  Com aquela vontade de chegar rápido, parecia que o cabo se distanciava. Concentrei e parei de me preocupar. Quando olhei novamente, ele já estava na altura da minha cabeça. Apoiei com mão no cabo e subi mais um pouco até passar para o topo da unha. Ali foi descansar um pouco e apreciar a fantástica vista. Descansei um pouco e dei segurança ao Marcelo que rapidamente chegou. Estar ali é algo que dificilmente conseguirei descrever...

Bom, faltava o último trecho. O lance do cabo não tem muito mistério, mas todo cuidado é pouco. Fui subindo e passei por um trecho bem vertical, até que foi perdendo inclinação. Pronto, estava no cume. Realizava um sonho. Sozinho por um instante, com aquele dia maravilhoso, foi difícil conter as lágrimas. Uma mistura de sentimentos entre realização, alegria, alívio, etc... Rapidamente olhei em volta e me posicionei no centro do pequeno cume e agradeci a Deus por estar me proporcionando esse momento mágico. Poucos terão a oportunidade que tive. Por instante refiz todo o caminho que percorri até ali. Fechei os olhos e respirei fundo, me fazendo voltar a escalada, afinal de contas, tinha completado a metade do caminho.

Agulha do Diabo
Me prendi ao grampo que fica ao lado da caixa metálica onde se encontra o livro de cume e montei segurança para o Marcelo que subiu rapidamente. Quando ele chegou ainda falei: “Missão cumprida”. Ele me respondeu: “Ainda falta a volta”. Pois é, completamos apenas metade da missão! Enquanto a outra cordada não chegava, batemos várias fotos para registrar e tivemos a sorte de ter outros grupos no São João e Mirante do Inferno. Um moça que estava no Mirante do Inferno nos viu no cume e gritou: “De qual clube?” Eu respondi: “Niteroiense” .  Aos poucos todos foram chegando e conseguimos nos reunir no pequeno cume. O dia continuava perfeito.  Começamos a nos preparar para descer. Seguimos por dois rapeis até a base de um bonito e mais baixo cume, chamado de Agulha da Neblina. O Blanco escalou e eu me arrependi profundamente de não ter ido... Mas tudo bem, ficará para a próxima...

Descemos uma pequena trilha e fizemos mais um rapel até a base, onde havíamos deixado nossas mochilas. Fizemos um lanche e foi hora de pegar o longo caminho de volta até a barragem. Às 18:00, estávamos de volta a Trilha do Sino e as 20:00, chegávamos na Barragem.

Agora sim, poderia dizer: Missão cumprida!

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Base da via

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Lance do Cavalinho

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Chaminé da Unha

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Leandro do Carmo e Marcelo Correia no cume

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Leandro do Carmo escalando o lance final

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No lance final

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Ary chegando ao cume

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Leandro, Ary e Marcelo

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Marcelo Correia (em pé) e Leandro do Carmo no cume

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da esquerda: Blanco, Ary, Marcelo, Leandro e Guilherme

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Leandro e Marcelo no cume