sábado, 12 de novembro de 2016

Subindo o Monte Roraima

Por Leandro do Carmo



Nossa Logística:


Expedição 8 dias

Parte aérea: Voo - Rio x Boa Vista

Parte terrestre: Boa Vista (RR) x Santa Elena de Uiarén (Venezuela) - Aproximadamente 235 km - Táxi (Dá para ir de ônibus até Pacaraima e de lá seguir até alguma pousada em Santa Elena)
Santa Elena x Paraitepuy - Aproximadamente 90 km  - Carro 4x4 (Responsabilidade do guia)

Optamos por contratar um guia, não uma empresa.

Vantagens: Mais barato
Desvantagens: Difícil de fazer contato e acertar os detalhes

Estava incluso: Guia, barracas, alimentação durante todos os dias, transporte Santa Elena x Paraitepuy x Santa Elena.

Algums dicas:
Moeda: Bolívar Venezuelano;
Câmbio: 1 Real = 320 - 330 Bolivares (em julho/2016);
A maioria dos lugares aceitam Real, não há necessidade de comprar Bolívar;
As coisas na Venezuela são bem baratas.

Contato do Guia: Juan Pablo - https://www.facebook.com/juanpablo.perez.336

Dados sobre o Parque Nacional Canaima (Venezuela)
Dados sobre o Parque Nacional do Monte Roraima (Brasil)

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Vídeo completo


Relato

1° Dia, 25/07/2016: Aldeia Paraitepuy x Acampamento Kukenan

Distância: 16,2 km
Tempo Total: 05h 54min

Acordamos cedo e saímos para tomar um café em uma padaria em Santa Elena. Era o dia mais esperado... Fui bem rápido, não queria que nada desse errado. Nem estava com fome, de tanta expectativa. O horário marcado com o Juan, foi as 8 da manhã e as 08h 01min, já estava achando que ele estava atrasado... O coração bateu forte quando vi as Toyotas Land Cruiser entrando pelo portão da pousada... Agora sim a expedição estava começando!

Arrumamos as coisas e quem foi contratar o carregador, acertou ali na hora. Colocamos nossas mochilas e nos ajeitamos. Enfim pegamos a estrada. De Santa Elena até a Aldeia Paraitepui, foram aproximadamente 2 horas entre asfalto e estrada de chão, só com 4x4! Na aldeia, descarregamos tudo e fomos assinar o livro de presença no posto do InParques, entidade venezuelana que administra o sistemas de parques e monumentos nacionais. Para que não sabe, o lado venezuelano do Monte Roraima está dentro do Parque Canaima, segundo maior parque nacional venezuelano.

Depois dos trâmites legais, colocamos nossas mochilas nas costas e começamos a andar. Para mim omprimeiro dia é sempre o mais difícil... O corpo ainda não sabe o que vem pela frente e as vezes demora um pouco a se adaptar... O dia estava quente e nublado. Passamos por algumas casas bem humildes da aldeia e seguimos num sobe e desce. Se não fosse a grande expectativa de estar ali, te digo que seria uma caminhada meio sem graça... Isso porque o tempo não estava ajudando e o Monte Roraima e o Kukenan estavam encobertos e só saberia que ele estava ali na nossa frente, alguns dias depois...

Fomos num bate papo bem descontraído e sempre num passo firme e constante. Cruzamos alguns córregos e fiquei impressionado com a falta de vegetação na região. Havia árvores de maior porte em alguns pontos dos córregos e ao redor somente vegetação rasteira. Mas seguimos andando e de alguns pontos dava para ver o caminho que ainda tínhamos a percorrer. Numa subida, avistamos novamente algum sinal de civilização. Era o acampamento do Rio Ték. Havia algumas barracas também. Fizemos ali nossa última parada antes do ponto final.

Em poucos minutos, fomos literalmente atacados por uns mosquitos conhecidos como Puri Puri. Eles são pequenos e quando picam, devem expelir algum anti coagulante que deixa o sangue escorrendo... Nem deu para curtir muito... Seguimos andando. Um pouco mais abaixo, atravessamos o Rio Ték, primeira grande aventura do dia. O rio não estava muito cheio e o atravessei  com a água na altura da coxa. Do outro lado da margem,segui descalço,seriam aproximadamente 2 km até o ponto final do dia. Em seguida, passamos pela Igreja de Santa Maria e mais a frente pude contemplar o Rio Kukenan e o Kamaiwa, um de água quente e o outro de água fria, respectivamente.

Desci e nos preparamos para atravessá-lo. Aqui a brincadeira era mais séria... A correnteza é mais
forte e todo o cuidado é pouco. Atravessamos bem lentamente, não queria ter minha mochila toda molhada logo no primeiro dia. Com cuidado, cumprimos o último desafio do dia. Foi diferente chegar ao ponto de acampamento e encontrar tudo arrumado e logo em seguida vir um lanche. Nunca pensei que fosse ser tão bem servido! Aproveitei para tomar um bom banho e descansamos o final do dia. À noite, lanchamos e aproveitamos para jogar cartas para passar o tempo...


2° Dia, 26/07/2016: Acampamento Kukenan x Acampamento Base
Distância: 8,35 km
Tempo Total: 4h 55min

A noite foi bastante chuvosa. Acordamos ainda com um tempo meio estranho, mas logo foi firmando um pouco. Nesse primeiro café da manhã, comemos arepa, uma espécie de pão feito com farinha de milho. Após esse delicioso café, arrumamos nossas coisas e partimos rumo ao acampamento base por volta das 9 horas. A caminhada começa relativamente plana, mas depois de alguns quilômetros começa a subida. Seguimos subindo e o tempo fechou de vez, fazendo desabar uma forte chuva. No meio do caminho o Juan, milagrosamente sacou um melão de dentro da mochila, isso mesmo, um melão, cortando em fatias e dando a quem estava por perto. Nessa hora ele deu uma ajuda a minha mãe, levando a mochila dela por um longo trecho.

Depois da chuva o tempo parecia que iria firmar, mas logo veio mais água e o frio aumentou consideravelmente. Foi um alívio chegar no local do acampamento. Mas dessa vez, devido a forte chuva que caía, as barracas não estavam montadas. Já estava ficando mau acostumado... Todos estavam esperando embaixo de uma lona estendida sob uma armação de madeira. Foi só o chuva dar uma trégua, para que as barracas fossem armadas. Foi o único dia na qual não tomei banho. A caminhada havia me desgastado muito.

Depois de algum tempo, a chuva cessou e o tempo abriu. O Monte finalmente apareceu e foi aí que pude ter a noção exata da magnitude do local. Chega dar arrepio só de lembrar... Acabei esquecendo do cansaço da subida e fui hipnotizado pelas belíssimas cachoeiras que se formavam em vários pontos do imenso paredão de pedra, em especial a bela Kukenan. No local haviam muitos pássaros que ficavam rodeando nossas barracas e cercando a cabana onde a comida estava sendo preparada.

Comemos pipoca com chocolate quente antes da janta. Aproveitei para ir dormir um pouco mais cedo. O dia seguinte apesar de mais curto, seria o dia com a subida mais pesada, passaríamos por trechos bem delicados.

3° Dia 27/07/2016: Acampamento Base x Hotel Principal
Distância: 5,38 km
Tempo Total: 6h 15min

Choveu a noite, mas o dia amanheceu razoavelmente bom. A medida que a hora avançava, o tempo foi abrindo. Uma surpresa: um belo arco íris se formou em frente ao Monte Kukenán, um dos grandes momentos da expedição. Hoje seria um dia mais pesado, pois além da forte subida, levaria mais algumas coisas da mochila da minha mãe. Aprontamos tudo, tomamos um reforçado café da manhã e tocamos pra cima!

Cruzamos uma queda d’água próximo ao acampamento e já começamos uma forte subida. O trecho é bem íngreme e o piso é de uma espécie de barro bem compactado. A sorte é que não estava chovendo. Segui subindo e percebi o quanto estava enganado com a distância. Talvez pela grandeza do local, mas tinha a nítida impressão de que não era tão longo assim... Mais a frente tive a oportunidade de tocar o paredão do Monte Roraima pela primeira vez. Uma emoção! Pensei em como seria chegar ao topo... Mas deixei as hipóteses de lado e me concentrei no que tinha realmente no momento: mais subida!

Segui em frente e num belo mirante já era possível ver o acampamento base bem ao fundo. A parede do Monte rasgava o céu numa impressionante e vertiginosa vista. As nuvens começaram a aumentar, talvez o prenúncio de mais chuva. Por sorte, avaliei errado e a chuva não chegou. Parei para dar uma descansada em um belo mirante. De lá pude observar a Gran Sabana e o famoso “Passo de Las Lágrimas”, uma belíssima passagem por baixo de uma cachoeira, que pode molhar bastante caso tenha chovido forte.

Nesse ponto, encontrei os carregadores e fui acompanhando o ritmo deles. Os caras andam forte! Mais uma descida forte e comecei a sentir umas gotas de chuva. Quando ia parar para colocar o poncho, ouvi um dos carregadores falar: “las lágrimas”. Foi a única coisa que entendi daquele espanhol difícil... Mas foi o suficiente para perceber que estava no “Passo de las lágrimas”. Quando olhei para o alto, vi a enorme quantidade de gotas caindo e imaginei se tivesse chovido... Subimos um trecho bem delicado, com muitas pedras soltas e bem molhadas.

Mais acima, aproveitei que os carregadores pararam e aproveitei para descansar também. Seguimos subindo e chegamos ao local de entrada do Monte Roraima. Os carregadores seguiram andando e eu optei por ficar ali esperando o resto do pessoal. Ali, tive a certeza de que sou um cara de sorte! Quantas pessoas tem a oportunidade de estar aqui? O sol apareceu e pude me aquecer um pouco. Aproveitei para andar em volta e procurei alguns pontos para fotografar. Fiz um lanche rápido até que comecei a ouvir as primeiras vozes. Aos poucos todos foram chegando extasiados pela fantástica paisagem.

Depois de todos reunidos, seguimos para o nosso ponto de acampamento, conhecido como Hotel Principal. Chegamos e as barracas já estavam contadas. O local é abrigado, mas o piso era um pouco irregular. Mas isso era o que menos importava. Dali podia ver o cume do Monte Roraima. Começou a bater aquela vontade de chegar lá o mais rápido possível. Depois de uma lanche, não resisti e segui para lá. O grupo foi em direção a Jacuzzi e eu, para o cume. Nem queria saber de mais nada, queria mesmo era chegar ao cume do Monte Roraima, uma das minhas metas da expedição! Fui contornando as grandes poças e caminhos de água, até que comecei a subir. Em poucos minutos já estava no cume. A respiração estava ofegante, acho que por eu ter subido rápido. O coração batia mais forte, talvez pela emoção de estar ali...  Talvez não... Isso era uma certeza! Por alguns instantes pude, sozinho, contemplar a beleza e grandiosidade do local.

Por um instante, as cortinas de um palco para a imensidão se abriram... Nesse momento pude observar a Gran Sabana, a Aldeia Paraitepuy e todo o caminho que começamos a percorrer a três dias atrás. Parecia um desenho de uma linha marrom em meio ao verde da rasteira vegetação. Fiz algumas fotos e voltei para o acampamento. Mas antes, aproveitei uma das grandes poças de água corrente para tomar um banho... Muito gelado, diga-se de passagem... Aí foi esperar o dia terminar... Muita conversa boa até que fomos dormir, esperando ansioso o próximo desafio da expedição!

4° Dia, 28/07/2016: Hotel Principal x Hotel Coati
Distância: 13 km
Tempo Total: 06h 24min

Acordamos com o tempo muito fechado, não dava nem para ver o cume do Roraima. Acordar assim, até desanima, mas como o tempo lá em cima muda rapidamente, tinha esperança de que melhoraria. Era bem cedo, o que deu tempo para tomar um café da manhã e arrumar a mochila com bastante calma. Enquanto isso, o tempo dava sinais de que abriria. Todos pronto, foi hora de colocar as mochilas nas costas e começar a caminhada. O dia hoje seria longo, andaríamos cerca de 13 km até o “Hotel Coati”, em lado brasileiro, passando pela tríplice fronteira.

O tempo foi melhorando e logo saímos para a caminhada. O caminho fica bem marcado por cima das pedras, uma espécie de linha branca de tanto se andar. Seguimos por entre belas formações rochosas, atravessamos córregos, pegamos sol, chuva, frio, calor, tudo isso em apenas algumas horas...

Entramos num trecho com algumas passagens bem bonitas, até que chegamos à Tríplice Fronteira. Para mim, mais um objetivo cumprido na expedição! Nesse ponto, podíamos estar em solo venezuelano, brasileiro e guiano! O Monte Roraima faz fronteira entre esses três países, sendo o lado venezuelano com 85%, o brasileiro com 5% e o guiano, com 10%. Tiramos várias fotos e seguimos caminhando.

Mais a frente, me deparei com um impressionante buraco em meio a uma depressão, havíamos chegado ao “El Fosso”. Me surpreendi com o local! Havia um rio que corria e desembocava dentro desse belo e simétrico buraco, parecia que havia sido feito a mão, de tão perfeito que era. Ali, faríamos nosso almoço. Enquanto descansávamos, aproveitamos para ir dentro do “El Fosso”. Há uma entrada por trás das pedras onde ficamos, porém é preciso fazer uma passagem bem delicada, o que deixou alguns de fora dessa exploração. Começamos a descer e a chuva começou a cair fraca, mas como estávamos dentro de uma gruta, fomos seguindo. A água estava muito gelada e para chegar ao meio do buraco, foi preciso molhar um pouco a calça. Enquanto andava, o chuva caiu forte. Fui até a parte abrigada da chuva e esperei o resto da galera chegar. Ali pude contemplar mais um espetáculo da natureza!!!

Na volta, tivemos que esperar por alguns minutos a chuva passar. Estava tanto frio que os minutos pareciam horas... Já de volta a superfície, almoçamos e seguimos caminhando até o nosso destino. Passamos por labirinto até que chegamos num grande lajeado. O tempo fechou novamente e baixou uma forte serração. Seguimos e passamos por uma imensa fenda, onde o som assustador da água correndo ao fundo, dava a impressão de que seria sugado... ainda mais passando por cima de uma pontezinha de madeira, amarrada com arame...

Mais alguns minutos caminhando e chegamos ao “Hotel Coati”, uma espécie de caverna, onde abrigamos nossas barracas. Um belo e aconchegante local de acampamento. Aproveitei uma cachoeira formada pela água da chuva, bem na entrada do “Hotel” para tomar um banho. Seco e com uma roupa bem quente, foi fácil passar o tempo! Continuamos nossa conversa e ouvimos grandes histórias do nosso mestre e guia Juan, onde pudemos conhecer um pouco sobre a cultura local. Ainda comemoramos o aniversário do Pulga, cantando todo o tipo de música de parabéns que conhecíamos!

5° Dia, 29/07/2016: Hotel Coati x Lago Gladys x Hotel Coati
Distância: 10 km
Tempo Total: 07h

Tentamos ver o sol nascendo, mas o tempo não ajudou. Amanheceu com uma forte cerração. Como estávamos bem abrigados, nem percebi se fora uma noite chuvosa. Fora da barraca a temperatura bateu a mínima de 10,2°C. Enquanto aguardávamos o tempo abrir, tomamos um delicioso café da manhã e aproveitei para dar uma arrumada nas minhas coisas. Passaríamos mais uma noite por aqui. Assim que o tempo foi melhorando, saímos para nossa caminhada.

Hoje seria diferente, não teríamos o peso da mochila. Seguiríamos até o Lago Gladys. A caminhada dispensa comentários... Além da beleza do local, cruzamos alguns rios e em especial o Rio Cotingo. Sem mochila pesada, tudo fica mais fácil. No caminho, cruzamos com uma imensa aranha, parecida com a nossa caranguejeira. Seguimos andando e logo chegamos na borda de um dos precipícios. Pena que o tempo estava fechando e só pude ver um pouco da mata que estava bem ao fundo. Dali, já dava para ter uma noção da altura.

Andamos por uma área mais plana e depois de uma pequena elevação, pudemos ver de longe uma grande cratera, era o Lago Gladys. Chegamos nela e vi a sua beleza... Sentado numa de sua borda pude contemplar mais um espetáculo da natureza! Perguntei ao nosso guia José se podia entrar e ele me disse que o Lago é um local sagrado e se alguém entrar o monte se enfurece e faz cair uma forte chuva... Bom, não seria eu quem desrespeitaria...

Depois que todos chegaram e cansaram de bater fotos, seguimos o caminho de volta. Começou uma forte chuva, como já estava acostumado com a mudança rápida do tempo, paramos um pouco perto da borda do precipício, esperando que o tempo abrisse. E não é que fomos agraciados novamente pela mãe natureza! O tempo abriu e pudemos ter uma excelente visão . Batemos fotos de tudo quanto foi maneira. Ninguém queria perder um ângulo sequer!

Depois de vários cliques, iniciamos nosso caminho de volta. Uma surpresa no meio do caminho: nosso almoço nos esperava! Isso mesmo que vocês leram, ALMOÇO! O Juan mandou preparar nosso almoço no meio da trilha. Sem dúvidas o melhor almoço de minha vida!!!!!! Pensei: “Vou ficar mal acostumado”... Satisfeito, segui o caminho de volta. No hotel, aproveitei a mesma cachoeira formada pela chuva do dia e tomei um banho gelado.

O tempo abriu, aproveitamos para pegar um sol e colocar algumas de nossas roupas para secar. Fui dar uma volta pelo local e fui seguindo alguns totens. Em um determinado ponto, encontrei o José, um dos guias, que me indicou um mirante, de frente para um monte conhecido como Roraiminha. Já está até parecendo um clichê, mas não encontrei outra palavra diferente do fantástico para descrever o local. Garanti algumas fotos e voltei até o acampamento.

A noite foi ótima. Muita conversa na nossa varanda com vista panorâmica. No dia seguinte, retornaríamos para o Hotel Principal, passando pelo Vale dos Cristais.

6° Dia, 30/07/2016: Hotel Coati x Hotel Sucre (Vale dos Cristais)
Distância: 12 km
Tempo Total: 06h

Acordei antes das 5 da manhã na esperança de ver o sol nascendo. Mas como os dias anteriores sempre amanhecia fechado, nem tinha muita esperança. Quando ouvi o Juan falando “E aí Leandro, vamos?”, saí rapidamente do saco de dormir e seguimos para o mirante. Como já havia feito o caminho no dia anterior, segui à frente achando que seria fácil... Puro engano... Tive que ir e voltar algumas vezes para acertar o caminho. O céu estava estrelado e bem aberto. Quando chegamos no mirante, tive a noção exata de onde estávamos. A vista era fantástica... As cores que se formavam no horizonte faziam um contraste com branco da nuvens e negro da noite, um espetáculo.

Numa manhã mágica, presenciei um dos mais emocionantes nascer do sol que já havia visto. E quando tudo parecia perfeito, apareceu o Ramón com uma jarra de café! Quase chorei!!!!! Tomar café vendo um nascer do sol desses... Coisa para poucos! Nem preciso falar que fizemos várias fotos. Já era hora de voltarmos e levantar acampamento. E assim fizemos. No Hotel, reforçamos nosso café da manhã, arrumamos nossas mochilas e seguimos caminhando de volta até quase chegar à Tríplice Fronteira novamente.

Pegamos uma saída para a esquerda e entramos no Vale dos Cristais. Como o próprio nome diz, é um local com grande concentração de cristais de quartzo, alguns tão perfeitos que parecem até vidro de tão transparentes... O local já teve mais cristais, a retirada foi grande no passado. Hoje em dia o controle é muito mais rigoroso pelo InParques, ao final da caminhada, em Paraitepui, é feita uma revista nas mochilas e a multa é forte, se encontram alguma coisa na mochila...

Caminhamos no fundo do vale até que conseguimos ver o marco da Tríplice Fronteira bem lá trás. Voltamos por um caminho diferente do que fizemos na ida. Mais a frente, os carregadores apareceram novamente fui seguindo-os até que chegamos perto do Hotel Principal. Lá vimos que ele estava ocupado e seguimos para o Hotel Sucre. No Sucre, as barracas não ficam tão bem acomodadas, mas ficar abrigado já é um luxo. Deixei as coisas na barraca e fui direto para um banho. O dia estava bastante agradável no momento. Aproveitei para dar um subida em uns mirantes próximos.

Comemos e descansamos bem, o dia seguinte seria longo. Desceríamos direto e pernoitaríamos no Acampamento do Rio Ték, pulando o Acampamento Kukenán.

7° Dia, 31/07/2016: Hotel Sucre x Acampamento Ték
Distância: 15,4 km
Tempo Total: 07h

Acordamos e saímos para caminhada um pouco mais cedo que os dias anteriores, mas não sem antes tomar o reforçado café da manhã. Deixamos as mochilas no caminho e passamos no cume do Monte Roraima. Posamos para a foto e seguimos descendo até o ponto onde termina a rampa, subida após o “Passo de Las Lágrimas”. Ali, me despedi do Monte, tendo a certeza de que cumpri com meu objetivo... Mas a expedição ainda não havia acabado. Faltava o trecho mais delicado, ainda mais na decida...

Seguimos pelo caminho de pedras com muito cuidado. E no Passo de Las Lágrimas, com pouca água, foi tranquilo descer. Dali foi mais uma subida forte e na descida a chuva chegou com força. O caminho se transformou num rio. Caminhávamos com os pés dentro d’água. Só pensava na descida próxima do acampamento base, trecho bem íngreme e escorregadio. Mas com cuidado, vencemos o trecho e cruzamos o rio que antecede o acampamento base. Lá pudemos descansar e esperar o almoço que estava sendo feito. Foi aí que me dei conta de que o sonho estava acabando... Estava quase na hora de acordar... Havia saído do topo do Monte há algumas horas e já estava batendo uma saudade absurda...

Depois do belo almoço, seguimos descendo. Esse foi um trecho duro na subida, mas agora tudo estava mais fácil. Demorou, mas chegamos no Acampamento Kukenán. Ali aguardamos a chegada do resto do pessoal para podermos atravessar o rio. Dessa vez, não ficaríamos ali, pois se chovesse muito, o nível do rio subiria, podendo até atrasar nossa partida no dia seguinte. Por isso, nosso último acampamento seria o do Rio Ték, assim atravessaríamos os rios, ficando livres de qualquer imprevisto. Depois que todos foram chegando, iniciamos a travessia dos rios. Assim como no primeiro dia, fui com bastante cuidado. Já na outra margem, o Juan atravessou as mochilas com uma canoa e alguns aproveitaram a carona. Dali seguimos para Igreja de Santa Maria. Ali tive a certeza de como acertamos na escolha do guia. O Juan recolheu algumas sacolas de lixo que foram deixadas próximo a uma placa, se fosse outro... depois fomos em direção ao acampamento, atravessando o Rio Ték.

Lá encontramos alguns grupos que estavam iniciando suas caminhadas e ficamos conversando e contando histórias num tom bem descontraído. Olhando ali, percebi o quanto é bom estar com um grupo fechado, só de amigos. A viagem segue bem melhor...

Nossa última noite... Nos reunimos para o jantar e a emoção foi grande. Num tom de despedida o nosso Guia Juan juntou toda a sua equipe e cada um pode agradecer os 7 dias que passamos juntos. Não posso falar pelos outros, mas eu vivi intensamente cada momento que passamos e sei quanto é difícil organizar esse tipo de atividade... E o cara conseguiu, num lugar inóspito, nos proporcionar grandes momentos!

No apagar das lanternas, nos recolhemos em nossas barracas para nossa última noite, com o Monte Roraima a nossa frente...

8° Dia, 01/08/2016: Acampamento Ték x Aldeia Paraitepuy
Distância: 13,9 km
Tempo Total: 4h 37min

Tirando o dia que acordamos para ver o sol nascendo, esse foi o dia na qual acordamos mais cedo. Nossa meta era chegar por volta das 11 horas, pois ainda iríamos almoçar antes de irmos de volta para Santa Elena. Mas antes de sair, batemos uma foto com todos. Uma foto para entrar para história! Arrumamos nossas mochilas e fomos saindo, um de cada vez... Depois de tudo que passamos, esse foi um caminho onde fui lembrando de cada dia, cada subida, cada risada... enfim, cada momento...

Depois de algumas horas chegamos a Aldeia Paraitepuy e passamos pela revista do pessoal do InParques. Foi um momento de alegria e tristeza quando os jipes chegaram... E o Juan com mais uma surpresa! Cerveja e Coca Cola gelada para todos! Seguimos para o delicioso almoço de despedida.

Quando estamos sozinhos, o sucesso depende somente da gente. Em grupo, o sucesso não é mais individual, ele vai depender do sucesso de todos. E posso te garantir que vencemos! Monte Roraima 2016... Pra sempre...













Guia de Trilhas de Niterói e Maricá: 24º dia, Lagoa de Itaipu e Mirante do Bairro Peixoto

Por Leandro do Carmo

Lagoa de Itaipu e Mirante do Bairro Peixoto

Local: Niterói
Data: 27/02/2016
Participantes: Leandro do Carmo e Ary Carlos

De volta a Niterói, foi dia de fazer algumas fotos da Lagoa de Itaipu. Cheguei um pouco mais cedo e dei uma volta pela lagoa e praia. Depois, fui encontrar com o Ary. Tínhamos uma informação de que havia uma trilha que seguia num caminho comum para a Falésia do Peixoto, ponto de escalada esportiva. Como não tínhamos nada de concreto, seguimos subindo.

O início foi bem tranquilo e subimos por um trecho bem íngreme após uma bela e curiosa árvore. Mais acima um trecho curto de corda fixa.  Passamos por uma casa de marimbondo, onde tivemos que desviar para não corrermos o risco de sermos ferroado. Dali até o mirante foram mais alguns minutos...

A vista do mirante é muito bonita. Um belo local para um por do sol!!!! 


Até a próxima!!!!







terça-feira, 8 de novembro de 2016

Guia de Trilhas de Niterói e Maricá: 23º dia, subindo a Pedra de Inoã

Por Leandro do Carmo

Guia de Trilhas de Niterói e Maricá: 2º dia, subindo a Pedra de Inoã

Local: Maricá / Pedra de Inoã
Data: 13/02/2016
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Marcos Lima, Ary Carlos, Jhonny Marques, Luciano Gomes e José Antônio.

Assim que chegamos a Inoã, ela se destaca... Toma conta da paisagem local. Assim é a Pedra de Inoã: Imponente!

Chegamos cedo ao ponto de encontro, na primeira entrada para Itaipuaçu. Lá, esperamos o pessoal chegar. O local de início fica em frente ao primeiro retorno após o Queijão. Iniciamos a caminhada por um capinzal que incomoda um pouco, mas logo entramos na mata. E foi aí que a brincadeira começou... Achar a trilha não foi muito fácil, mas conseguimos chegar. É uma trilha bem fechada e o rastro não está muito bem definido. Existem até algumas marcas pintadas nas árvores, mas elas estão, na maioria, visíveis para quem desce.

Seguimos subindo até num caminho bem íngreme até chegarmos a um grande platô. De lá, descemos levemente até encontrar o único ponto de subida. Uma passagem entre as pedras que leva ao último trecho antes do cume. Mais acima já dava para ver a bela vista. No cume, seguimos para o mirante voltado para a Serra do Calaboca. No caminho, cruzamos com uma jararaca enrolada ao lado de um tronco caído.

A volta foi mais simples... Como já sabíamos o caminho... Foi só curtir!


Seguem algumas fotos desse dia! Até a próxima.







Quinta Invasão - Setembro/2016

Por Leandro do Carmo

2016 bombou!!! Foram aproximadamente 80 pessoas participando do maior evento de escalada da cidade. Nos dividimos nas diversas vias do Costão, Mourão, Agulha Guarischi e Telégrafo. Além das escaladas tivemos as clássicas trilhas do Costão com Pata de Gato e Bananal. Uma grande festa!

Seguem as fotos:






sábado, 22 de outubro de 2016

Agulha do Diabo - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Data: 19/10/2016

Participantes: Leonardo Carmo e Marcos Lima


Essa via estava na nossa mira já fazia tempo. Entra temporada e sai temporada e nada até que o Marcos Lima, já no desespero, deu uma intimida com três super missões. Dentre elas, a Agulha do diabo. Já numa época não muito apropriada, escolhei essa via e comecei a estudá-la de forma minuciosa. Como faríamos bate e volta, não poderíamos errar, pois não teríamos outra chance. Seja pelo risco de se machucar ou de ter que abortar e não ter mais uma janela de tempo bom como tivemos na semana do ocorrido.


Uns 5 dias antes, comecei a monitorar a previsão do tempo e falei com o Marcos para ele se preparar para uma missão. Só disse pra onde iríamos dois dias antes rsrsrs.

E assim foi toda a preparação rsrs. Partimos de Niterói às 4 da manhã do dia 19/10/2016. O dia estava perfeito. Um calor infernal e tempo aberto. Só que alta montanha é diferente. O tempo muda do nada. Entramos no PARNASO as 6 hs já com os ingressos comprados.

Chegando lá na barragem onde deixamos o carro, pegamos as mochilas e partimos pela interminável trilha do Sino. Subimos num ritmo intenso. A umidade estava alta. Suava feito um porco em fuga rsrs. Entramos na variante da trilha que sai numa bifurcação que da na Pedra da Cruz e Cota 2000. Por ali começa a trilha que vai para o Mirante do inferno e São João.

Obs.: pegando essa variante da trilha e chegando nessa bifurcação, tem que seguir a trilha que vai para a cota 2000 e entrar à esquerda e começar a descer. Se subir pela trilha convencional do Sino, quando chegar na cota 2000, entrar a esquerda e um pouco mais a frente, pegar a trilha a direita.

Continuamos a nossa empreitada e cada vez mais a vontade de escalar a Agulha. Não foi possível conter a vontade de vê-la mais uma vez e tirar uma foto e subimos até o mirante do inferno. Dali em diante foi sofrido. Entramos no Vale da Geladeira. Um lugar muito úmido. Percorremos uma íngreme descida e depois uma íngreme subida. Tudo estava molhado. Esse trecho é muito escorregadio. Andamos praticamente por pedras soltas e ensaboadas rsrs.

Passamos no buraco da Agulha meio que deslizando, pois estava completamente molhado.

Enfim, chegamos à base.

A primeira enfiada tinha uma parte molhada. Isso acabou dificultando um pouco a saída, mas não tinha jeito. Era encarar ou voltar. Vencido esse lance, partimos para a segunda enfiada. Lance tranquilo. Sem complicações. Partimos então para a terceira enfiada. Nessa, tinham duas partes molhadas que dificultou muito a nossa vida. Mas... ou encara ou aborta. A quarta enfiada também foi relax. Dali percorremos por um trecho de terra passando pela gruta que leva a te a entrada da chaminé do L. Antes da entrada da gruta da pra ver o cabo de aço da Agulhinha da Neblina.

A Chaminé do L a princípio deu um susto mas no decorrer vimos que não era nada disso. Nessa chaminé não tem grampos de proteção. Pra iniciar tem que ir até o final dela e começar a subir. Passar entre duas pedra entaladas quase saindo da chaminé. Depois que chegar nessa última pedra entalada, vai ter que fazer uma horizontal de volta até chegar em cima de uma outra pedra entalada que fica na entrada da chaminé. É meio louco mais é maneiro. Aí tem que ter um cuidado, pois a corda pode prender com facilidade. Chegando nesse ponto, tem dois grampos que finalizam a chaminé levando a uma parada dupla. Nesse ponto também estava molhado. Dificultando ainda mais a nossa vida. Esse é um lance delicado. Optamos por usar um estribo e fazer um artificial. Mesmo assim é um lance chato. Vencido tudo isso, chegamos no final da P5. Continuamos um pequeno trecho de trilha até chegar no lance do cavalinho.

Psicologicamente assusta. Pois se olhar pra baixo, é o abismo rsrsrs. Mas é só controlar os ânimos e partir pra dentro. O Marcos passou realmente no estilo cavalinho. Eu consegui passar rastejando mais por dentro do que por fora. A entrada no cavalinho requer muita atenção. Uma queda ali pode te deixar numa situação desconfortável demais. O final desse lance é super estranho também. A gente fez segurando no bico de pedra e jogando o corpo todo pra fora e entalando o pé numa fenda. Ali é jeito e força. Fazendo isso, entra na chaminé da Unha. A base dela é super apertada. Mal da pra virar a cabeça pra olhar pro lado. A saída é enjoada. Depois ela vai ficando mais larga e confortável. Nessa chaminé tem 3 grampos que dão uma segurança maior. Chegando no 2º grampo é recomendado virar o corpo e subir invertido pra poder terminar a chaminé confortavelmente. Eu subi do mesmo jeito que comecei e deu certo rsrs.

Terminando mais um lance, a P6, chega a hora do ataque final pelo cabo de aço. Apesar de ser cabo de aço o lance requer muita atenção. Tem um trecho que é uma parede. Subimos costurando normalmente fazendo toda a segurança. Uma queda ali se não estiver costurado ou você vai quebrar a coluna quando a solteira parar no grampo ou vai ficar despencar Agulha abaixo rsrs.

Vencido mais esse lance, chegamos ao cume (P7). Esse cume é um dos menores que eu já fui. Acredito não encontrar outro que seja menor. Estar lá em cima é indescritível. Uma sensação única que só estando lá pra saber.

Chegamos no cume por volta das 15 hs. Estávamos no limite do nosso tempo de segurança que estabelecemos. O tempo estava fechando. Ficou sinistro. Precisávamos sair dali o mais rápido possível. Batemos umas fotos, vídeos, assinamos o livro de cume e começamos a preparar pra descer.

Esse primeiro rapel vai até o topo da chaminé da unha. Dali tem que fazer outro por fora da chaminé até o platô e andar um pequeno trecho até o final da chaminé do L (P5). Esse terceiro rapel é por dentro do L terminando bem na entrada. Dali é caminhar até a parada dupla da P4, montar outro rapel e descer até a P1. Depois é só finalizar o rapel da P1 e pronto. É só pegar o caminho de volta até a barragem.

Equipamentos utilizados:

Corda de 60 m, 3 costuras e 1 estribo e 1 friend (ajudou na 3º enfiada devido a parede estar molhada).

Por não conhecermos a via, estabelecemos horários como meta e uma delas era chegar no cume no máximo até as 15 hs.

Não é preciso fazer a trilha com muita água, pois existe uma boa fonte de captação no Acampamento Paquequer.

Obs.: para entrar no parque as 6 hs da manhã é preciso comprar os ingressos antecipadamente pelo site e já levar o termo de responsabilidade impresso bem como os comprovantes de pagamento.






















quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A temperatura que está nem sempre é a que sentimos!

Por Leandro do Carmo

Artigo escrito para o Boletim CNM SETEMBRO/2014

A sensação de temperatura que o corpo humano sente é freqüentemente afetada por vários fatores. O corpo humano é uma máquina térmica que constantemente libera energia e qualquer fator que interfira na taxa de perda de calor do corpo afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura do ar, outros fatores significativos que controlam o conforto térmico do corpo humano são: umidade relativa, vento e radiação solar.

O índice de temperatura-umidade (ITU) é um avaliador do conforto humano para o verão, baseado em condições de temperatura e umidade. Ele é calculado pela equação abaixo:

ITU = (0,8 x T) + (UR ( T – 14,3 ) / 100) + 46,3

Onde, T = Temperatura em ºC, UR = umidade relativa do ar e ITU = Índice de Temperatura e Umidade.

A evaporação do suor é uma maneira natural de regular a temperatura do corpo, pois o processo de evaporação é um processo de resfriamento. Quando o ar está muito úmido, contudo, a perda de calor por evaporação é reduzida, pois o ar já está saturado com umidade. Por isso, um dia quente e úmido parecerá mais quente e desconfortável que um dia quente e seco. Na tabela ao lado são mostrados os ITU’s calculados com temperaturas em graus Fahrenheit e Celsius.

À medida que sua temperatura corporal aumenta, a temperatura da pele também aumenta, então começa a transpiração. Em condições normais, o suor evaporaria, resfriando seu corpo. Em ambientes úmidos, o suor não consegue evaporar devido à saturação do ar, que já está denso com vapor d’água. O suor acumula sobre a pele, esquentando-a ainda mais e, consequentemente, seu corpo. Seu corpo tenta compensar tudo isso gerando ainda mais suor, que também não pode ser evaporado. O ciclo continua até a desidratação e o colapso do organismo, que não consegue mais desempenhar os movimentos esportivos. Essa é a forma que o organismo encontra para reduzir sua temperatura.

Para dias assim devemos manter-nos sempre hidratados, bebendo água em períodos regulares e mesmo sem sede. Evitar exercícios extenuantes e se possível, trocar aquela longa via ou camianhada, por uns boulders a beira mar ou perto de rios, ou até mesmo aquele passeio em uma cachoeira. Assim, poderemos sempre nos refrescar quando o calor apertar.

No inverno, o desconforto humano com o frio é aumentado pelo vento, que afeta a sensação de temperatura. O vento não apenas aumenta o resfriamento por evaporação, devido ao aumento da taxa de evaporação, mas também aumenta a taxa de perda de calor sensível (efeito combinado de condução e convecção) devido à constante troca do ar aquecido junto ao corpo por ar frio. Por exemplo, quando a temperatura é -8ºC e a velocidade do vento é 30Km/h, a sensação de temperatura seria aproximadamente de -25ºC. A temperatura equivalente "windchill" ou índice "windchill" ilustra os efeitos do vento.

Analisando a tabela nota-se que o efeito de resfriamento do vento aumenta quando a sua velocidade aumenta e a temperatura diminui. Portanto, o índice "windchill" é mais importante no inverno. No exemplo acima não se deve imaginar que a temperatura da pele realmente desça a -25ºC. Através da transferência de calor sensível, a temperatura da pele não poderia descer abaixo de -8ºC, que é a temperatura do ar nesse exemplo. O que se pode concluir é que as partes expostas do corpo perdem calor a uma taxa equivalente a condições induzidas por ventos calmos com a temperatura -25ºC. Deve-se lembrar que, além do vento, outros fatores podem influenciar no conforto humano no inverno, como umidade e aquecimento ou resfriamento radiativo.

Um anorak simples, do tipo corta vento, pode ser o suficiente para te deixar confortável, ou pelo menos minimizar o risco de hipotermia. Já passei por uma experiência na Travessia dos Olhos, na Pedra da Gávea, onde o vento forte estava me levando ao limite do frio, mas como levo sempre um anorak na mochila...

Fontes: