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terça-feira, 31 de outubro de 2023

Escalada na Agulha do Diabo

Por Leandro do Carmo 

A Escalada na Agulha do Diabo

Dia: 22/07/2023
Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo, Michel Cipolatti, Luís Avelar, João Pedro e Thiago Hentzl

Escalada na Agulha do Diabo


Dicas para escalar a Agulha do Diabo  

É uma atividade pesada. Só de caminhada de aproximação, leva-se, em torno de 4 a 5 horas. A caminhada após o Mirante do Inferno é a mais crítica e costuma ficar bem úmida, dificultando bastante, por isso, avalie caso esteja em período chuvoso. Muita gente opta por acampar no Paquequer, numa pequena área antes do Mirante do Inferno (mas deve-se pedir autorização com o Parque), para sair bem cedo no dia seguinte. A escalada em si consiste em lances de entalamento e chaminés. O lance final é feito em cabo de aço. No cume, o espaço é limitado e cabem poucas pessoas. Não é muito comum encontrar grandes grupos escalando, mas há possibilidade. Se for fazer em um dia, comece bem cedo e tenha certeza de que voltará parte do caminho durante a noite.  



Como chegar à Agulha do Diabo  

Na trilha para a Pedra do Sino, logo após a Cota 2000, há uma saída para a esquerda. Essa trilha é conhecida como “Caminho das Orquídeas”. Siga descendo e vire à direita na bifurcação. Seguirá por um longo caminho até chegar ao acampamento Paquequer, um pequeno descampado, onde cabem poucas barracas. Dali, cruzará o rio Paquequer e subirá em direção ao Mirante do Inferno. Pegar uma saída à esquerda, que te levará ao colo entre o Mirante do Inferno e o São João. Descerá à direita, até a base da Agulha e subirá um trecho bem úmido.  

Relato da Escalada à Agulha do Diabo

Quase seis anos se passaram desde a minha primeira ida à Agulha do Diabo. Já estava na hora de voltar nessa espetacular escalada. Assim como os antigos ensinamentos, algumas escaladas seguem a mesma dinâmica: um vai com um que já foi e leva outro que ainda não foi... E assim, a experiência vai se perpetuando. Nos clubes de montanhismo isso ainda é bem forte. E foi desse jeito que essa escalada foi marcada. Conversando com amigos, um sugeriu fazer a Agulha do Diabo e como na roda de conversa, eu era o único que já tinha ido, coube a eu organizar a empreitada. E com o maior prazer. Logo criamos um grupo no WhatsApp e começamos a organizar os detalhes. Primeiro foi decidir o dia. Nem todos puderam ir. No final, formamos um grupo de cinco: eu, Michel, Luís, João e o Thiago. Combinamos de sair às 5h, visto que o horário de abertura do parque é somente às 7h, mas vale a pena chegar um pouco mais cedo e aguardar na fila. Seguimos direto e já tinham alguns carros na fila. Assim que deu 7h, começamos a subir e estacionamos ao lado do Centro de Visitantes para assinar os termos. Já tinha duas cordadas para subir a Agulha, todas comerciais, algo que aumentou consideravelmente nos últimos anos. Depois dos trâmites burocráticos, seguimos para o estacionamento, onde nos preparamos e começamos a caminhar.  

A caminhada

Escalada na Agulha do Diabo
Eram 7 horas e 40 minutos quando iniciamos a caminhada. Fomos direto até a Barragem e entramos na trilha do Sino. Seguimos subindo num bom ritmo. Fomos revezando as cordas, assim não ficaria pesado para ninguém. Demos uma boa esticada, parando somente na entrada da trilha do Paredão Paraguaio, onde aproveitamos para comer algo rápido. Assim que algumas pessoas se aproximaram, iniciamos a caminhada para não atrasar. O caminho que era uma trilha bem discreta, já está bem aberto. Com certeza o volume de pessoas ali aumentou nos últimos tempos. Apesar de mais íngreme e técnico, corta um caminho considerável, principalmente para quem vai em direção à Pedra da Cruz e Mirante do Inferno. Esse é o motivo do aumento do fluxo. Mais acima, passamos pela entrada para a Pedra da Cruz e continuamos subindo até pegar uma saída à esquerda, estávamos entrando no “Caminho das Orquídeas”. O nome foi dado por Salomyth, Minchetti e Thiers, todos montanhistas do CEB, que ao procurarem um novo e mais fácil acesso à Agulha do Diabo, se depararam com uma pedra de bom tamanho coberta de musgo, batizada com nome de "Pedra do Tapete", na qual pendia uma imensidão de orquídeas em flor, daí, resolveram dar o nome do caminho de “Caminho das Orquídeas”.  

Assim que começamos a descer, chegamos a um lajeado e foi possível se deparar com uma vista fantástica. Estávamos de frente para o Mirante do Inferno. Ao lado esquerdo, víamos o São João e parte da cidade de Guapimirim, do lado direito, o São Pedro. Bem mais ao fundo, a ponta da Agulha do Diabo. Esse seria o nosso primeiro contato com ela. O dia aberto e firme dava a certeza de que teríamos uma grande escalada. Fizemos algumas fotos e iniciamos a descida. Era um caminho bem delicado e fiquei impressionado com a degradação nas bordas do caminho. Alguns trechos ficaram bem escorregadios por conta da lama formada, mas com cuidado continuamos descendo. Cruzamos um córrego com bastante lama e foi difícil passar sem molhar o pé. Mas seguimos firmes até chegarmos ao acampamento Paquequer. Ali, encontramos uma das cordadas que estavam à nossa frente e aproveitamos para fazer um lanche reforçado, visto que é um ponto de coleta de água. Descansamos bem e continuamos nossa caminhada. Voltamos a subir e logo pegamos uma discreta saída à esquerda e seguimos em direção ao colo entre o Mirante do Inferno e São João. Foi um trecho na qual não lembrava muito bem, mas segui à frente sem problemas. Já no colo, ponto que antecede a descida para o “Vale da Geladeira”, tivemos o segundo contato coma Agulha, esse sim completo. É uma vista de arrepiar. Difícil de acreditar que em pouco tempo estaríamos naquele cume. Ventava forte, talvez potencializado pelo canal formado entre as montanhas, com isso não foi possível ficar muito tempo ali. Tínhamos que voltar a caminhar. O trecho a seguir era bem delicado, com muita pedra solta.  

Assim que todos chegaram, começamos a descer. Em pouco tempo já estávamos bem abaixo. Num lance o bastão de caminhada do Luís caiu e o peguei. Fui caminhar com ele e depois de uns três passos, escorreguei e minha mão esquerda bateu com força no chão, diretamente nos dedos. Foi uma for forte, mas mexi os dedos e não senti nada fora do lugar, tinha sido só a pancada mesmo. Na hora, com o sangue quente, não foi um problema, mas no dia seguinte que o inchaço foi forte. Acho que o bastão me fez ter a falsa sensação de que estava mais tranquilo e acabei me desconcentrando. Entreguei logo o bastão e voltei a caminhar mais concentrado. Mais abaixo, voltamos a subir num trecho bem molhado. Escorria água por todos os lados e não foi fácil, mais uma vez, percorrer o caminho. Só que agora estávamos subindo. Lembrei que teríamos volta e subida seria descida, assim como a descida, subida. Mas para que sofrer por antecipação? De volta à subida, seguimos passando pelos trechos difíceis até chegar à grutinha, onde tínhamos um lance de chaminé, tendo que passar por um buraco bem apertado, já um aquecimento para os trechos da escalada. Fomos passando um por um e dali até a base, foram poucos metros. Lá, a primeira cordada já estava na via e a segunda, se preparando para subir. Não tinha espaço para todos no pequeno platô, com isso alguns ficaram mais embaixo.  

A escalada  

No platô, nos arrumamos e a segunda cordada que estava na nossa frente ainda demorou um pouco em sair. Estávamos perdendo um tempo precioso. Assim que eles subiram, nos preparamos seguir. Dividimos nossas cordadas assim: Eu, Thiago e Luiz e outra era o João Pedro e o Michel. O João seguiu escalando e o Luís, logo em seguida. A primeira enfiada segue num trecho usando uma canaleta bem à esquerda, ganhando um bloco. Após o João subir, o Michel sentiu um puxão forte na corda e ouvimos um barulho. Na hora, nem percebemos, mas o João tomou uma queda, devido à quebra de um arbusto. O Luís subiu em seguida, dando segurança para mim e o Thiago. Assim que passamos pelo João, vimos que ele tinha machucado o dedo. Ele fez o curativo e seguimos na escalada. Fizemos nossa parada logo após a diagonal. Subi e parei mais acima, antes de um trecho meio de entalamento. O Luís chegou e tocou essa próxima. Subiu e ganhou o friso, fazendo um lance até chegar ao platô, onde subimos eu e o Thiago. Dali seguiu por mais uma horizontal, num trecho exposto até chegar a um platô, onde seguiu andando até a parada que usamos para o rapel na volta. Dali para cima, seguimos andando numa trilha, passando por baixo de alguns blocos, até a base onde fazemos as chaminés.  

Organizamos as cordas e voltamos para a escalada. Cada um foi subindo da sua forma. Dá para ver claramente para onde devemos seguir. Fomos até ao final do corredor, subindo uma chaminé, passando por um buraco e ganhando um bloco. O Luís estava à frente e segui por uma horizontal, dando uma parada num grande bloco entalado, que antecede um lance que dá para artificializar para chegar ao platô. O Michel passou por mim e foi para junto do Luís que subiu e montou uma parada bem na borda do platô. Subi em seguida, indo direto ao platô. Ali organizei novamente a corda para deixar tudo pronto para o “cavalinho”. Fiz um lanche rápido para entrar no trecho final da escalada. Ainda aguardamos a cordada da frente por um tempo considerável. A menina que estava meio travada no lance do cavalinho, quase desistindo por algumas vezes. Depois de bastante tempo, conseguiu passar. O Luís foi em seguida. Entrou no cavalinho e seguiu para dentro da chaminé. O Thiago foi o próximo. Entrou com um pouco de dificuldade, mas passou. Fui o terceiro. Posicionei bem a perna esquerda dentro da fenda e fui passando rapidamente, sem dar muito tempo. Quanto mais demoramos, mais vai cansando. Para entrar na chaminé, ganhei um bico de pedra, mas tive que voltar e mudar a minha mochila de posição. Posicionei-me novamente no bico de pedra e consegui entrar na base da Chaminé da Unha. É bem apertado, não dava nem para movimentar os pés. Na posição que eu estava, fiquei. Só dava para mexer a cabeça lá dentro. O Michel chegou em seguida e se posicionou mais na entrada da chaminé.


Estava frio, mas pelo menos demos sorte de não estar ventando lá dentro. Era hora de subir a Chaminé da Unha. Ela começa bem estreita, mas melhora depois que chegamos num pequeno friso, onde existe uma segunda laca, simplesmente apoiada nessa maior. Como o Luís havia subido primeiro, montou a segurança e nós aguardamos até a cordada de cima ir ao cume. Fui subindo lentamente para dar tempo da cordada subir. Dei uma parada nesse pequeno platô que divide as lacas que formam a unha. O Michel chegou logo em seguida. Ficamos ali durante um tempo, pois não tinha espaço para todos no topo da unha. O Thiago já estava lá e assim que liberou, também subi. Sentei ao lado do Luiz, enquanto e ainda aguardamos um pouco enquanto o pessoal já terminava o rapel. Assim que o caminho foi liberado, pudemos começar a entrar no cabo de aço e começar a fazer cume. O Luís seguiu primeiro. Fui dando segurança e logo ele chegou. O Michel já estava no topo da Unha conosco, enquanto o João subia. O sol já havia ido embora e o vento deixa o fim de tarde bem frio. Minha mão doía e ficar com ela exposta foi duro. Era ficar movimentando, pois ainda tinha o trecho do cabo de aço para passar e fazer força no cabo com mão gelada, gera um certo incômodo, mas era subir ou subir. Era aproximadamente de 16 horas e trinta minutos quando o Luís chegou ao cume. Fui logo em seguida. Já no cume, pude contemplar toda aquela imensidão. Só de pensar que há pouco tempo atrás estava olhando lá de baixo. Aproveitei para fazer algumas fotos e assinar o livro de cume. Aos poucos todos subiram e nos reunimos para a tradicional foto de cume.  

Iniciamos o rapel. Fizemos o primeiro até o topo da Unha e mais um até o platô do Cavalinho. Com muito cuidado descemos até os grampos para o terceiro rapel. O chão estava bem escorregadio. Do platô fizemos um até a base da chaminé e descemos andando até o último rapel. Dali, emendamos duas cordas e fizemos um até a base. O Michel foi o último e optou por parar e fazer mais um rapel, visto que como estávamos com duas cordas, elas poderiam agarrar quando fosse recolhida. Eram 18 horas e 10 minutos quando todos chegaram à base, a escuridão tomou conta. Foi preciso acender as lanternas. Ali, arrumamos tudo e aproveitei para comer algo bem rápido. Começamos a descida e fizemos um rapel curto acima da grutinha, evitando ter que passar por dentro dela. Se já foi difícil na ida, imagina agora? Já estava bem cansado e com tudo molhado e escorregadio, descer parece ser pior. Fomos lentamente e logo começamos a subir em direção ao colo entre o Mirante do Inferno e São João. A subida foi delicada, havia muita pedra solta e sem visibilidade, todo cuidado era pouco. Às 19 horas e 20 minutos já estávamos na trilha do Mirante do Inferno e 25 minutos depois, estávamos descansando no Paquequer. Ali pudemos relaxar um pouco. Foi hora de fazer um lanche reforçado e descansar para o trecho final. Falava uma subida até a bifurcação da Pedra da Cruz e depois só descida. Havia duas pessoas que estavam dormindo no Paquequer, iriam fazer a Agulha no dia seguinte. Uma estratégia diferente. Era hora de voltar a caminhar.  

De volta à trilha, subimos o Caminho das Orquídeas e entramos na trilha que passa na base do Paredão Paraguaio. Agora era só descida. Era só ligar o piloto automático e deixar levar. O bate papo da ida deu espaço ao silêncio total, quebrado somente pelo som da natureza. Não enxergava nada além de uns dois metros a minha frente, bastava apagar a lanterna que a escuridão era total. Caminhamos relativamente próximos, mesmo distantes, conseguíamos ver a luz da lanterna do outro. Sempre com sensação de que o próximo ponto de referência nunca chegava, seguimos descendo e foi um alívio chegar à Cachoeira do Véu da Noiva. Fiz uma parada rápida, hora de recuperar um pouco de energia para o trecho final. Era 22 horas e 17 minutos quando chegamos à Barragem. Dali até o carro foi mais uns 15 minutos. Foi um alívio chegar. Iniciamos a caminhada às 7 horas e 33 minutos e terminamos 15 horas depois. Um belo teste de resistência. Mas ainda não havia acabado, faltava a volta. E voltar dirigindo não foi uma tarefa das mais fáceis. Descemos a serra de Teresópolis e tudo fechado, nem loja de conveniência de Posto de Gasolina funcionando. Por sorte, achamos um posto perto da entrada de Magé. E foi um milagre! Foi só entrarmos que a loja fechou a porta. Mas pelo menos fomos muito bem atendidos, mesmo com os funcionários já querendo ir embora. Foi comer um lanche e beber o um energético para o ânimo e humor voltarem com força, ficando bem mais tranquilo chegar em casa. Deu até para separarmos os equipamentos. Um dia cansativo, mas escalar a Agulha do Diabo é literalmente assim: do inferno ao céu em pouco tempo!

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

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Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

Escalada na Agulha do Diabo

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Travessia Petrópolis x Teresópolis

 Por Leandro do Carmo

Travessia Petrópolis x Teresópolis  

Dia: 24 e 25/06/2023
Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo, Hebert Calor, Andréa Vivas, Leon de Faria, Igor, Barbara Marinho, Thayanne Amaral, Bruno Seta, Charles Gomes, Gabriel Braz, Carol, André Fraga, Gustavo Chicayban, Ricardo Bemvindo, Marcelo e Willian Pedrozo

Travessia Petropólis x Teresópolis




Relato

Temporada de montanha de 2023, não podia deixar de fazer a travessia mais clássica do país: a “Travessia Petrópolis x Teresópolis”, ou simplesmente “Petrô x Terê”. Acho que essa é a minha sexta vez, mas preciso revisitar meus relatos antigos. É um desafio escrever novamente, mas como toda aventura é uma experiência única, acho que vou conseguir... 

Nos reunimos no Clube Niteroiense de Montanhismo e conseguimos alinhar o final de semana de 24 e 25 de junho. O ideal é fazer a travessia em 3 dias, porém, é mais difícil que as pessoas consigam uma folga na sexta ou segunda. Fica cansativo, pois no segundo dia fazemos em 1 dia, o trajeto que geralmente se faz em 2. Quanto a logística, assim como da última vez que fiz, optamos por deixar o carro dentro da sede de Teresópolis e seguir de van para a portaria de Petrópolis, assim, já terminaríamos a travessia no carro. Com todos os detalhes acertados, vinha a parte mais difícil: conseguir vaga.  Com a saída da empresa em 2021 que detinha a concessão, agendar a travessia tornou-se uma tarefa difícil, visto a limitação de 40 vagas para pernoite. Tínhamos que monitorar a abertura do agendamento e no dia e hora marcado, enviar o pedido e torcer para que tivéssemos sido bem rápidos. O pior, era que demorava uns 3 dias para que o resultado saísse. Como sou guia do CNM, não preciso fazer agendamento. Entre confirmações e negações, conseguimos fechar o grupo. Decidimos deixar os carros dentro do Parque, em Teresópolis, e seguir de van para Petrópolis para iniciar a travessia, assim como fizemos no ano passado.


  

1º dia da Travessia Petrópolis X Teresópolis

A viagem foi tranquila. Chegamos ao parque e ainda estava fechado, abriria as 7 horas. A van já nos esperava. Assim que o parque abriu, entramos, estacionamos os carros e seguimos na van até Petrópolis. Fizemos uma parada na padaria que fica na Praça de Corrêas para tomarmos café da manhã. Aproveitei para comprar algo para o meu almoço. Foi dando a hora e seguimos para a portaria do Parque. Já deixamos todos os termos preenchidos e os documentos separados para podermos agilizar a parte burocrática da entrada. Com tudo certo, nos reunimos e como éramos um grande grupo, nos organizamos e definimos nossos pontos de parada. Nossas paradas eram as seguintes: Bifurcação para o Véu da Noiva (parada curta), Pedra do Queijo (parada curta), Ajax (parada longa – almoço), Alto da Izabeloca (parada curta). Decidimos que não precisaríamos caminhar todos juntos, mas que o primeiro só saísse de alguma dessas paradas, se pelo menos um tivesse chegado e encontrado com ele. Assim saberíamos onde cada uma estava. Fizemos uma foto e iniciamos a caminhada.

Travessia Petropólis x Teresópolis


O dia estava extremamente agradável e a previsão era excelente. Esse início de caminhada serve para um aquecimento. Fomos ganhando altitude bem lentamente, com alguns trechos mais íngremes, mas bem leve se comparados aos trechos à frente. Passamos por algumas entradas de alguns poços que ficam cheios de visitantes durante o verão. Como estávamos no começo do inverno, era muito pouco provável que alguém chegasse ali para um banho. Com cerca de 40 minutos de caminhada, chegamos à Bifurcação para a Cachoeira do Véu da Noiva, nossa primeira parada rápida. Estávamos relativamente pertos uns dos outros e não tivemos problema nesse começo. Era hora de ajustes nas mochilas e no ritmo. Nem a mochila tirei das costas, sentei com ela apoiada. Antes do corpo esfriar, já dei o aviso de que iria continuar a caminhada. Fomos levantando e aos poucos, retornando à subida. Esse era um trecho forte, conhecido como “subida do queijo”.  

Andando num ritmo mais lento que o início, fomos ganhando altura. Numa conversa agradável, passei um trecho longo sem perceber e logo estava na entrada para o “Alicate”. Faltava pouco. Mais acima paramos para tirar foto em um belo mirante, onde é possível ver todo o vale do “Bomfim”. Podíamos ver o quanto já havíamos andado e o quanto já havíamos subido. A vista desse ponto é algo impressionante. De volta à trilha, continuamos subindo, mas já com a certeza de que logo pararíamos novamente. Mais um trecho forte e logo estávamos na Pedra do Queijo. Aos poucos todos foram chegando. Na subida é quando mais nos distanciando uns dos outros. É natural, pois cada um tem seu ritmo. Aproveitei para comer alguma coisa. Nessa hora, encontramos o Gabriel e a Carol que haviam chegado antes e optaram por ir até o Véu da Noiva. Agora sim estávamos todos reunidos. Dali conseguíamos ver parte do caminho que ainda faríamos até o final do dia. Difícil até de acreditar que em algumas horas estaríamos lá em cima. Começamos a nos preparar, nossa próxima parada era o “Ajax”.

Travessia Petropólis x Teresópolis


Voltamos para a caminhada e a primeira subida já é dura. Pegamos uma área com pouca vegetação e um solo bem erodido, o que dificulta um pouco a subida. Com alguns minutos estávamos nesse pequeno cume. A vista dispensa comentários. Desse ponto, iniciamos uma descida, que logo se tornou uma subida novamente. Mas agora, estávamos mais abrigados do sol, o que facilitou um pouco a caminhada. Em um determinado ponto já era possível ouvir vozes, o que com certeza indicava o “Ajax”, pois como tem água no local, a maioria faz uma parada ali. Mais um trecho de caminhada e havíamos chegado. Era hora de descansar e fazer um lanche reforçado, na qual, pelo avançar da hora, poderíamos chamá-lo de almoço. Encontrei alguns amigos e conversamos um pouco. Tivemos bastante tempo. Aproveitei para encher minha garrafa de água. Já deixei tudo pronto, faltava a última subida forte do dia, a “Izabeloca”. Era hora de partir. Começamos a nos preparar e logo estávamos de volta a caminhada.  

De volta à trilha e a subida, começarmos serpenteando, já mirando um grande bloco, bem no alto. Aos poucos, nos aproximávamos e a cada minuto a nossa distância se encurtava. Não é um trecho longo, o que ajuda no psicológico. De um certo ponto, era possível distinguir, bem ao fundo, o cruzeiro que fica no Açú. Era o nosso objetivo do dia. Sem perceber, caminhei os últimos metros e quando me dei conta, já estava no alto do chapadão, jogando a mochila num canto e alongando as costas. Um alívio. Faltava pouco para montar acampamento e descansar. Uns seguiram andando. Eu acabei esperando todos chegarem para não nos distanciarmos muito. Foi até bom dar essa parada mais longa. Apesar de uma subida mais curta, já estava com um cansaço acumulado das outras. Como seguiríamos sem grandes subidas, um bom descanso agora seria ótimo para concluir o trecho até os Castelos do Açú.

Travessia Petropólis x Teresópolis


Com todo mundo reunido, mesmo que todos não fossem começar a andar naquele momento, resolvi pegar a mochila e seguir. O dia estava bem aberto e caminhar nesse trecho não ofereceria maiores riscos. Passei por algumas pessoas que voltavam do Açú e segui andando. Passei direto pelo “Graças a Deus”, um ponto onde há um totem com uma placa. Mais à frente já era possível ver parte da baía de Guanabara. Olhando para trás, deu para ver um grande rastro de fumaça, na direção de onde havíamos subido, com certeza estava acontecendo um grande incêndio por lá. Após contornar uma elevação, foi possível ver os Castelos do Açú. Estávamos bem próximos, faltando apenas alguns metros. Nesse momento, foi como se o corpo tomasse uma injeção de ânimo. Já nem lembrava mais do cansaço. A vista era algo impressionante. Cruzamos um trecho que historicamente fica bem molhado e com lama, mas a ausência de chuva, deixou tudo muito seco, sorte nossa. Contornamos a lateral da grande rocha e nos dirigimos ao acampamento sul. Já havia um grupo por lá. Nos ajeitamos nos poucos espaços que sobraram e aí pude descansar, após fazer uma boa refeição.  

O dia foi terminando e com isso o frio veio com força. Aproveitei para mostrar o Mirante Sul fica na de frente para o fundo da Baía de Guanabara. Era entardecer quando começamos a andar. Fomos nos guiando por totens espalhados pelo caminho. Assim que chegamos lá, pudemos contemplar um espetáculo. Havia uma névoa que encobria um pouco, mas podíamos ver toda a Baía de Guanabara, Niterói, Rio de Janeiro, etc. A noite foi caindo e as luzes davam um tom maravilhoso. Mas tudo tem seu preço... O frio foi aumentando e já foi ficando difícil ficar ali. Era hora de voltar. Fomos procurando os totens e com cuidado chegávamos novamente ao acampamento. Cantamos parabéns para a Andréa, que faria aniversário na próxima segunda feira e cada um foi procurando sua barraca. Ainda fiz um lanche rápido para tentar esquentar um pouco mais. Um dia perfeito. Era hora de dormir e descansar para o dia seguinte que seria duro.

Travessia Petropólis x Teresópolis


2º dia da Travessia Petrópolis x Teresópolis 

Foi uma noite tranquila. Havia levado um saco de dormir com temperatura de conforto bem baixa e isso fez a diferença. O benefício da noite bem dormida compensou o peso extra. Acordei bem cedo na intenção de ver o sol nascer, mas estava com um pouco de nuvens e isso atrapalhou um pouco. Com a certeza de que não teríamos aquele nascer do sol fantástico, aproveitei para fazer um café e comecei a organizar as coisas. Fui de barraca em barraca acordando o pessoal para que não atrasássemos na saída. O dia seria longo. Aos poucos, todos foram levantando e começar a nos organizar. Em pouco tempo o acampamento foi desmontado e saímos com um pouco de atraso, mas nada que pudesse atrapalhar o dia. Coloquei a mochila nas costas e comecei a andar. Passei por dentro dos Castelos do Açú, um grande amontoado de imensos blocos de pedra. Perdi as contas de quantas vezes passei por ali, mas ainda continua me impressionando! Já ao “lado de fora”, de frente para o Abrigo do Açú, paramos durante um tempo para algumas fotos. A vista estava fantástica. Impossível não parar! Dali seguimos andando. Uns pararam para pegar água no abrigo. Passamos pelo camping Norte e seguimos para a descida do lajeado que antecede a subida do Morro do Marco. Do alto já era possível ver a subida no lado oposto. É uma descida bem bonita e considero boa para o aquecimento. Cruzamos o vale e iniciamos a subida. O ritmo diminuiu, mas seguimos subindo de forma constante. Já no alto do Morro do Marco, fizemos uma parada rápida para recarregar as baterias.

Travessia Petropólis x Teresópolis


Recomeçamos a caminhada. Errei o caminho e só percebi depois de alguns metros. Voltamos e pegamos a saída certa. Descemos em direção ao Vale da Luva com ventinho bem gelado, mas como o dia estava bem aberto, o sol da manhã compensava o frio. Foi uma descida tranquila, exceto por alguns trechos bem erodidos. E alguns pontos, formavam grandes degraus. Estava bem seco e já havia passado ali com bastante lama, o que deixava o terreno bem escorregadio. Mais alguns minutos e estávamos entrando no Vale da Luva. Foi só o ficarmos abrigados do sol que o frio veio com força. Mesmo sem vento nesse ponto. Fizemos uma rápida parada para que alguns pudessem pegar água e seguimos para o trecho mais forte do dia. Já no início da subida, achei um isolante caído na borda da trilha. Achei que fosse do João e o guardei na parte externa da mochila. Nesse início, temos que usar bem as penas. São trechos íngremes e escorregadios. Algumas árvores e raízes servem de apoio, facilitando a ascensão. Até que passei rápido, considerando o peso da minha mochila. Passamos por algumas lajes, buscando sempre o ponto mais limpo. Olhando para trás, é possível ver parte do caminho. Íamos nos distanciando. Depois de um certo, já conseguia olhar para baixo. Sinal de já havia ganho uma altura considerável. E isso também era um bom sinal: Faltava menos do que faltava há alguns minutos atrás. Mais ou menos do meio para cima, o terreno piora com o aumento da lama. Com cuidado para não sujar muito as botas, segui subindo, ganhando uma diagonal para a direita. Enfim chegamos! Segui até a totem e joguei a mochila num canto, aliviando as costas. Como é bom descansar! Fiz um lanche rápido e optei por ir até o cume do Morro da Luva, pois mesmo passando por ali inúmeras vezes, ainda não havia o conhecia. Foi uma caminhada bem rápida. De volta ao grupo, esperamos mais alguns minutos para poder retomar a caminhada.  

Travessia Petropólis x Teresópolis
De volta, iniciamos a descida. O Garrafão ao fundo roubava a cena. Era impressionante a vista daquele ponto. Mas tínhamos que andar, ainda faltava um longo caminho pela frente. Essa descida foi mais tranquila, apesar de alguns pontos bem erodidos e logo estávamos cruzando um charco. Nossa sorte foi que a falta de chuvas deixou tudo bem seco e pudemos caminhar sem o risco de afundar o pé na lama. Mais à frente chegávamos a um lajeado que em dias de forte neblina é um trecho complicado. Mas hoje, com o dia aberto e sol, não tivemos problemas e seguir os totens até quebrar para a esquerda e cruzar o córrego que nasce lá em cima, no charco na qual havíamos cruzado. Fomos com cuidado seguindo um corrimão que está quebrado em alguns trechos. Mais alguns minutos de caminhada e estávamos na base do trecho conhecido como “Elevador”. Uma sequência de degraus de ferro fincados na rocha, que nos auxiliam na subida. Muita gente sente receio nesse trecho, principalmente por conta do ângulo das fotos que são postadas. Tem gente que cria dificuldade para vender facilidade. Nem esperei muito, já fomos subindo, assim não teríamos muito tempo para pensar. Degrau por degrau fomos subindo e rapidamente havíamos terminado o trecho, fazendo uma pequena pausa um pouco mais acima. Estávamos num bom ritmo. Acho eu todos que subiram foram unânimes quanto a dificuldade, tendo confirmado a minha impressão de que não era tão difícil assim.  

Depois de uma rápida parada, pois a nossa pausa mais longa seria no “Vale das Antas”, voltamos a caminhar. Seguimos pelo costão, subindo levemente, até chegarmos ao ponto onde descemos um costão. Havia um grampo, com certeza para ser usado em dias de chuva. Já no final, seguimos em direção ao cume do “Dinossauro”, caminhando por um trecho levemente inclina, em direção a uma passagem entre uma espécie de dois cumes. Cruzamos a passagem e seguimos para a esquerda já vendo o “Vale das Antas” ao fundo. Foi uma descida com trechos íngremes e por vezes, escorregadios. Nesse ponto todo cuidado era pouco. Do outro lado do vale, era possível ver o “Dorso da Baleia”, uma formação rochosa que se destacava em meio a vegetação. Era um trecho alto, um prenúncio do que ainda teríamos pela frente. Em pouco tempo, estávamos numa pequena clareira. Ali, pudemos captar água e fizemos um lanche reforçado. Ficamos conversando durante um tempo, aproveitando para descansar bem. Teríamos uma forte subida pela frente.

Após um bom descanso, era hora de voltar a caminhada. Puxei a fila e atravessamos a pequena ponte sobre um córrego e dali, começamos a subir. Fomos deixando o Vale das Antas para trás ou melhor, para baixo. A medida que subia, o ritmo diminuía. Mas o corpo foi aquecendo e consegui manter os passos constantes, apesar de lento. No alto, cruzamos um charco que vem aumentando ao longo dos anos. Lembro claramente da primeira vez que havia passado ali. Era um caminho estreito, bem difícil. Não tinha muito opção a não ser escolher o local onde achava que o pé afundaria menos. Mas com o fluxo intenso de pessoas, a pequena passagem foi se alargando, pois, as pessoas acabam usando a vegetação lateral para se apoiarem. E a tendência é piorar. Passado o trecho, veio mais uma subida e cheguei ao “dorso da baleia”, um lajeado já bem próximo ao final da subida. Passamos por ela e fomos para somente no totem da Pedra da Baleia. Estávamos com uma vista fantástica para o Garrafão, bem como a parede lateral da Pedra do Sino. Encaminhávamos para o trecho final, antes da descida da Trilha da Pedra do Sino. Fizemos uma parada rápida. Entraríamos os trechos mais técnicos da travessia: o mergulho, o cavalinho e o coice.  



Mochila nas costas, era hora de caminhar. Depois de várias fotos de frente ao Garrafão, seguimos andando em direção ao colo entre a Pedra da Baleia e o Sino. Mas para chegar lá, precisaríamos descer o lance do “Mergulho”. Uma descida bem delicada, num trepa pedra bem alto. Organizamos os grupos para irem descendo um por um e já seguindo para o “Cavalinho”. Na teoria, tudo certo. Na prática, não tão certo assim. Algumas pessoas travaram, devido a exposição e só aceleramos, depois que o Gabriel passou uma corda que ele havia levado. Acho que foi um erro meu não ter levado a corda. De qualquer forma, conseguimos passar e continuamos andando. Logo, pegamos a última subida da travessia. Quando nos aproximamos da face lateral do Sino, deu uma engarrafada novamente por conta do “Cavalinho”. O Cavalinho é uma pedra atravessada no meio do caminho, onde devemos subir em uns blocos, ganhando o máximo de altura possível, para aí, conseguir passar a perna, como se estivéssemos montando um cavalo. Não um lance difícil, principalmente para os escaladores e mais altos, mas a altura lateral e o “medo” que as pessoas colocam, acabam afetando o psicológico e muitos acabam demorando excessivamente. Com a corda do Gabriel, demos ajuda aos que precisaram. Fui o último a passar e segui. Acima, tem o lance que chamam de “Coice”. Mais um trecho onde é possível passar com tranquilidade, usando técnicas de escalada. Mais uma subida, passando pela escada e seguimos até a placa que indica a subida para o cume da Pedra do Sino. Nesse ponto, há sinal de celular. Aproveitei para mandar algumas mensagens e dar sinal de vida. Retomada a caminhada, foram mais alguns minutos até chegarmos ao Abrigo 4, onde fizemos uma parada para o almoço. Faltava apenas a descida do Sino.    

O sol estava maravilhoso. Mas na sombra o frio era forte. Era só ir pegar a água para sentir. Fiz um lanche reforçado, alguns optaram por preparar o almoço. Fiquei no sol durante todo o tempo o que fez dar um ânimo novo, muito importante para esse trecho final. Muita gente opta por fazer em 3 dias, terminando ali o segundo dia e fazendo no terceiro dia a descido do Sino. Mas como para fazer em 3 dias, precisamos de uma folga na segunda feira ou na sexta, fazer em 2 dias é o mais viável, principalmente, porque a descida do Sino, apesar de longa, não tem dificuldade técnica. Já era hora de finalizar. Aos poucos, todos foram se preparando e iniciamos a descida. Cada um acabou indo no seu próprio ritmo. Cruzamos a área de camping e pegamos a trilha. Fomos deixando o Abrigo 4 para trás, mas nem deu para pensar muito nisso, o cansaço já estava batendo na porta. Fomos serpenteando num caminho bem agradável. Passamos pela entrada da trilha do Papudo e mais a frente, a Cota 2000. Optei por seguir, normalmente pela trilha do Sino, evitando pegar o caminho do Paredão Paraguaio, que se encontra bem sacrificado, muito pelo alto fluxo de pessoas. Seguimos descendo naquele piloto automático, fazendo uma parada rápida num ponto ao meio da trilha e depois, parando na Cachoeira do Véu da Noiva. Dali seguimos direto até ao estacionamento. Pela hora, daria tempo de fazer uma parada no Paraíso Café. E seguimos para lá. Estacionamos já quase próximo do fechamento e com pouca opção, fizemos um lanche. Daí, foi pegar o caminho de volta...  

Foram 2 dias intensos, com tempo maravilhoso. Uma sorte poder desfrutar de excelente companhia e essa vista fantástica na Travessia mais clássica do Brasil, a Travessia Petrópolis x Teresópolis.


Travessia Petropólis x Teresópolis

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